Louise
Já faz quase uma hora que estamos na estrada, e o silêncio ainda se faz presente no nosso espaço.
— Você está bem? — Josh quebra o silêncio, sua voz suave e preocupada.
— Sim — respondo, tentando ignorar a ansiedade que me preenche.
— Já sabe o que vai fazer, se ele estiver com alguém? — Curioso, não é?!
— Já tem um certo tempo que tento terminar com ele, mas...
— E ele sempre encontra um motivo pra você voltar atrás? — Ele completa a minha frase, e sua compreensão me surpreende.
— Sim. — Respiro fundo, me sentindo derrotada.
— Nosso pai o ensinou muito bem. — Sua expressão fica carregada de resignação.
— O que você quer dizer com isso?
— Meu pai sempre nos disse que somos nós que terminamos os relacionamentos e que não podemos deixar nenhuma mulher fazer isso, pois somos os Brown, e isso mancharia o nosso nome.
— Sério que ele ensinou isso pra vocês? — Não creio que Anthony era assim.
– Sim, meu pai é machista para algumas coisas — ele admite, dando um meio-sorriso e voltando a sua atenção à estrada. — Não sei como a minha mãe ainda está com ele.
— Eles ainda se amam?
— Acredito que não. — Dá de ombros, sua expressão reflexiva. — Eles vêm pra cá juntos, mas não estão morando na mesma casa, na França.
— Alex nunca me contou nada.
— Meu pai sempre diz que precisamos manter as aparências para a mídia.
— E você, quando se casa? — Minha curiosidade desperta, e não consigo evitar a minha pergunta.
— Conheço a Teresa desde o colégio — responde, desviando o olhar por um momento.
— Eu sei. Ela sempre ficava dando em cima de você e conseguiu o eu tanto queria. — Rimos.
— Mas eu ainda não sei se quero me casar com ela.
— Como não? — Fico boquiaberta com a sua dúvida. – Já estão juntos há uns dez anos, não é?
— Acho que sim.
— Josh, você é péssimo. — Não consigo deixar de zombar.
— Por quê? — Ele ri, desviando seu olhar por alguns segundos da estrada para me encarar.
— Você deve esquecer o aniversário de namoro — afirmo.
— Não.
— Uau. Então você não é tão péssimo assim.
— Eu não esqueço, pois a minha secretária sempre me lembra.
— Não creio. — Não aguento e começo a rir, contagiada por sua descontração.
— Vai me dizer que o Alex lembra das datas?
— Pior que ele sempre se lembra.
— Pelo menos meu irmão é bom em alguma coisa.
— Pelo menos isso — concordo, compartilhando um sorriso com Josh.
— Chegamos. — Sua voz me traz à realidade, e observo a imponente mansão diante de nós, cercada por um quintal deslumbrante.
— Que lugar lindo. — Expresso meu encantamento ao descer do carro.
— Me surpreendo que você nunca tenha vindo pra cá. — Josh se aproxima mais uma vez, sua presença ao meu lado é reconfortante. — Alex ama esse lugar.
— Eu também amaria — sussurro involuntariamente, me sentindo atraída pela sua proximidade. Já não consigo mais controlar a minha respiração.
Droga. Seu celular toca, interrompendo a tensão do momento.
— Preciso atender. — Ele faz uma careta ao verificar o visor do celular. — Só um momento.
Ele se afasta um pouco e eu fico ali, admirando aquela paisagem maravilhosa, dou alguns passos, e aproveito para admirar a paisagem deslumbrante ao meu redor. Observo os carros na garagem, me dando conta de um pertence a Alex, mas são dois e não conheço o outro carro.
— Preparada? — Levo um susto quando me lembro do Josh e ouço a sua voz.
— Vamos lá.
Caminhamos em direção à entrada da casa, minhas mãos começando a ficar suadas. Fico ofegante, pois quero Alex com alguém. Isso me traria a liberdade do término. Ao mesmo tempo, não quero encontrá-lo com alguém e me decepcionar tanto assim.
Josh abre a porta bem devagar, e fico de boca aberta quando entro na casa. Observando a sala, constato sua beleza em cada detalhe de decoração. O gosto da mãe deles é esplêndido.
Josh faz sinal para que eu continue andando, e logo passamos por um corredor enorme que parece nunca ter fim. Ouço alguns risos que vêm do último quarto.
Respiro fundo e me aproximo cada vez mais dá porta e consigo ouvir o que o Alex fala.
— Sthe, como você é gostosa e apertadinha.
— Vamos Alex, me faz gozar de novo.
Durante todo o tempo em que estivemos juntos, ele nunca me fez gozar. E nunca usou esse tipo de linguajar comigo. Qual o problema dele?
Me sinto frustrada.
Respiro fundo, coloco a minha mão na maçaneta da porta e quando a giro, me deparo com aquela cena que eu não gostaria de ter visto.
— Companhia? — A tal Sthe é uma ruiva de olhos verdes, que me encara e sorri. — Ménage, eu adoro.
A Sthe está de quatro e ele todo feliz, com os olhos fechados, metendo nela.
— O que você está dizendo? — Ele continua com os olhos fechados. Sthe geme e grita tão alto que se houvesse vizinhos próximos, tenho certeza de que eles reclamariam.
— Dela. — Ela aponta o dedo em minha direção.
— Louise. — Alex abre os olhos e olha para a porta, ficando de todas as cores. — Que porra você está fazendo aqui?
— Vim saber o motivo do seu sumiço — respondo entredentes. Ele sai de dentro da garota e puxa o lençol para se cobrir.
— Como você soube que eu estava aqui? — Ele se aproxima e coloca uma das mãos no rosto. — Você perguntou para Josh, não é?
— Pelo menos você avisa alguém.
— Olha, Louise, vamos conversar. — Ele tenta me abraçar.
— Não encosta em mim — grito. — Está tudo acabado. — A raiva toma conta de mim e meus olhos começam a ficar marejados.
— Não fale assim, meu bebê.
— Acho que eu já vou — Sthe diz.
— Não, pode ficar — afirmo enquanto ela me encara e volta pra cama. — Aproveite muito bem o Alex.
— Não fale assim, meu amor.
— Eu não sou o seu amor. — Respiro fundo. — Depois de tudo o que passamos, eu merecia o mínimo de transparência, Alex. Sinto nojo de você.
Saio de lá e ouço o Alex chamar por mim. As lágrimas escorrem pelo meu rosto, bato a porta com tudo e corro em direção ao carro do Josh, que, para minha sorte, já está esperando por mim. Eu não percebo a chuva que cai forte e me deixa encharcada.
— Vamos logo — peço.
— Tem certeza?
— Anda Josh. — E então ele acelera.
Não consigo mais conter as minhas lágrimas, não vou negar que o meu orgulho está ferido, encosto a minha cabeça na janela do carro e fico olhando a chuva cair.
JoshCOM APENAS DEZOITO ANOS, comecei a comandar o império dos meus pais, e agora, com apenas trinta anos, a empresa está acima do estimado. Sou o mais novo CEO de Nova Iorque.Namoro com Teresa há alguns anos, e sei que ela me ama, mas eu não sinto nada além de gostar do sexo que temos. Ainda não encontrei nenhuma mulher que me satisfaça como ela.— Josh — Anna, minha secretária, me chama. — Precisamos de uma substituta, não vou aguentar por muito tempo.— Alguma candidata? — Estamos na minha sala, revisando alguns contratos.— Sim, aliás você pode escolher a dedo. — Ela ri. — Tem uma tal de Anna, Ashley, Scarlet, Stephany, Abigail, Louise, Mila...— Espera.— O que foi? — Qual o sobrenome da Louise?— Louise Smith.— Marque uma entrevista com ela — peço.— Huuuum. — Anna ri. — Mais alguma?— Não.Desde que eu assumi a direção da empresa, Anna trabalha comigo, posso dizer que ela é minha confidente. Sabe que eu não amo a Teresa, mas nunca revelei o nome do meu amor.Ouvir o nome da
LouiseAS LÁGRIMAS ESCORREM pelo meu rosto. Dias e noites ao seu lado, especialmente quando enfrentou o câncer, sempre estive lá, sempre o ajudei. Não é que eu esteja jogando na cara, mas ele deveria ter ao menos um pouco de consideração por mim.— Louise... — Ouço a voz do Josh. — Louise...— Já chegamos? — pergunto, meio sonolenta.— Ainda não.— Aonde estamos? — indago, assim que abro meus olhos e percebo que a chuva não deu trégua.— Em um hotel.— Por quê?— A chuva está muito forte, e mais à frente teve um acidente. Olha — responde e me mostra o celular, no qual uma notícia diz sobre o acidente e que o trânsito estava congestionado. — Pra não ficar muito cansativo, pensei em nos hospedarmos aqui. Amanhã bem cedo, vamos embora.— Ok. Ele estaciona em frente a um hotel bem simples, pelo que eu me lembre, Josh nunca foi enjoado para essas coisas, e vejo que ele não mudou, contrário do seu irmão.Corremos em baixo da chuva para dentro do hotel, a decoração é rústica, bem cara de ca
LouiseINCOMODADA COM A SUGESTÃO de Josh, me levanto da cama e caminho em direção ao banheiro.— Ele não sabe dos meus sentimentos, Josh, então não devo nada a ele. — Entro no banheiro e bato a porta.Meu coração está super acelerado. Esse homem mexe muito comigo, e nunca vai saber que o meu amor é ele. Ligo o chuveiro e coloco a mão embaixo da água. Está quentinha.Me lembro de que precioso avisar a Scar que não vou para casa hoje. Procuro pelo meu celular nos bolsos do meu moletom e não o encontro. Droga. Acho que o deixei em cima da cama.Abro a porta e dou de cara com aquela visão maravilhosa. Josh está sem camisa, de costas para mim, e fico impactada com aquele corpo.— Estamos bem, sim. — Caminho em direção à cama e não encontro o meu celular. — Ela está aqui. Quer falar com ela? — pergunta, antes de se virar e me ver. – Então tá. Imagina Scar. Eu a aviso. — Ele ri. — Tchau.— Meu celular? — Ah, desculpa — ele pede e me entrega o celular. — Estava tocando e ouvi o barulho do c
LouiseJOSH SAI DO BANHEIRO, enrolado na toalha, que cobre apenas a parte da cintura para baixo. Já fico com a calcinha molhada quando vejo as gotas de água, que caem de seu cabelo, escorrendo por todo o seu corpo. Até sua barba ainda está encharcada.— Gosta do que vê? — ele pergunta, risonho.— Vou te esperar lá embaixo. — Minha voz falha enquanto tento manter a compostura, sentindo meu rosto e meu corpo todo esquentarem.Desço e fico do lado de fora do hotel, esperando por ele.***Chegamos em cima da hora na minha casa, e Josh me espera no carro.— Não vai tomar café? — meu pai pergunta.— Não, senão vou me atrasar. Josh está me esperando.— O seu cunhado? — indaga, surpreso.— Ex-cunhado. — O que aconteceu? — minha mãe pergunta enquanto desce as escadas.— Depois eu conto tudo. Agora preciso ir.***— Desculpa — peço quando entro no carro.— Imagina, ainda vamos chegar 10 minutos antes do horário — afirma quando olha no relógio em seu punho e arranca com o carro.— Ainda dá temp
Louise— O QUE FAZ AQUI? — Josh pergunta enquanto pega o seu martini. — Vim com a minha irmã e o seu namorado. — Aponto na direção deles.— Ela namora o Adam Clifford?— Sim, ele mesmo. — Faço um sinal para que o barman me entregue outra bebida. — Pode ser um Bloody Mary desta vez.— Só um momento, princesa. — Ele pisca e sorri para mim de novo, e eu retribuo desta vez.— O que está acontecendo? — Josh pergunta, uma sobrancelha arqueada.Ele veste uma calça jeans preta, uma camiseta branca e uma jaqueta de couro por cima. O seu cabelo está penteado para trás e parece estar cada vez maior.— O quê?— Por que está agindo assim comigo? — Ele toma um gole dá sua bebida.— Assim como? — Finjo não entender, embora saiba do que ele está falando. No escritório, tenho que ser paciente, pois ele é o meu chefe e eu não sei o motivo pelo qual ele andou me evitando todos esses dias, desde a nossa viagem.Mas, fora do escritório, posso ignorá-lo.— Está sendo grossa.— Eu? — Não se faça — ordena.
JoshTALVEZ EU ESTEJA sendo um pouco invasivo por ter atendido o celular da Louise, mas eu não queria atrapalhar o seu banho. E, embora Scar seja muito simpática, não conversamos nada demais. O beijo da Louise é maravilhoso, fiquei nas nuvens, mas preciso manter distância, pois sei que isso não vai dar certo. O medo que ela tem de raios complicou ainda mais as coisas para mim. Deitar perto dela me deixou com o pau duro, assim como sentir a sua pequena mão em meu peito, o seu cheiro doce e maravilhoso preenchendo minhas narinas.No dia seguinte, acordo com ela ao telefone. Quando ela me vê apenas de cueca, o seu semblante muda totalmente. Preciso manter distância, por mais que eu não queria, pois tenho que me resolver com a Teresa, antes de qualquer coisa.Ignoro Louise durante a semana toda e fico pensando em como vou terminar com a Teresa e contar isso para o meu pai.***— Josh, precisamos conversar — Alex diz. Acabei de chegar em casa, mas sei que algo aconteceu para que ele pareça
JoshA FESTA JÁ ESTÁ ANIMADA quando chego. Luzes piscam, a música está alta e o ar, carregado de energia. Tento me esquivar dos vários fotógrafos presentes aqui. Os Clifford adoram impressionar, e sempre conseguem de fato.Matthew ainda não apareceu e não sei se ele realmente virá. Não vou negar que sinto a sua falta em lugares assim, sempre dou risada dos foras que ele leva.— Um martini, por favor — peço, assim que me aproximo do bar.Pego a minha bebida e começo a andar pelo ambiente, pensando que deveria ter chamado Louise para ter vindo. Poderia ter dito a ela que era assunto de trabalho, o que não seria mentira. Mas posso sobreviver em qualquer evento sem uma assistente. Eu trazia a Anna, porque ela gosta desse mundo, e isso me deixou mal acostumado a ponto de não querer ficar sozinho, pelo menos não nesse tipo de evento.Seco o meu copo de martini e vejo uma bela mulher de cabelos castanhos me encarando na pista, dançando sozinha. Me aproximo aos poucos, mas desisto assim que o
LouiseASSIM QUE CHEGO bem próximo a ele, a mulher me encara, mas Josh continua dançando como se só estivessem os dois na pista. Me aproximo mais ainda e seguro na sua cintura, me erguendo nas pontas dos pés para beijar seu pescoço.— Sim, eu aceito — sussurro no seu ouvido e sinto seu corpo todo estremecer.Ele para de dançar, e a mulher sorri sem jeito antes de sumir na multidão.— Não vai me dizer que só fez isso por ciúmes? — ele pergunta enquanto se vira.— Não, eu não tenho ciúmes de você, Josh. Apenas quero dar o troco no seu irmão — minto, e ele parece acreditar.— Tudo bem. — Ele sorri, e meu coração acelera com esse sorriso encantador. — Vamos para o meu apartamento discutir sobre isso. — Caminhamos de volta para o bar.— Josh, não é para tanto. Podemos resolver isso amanhã — sugiro, tentando ser razoável.— Você não vai mudar de ideia?— Não. — Rio.— Então me dá um beijo — ele pede, e fico sem palavras, seu charme me desarmando completamente. — Você vai ter que se acostuma