RafaelEu tive que fazê as coisas tudo na rapidez, tinha que conta com a sorte mais do que qualquer um porque a nossa janela de tempo era muito pequena. Depois que a Amanda me jogo na cara que o filha da puta do Andrade tava lá, conversando com o delegado, de mãozinha dada com a desgraçada da Rose, eu já sabia que ele tava é querendo vira o jogo pro lado dele e não podia deixa isso aconteceO negócio tinha que partir pra cima do juiz porque a Rose eu já contava como caso perdido, aquela ali era esperta, e além do mais, quem é cria de morro, sabe muito bem que dependendo da cagada, nem compensa volta pra casa, porque a cama macia não vai tá esperando, e sim o melhor dos castigos bem pensadosEntão, trocando a minha fita com a Amanda ainda pelo telefone, eu decidi agir e foi tudo de supetão mesmo, nada dessas coisas de pedi permissão, porque, além de eu não tê tempo pra isso, eu confiava que o Imperador ia me dá aval se eu soltasse a treta antes, por isso fui com gostoA Amanda era cria
RafaelGisele - Quem é essa biscate que tá desmaiada lá no quartinho hein?Rafael - Te dou um beijo se tu descobriGisele - Eu não quero descobri nada Rafa, eu quero que tu me diga quem ela éA única coisa que eu não gostava na Gisele era aquela coisa que a bicha tinha de fica fazendo showzinho toda vez que me via junto de uma outra mina e isso nem era coisa de paquera e muito menos de esfrega, mermo porque, depois dela, de eu assumi de verdade, não teve mais ninguém, mas cara, só um "oi" pra qualquer sapatão do morro, ela já dava um escândaloRafael - É a mina do delegado lá, aquele que tu fico por um tempoGisele - O quê? E por quê ela tá aqui Rafa? Ficou louco?Rafael - Relaxa nega, tu sabe muito bem que eu não faço as coisas desse jeito, se ela tá aqui é porque tem um motivo. O cuzão acho o caminho de volta pra aquela coisa que a gente tento esconde e agora a gente precisa tê garantia pra que ele esqueça de vez tudo isso entendeuGisele - Ah tá, mas então isso é coisa do Imperad
ThierryThierry - Oi dona Maria, é o Thierry, será que...Maria - Dona não, pelo amor de Deus, você me chamando assim eu me sinto uma velha, eu hein. Mas deixa eu falar, já que a Cecília não usa o celular para atender ligação, porque eu estou ligando já faz tempo para ela e só dá na caixa postal e como eu sei que quando ela demora, é porque está contigo, fala pra ela que vou deixar a cópia da minha chave naquele vasinho que fica na varanda, porque vou sair sem a minha bolsa e não quero ficar carregando coisas e que ela não precisa me ligar porque não vou levar o celular, ah... pede para ela não se preocupar porque eu estou com o Almeida táEla foi falando e no mesmo instante eu fui perdendo as minhas pernas, como assim ela queria que eu desse recado para a Cecília? A Cecília não estava com ela? Aonde ela estava?Thierry - Espera aí, vamos com calma ok, aonde está a Cecília?Maria - Uai, ela não está contigo?Thierry - Não, ela não está comigo, no caso, já deveria estar aí com vocêEu
CecíliaAssim que meu olhos foram se abrindo, eu senti uma dor imensa na lateral da minha cabeça e logo me lembrei da presença do carinha mal encarado lá no ponto de ônibusPra mim aquilo era normal, de pessoas mal encaradas é que o ônibus ficava cheio, tanto na ida como na volta. Na ida era por conta das pessoas estarem ainda com a memória viva do colchão vazio e ter que passar uns bons minutos dentro de uma lata de sardinha só na disputa de quem pegava o lugar do lado na janela, só para ir o caminho todo sem se incomodar da cabeça ir batendo no vidro, tamanho era o sono. Na volta, a cara feia era por conta do desespero de querer chegar logo em casa depois de um dia de cão e não poder acelerar a velocidade do ônibus porque ela era controlada, então, nem senti frio na barriga quando mais um mal encarado parou do meu lado antes de eu subir naquele ônibusO problema era que com aquele eu devia ter me preocupado, justo aquele carinha estava todo disposto a fazer coisa errada com a minha
LombrigaMenor - Lombriga, o chefe tá a fim de batê um léro contigo, ele disse que é urgenteLombriga - Belê, avisa pra conta cinco que eu já tô baixando aí na bocaO Imperador não tinha o costume de chama a gente na xinxa, mas quando chamava era porque o negócio era importante, eu já tava nas ideia do que era. As coisas na comunidade correm mais que vento mermão, ainda mais do jeito que aconteceu, não tinha como deixa aquilo escondido. O filha da puta do Rafael teve a ousadia de pegá seja lá quer for, nas costas do Imperador e ainda acaba com a pessoa na base da ripada, se ele acho que ninguém ia fica sabendo, então se engano, porque não tinha como esconde aqueles gritos todos, nem eu que não ligo muito pra essas coisas deixei de repara. O Rafael morava muito perto da minha goma, só que a casa dele era diferente sabe, bandido metido a granfino, o cara tinha uma casa que chegava a competi com a do Imperador, e ainda se achava o dono do pedaço só porque o dono do morro tratava ele como
ThierryThierry - Porra véi, por quê a a Cecília não acorda? Já faz dois dias que a gente tá aqui e ela nem vai pra cá e nem pra láMaria - Calma Thierry, a minha menina é forte, eu tenho certeza de que ela vai conseguirSó naquele momento que eu olhei para a Maria, de verdade sabe, me virei para realmente enxergar a dor da mãe da minha pequena. Eu estava lá, todo me questionamento do porquê ela ainda não ter acordado, do porquê dela não ter voltado pra mim, do porquê eu não cuidei melhor dela, porque aquilo tudo tinha acontecido por minha culpa, por eu não prestar atenção, por eu baixar a guarda e nisso, eu nem tinha reparado que mulher que estava ali do meu lado, tentando me consolar, estava tão acabada quanto euThierry - Desculpa, é que eu quero ela de volta logo, quero ver aqueles olhos lindos olhando pra mim de novo, quero escutar a voz da minha Ceci, eu quero tanto ela de volta que nem me importei em quem estava do meu lado, eu nem pensei que a mãe dela estava aqui sentindo as
ThierryAlmeida - Como a Cecília está?Ele me fazia essa mesma pergunta toda vez que me via entrando na delegacia com o meu jeito preocupado e com muita vontade de ter a minha menina do meu lado, na boa, eu nem via mais motivo de vir trabalhar ali naquele lugar já que não era mais o meu ponto de encontro com a CeciThierry - Está bem, se recuperandoSempre a mesma resposta e depois, seguia para a minha salaDuas semanas já tinham se passado e foi tempo suficiente para eu conseguir montar todas as minhas provas, só que uma coisa me incomodava muito ainda, que era a rapidez com que tudo tinha caído na minha mãe, em especial, a parte que colocava o Andrade no meio da porra toda, por isso eu fiquei na observação, a pessoa que tinha feito aquilo com certeza estava dentro da minha delegacia, e se teve a coragem de fazer aquilo bem debaixo no meu nariz, me peitando com gosto, sem medo nenhum, então podia fazer dar nó até em gota d'águaPara falar a verdade, o que mais me incomodava não era n
CecíliaEu não vou falar que foi tudo muito fácil porque não foi, principalmente nos primeiros dias, quando a imagem daquele carinha mal encarado insistia em aparecer na minha mente, durante a noite, só para me lembrar das marcas que eu carregava no corpo. Era gritaria atrás de gritaria, eu não conseguia evitar, só parava mesmo com os abraços do ThierryThierry - está tudo bem pequena, eu estou aquiEu nem me lembrava mais do dia em que dormi sem ele, aquela era a nossa nova rotina, a que eu precisava desesperadamenteCecília - Desculpa Thi, eu não consegui evitarThierry - Fica tranquila pequena, eu continuo aquiE continuava mesmo, todos os dias ele estava ali, comigo, segurando a minha mão e me dizendo que ia ficar tudo bem, fora isso, a nossa vida continuava normal do mesmo jeito, tirando o fato de que ele não me deixou mais ir para a delegacia, pelo menos naqueles dias. O meu olho ainda carregava um pouco do inchaço e o meu corpo estava cheio de hematomas. Ele usava essa desculpa