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Yesenia

Retoco cuidadosamente minha maquiagem antes de sair do banheiro e ir ao encontro de Axel, não vou mentir e dizer que estou chocada com seu pedido, seus olhares na minha direção sempre foi intenso, porém, também pensei que um homem com todo o seu porte jamais chamaria uma mulher que não é de seu nível social para uma bebida.

Sejamos honestas, um homem como ele claramente quer me foder e deixar a paisana, claramente sou uma presa fácil e que pensa que vai cair na sua conversa, provavelmente cairei um pouco, porque vamos lá, o homem é lindo, mas também tenho dignidade. Minha mãe sempre me ensinou muito bem e nunca me deixarei ser um simples descarte.

Sento-me frente a ele, nesse momento já me encontro mais plácida e não como um pimentão, que levou uma bofetada por causa da água.

Seus olhos parecem memorizar cada traço do meu rosto antes de olhar definitivamente em meus olhos, ele acabou de ganhar um ponto por não deixar seus olhos seguirem para o resto do meu corpo.

— Não sou de fazer jogos, estiver te observando por vários dias, Yesenia — tomo uma longa respiração, por que Axel simplesmente foi direto demais, será que é agora que irá pedir para deixar o bar com ele?

— Eu percebi — olho para o lado e sou fuzilada por Marjorie, que está inquieta em seus pés — Onde está querendo levar esse assunto?

— Você quer jantar? — Okay, então ele é um pouco cavalheiro.

— Sinto decepcioná-lo Axel, mas tenho que ir para casa, vou para a universidade logo cedo.

— O que você estuda?

— Estou no meu último ano para me tornar uma enfermeira.

Ele parece surpreendido com a minha confissão, será que não transpareço que sou uma pessoa incrível e que gosta de ajudar o próximo? Argh!

— Isso é muito interessante, não vou atrapalhar seus estudos, mas espero que isso não signifique que irá declinar meu convite para o final de semana — Uau, ele não está desistindo tão cedo!

— Não, isso não quer dizer que irei declinar o convite, podemos trocar nossos contatos e marcar uma data próxima onde estarei de folga e você não terá nenhum compromisso.

— Pode ser — ele não demonstra nada em sua feição, contudo seus lábios estão ligeiramente apertados e isso quer dizer que esperava outra resposta, homens como ele sempre quer tudo ao seu dispor.

Axel pega seu celular, desbloqueia e o estende para mim, rapidamente coloco meu número de celular e me levanto pronta para ir embora para tirar esses sapatos que estão matando meus pés, tomar um banho quente e me aconchegar na minha cama.

— Posso te levar para sua casa, se quiser — ele oferece e eu prontamente nego, me levanto e devolvo seu celular, ele digita rapidamente e meu celular soa o toque de notificação — Depois salve o meu número.

Ah sim, com toda a certeza eu irei.

Aceno um simples tchau e ele assente, um sorriso brotando no canto de seus lábios.

Esse sorriso arrepia meu corpo inteiro.

Mas não de uma forma boa.

[...]

Praticamente me arrasto na manhã seguinte para o Hospital Municipal de Southward Angel, a parte mais difícil de trabalhar no bar, é que chego muito tarde e consequentemente tenho que acordar cedo todos os dias para chegar a tempo.

O que me faz lutar cada dia mais, é que falta pouco para concluir a graduação, mais quatro meses e essa rotina terá terminado, poderei largar o emprego no bar e me candidatar para vagas de enfermeira.

Passo meu crachá no leitor e vou direto para o setor que estagiarei pelos próximos dias, sempre gostei da complexidade dos pacientes da UTI, urgência e emergência, provavelmente iria me especializar nas duas áreas.

Entro no banheiro e mudo para o uniforme privativo do setor, um pijama de tom azul-claro, penduro o crachá no meu pescoço e vou em busca de Liz, a enfermeira responsável pelo setor.

Juntas passamos as visitas à beira leito de cada paciente, discutindo como o paciente passou a noite e as principais alterações.

Enquanto Liz prescreve os cuidados de cada paciente, eu anoto todos os sinais vitais de acordo com o monitor e ajusto as drogas vasoativas e dietas.

Apesar de amar a complexidade de uma UTI, também sei que muitos nunca irão para casa, para o conforto de estar com a família e em casa, nesses momentos me lembro da minha mãezinha, que escolheu morrer em casa e não no hospital, aqueles últimos momentos foram muito importantes para mim e tinha certeza de que também influenciaria a enfermeira que me tornarei no futuro.

[...]

Axel

— Cosmo, você fez o que pedi? — tamborilo meus dedos na mesa, ansioso.

— Sim, tenho um par de olhos na garota. Ela saiu de sua casa e foi direto para o hospital, saiu uma hora da tarde e voltou para casa.

— Com quais pessoas ela teve contato? — procuro saber mais especificamente se teve contato com um homem.

Cosmo me conhece bem o suficiente para entender o que quero dizer, está comigo há muitos anos, desde a morte do meu pai.

Que o Diabo o tenha.

— Os olhos de dentro do hospital me informou que ela teve contato apenas com a enfermeira do setor e as colegas de trabalho, tudo transcorreu de forma tranquila.

Quando li seu relatório, esperava algo a mais, talvez uma mulher que gostasse de sair e viver a vida.

O que encontrei foi o contrário.

A mãe morreu a pouco tempo em decorrência de um câncer e Yesenia continuou seus estudos.

Da casa para o trabalho e do trabalho para casa.

É uma mulher simples, não chama a atenção para si mesma, trabalha e estuda com afinco para se tornar alguém nesse inferno de vida.

Não sei por que ela me chama tanto a atenção.

É uma mulher deslumbrante, mas já tive belas mulheres ao meu lado e em minha cama.

Será seus olhos? Ou o fato de parecer saber qual é o meu jogo?

A questão é que eu a quero muito, não me lembro de algum dia sentir tamanha luxúria por uma mulher como sinto por ela.

Se Cosmo tivesse dito que ela tinha um namorado ou algum homem rondando-a, ele já poderia se considerar um homem morto, porque nada nessa vida me atrapalha a conseguir o que quero.

Espero que Yesenia Davis esteja preparada para se tornar minha de todas as formas possíveis.

— Continue me atualizando Cosmo, agora vamos voltar ao trabalho.

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