O barulho da festa e das pessoas foi diminuindo, ficando para trás à medida que ela se apoximava da área. Estava tudo bem iluminado e logo pôde ver Apolo sentado em um dos bancos de concreto, olhando na direção da piscina que ficava do outro lado.
Respirou fundo, repetindo em sua mente para continuar ou seus pés iriam traí-la e voltaria dali mesmo. Ajudava pensar nas palavras das duas sobre ele gostar muito dela.
Ela seria corajosa, não iria arriscar que ele acabasse viajando e ficando com outra antes de saber sua verdade.
Foi se aproximando devagar. O chafariz estava ligado e ainda assim ele ouviu seus passos e se virou. Seu coração bateu forte. Abriu um sorriso e parou em frente a ele.
— Oi, Apolo. Posso ficar aqui com você?
— Melhor não, Phoebe, não estou bem para conversar - disse sério — Volte para a festa.
— Eu posso ficar e te fazer companhia - sentou ao lado dele.
Devido à bebida, ela se sentia mais solta e sentou com as pernas tocando as dele de propósito.
— Phoebe... Porque tão perto? - franziu o cenho — Me parece bem animadinha - notou seu sorriso sem sentido — Você bebeu?
— Só um pouquinho - fez um gesto espremendo os dedos e rindo — As meninas me deram, mas foi só um pouco.
Ele olhou feio para ela. Da forma como falava não parecia ter sido só um pouquinho como dizia. Balançou a cabeça decepcionado.
— Não deveria ter bebido - se afastou — Nunca bebeu antes e mesmo um pouco para você se torna muito. Não deveria ter aceitado e nem elas deveriam ter lhe dado. Você é menor de idade.
—Ah, eu sei - torceu a boca — Mas não faz mal, é uma festa de amigos. E na sua casa. Tudo bem.
— Tudo bem, nada. Você errou.
Ela se encolheu um pouco. Esse modo sério dele falar a deixou um pouco intimidada.
Mas, não podia recuar agora.
“Ele pensa que você é uma menina. Prove que está errado”.
“Seja corajosa, mostre que já é uma mulher”.
“Faça qualquer coisa”.
Sua mente ficava repetindo isso sem parar, quase como um mantra, para não desistir e sair correndo dali.
— Não precisa exagerar - colocou a mão em sua perna — E estamos festejando, não é mesmo?
— Phoebe - retirou sua mão — Volte para dentro agora.
Ela não quis desistir. Voltou a colocar a mão em sua coxa e deitou a cabeça em seu ombro.
— Apolo, eu quero ficar aqui com você.
Ele suspirou alto.
— É melhor me deixar sozinho.
— Está chateado com alguma coisa?
— São problemas de adultos, nada a ver com você.
Ele falou de um modo irônico que soou como um desafio aos seus ouvidos. Lembrou das palavras de Yane.
“Prove a ele”.
Sim. Ela teria que provar que não era uma menina como ele achava que fosse. E iria provar isso.
Se encheu de coragem e se ajeitou. Virou o corpo de frente para ele, segurou seu rosto e o trouxe para perto de si, elevando a boca até ele e unindo os lábios.
O pegou de surpresa.
Apolo suspirou e fechou os olhos, se deixando beijar, mas não retribuiu como ela esperava. Ele se espantou com o comportamento ousado dela. Jamais tivera uma atitude dessa antes.
— O que está fazendo, Phoebe? - separou o rosto e segurou seus braços — Ficou louca?
— Eu... Eu... - gaguejou nervosa — Eu sou louca por você, Apolo. Sempre fui - revelou.
Ele levantou rápido a olhando estranho, surpreso. Ela umedeceu os lábios e levantou, ficando de frente para ele. Seus olhos grudados em seu rosto bonito e confuso.
Ela ergueu as mãos e agarrou seu rosto de novo, puxando sua cabeça para cima e lhe deu outro beijo, forçando sua boca a se abrir, mas ele não correspondeu.
Apolo se esquivou de seu beijo e segurou seu pulso.
— Você é só uma menina tonta - disse com raiva — Está ousada e cheia de si por causa do álcool. Não deveria ter bebido.
— Eu não sou menina - cambaleou para a frente e se apoiou nele — Sei o que estou fazendo.
— Não sabe nada. Vou levar você para os seus pais.
— Não! - falou alto — Eu posso até estar um pouco alta, mas não sou menina - repetiu.
Sentiu uma pontada na testa na lateral e apertou os olhos, ficando tonta. Teria caído se ele não a segurasse, abraçando-a.
— Meu Deus, você está muito bêbada, Phoebe - a segurou com força e a ajudou a sentar de novo — Não está bem - passou o braço por seus ombros e segurou seu queixo — Respire fundo e devagar.
Ela fez o que ele disse. Sua cabeça girava e sentiu vontade de vomitar. Deitou a cabeça em seu ombro e fechou os olhos.
— Você está fora de seu normal - alisou sua bochecha — E não deveria ter vindo aqui. Não deveria ter se jogado pra cima de mim.
— E por que não? - murmurou com os olhos marejados.
— Porque isso não é certo - respondeu sério.
— Mas eu gosto muito de você, Apolo - falou baixo o encarando — Eu sempre gostei de você... - tocou seu queixo com a ponta do dedo indicador — Eu quero te beijar, sentir seu gosto...
Em um rompante de coragem ela se jogou em cima dele, passando os braços por seu pescoço de novo e forçando outro beijo. Ele não se mexeu, não abriu a boca. Parecia feito de gelo.
Ela abriu os olhos, decepcionada.
— Eu te amo! - tentou novamente em desespero.
Ele franziu a testa. Estava confuso com essa Phoebe e com sua ousadia repentina. Ficou contrariado por seu comportamento.
— Phoebe - falou rude — Que diabos deu em você? - ele ficou rígido e puxou seus braços a afastando — Você é especial para mim, sempre gostei de sua companhia, de sua amizade - passou os dedos pelo cabelo — Mas você está passando dos limites - levantou.
— Eu...
Ela queria falar, mas sua postura era dura. Ficou com medo.
— Sempre foi adorável, uma boa amiga... Mas eu não posso brincar de casinha com você. Tenho algumas obrigações que me impedem de perder meu tempo com uma criança.
Não foi bem o que ela esperava ouvir quando o seguiu.
— Não quero ser sua amiga ou brincar com você - respirou fundo duas vezes — Quero me casar com você - soltou seu desejo.
— O que? - ele deu uma risadinha irônica — A bebida afogou seu juízo, garota? - gesticulou forte — Eu vou me casar.Ela levou um choque. Literalmente seus ouvidos ouviram um zumbido irritante. Balançou a cabeça.— Vai... O que?— Vou me casar... Em três dias - disse seco — Até o final de semana estarei viajando em lua de mel com minha esposa.Ela engoliu em seco puxando o ar. Sentiu uma tonteira que não estava lá antes, era diferente. Parecia que seu mundo estava ruindo.Sentiu como se o chão fosse abrir e ela seria sugada para dentro das profundezas. Antes...Ela soluçava encolhida na banheira, enquanto repetia a cena absurda em sua cabeça. Se seus pais soubessem disso seria um inferno.A humilhação tinha vindo de todos os lados. Começando de Yane e Layla, até chegar nele. Porém, ela tinha sido a culpada por ter se colocado nessa posição. É claro que ele não a queria. Era mais velho do que ela e lhe dava atenção por causa da amizade antiga entre as famílias. Ele tinha morado com outra garota antes e agora iria se casar. Tinha sido burra, infantil e iludida todo esse tempo. Com certeza agora ele deveria Capítulo 2
— E o que vai fazer? - cruzou os braços — Por acaso vai contar ao tio Adamou que você se jogou em cima de Apolo? - riu.— Acorda, garota. Deixe de ser fresca e mimada e cresça - Layla disse debochada — Ele é um cara como outro qualquer, não tem nada de especial. Você que é burra e fica sonhando com ele.— Deveria nos agradecer por ter aberto seus olhos. Apolo não te falou nada sobre o casamento porque ele gosta que você fique abando atrás dele - falou como se fosse uma revelação.Para os ouvidos de Phoebe isso foi um veneno. Ela encarou as duas e seus rostos não mostravam pena ou arrependimento. Ao contrário, pareciam se divertir com sua dor.
Antes...Ela estava no banheiro lavando o rosto com água fria para despertar da noite péssima que tivera, quando ouviu a voz de seu pai a chamar de modo sério.— Phoebe, desça já aqui agora!Ela estranhou o tom, ainda mais logo cedo. — Já vou, pai! - respondeu alto.— Agora!Ela franziu a testa. O que seu pai queria tão rápido assim? Pegou um enxaguante bucal e fez um bochecho para retirar o gosto de ferrugem que tinha na boca.Tro
Conseguiu alcançá-lo e segurou seu braço com as duas mãos, fazendo que parasse. Sua cabeça doía, mas seu coração doía muito mais. Não queria que ele fosse embora assim.— Apolo... Pare, por favor - estava quase chorando — Eu não sei o que aconteceu...Ele se livrou de sua mão com brutalidade e agarrou seus braços a sacudindo com força. Estava com muita raiva dela.— Não seja cínica, está mentindo - esbravejou — Você armou aquela palhaçada de ontem à noite e depois enviou as fotos para as revistas de fofocas - ela arregalou os olhos — Seis revistas de fofocas me colocaram n
— Vá para seu quarto agora - o pai ordenou _ E está de castigo até que eu decida que pode sair. Vá!— E nem pense em celular e internet - sua mãe avisou, olhando-a feio de braços cruzados — Temos que resolver essa situação desagradável que vocês criaram - balançou a cabeça — Estou muito decepcionada com seu comportamento.— Mãe, eu juro que não...— Cale-se - ergueu a mão — Você já fez demais - suspirou forte — Seu pai e eu temos que resolver o que fazer para minimizar os danos causados por essa situação.Vendo que não teria como conversar
“E daí em diante, eu perdi o tato, contato com a realidade. Eu só pensava em você. Eu só queria você... Cinderela”.Escócia, oito anos depois. Hoje...Apolo estava cansado. Tinha tido uma reunião demorada com a nova empresa que se unira ao conglomerado FDC, de sua propriedade. Uma nova maneira melhor, mais rápida e mais em conta para a construção de seus navios.Na verdade ele queria estar em sua cama de hotel, descansando após um jantar e de ler alguns e-mails de negócios. Depois quem sabe, poderia t
E ela insistia em chamá-lo de meu amor, minha paixão, como se ele fosse acreditar que o amava. Ao seu dinheiro com certeza e também aos presentes e viagens caras, mas a ele?Ela usava um vestido vermelho grená grudado ao corpo com um decote profundo que deixava os seios á mostra e uma fenda na perna direita, mostrando a coxa.Durante os cinco meses em que já durava o caso deles, ela lhe perguntara várias vezes se ele tinha ciúmes dela por mostrar o corpo. E por que teria? Ela era só mais uma em sua cama. Não tinha interesses românticos com ela. E nunca dise que um dia teriam um compromisso mais sério do que o de agora, que já tinha passado do ponto.