Não tinha como negar que muitas vezes me senti culpado por coisas que fiz com ela. Nós éramos cruéis um com o outro, mas quem sofria mais sempre era ela, por mais que não mostrasse isso a ninguém, nem mesmo ao Carter.Só que, eu tinha uma mãe presente e super amorosa, tinha irmãos legais, e tinha uma ótima educação. Kalid, no entanto, tinha um homem que a visitava uma vez na semana para saber como ela estava, e que levava algumas coisas para tentar agradar a garota, mas nada mudava o fato de que vivia sozinha. Nada. Cheguei a me encontrar encantado com a coragem dela de viver na casa do lago, sem uma segurança real - além da arma que tinha -, e sem se preocupar com as diversas possibilidades de coisas horríveis que poderiam acontecer com uma garota desacompanhada. Ela parecia gostar de correr esse risco. — Ainda pensa nele? Kalid não se assustou com a minha voz. Sentada na beirada do lago, com um graveto na mão, ela continuou mexendo nas pedrinhas com tranquilidade. — Você nã
[8 anos antes]Maldito garoto curioso! Logan nunca estava satisfeito em entrar na minha vida de enxerido. Para completar sua invasão, além de roubar meu colar há umas duas semanas, tinha também ligado para Carter a fim de contar o estado em que me encontrou durante a noite. Caída. Na varanda de casa. Sozinha… Queimada. E daí que eu tinha me machucado? Qual a porra do problema? Por que ele fingia se preocupar, quando na verdade ninguém se importava de verdade? Me abaixei na beirada do lago e juntei as mãos formando uma concha para pegar a água e jogar contra meu rosto. Respirei fundo, tentando despertar e não pensar em mil formas de matar Logan Baker estraçalhado. Nada foi capaz de amenizar a raiva. Carter estava voltando para casa e eu ainda teria que me justificar quando ele visse meu braço. — Aí está você! Me assustei com a voz rouca e de imediato deixei a postura ereta, buscando pelo filho da mãe.Logan estava bravo. Seus olhos repletos de lágrimas diziam que aquele ne
Erros constantes foram o que fizeram eu e Kalid chegarmos a extremos. Ambos, juntos, erramos várias vezes e isso causou nossa maior ruína. Tinha certeza disso. Talvez eu nunca vá me perdoar por tudo, mas se um dia chegar ao ponto de estar bem comigo mesmo, acho que será reconfortante e enfim vou saber o que é ter paz outra vez. Nossos persistentes erros destroçaram o que ainda restava de bom em nós, e depois disso, acho que restou muito pouco, ou nada. — Me conte algo que eu não sei. — A guerra é uma merda. Uma merda bem grande que tira de você tantos e tantos princípios que… puta que pariu! É uma porra enorme. O senhor Merlin, dono da melhor lanchonete da cidade, riu como se isso não fosse segredo algum.— Eu sei disso. Ainda me lembro dos meus dias como fuzileiro. O que quero saber é, como você está após perder o Carter. Desci meus olhos para a xícara de chá que estava sobre o balcão e pensei seriamente que deveria tomar alguma bebida forte, ao invés de ervas calmantes. Acho
Eu perdi as contas da quantidade de vezes que ouvi alguém me fazendo uma pergunta muito específica…"Como você consegue não sentir ciúmes?"E bom… para essa pergunta eu tinha sempre uma resposta preparada. Não sentia ciúmes de Carter porque eu não era possessiva, não era cem por cento apegada, e porque, acima de qualquer coisa, eu confiava nele de olhos fechados. Claro, tínhamos a regra de não fazer sexo sem camisinha, tanto nos relacionamentos com outras pessoas, como no nosso, e exames de três em três meses eram de lei. Mas de resto, era tudo bem tranquilo. Na verdade, eu gostava da ideia de sentirmos atração por outras pessoas e confessar isso um para o outro, sem ter medo de DRs, de ciúmes maluco, e de inseguranças.Eu nunca fui insegura com ele. Não até descobrir algo que…Três batidas na porta me fizeram ter um sobressalto na cama. Quase me esqueci de que tinha companhia no meu refúgio. — Pode entrar — falei, deixando o álbum de fotos que tinha em mãos, na mesinha de cabece
[8 anos antes]Por alguma razão, Carter mudou de ideia. Quando soube que ele pretendia mudar de cidade e sequer tinha me dito isso, é, e fiquei com uma raiva surreal de Kalid porque aquilo seria culpa dela. Eu estaria perdendo a porra do único amigo que tinha, apenas porque ele tentava proteger aquela desmiolada, quando ela não queria proteção alguma.Mas agora ele estava ali, bebendo e cantando no palco improvisado que montamos entre algumas árvores, ao lado da casa da insuportável. O som das caixas ressoavam alto e acho que até alcançava a floresta do outro lado do lago. A noite estava fria, mas o calor dos corpos que dançavam pelo ambiente, acabava deixando o clima gostoso. E eu estaria muito contente e alegre, se não fosse por ela…— Que tal uma bebida especial? Olhei para o lado e vi Maggie com um sorriso enorme no rosto, me oferecendo um copo azul que eu sabia que não deveria pegar. — Foi a Kalid quem mandou você me oferecer isso, não foi? Bêbada, ela não conseguiu escon
Precisava de ar. Eu literalmente precisava respirar ou então teria um ataque de pânico, coisa que não tinha há meses. Desci as escadas em tempo recorde e passei pela sala sem nem me importar com o que Logan estava fazendo, mas vi que ele estava lá. Sem pensar muito, apoiei as mãos na cerquinha de madeira da varanda e respirei fundo. Uma, duas, três e muitas mais vezes, até perceber que a respiração não estava tão desregulada e que meu peito não doía tanto quanto antes. — Você já procurou um médico aqui na cidade? Se pretende ficar, tem que continuar com o acompanhamento de um profissional, isso faz parte da nossa vida. Você sabe bem.Não dei importância para as palavras de Logan. Era tarde, o sono não vinha nem para mim e muito menos para ele pelo jeito, mas brigar, discutir e me desgastar, não parecia ser certo no momento. — Tenho meu psiquiatra à disposição, e você? Já foi atrás de alguém? Se pretende mesmo ficar aqui, deveria se cuidar também. Ou a regra só vale pra mim? Aj
[8 anos antes] As ameaças de Kalid Clarkson eram muito, muito perigosas. A garota não costumava blefar, e agora eu começava a ficar com medo. Sim, medo, porque e se ela tivesse a real capacidade de me drogar? Ou sei lá, se continuasse com seus feitiços sobre mim? Seria possível, não? — A gente podia cantar uma música, não? Depois disso tu poderia aceitar uma diversão. O sorriso de Carter me deixou desconfiado. — Diversão? Que tipo de diversão? — Quatro é par, ou… sei lá… você e a Kali andam muito tensos. Talvez pudesse… — Cala a boca, Carter! — O cortei de imediato. Sério. De verdade. Eu ia socar a cara dele se terminasse a frase da forma a qual eu estava pensando. Nunca tinha chegado ao ponto de socar a cara do meu melhor amigo, mas eu faria isso se ouvisse a merda que ele planejou dizer. — Tá vendo só? — Apontou para o meu corpo rígido pela súbita raiva. — Você não deve transar há o quê? Umas duas semanas? É…bom… Carter não sabia sobre o meu pequeno e ingênuo "
[8 anos antes] Os lábios quentes e gostosos de Carter desceram para o meu pescoço na medida em que ele ia me empurrando em direção à cama. Arfei, me agarrando em seus braços fortes, sentindo uma necessidade enorme de arrancar toda a roupa que cobria meu corpo. Estava fervilhando, e precisava de alguma forma de dar fim a esse fogo que subia e atingia em cheio o meio das minhas pernas. — Você está tão gostosa com essa saia que eu te foderia sem nem tirar ela. — Não ouse! Fico mil vezes melhor sem roupa. Ele sorriu contra a pele dolorida por conta de suas pequenas mordidas, e então se afastou minimamente para poder olhar para o garoto que estava parado na porta. Logan tinha as mãos atrás das costas, seus olhos curiosos não se desviaram de nós, mas a tensão podia ser sentida exalando por seus poros. — Eu preciso jogar uma água no corpo antes. Já volto. Cuide bem dele, princesa. De confuso, a feição de Logan passou a ser de espanto com a certeza de que ficaria sozinho com