CAPÍTULO 22 — KALID

Como é que se vive o luto tantas vezes?

Será que era errado eu estar cansada?

Porra.

Estávamos falando de três mortes que me arrasaram e arrancaram pedaços de mim e da minha vida.

Primeiro foi minha mãe.

Eu era pequena mas sabia o que estava acontecendo.

Eu vi o corpo dela sendo retirado da água. Eu sofri com sua ausência e me senti deixada no mundo, sozinha e sem amor.

Depois foi o meu pai, que "se matou" para mim antes de, de fato, ter sua vida arrancada na guerra.

Eu sentia raiva e amor na mesma medida.

O amava porque tinha sido ótimo na minha infância.

O odiava porque me abandonou assim como deixou a mamãe quando ela estava grávida.

Ele partiu em um ano tão complicado… Se foi, em um ano em que eu só precisava de um colo e um abraço.

E então, a minha base sólida em meio ao caos também sumiu.

Carter, o único que se importava de verdade comigo, morreu naquele bombardeio.

Como viver tantas e tantas vezes essa mesma dor?

Eu poderia jurar que era uma maldição, mas ainda
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