Louise Hoje faz quatro dias que estou internada. Não estou comendo, não consigo. Tento, mas sempre acabo vomitando.— Minha filha, você precisa comer. Precisa ir para casa — minha mãe diz quando a enfermeira traz a sopa. — Você precisa ficar bem, para quando o Josh acordar.Ele pode acordar a qualquer momento, a cirurgia foi um sucesso.Sempre vou vê-lo no horário de visita, o que conforta o meu coração. Mas ver que ele ainda está pálido, com os lábios roxos, e isso me deixa triste demais.— Pronto! — falo quando termino de comer a sopa. Não vou negar que dessa vez estava com um gosto maravilhoso.— Agora, podemos ir ver o Josh — minha mãe afirma e me ajuda com o suporte do soro.Segundos depois, estamos entrando no quarto do Josh.Tem uma enfermeira mexendo nele, o rosto oculto por estar de costas para mim.— Prontinho, senhor Brown — a enfermeira fala e ouço alguém rindo.Eu congelo. Acho que estou ouvindo coisas, pois a risada é do Josh.— Obrigado. — Ouço novamente sua voz rouca.
LouiseEU E SCARLETT, minha irmã, estamos na cozinha, sentadas à mesa com o aroma do café fresco pairando no ar. Era mais um de nossos momentos tranquilos, antes da agitação do dia começar.— Vamos, Louise.Respiro fundo.— Tá bom, Scar. Eu vou — respondo, dando um gole no café ainda quente.— Sabe que eu te amo, né?! — Ela me abraça com carinho.— Eu também te amo. — Um sorriso involuntário surge em meu rosto.— Posso saber aonde vocês vão? — meu pai pergunta, assim que entra na cozinha.— Em um dos jantares da família do Adam — Scar explica a ele e se vira para mim no mesmo instante, parecendo se dar conta de algo apenas agora. — Ah, você precisa de um vestido.— Não posso ir de moletom?— Não, né – responde e revira os olhos.Ela já me falou muitas vezes sobre a empresa, mas acabei nunca prestando a devida atenção. Tento disfarçar ao tomar mais um pouco do café e, por sorte, o assunto foi para o trabalho.— E quando que é a sua entrevista?— Hoje, após o almoço — falo, sem muitas e
LouiseDECIDO USAR UMA SAIA preta lápis, com uma fenda em um dos lados, camiseta social vermelha e um blazer preto por cima. Faço um rabo de cavalo para ajeitar o cabelo.Me olho no espelho, gostando do que vejo, pois até que fiquei bem vestida desse jeito. Esse tipo de roupa costuma me apavorar, gosto mais de peças básicas e sociais. O lado bom de trabalhar com os meus pais era poder usar moletom e não ouvir reclamações, a não ser da minha mãe, mas eu escolhia ignorá-la.Caso eu consiga a vaga, terei que usar roupas assim todos os dias, o que me lembra de que terei que renovar o meu guarda-roupa.Quando começo a fazer uma maquiagem bem básica, ouço uma buzina e nem preciso olhar pela janela para saber que é a Claire.— A porta está aberta — grito da janela e volto a me maquiar.Claire é minha amiga desde o primeiro ano do ensino médio. Nossa amizade dura há quase dez anos. Temos muito carinho uma pela outra e passamos por muita coisa juntas.O fato de ela sempre ter sido popular e ar
LouiseDEPOIS DE UM LONGO TEMPO de constrangimento, tanto meu quanto dele, enfim consigo colocar a cabeça no lugar para dar continuidade à conversa.— Obrigada — agradeço, meio sem jeito.— Só um momento. — Ele aperta um dos botões do telefone que está na sua mesa. — Anna, pode vir aqui, por favor?— É claro que sim, Josh — ela fala e então desliga.— Como vai seu relacionamento com o Alex?Sou pega de surpresa, pois estranho a sua pergunta. Não é muito comum que conversemos sobre meu namoro.— Bem, eu acho. — Você acha? — pergunta, todo risonho.— Era pra termos almoçado hoje, mas ele não foi. — Josh arqueia uma das suas sobrancelhas e, quando ele ameaça a dizer algo, a Anna entra.— Estou aqui. — Ela segura alguns papéis em uma das mãos, a outra está apoiada em suas costas, como se doessem. — Parabéns, Louise.— Obrigada, eu acho.— Não ligue quando ele ficar nervoso e começar a gritar — ela brinca. — Eu não grito — ele afirma.— Isso é verdade — digo, sem perceber, e ganho a aten
LouiseASSIM QUE EU CHEGO à porta da sala, paro e respiro fundo.— Droga — resmungo.— O que foi? — Scar pergunta.— Esqueci de vestir um roupão.— Huuuum — O riso malicioso de Scar não me ajuda em nada. — Será que foi por isso que o Josh tentou te beijar?— Fique quieta — repreendo-a, sentindo minhas bochechas esquentarem antes de entrar na sala. — Josh, aqui está.— Obrigado. — Ele sorri e se levanta rapidamente, pegando a pasta das minhas mãos. — Quer mais café? — Scar pergunta, e percebo o olhar curioso de Josh. — Eu pego pra você. — Ela não espera por sua resposta e já vai pegando a xícara da sua mão.— Scar. — O que foi, Louise? — devolve uma pergunta, escondendo algo por trás das palavras. — O Brown nunca veio aqui, temos que ser educadas. — Ela ri e sai da sala.— Ela não é mais tão tímida. — Pois é, Scar se soltou depois que cresceu — falo e me sento na poltrona ao lado do sofá.— E você? — Ele me encara e seus olhos azuis brilham. — Está cada vez mais linda — diz e contin
LouiseJá faz quase uma hora que estamos na estrada, e o silêncio ainda se faz presente no nosso espaço.— Você está bem? — Josh quebra o silêncio, sua voz suave e preocupada.— Sim — respondo, tentando ignorar a ansiedade que me preenche.— Já sabe o que vai fazer, se ele estiver com alguém? — Curioso, não é?!— Já tem um certo tempo que tento terminar com ele, mas...— E ele sempre encontra um motivo pra você voltar atrás? — Ele completa a minha frase, e sua compreensão me surpreende.— Sim. — Respiro fundo, me sentindo derrotada.— Nosso pai o ensinou muito bem. — Sua expressão fica carregada de resignação.— O que você quer dizer com isso?— Meu pai sempre nos disse que somos nós que terminamos os relacionamentos e que não podemos deixar nenhuma mulher fazer isso, pois somos os Brown, e isso mancharia o nosso nome.— Sério que ele ensinou isso pra vocês? — Não creio que Anthony era assim.– Sim, meu pai é machista para algumas coisas — ele admite, dando um meio-sorriso e voltando
JoshCOM APENAS DEZOITO ANOS, comecei a comandar o império dos meus pais, e agora, com apenas trinta anos, a empresa está acima do estimado. Sou o mais novo CEO de Nova Iorque.Namoro com Teresa há alguns anos, e sei que ela me ama, mas eu não sinto nada além de gostar do sexo que temos. Ainda não encontrei nenhuma mulher que me satisfaça como ela.— Josh — Anna, minha secretária, me chama. — Precisamos de uma substituta, não vou aguentar por muito tempo.— Alguma candidata? — Estamos na minha sala, revisando alguns contratos.— Sim, aliás você pode escolher a dedo. — Ela ri. — Tem uma tal de Anna, Ashley, Scarlet, Stephany, Abigail, Louise, Mila...— Espera.— O que foi? — Qual o sobrenome da Louise?— Louise Smith.— Marque uma entrevista com ela — peço.— Huuuum. — Anna ri. — Mais alguma?— Não.Desde que eu assumi a direção da empresa, Anna trabalha comigo, posso dizer que ela é minha confidente. Sabe que eu não amo a Teresa, mas nunca revelei o nome do meu amor.Ouvir o nome da
LouiseAS LÁGRIMAS ESCORREM pelo meu rosto. Dias e noites ao seu lado, especialmente quando enfrentou o câncer, sempre estive lá, sempre o ajudei. Não é que eu esteja jogando na cara, mas ele deveria ter ao menos um pouco de consideração por mim.— Louise... — Ouço a voz do Josh. — Louise...— Já chegamos? — pergunto, meio sonolenta.— Ainda não.— Aonde estamos? — indago, assim que abro meus olhos e percebo que a chuva não deu trégua.— Em um hotel.— Por quê?— A chuva está muito forte, e mais à frente teve um acidente. Olha — responde e me mostra o celular, no qual uma notícia diz sobre o acidente e que o trânsito estava congestionado. — Pra não ficar muito cansativo, pensei em nos hospedarmos aqui. Amanhã bem cedo, vamos embora.— Ok. Ele estaciona em frente a um hotel bem simples, pelo que eu me lembre, Josh nunca foi enjoado para essas coisas, e vejo que ele não mudou, contrário do seu irmão.Corremos em baixo da chuva para dentro do hotel, a decoração é rústica, bem cara de ca