[8 anos antes]Aquilo ia ser… estranho. Acho que desde que iniciei meu relacionamento com Carter, nunca pensei em como seria um dia ter que dar fim a ele. Ninguém começa a namorar, já planejando um discurso para o término. Bom, eu não tinha me planejado. Não tinha sequer imaginado aquela cena, mas precisei ser firme e decidida para expôr minha decisão de uma forma que não fosse tão desastrosa.Carter cessou seus passos e me encarou bravo. — Ok. Pode dizer. Qual é o problema? O encarei indignada, e relembrei o problema, trazendo de volta à memória a cena que vi mais cedo. Ainda estava doendo. Ainda doía, de verdade, e isso reforçava uma percepção ruim. Eu tinha sido insuficiente. Até com Carter, com o garoto que achei ser uma das melhores pessoas que conheci, eu fui insuficiente. Falhei, e fiz com que ele colocasse outra pessoa em meu lugar.Como não percebi isso antes? — Eu vi você e a Maggie na casa dos seus pais. A informação pareceu pegar o jovem desprevenido, e vi ele
[8 anos antes]O quão filho da puta estava sendo?Eu transei com a namorada do meu melhor amigo, e simplesmente escondi isso dele. Fui um bosta, em todos os sentidos possíveis da palavra. Carter ia me matar se descobrisse. Tinha plena certeza disso, e tive ainda mais quando ele passou por mim com os olhos cheios de lágrimas, sem nem se despedir. Maggie, que não estava tão próxima, saiu correndo atrás dele e só deixei de acompanhá-los com o olhar quando a presença feminina se fez em minha frente.Encarei Kalid com certa curiosidade e ela piscou lentamente, como se fosse a droga de uma feiticeira me seduzindo. Tentava entender como podia ser tão linda, e não entrava na minha cabeça que uma diaba como ela era quase perfeita.Se não fossem os seus imensos defeitos de caráter, ela seria a porra de um sonho. — Já está tarde. Quer me levar pra casa? Umedeci os lábios, pensando se responderia ou se iniciaria meu questionário sobre tudo o que aconteceu. Carter ficou visivelmente abalado
[8 anos antes]Eu tinha um plano formado. Ia chegar em casa, íamos subir para o meu quarto, e eu ia mandar meu pai se foder, porque isso era o que ele fazia constantemente comigo, me ignorando e fingindo que eu não existia.Contudo, quando desci da caminhonete e iniciei meus passos até a casa antiga, avistei o homem na varanda, e quis muito poder expulsá-lo de lá. Aquela casa não era dele. O seu lar, não era ao meu lado. Não tinha que estar ali. Ele nunca quis estar. — Está tudo bem? O seu namorado e sua amiga estavam procurando você, bem preocupados. Com uma feição neutra mas uma postura de quem estava sempre em alerta, ele deu poucos passos para se aproximar de mim, e eu parei perto da porta, olhando para ele com rancor.Logan simplesmente achou justo não mexer um músculo, e quando olhei para a caminhonete, ele ainda estava parado perto dela, sem saber o que fazer. — Não tenho mais namorado e não há motivos para se preocuparem comigo. Estou bem. Sempre estou. Agora, por favor,
[8 anos antes]Será que é normal sofrer por uma dor que não te pertence de verdade? Ver Kalid destruída me quebrou. Eu sofria sim com a ausência do meu pai, mas em compensação, tinha uma família enorme para me fornecer amor. Quem Kalid Clarkson tinha? Quem estava ao lado dela nos momentos mais simples, aos mais complicados?E pior, por que eu estava me preocupando com isso? O homem triste e visivelmente abalado me encarou perdido.Eu só podia fazer uma coisa diante aquela situação, e faria. — Ela te pediu pra ir embora. Acho que é o mínimo que você pode fazer por ela. Se consegue pelo menos ter empatia, deixa a Kalid. Quando ela diz que sofre com a sua presença aqui, não é uma mentira. O senhor Clarkson olhou em direção ao lago, engolindo em seco, e pareceu se dar por vencido.— Eu vou. Já deixei minhas coisas no carro. Só estava esperando ela chegar pra dizer que… que eu a amo, muito, e que por isso não posso estar aqui. Cabisbaixo, voltou a me encarar, e eu senti pena de tud
[8 anos antes]Sabia que estava me perdendo em todas as minhas convicções.Sabia que o rumo certo já não mais existia.E sabia que agora estava me fodendo, quando todas as coisas que eu achava serem verdadeiras, se tornavam incertezas.A ideia inicial sempre foi me vingar de Logan Baker, por uma coisa que aconteceu há muito tempo sim, mas que aconteceu e me quebrou. Eu tinha o direito, e me achava no dever de fazer aquele idiota pagar, no entanto, talvez eu também estivesse pagando, por tanto fazer para odiá-lo. Senti seus dedos grandes deslizando pelas minhas costas, e tive a certeza de que eu acabava de padecer no paraíso. Como alguém podia me trazer tamanha sensação de paz? Não fazia sentido algum! Logan continuou distribuindo beijos pelo meu ombro e pelo pescoço, fazendo meu corpo amolecer em suas mãos.— Você não é só gostosa pra caralho — murmurou, com a boca bem perto da minha orelha. — Não é só um corpo bonito, cheio de curvas tentadoras. — Mordeu o lóbulo, fazendo um arr
Talvez eu devesse sentir medo do que Kalid tinha feito. Mas, sinceramente? Não! Não faria isso. Uma coisa que aprendi sobre ela com o tempo, foi que, muitas vezes, muitas mesmo, ela se colocava em um lugar baixo e ruim, por pensar que era mesmo baixa e suja.Em muitas dessas vezes, eu estava lá e fui responsável por mostrar a verdade, a fazendo entender que não havia nada de errado com ela. Mas, essas vezes, não foram tantas quanto eu queria.Tive direito a ter um ano "tranquilo" com Kalid, e depois disso, nada mais foi bom.Eu não fui bom. Não consegui seguir em frente, e me culpei. Me odiei. E me recriminei por não ter lutado o suficiente. Talvez, se insistisse um pouco mais, nunca tivesse a perdido. — Já está tarde. Podemos descansar e conversar melhor amanhã? Nada surpreso com a sua tentativa de fuga, apenas soltei um riso triste, encarando a mulher que ainda permanecia de pé perto da janela.— Então vai ser assim? Vai dizer que me amou, que sentiu todas essas coisas intensa
Me lembro da primeira vez em que Logan me arrastou até a casa de sua mãe após começarmos nossa loucura.Assim que meu pai foi embora pela "última" vez, Logan Baker fez questão de me obrigar a ir almoçar com sua família em um domingo ensolarado.Não poderia ser hipócrita, fui sim porque gostava de sua mãe e de sua irmã, mas só cedi com facilidade porque o convite foi feito no colégio.O garoto invadiu o vestiário feminino quando eu estava me trocando depois de um treino de cheerleading, e enquanto nos trancamos em um dos chuveiros, ele soube pedir carinhosamente, me chupando. É, Logan fez questão de me foder em todos os sentidos possíveis.Me fodeu tanto, que agora estava indo com ele para um almoço, com a família Baker, em um domingo ensolarado.Cacete! Estava enlouquecendo. Só podia ser isso. — É feio fazer esse bico, sabia? Você não é mais a adolescente rebelde e sem educação de antes, Kalid. E aceitou o convite dela por livre e espontânea vontade. Então, sorria e acene — provoco
— E então, vocês decidiram ficar mais um pouco na cidade? Terminei de mastigar o pedaço de bolo de chocolate, e olhei para Kalid, também esperando ouvir sua resposta.A mulher cruzou os braços, se acomodou melhor na cadeira, e não estampou uma feição muito legal.— Ainda não sei se consigo sair daqui. O problema maior não é estar em casa, sabe? Parece que o meu impedimento está exatamente aqui. Eu quero ir embora, quero voltar aos meus afazeres, mas não consigo. Parece que estou presa por correntes grossas e pesadas, que me fazem permanecer nessa cidade.Bebericando o suco de laranja, ela permaneceu olhando para a minha mãe, e eu permaneci encarando seus lábios, sem ter um pingo de vergonha na cara. Kalid não deveria ter colocado um vestido tão lindo, que a deixava parecendo a mulher mais delicada e indefesa do mundo, coisa que eu sabia bem, ela não era. — Vou te contar uma coisa… — Mamãe também se acomodou melhor na cadeira de ferro, cruzando as pernas. — Quando fugimos de um luga