Sábado à noite...AndréEstou agora no suntuoso salão da casa de Arthur Romano. Trajando um smoking observo Helen dançar com o anfitrião da festa.Estou acostumado a esse tipo de evento. Conheci essa vida cedo e não preciso dizer que foi por causa de meu pai.Festas desse nível fizeram parte do meu mundo desde pequeno, mas hoje eu me sinto deslocado, sentindo-me forçado a desempenhar minha parte nesse espetáculo.Os minutos se arrastam lentamente enquanto observo o salão irradiando beleza e ostentação.Não vejo a hora de dar adeus a tudo isso. Estar num lugar paradisíaco ao lado da minha princesa.Quando a música chega ao seu final, Helen e Romano imediatamente me procuram com os olhos. Sem alternativa avanço na direção deles, mas no meio do caminho sou brecado por uma mulher que segura o meu braço.—André Sorrentino Nicolo. Sempre quis conhecê-lo pessoalmente. Você é bem mais alto do que eu imaginava. As fotos não fazem jus a você.—Obrigado. Com sua licença —eu a corto e avanço na d
Segunda, bem cedo.NatashaA imagem de Helen Narjan dançando coladinho com André e depois sentada no colo dele lhe dando um beijo na boca ainda pisca no meu cérebro.Até a lua brilhava atrás deles!Deus! Essa cena foi a gota d’agua.Sinto uma vontade enorme de chorar para ver se alivia está dor que domina meu peito.À despeito do que Lola dizia acreditei que André me realmente me achasse especial! Que ele gostasse de mim de verdade.E eu confiava nele!Mesmo sem entender fiz seu jogo. Permiti que ele levasse sua vida porque ele parecia precisar disso. Ele parecia realmente precisar desse tempo.No fundo, eu também achava que era muito cedo para exigir alguma coisa dele.Fui tão idiota!Deus! A confiança traída é um sentimento tão amargo. Como está sendo doloroso encarar a realidade que os sentimentos de André eram tão superficiais por mim. Com lágrimas nos olhos afasto os pensamentos que só me levam à beira do descontrole e começo a arrumar minha mala. Não vou levar nada do que ele m
Caminho roboticamente até a cama e me sento nela.Mas que catso! Minha mente tinha que falhar justo agora?—André, o que foi?Aperto os olhos a respiração ofegante. Fico por uns momentos assim.—Vou buscar um copo de água.Helen sai.Respire fundo e pense.Mal Lola abre a porta de seu apartamento eu já vou entrando.—André?—Onde ela está?—Quem?—Não brinque comigo, Lola. Claro que é Natasha!—Ela não está aqui.Eu não acredito!Caminho por todo seu apartamento. Nem cumprimento Jonas quando o encontro no meio do caminho. O esposo de Lola me olha sem entender. Lola me segue, tentando também entender minha reação.Quando caio na realidade que o apartamento de Lola está vazio e não há nenhum sinal de Natasha, meu coração se aperta em desgosto, as forças me abandonam e eu praticamente me jogo sentado no sofá de dois lugares de Lola. A cor some do meu rosto.—Jonas. Pega um copo de água com açúcar. Vamos! Rápido!Lola se senta ao meu lado. Eu encaro Lola como um morto vivo.—Ela me deixou
André—Come um pouco André.Dio! Eu tive tantos pratos diversificados na minha frente desde que Lola voltou....—Meu mal não é comida —digo pausadamente. Eu pareço uma vitrola riscada.—E eu sei disso, mas hoje você quase não comeu no almoço. Come esse lanche que eu fiz. Está gostoso.Sim ele está com uma cara boa. O problema é que essa angústia que sinto dentro do meu peito tem me arrancado a fome. Não saber o paradeiro de Natasha está atormentando minha mente dia e noite.Mordo sem vontade o sanduiche e o empurro para dentro com um gole do suco de laranja.—Isso. Está indo bem. Continue assim. Um pedaço do sanduiche, um gole do suco, um pedaço do sanduiche....Como o sanduiche inteiro sem saborear nada. Na verdade meus gestos ultimamente têm sido bem robóticos. Repetitivos. Levantar-me.Comer.Descansar.Comer de novo.Tomar banho.Tentar me distrair com a televisão.Dormir.Uma coisa posso dizer. Estou bem melhor de saúde. Por incrível que pareça. Aquela tremedeira que eu tinha de
Momentos depois estou vestindo por baixo de um vestido de algodão branco o biquíni que encontrei e que por coincidência é meu número. Pego a toalha e sigo pelo corredor que me levará até a cozinha. Há uma senhora cuidando do almoço. Ela imediatamente se vira para mim quando me avista.—Lisa, essa é Natasha Becker. Ela nos ajudará amanhã com a arrumação da festa —Eleonora diz e dá uma piscada para ela.Ela me avalia com os olhos por tempo demais. Chega a me incomodar. Acredito que por mal ter chegado e já poder desfrutar a praia.—Prazer em conhecê-la, Lisa—digo sem graça.Ela não diz nada, apenas acena um sim. Sinto a mão de Eleonora pinçando meu braço.—Antes de ir, sente-se.Ela me leva até uma mesa posta. Há mamão cortados em cubinhos. Pão francês, geleia, manteiga, croissant que parece ser de presunto e queijo e um bule de café fumegante. —É para mim? —Sim. Saco vazio não para em pé.A adrenalina corre minhas veias. Tá tudo meio esquisito. —Não gostou? —Eleonora corta os meus p
NatashaOntem o dia passou como um borrão. Depois de arrumar a cozinha, dormi um pouco e bem a tardezinha fui andar nesta linda praia particular.Descobri que além dela, atrás dos rochedos há uma praia bem povoada, nessa hora dei-me conta da fortuna da pessoa que possui essa casa.À noite me recolhi cedo e dormi cedo também. Acho que o dia prazeroso contribuiu para o meu sono. É a primeira noite que acontece isso desde que deixei André. Geralmente minhas noites tem acabado em lágrimas.Ainda tenho que me esforçar muito para não ficar pensando nele. Ontem mesmo enquanto eu caminhava na praia minha mente buscou suas imagens. Isso acontece sempre, ainda que eu saiba que o melhor é esquecê-lo.Agora estou arrumando as lindas flores nos grandes vasos espalhados pela casa. Elas chegaram aos montes. De certa forma invejei a noiva. Segundo Eleonora a casa é do noivo. E todo esse preparativo é por conta dele.A quantidade de flores diz o quanto esse homem está apaixonado. Chega a ser tocante.
NatashaMinha paz se finda quando vejo a família de André saindo na varanda e caminhando em direção ao jardim. Seguro-me em uma das cadeiras vazias quando sinto minhas pernas falharem. Fecho meus olhos querendo que o mundo desapareça.Respiro fundo várias vezes tentando recuperar meu autocontrole, segurando dentro de mim todas as emoções conflitantes. Quando finalmente consigo me acalmar, forço minhas pernas a funcionarem e com determinação avanço até a sala para falar com Eleonora. Não tenho condições de participar desta festa! Tudo indica que André logo estará aqui. Deus! Estaco imediatamente e chego a perder o ar quando o próprio surge na varanda. Ele não está sozinho. Está acompanhando daquela mulher que o beijou e isso me deixa mais perto das lágrimas. Eu me sinto ridícula por me sentir ainda assim por ele. Esse homem não vale um centavo!Mesmo me forçando a uma frieza de sentimentos, eu não consigo. Estou emocionalmente abalada. Tremendo saio do alcance de seus olhos. Conto
Eu o encaro. Os olhos ardentes de André seguram os meus, o idiota do meu coração dispara.—É verdade o que Helen disse. Eu te amo. Leia a verdade em meus olhos. Você é muito especial para mim e eu não posso nem pensar em te perder. Você é a mulher que eu quero passar o resto dos meus dias. A mulher que eu me apaixonei.Embora As palavras de André me deixam um pouco atordoada, eu fecho os olhos, não quero ler nada nos olhos dele.—Natasha, por favor, olhe para mim. Por que é tão difícil acreditar nas minhas palavras? Desde que te conheci não sou mais aquele homem que pintaram para você. Isso ficou no passado.Ouço ao agito das pessoas ao nosso redor. Sei que estamos começando a chamar a atenção, mas eu não me importo. Não vacilo.Ainda tem inúmeras questões na minha cabeça, como por exemplo ele estar aqui nesta festa e entrar todo sorridente ao lado de Helen.Abro meus olhos e o encaro com raiva. Minha raiva não poderia aumentar mais. Estou no meu limite.—Vocês dois são dois bastardos