Prólogo...
Phoebe não acreditava que o destino estava sendo cruel com ela... Mais uma vez.
Encheu o peito de ar, respirando fundo e engolindo em seco, olhando em volta todas as portas e saídas possíveis para o caso de precisar sair correndo do lugar.
Isto é, se suas pernas a obedecessem.
Se sentia travada no mesmo lugar, ainda que sua consciência estivesse gritando para que saísse dali o mais rápido que desse. Mas ela não podia fazer isso agora.
Estava ao lado de um dos melhores clientes que sua agência já conseguira desde que tinha sido inaugurada.
Hernandez Frates era o tipo de cliente que todos desejam. Esbanjava sem pena de gastar e não era chato ou exigente. Quando gostava de algo, queria e pronto.
E Laerte estava em uma conversa animada com ele. Até estava inserida também, mas desde que sentira algo estranho, como um aviso, um arrepio que subiu por sua nuca, ela ficou calada e começou a olhar em volta, passando os olhos pelos convidados que riam e se espalhavam por todo o salão central do clube.
E para sua surpresa, ela ficou chocada ao ver do outro lado do salão, a última pessoa que gostaria de encontrar em sua vida.
Apolo Antoniou Daskalakis.
O homem responsável por tudo o que aconteceu de ruim em sua vida e que a fez ser uma pessoa diferente do que ela seria, se não fosse aquela noite horrível, seguida do pior dia de sua vida.
Respirou fundo de novo e abaixou a cabeça, olhando para os pés, cerrando os olhos. Imaginava se eles iriam se mexer.
— Phoebe, tudo bem?
Seu sócio e amigo Laerte tocou seu braço.
— Sim - deu um sorriso sem mostrar os dentes.
— Se sente incômoda? - franziu a testa.
— Por que? - Hernandez perguntou — Está doente?
— Ah, não... Não - mexeu no cabelo ajeitando a mecha atrás da orelha — É que eu não gosto muito de bebidas e Laerte se preocupa.
— Entendo - assentiu — Mas, deve ser complicado então, trabalhar nessa área.
— Um pouco - sorriu de leve — No entanto, não me preocupo com isso, pois Laerte e Carolina cuidam dessa parte para mim.
— Ah, claro - virou o copo bebendo o resto de uísque e passou para um garçom — Pronto - sorriu — Já a livrei da tentação.
Os três riram.
Na verdade isso não era uma tentação para ela. Era muito mais uma maldição e evitava ao máximo ter contato com qualquer tipo de bebida alcoólica.
Desde aquela noite.
Girou o corpo e não o viu no mesmo lugar. Já ia começar a ficar aliviada, quando Hernandez deu um risinho e se inclinou para ela.
— Me parece que você fez um novo fã.
— Eu? - tocou o colo.
— Também acho, querida - Laerte disse sorrindo — Tem um homem do outro lado, atrás de você, que não para de olhar para cá e tenho certeza de que não é por mim ou por Hernandez.
— Acho bom que não seja por mim - Hernandez riu.
“Deus do céu, só pode ser ele. Porque não foi embora?”
De repente o barulho dos convidados foi ficando baixo e as pessoas passavam por ela como se estivessem em uma câmera lenta.
Era como se ela estivesse em um local alternativo e seus ouvidos começaram a zumbir. Ela mordeu a parte interna da bochecha, sentindo seu nervosismo se instalar, mas por fora ninguém percebia.
Ela estava boa em mentir sobre seus sentimentos. Já conseguia mascarar suas reações. Pelo menos na maior parte das vezes.
Salvo quando tinha algo a ver com seus temores.
Quando era assim ela nada podia fazer, pois seu corpo agia por vontade própria e ela se tornava refém de sua mente.
— Eu acho que é... - Laerte balançou a cabeça de um lado para outro — Ele não é aquele grego famoso... O que tem uma rede de navios? - apertou os olhos tentando recordar.
— Não só isso - Hernandez continuou — Ele tem vários negócios, alguns até pequenos. O homem é um lobo, não perde a chance de atacar e aumentar seu patrimônio. Onde vê a oportunidade ele logo faz sua jogada.
Ouvir isso só fez aumentar seu nervosismo. Ela sabia bem desse modo dele agir. Tinha recordações de seu espírito de lobo. Já tinha sido mordida por seus dentes brancos e arranhada por suas garras.
— Ah, lembrei - Laerte estalou os dedos — Apolo Antoniou.
— Isso. O sobrenome eu não consigo pronunciar - Hernandez riu — E me parece que ele vem para cá.
Ela arregalou os olhos e enfiou as unhas na palma da mão, já começando a suar, apesar da noite estar fresca e do vento que vinha do mar, passar constante pelo salão.
“Era agora. Ele vem atrás de mim. Deus me ajude.”
Ela aguardou. Laerte a sentiu estranha e sem saber do que se tratava, segurou sua mão de modo gentil, lhe dando apoio.
Phoebe parecia que iria desmaiar, estava pálida e sua mão fria. Ficou preocupado com ela. Ergueu os olhos ao ver o homem que se aproximava deles, abrindo espaço entre os convidados.
— Boa noite - a voz grave soou atrás dela — Eu sou Apolo Antoniou Daskalakis.
Antes...Phoebe não pensava em outra coisa quando via Apolo.Amor.Na mitologia grega, Eros era a divindade responsável pelo amor e erotismo no mundo. Por meio dele e de suas flechas, o amor entre os deuses e os mortais se renovava constantemente.A cada nova flecha atirada por ele, um coração batia apaixonadamente por outro coração no mundo.Assim como Eros na mitologia, Apolo também era um deus, filho de Zeus e venerado como o deus do Sol, das artes, música, profecia e da ordem.
Já tinha tido alguns sonhos ousados com ele, imaginando sua boca colada à dela, suas mãos em seu corpo. Aquela boca que arrasava com sua calma quando sorria.Mas era só isso. Sonhos. Ele nunca tentou nada mais ousado ou de uma intimidade maior. Tinha muito respeito por seus pais e não faria nada que a colocasse em uma posição delicada.Apesar dela ter pretendentes em sua faixa de idade, era Apolo quem ela queria de verdade e até chegou a ter uns encontros com alguns dos rapazes, mas nenhum deles a animou como ele.Muito menos a impactou. Não conseguia mudar de ideia.E Apolo conversava com ela coisas importantes sobre sua vida, sobre seus planos. Algumas vezes até lhe pedia opi
Ouvir isso fez seu coração acelerar e as batidas ficaram tão fortes que seu corpo todo aqueceu. Ela não conseguia raciocinar direito sobre o que diziam.Tudo o que conseguia captar era Apolo gosta de você, Apolo quer namorar com você...Apolo isso, aquilo...— Não perca mais tempo pensando - Layla a encorajou.— Pois é, vai que ele começa outro namoro sério - Yane a espetou, sabendo de sua paixão — Da outra vez ele quase ficou noivo daquela lá - a recordou — Quem sabe o que vai falar mais tarde, não é?As duas não paravam de falar,
O barulho da festa e das pessoas foi diminuindo, ficando para trás à medida que ela se apoximava da área. Estava tudo bem iluminado e logo pôde ver Apolo sentado em um dos bancos de concreto, olhando na direção da piscina que ficava do outro lado.Respirou fundo, repetindo em sua mente para continuar ou seus pés iriam traí-la e voltaria dali mesmo. Ajudava pensar nas palavras das duas sobre ele gostar muito dela.Ela seria corajosa, não iria arriscar que ele acabasse viajando e ficando com outra antes de saber sua verdade.Foi se aproximando devagar. O chafariz estava ligado e ainda assim ele ouviu seus passos e se virou. Seu coração bateu forte. Abriu um sorriso e parou em frente a ele.<
— O que? - ele deu uma risadinha irônica — A bebida afogou seu juízo, garota? - gesticulou forte — Eu vou me casar.Ela levou um choque. Literalmente seus ouvidos ouviram um zumbido irritante. Balançou a cabeça.— Vai... O que?— Vou me casar... Em três dias - disse seco — Até o final de semana estarei viajando em lua de mel com minha esposa.Ela engoliu em seco puxando o ar. Sentiu uma tonteira que não estava lá antes, era diferente. Parecia que seu mundo estava ruindo.Sentiu como se o chão fosse abrir e ela seria sugada para dentro das profundezas. Antes...Ela soluçava encolhida na banheira, enquanto repetia a cena absurda em sua cabeça. Se seus pais soubessem disso seria um inferno.A humilhação tinha vindo de todos os lados. Começando de Yane e Layla, até chegar nele. Porém, ela tinha sido a culpada por ter se colocado nessa posição. É claro que ele não a queria. Era mais velho do que ela e lhe dava atenção por causa da amizade antiga entre as famílias. Ele tinha morado com outra garota antes e agora iria se casar. Tinha sido burra, infantil e iludida todo esse tempo. Com certeza agora ele deveria Capítulo 2
— E o que vai fazer? - cruzou os braços — Por acaso vai contar ao tio Adamou que você se jogou em cima de Apolo? - riu.— Acorda, garota. Deixe de ser fresca e mimada e cresça - Layla disse debochada — Ele é um cara como outro qualquer, não tem nada de especial. Você que é burra e fica sonhando com ele.— Deveria nos agradecer por ter aberto seus olhos. Apolo não te falou nada sobre o casamento porque ele gosta que você fique abando atrás dele - falou como se fosse uma revelação.Para os ouvidos de Phoebe isso foi um veneno. Ela encarou as duas e seus rostos não mostravam pena ou arrependimento. Ao contrário, pareciam se divertir com sua dor.
Antes...Ela estava no banheiro lavando o rosto com água fria para despertar da noite péssima que tivera, quando ouviu a voz de seu pai a chamar de modo sério.— Phoebe, desça já aqui agora!Ela estranhou o tom, ainda mais logo cedo. — Já vou, pai! - respondeu alto.— Agora!Ela franziu a testa. O que seu pai queria tão rápido assim? Pegou um enxaguante bucal e fez um bochecho para retirar o gosto de ferrugem que tinha na boca.Tro