Capítulo 3
Angelo foi arrancado de suas lembranças com Jenna de volta ao presente.

— Droga! — Murmurou, sentindo uma pontada dolorosa em sua virilha. Sua calça estava tensa, e ele estava dolorosamente excitado. Dirigiu-se ao banheiro para tomar uma ducha fria e se acalmar.

Tinham se passado dois anos, mas Jenna ainda causava o mesmo efeito nele.

“Sua bruxa! Jenna, o que você fez comigo? Por que não consigo te esquecer?” Perguntou a si mesmo.

Jenna o deixara sem nenhuma explicação, sem sequer dar-lhe a chance de se explicar. Agora, ele planejava virar o jogo. Faria com que ela se apaixonasse de novo, só para deixá-la como ela tinha feito com ele.

“Prepare-se, Jenna Smith. Vou tornar sua vida miserável.”

-

Jenna havia acabado de chegar em casa.

— Como foi a entrevista, querida? — Sua mãe, Cathy Baker, perguntou.

— Começo a trabalhar amanhã, mãe. — Respondeu Jenna.

Ela não mencionou que Angelo seria seu chefe. Cathy talvez não a deixasse retornar se soubesse.

— Que bom ouvir isso. Isso significa que você não vai voltar para Itaúna?

— Ainda não decidi, mãe… — Jenna respondeu.

Deitada na cama, Jenna sentia-se melancólica. Depois de todos esses anos, Angelo ainda tinha o mesmo efeito sobre ela. Ela lacrimejava, sem esperar encontrá-lo novamente. Ela não estava preparada. Os dois anos que passara em Itaúna tentando se curar foram em vão, ainda doía.

Jenna olhou para o pulso, onde a cicatriz ainda estava visível. Tocou-a, lembrando-se da dor do passado. Adormeceu com lágrimas nos olhos.

-

Dois anos atrás.

— Amor, não vou conseguir te buscar. Temos uma festa na quadra. — Angelo disse a Jenna pelo celular. Seu time de basquete havia vencido, e, como de costume, ele foi o melhor do jogo. — Venha depois da aula.

— Certo, amor, estarei lá. Parabéns! Eu te amo, até mais.

— Eu te amo mais ainda. — Angelo respondeu antes de desligar.

Jenna ficou radiante com as palavras dele.

Depois de desligar, Angelo continuou comemorando com os colegas de equipe, quando alguém chamou seu nome. Celine Gobble, uma amiga da família vinda dos EUA, correu animada em sua direção.

Angelo não sabia que ela havia chegado. Celine era a garota com quem seu pai, Marco Ferrer, queria que ele se casasse, mas ele sempre a via apenas como uma irmã. Seus pais não sabiam sobre Jenna, pois ele estava morando em um apartamento próximo à universidade desde o início dos estudos.

A família de Celine era tão rica quanto a dele, o que a tornava uma escolha atraente para seu pai.

Celine era três anos mais nova, da mesma idade de Luke. Luke sempre teve uma queda por ela, mas Celine gostava de Angelo, provavelmente pela influência dos pais.

— Angelo, parabéns! — Celine o abraçou e o beijou na frente de todos, pegando-o de surpresa.

Enquanto estavam ali, um barulho repentino fez Angelo olhar para cima. Ele viu Jenna, acompanhada de suas amigas, Felice Lopez e Sarah Taylor, segurando um bolo com a palavra “Parabéns”.

Jenna deixou o bolo cair no chão e saiu correndo da quadra, chorando.

Angelo tentou ir atrás dela, mas Celine o impediu.

— Quem é essa garota? — Celine perguntou.

— Minha namorada. — Angelo respondeu.

— O quê?! Como assim você tem uma namorada? Eu sou sua noiva, Angelo! — Celine exclamou.

Angelo a ignorou e correu atrás de Jenna, mas ela já tinha ido embora. Tentou ligar para ela, mas o celular estava desligado. Deprimido, voltou para a quadra e viu Celine discutindo com Luke.

Angelo os ignorou, concentrando-se em Jenna. Ele precisava explicar o que havia acontecido, pois não queria que ela se machucasse. — Ele a amava e não queria perdê-la.

-

Por três dias, Angelo não conseguiu contato com Jenna. Ela o evitava. Ele foi até a casa dela, mas Cathy disse que ela não estava e parecia alheia ao que estava acontecendo. As amigas de Jenna também não sabiam onde ela estava.

-

— Jenna, qual é o seu plano? Você está se destruindo! — Abby exclamou.

Jenna estava hospedada na casa de Abby para evitar Angelo, sabendo que ele apareceria em sua casa para tentar se explicar. Mas o que havia para explicar? Ela o tinha visto beijando outra garota na frente de todos!

— Eu volto para Itaúna em duas semanas. Quer vir comigo? Em vez de ficar se lamentando, você pode se esconder lá se não quiser falar com o Angelo. Talvez seja a hora de perseguir seu sonho de ser modelo, como eu. Você quer viver como eu, não é? — Provocou Abby.

Abby era modelo em Itaúna e há tempos tentava convencer Jenna a seguir o mesmo caminho, mas Jenna sempre resistira porque queria terminar os estudos primeiro.

— Certo, vou pensar nisso. — Respondeu Jenna.

-

— Amiga, como você está? Onde você está? — Sarah perguntou ao celular.

Jenna havia ignorado várias ligações, mas finalmente atendeu.

— Estou bem. — Ela respondeu.

— Angelo está procurando por você. Ninguém sabe onde você está.

Ninguém sabia do paradeiro de Jenna. Ela não tinha contado a ninguém, sabendo que Angelo arrancaria a verdade deles. Jenna estava em Santos havia três dias. Sua prima Abby tinha uma casa de passeio no local e havia acabado de chegar de Itaúna para passar três semanas de férias.

Angelo não conhecia Abby porque ela morava em Itaúna. Abby acompanhou Jenna até a casa de praia, onde Jenna passava os dias chorando e sem ânimo para cuidar de si mesma, com o desejo de desaparecer. Ela não conseguia acreditar que Angelo tinha feito aquilo, seu peito doía de tanta mágoa.

Jenna percebeu que Sarah ainda falava.

— Amiga, ainda está aí? Tem um boato na escola de que Angelo ficou noivo daquela bruxa que ele estava beijando.

O coração de Jenna se despedaçou com as palavras de Sarah, e ela começou a chorar novamente. Pensava que já não tinha mais lágrimas, mas a dor a consumia a ponto de mal conseguir respirar.

Sarah ouviu seus soluços e começou a chorar, odiando ver Jenna tão machucada. — Desculpa, Jenna.

— Onde você está? Eu e a Felice vamos até você. — Insistiu Sarah.

— Não se incomode, Sarah. — Respondeu Jenna. — Vocês podem acabar se envolvendo nessa bagunça com o Angelo. Ele não vai parar até me encontrar. É melhor que vocês não saibam onde estou.

— Só cuida de si mesma, está bem? Não faça nada drástico... Seria um desperdício perder uma beleza como a sua. — Sarah brincou, tentando aliviar o clima.

Jenna deu um leve sorriso com a tentativa da amiga de animá-la. Sarah então se despediu, dizendo que tinha aula.

As palavras de Sarah deram a Jenna uma ideia. Talvez fosse melhor acabar com tudo. Sua vida parecia sem sentido sem Angelo, que a tinha traído.

— Eu não aguento mais essa dor. — Sussurrou.

Chorando, levantou-se e foi até a cozinha. Avistou uma faca e, devagar, fez um corte em seu pulso. O sangue começou a escorrer, mas ela não sentiu dor física, pois a dor em seu coração era muito maior.

Enquanto o sangue se acumulava ao seu redor, Abby a encontrou.

— Jenna, o que você está fazendo?! — Gritou Abby, correndo para tirar a faca de sua mão.

Jenna desabou, pálida pela perda de sangue.

— Abby... — Sussurrou, lágrimas escorrendo pelo rosto antes de perder a consciência.

— Jenna, acorde! Por favor, acorde! — Abby chorava desesperadamente.

-

Quando Jenna acordou, tudo o que via era branco. Sua cabeça doía, e ela se lembrou do corte no pulso.

“Estou no céu?” Pensou, confusa.

Olhando ao redor, avistou sua mãe dormindo em um sofá próximo. Percebendo que não estava morta, entendeu que estava em um hospital.

Cathy despertou ao perceber que Jenna estava acordada e correu até ela, chorando.

— Graças a Deus você acordou! Como está se sentindo?

Cathy explicou que Jenna estivera em coma por dois dias devido ao estresse extremo e à perda de sangue.

— Que dia é hoje? — Jenna perguntou.

Cathy respondeu, e ela começou a chorar novamente. — Era para ser o dia de sua formatura.

— Não chore, querida. Isso não vai ajudar. Tente descansar. — Cathy a incentivou gentilmente.

Jenna fechou os olhos, e as lágrimas continuaram a rolar por seu rosto.

-

Após conversar com Abby, Jenna decidiu que iria para Itaúna assim que saísse do hospital. A dor que Angelo lhe causara era insuportável. Eles haviam estado juntos por quatro anos, e ela nunca soube que ele tinha uma noiva. Sentia-se uma tola por ter dado tudo a ele.

“Eu acreditei que ele me amava.” Pensou, chorosa.

“A partir de agora, não derramarei mais uma lágrima por você, Angelo Ferrer. Pode escrever!”

Cathy olhou para a filha com profunda empatia, sentindo sua dor.

-

Na AF.

— Srta. Smith, venha ao meu escritório agora. — Angelo ordenou assim que Jenna chegou ao escritório.

Angelo estava sentado em sua cadeira giratória.

— Qual é a minha agenda para hoje?

— Você tem um almoço com a Srta. Celine Gobble ao meio-dia. — Jenna respondeu, conferindo os detalhes em seu tablet.

Quando olhou para cima, viu que Angelo a encarava. Seus olhares se cruzaram, e nenhum dos dois parecia querer quebrar o silêncio.

— Com licença, senhor. A Srta. Celine Gobble está aqui. — Uma funcionária interrompeu, batendo na porta.

A porta se abriu, e uma mulher alta e elegante entrou.

— Oi, amor, pronto para o almoço? — Disse Celine, fazendo o coração de Jenna afundar.

“Amor?” Pensou Jenna. “Que original.”

Angelo lançou um olhar rápido para Jenna antes de responder a Celine.

— Sim, estou pronto. Vamos?

Celine olhou Jenna de cima a baixo antes de focar em Angelo.

— Claro, amor. — Respondeu Celine, enlaçando o braço de Angelo.

Jenna franziu o cenho enquanto os via sair.

“Droga, é a mesma mulher que Angelo beijou há dois anos! Então eles ainda estão juntos... Ele realmente me traiu!” Jenna pensou, irritada.

Uma batida na porta tirou-a de seus pensamentos dolorosos.

— Jenna, é você? — Perguntou um homem bonito ao entrar. Era Luke, irmão de Angelo.

Jenna sorriu e levantou-se para cumprimentá-lo com um beijo no rosto.

— Sim, Luke, sou eu!

— O que te traz aqui? Você e meu irmão voltaram? — Perguntou Luke com um sorriso.

— Não, agora trabalho aqui. É meu primeiro dia. — Jenna respondeu, balançando a cabeça.

— Por que aqui? Ouvi dizer que você já era uma modelo de sucesso em Itaúna. — Luke parecia confuso.

— Quis colocar em prática o que estudei. Se não der certo, eu volto para Itaúna. — Explicou Jenna.

— Então você vai embora de novo? — Uma voz ecoou atrás deles. Era Angelo. Nem Jenna nem Luke perceberam quando ele entrou.

Angelo havia voltado para pegar o celular esquecido. Ele se aproximou de Jenna, com o olhar carregado.

— Ei, Angelo, você não me contou que seu primeiro amor estava trabalhando aqui. — brincou Luke.

— Cale a boca, Luke! — Angelo retrucou.

Jenna ficou em silêncio, atordoada com as palavras de Luke.

— Então, Jenna, você vai embora de novo? — Angelo perguntou, irritado.

— Não sei. Meus pais não querem que eu vá, mas também não vão me impedir se eu decidir partir. — Jenna se sentiu desconfortável.

Os olhos de Angelo queimavam de raiva.

— Luke, vamos almoçar. Eu pago. — Jenna interrompeu, tentando mudar de assunto.

— Claro, vamos! — Luke concordou, e os dois saíram do escritório juntos.
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