Antes...
Ela soluçava encolhida na banheira, enquanto repetia a cena absurda em sua cabeça. Se seus pais soubessem disso seria um inferno.
A humilhação tinha vindo de todos os lados. Começando de Yane e Layla, até chegar nele. Porém, ela tinha sido a culpada por ter se colocado nessa posição.
É claro que ele não a queria. Era mais velho do que ela e lhe dava atenção por causa da amizade antiga entre as famílias. Ele tinha morado com outra garota antes e agora iria se casar.
Tinha sido burra, infantil e iludida todo esse tempo. Com certeza agora ele deveria estar rindo dela. Talvez até contasse para a noiva, fosse ela quem fosse, porque não tinha ouvido nada sobre uma garota.
Não teria coragem de voltar a olhar para ele, não como antes, depois dessa noite. Era muito vergonhoso.
Apolo não se importava com ela de verdade. A via como uma menina, sem graça, sem charme para atrair sua atenção como as mulheres que ele gostava de sair e muitas que corriam atrás dele. Assim como ela tinha feito esse temo todo e terminado com a humilhação de antes.
Vai ver nem a achava inteligente o suficiente, por isso não se importava em lhe contar seus segredos sobre a família e suas vontades pessoais. Ela servia apenas como um divã de um terapeuta, onde ele relaxava e deixava sair cada palavra.
Depois era só pagar e ir embora. Nada sairia do consultório. No caso dela, bastava um chocolate ou um livro e ela o ouvia sem julgamento ou crítica.
Teria que ficar um tempo longe dele, pelo menos até sua vergonha diminuir e ela poder se acostumar com a ideia dele ser um homem casado e fora de seu alcance.
E o modo descarado como ela se jogou em cima dele, tentando beijá-lo. Que horror!
Só podia estar fora de si mesmo, quase louca, para ter a ousadia de se jogar em cima dele dessa forma. E sua rejeição tinha sido tão ruim, ela se sentiu diminuida.
Prometeu a si mesma que jamais voltaria a tomar uma gota de álcool que fosse, nem de brincadeira. Se antes ela não gostava, agora tinha ódio. Se não fosse por isso, ela nunca teria tido tal comportamento.
Essa cena nunca mais sairia de sua mente, não esqueceria o que fez ali. E teria muito cuidado com tudo o que fosse seu, não deixaria que mais ninguém usasse algo particular contra ela.
Teria mais atenção com as pessoas à sua volta. Tentaria não ser tão ingênua e acreditar em tudo o que lhe diziam, ainda que fossem pessoas conhecidas.
Sua decepção com relação à prima era grande. Também com Layla, pelo que fizeram com ela. Nunca mais lhes daria crédito. E a decepção maior tinha sido com ela mesma, por não ter prestado atenção.
Agora seria mais cuidadosa. Iria ficar atenta ao comportamento e não às palavras, porque isso era fácil de enganar a qualquer um, bastava não ter malícia ou atenção, como ela.
Era óbvio que as duas não queriam mesmo ajudá-la e sim se divertir com seus erros e depois ter o que comentar. Elas nunca se interessaram de verdade por nada dela, adoravam tirar sarro de suas coisas e sempre andavam juntas, a deixando de lado.
Que triste descoberta. As duas só queriam aproveitar a chance de rir dela. E pensar que Yane era de seu sangue.
Levantou e foi até a pia lavar o rosto. Olhou sua imagem refletida. Parecia outra pessoa, com a feição triste e pesada. O nariz parecia da rena Rudolf de tão vermelho que estava. Os olhos começavam a inchar e a maquiagem estava borrada.
Seria ideal que usasse um cartaz fluorescente pendurado no pescoço, com as palvras burra e idiota.
Rspirou fundo, assoou o nariz e lavou o rosto com muita água da torneira, como ele mesmo dissera.
— Phoebe, abra a porta.
Era a voz de Yane, batendo na porta de forma insistente.
Ela lavou o rosto de novo e mexeu a cabeça e os ombros tensos, puxando o ar fundo duas vezes para se recompor e foi abrir a porta, mas com intenção de sair.
Yane foi mais rápida e entrou depressa junto com Layla, fechando a porta. Phoebe apertou as mãos segurando a vontade de lhe dar um tapa na cara cínica que a olhava sorrindo.
— Nossa, Phoebe, que coragem que você teve - Yane disse.
— E que cinismo o de vocês - fechou a cara — Sabiam que ele ia casar, não é?
— Eu descobri na semana passada - ela mexeu a boca com indiferença — Meu pai me contou.
— E ainda assim me fez ir atrás dele - disse magoada.
— Você precisava saber - meneou a cabeça rindo.
— Ah, claro - inclinou a cabeça para trás — E você não poderia me dizer?
— E qual seria a graça disso? - Layla disse — Você tinha que saber por ele.
— Isso mesmo - Yane falou mansinho — Eu só quis te ajudar porque gosto muito de você.
— Nossa, imagine se você me odiasse o que faria comigo.
Apertou os lábios, sentindo uma pressão n peito, uma sensação ruim de desespero. Ser traída era ruim demais.
Agora entendia a animação, o incentivo para falar com ele, a insistência para beber e ficar mais solta. Tudo se encaixava. Era só maldade delas.
— Nós gostamos de você, Phoebe - Layla alisou seu braço.
— Vocês são cínicas - puxou o braço — Me fizeram dar um passo que eu nunca daria antes.
— Exato - Yane disse ríspida — Fizemos uma favor à você. Vivia perdida nessa ideia de que Apolo é um homem perfeito - franziu o nariz — Acorda pra vida, garota tonta - empurrou o ombro dela — Apolo é cheio de defeitos como qualquer outro. Um safado esperto.
— Agora você sabe que esse homem perfeito só existe em sua cabeça. Fique feliz - Layla deu uma risadinha.
— Claro, estou radiante - respondeu irônica.
— Você é muito tonta, sabia? - Layla disse rude — Uma mimada que vive de sonhos, com a cabeça nas nuvens. Achava que ele iria se casar com você? - deu uma risadinha.
— Não interessa a vocês o que eu penso sobre ele - disse com raiva — Eu nunca fiz nada contra vocês, não merecia isso. Foi uma sacanagem muito grande comigo.
— E o que vai fazer? - cruzou os braços — Por acaso vai contar ao tio Adamou que você se jogou em cima de Apolo? - riu.— Acorda, garota. Deixe de ser fresca e mimada e cresça - Layla disse debochada — Ele é um cara como outro qualquer, não tem nada de especial. Você que é burra e fica sonhando com ele.— Deveria nos agradecer por ter aberto seus olhos. Apolo não te falou nada sobre o casamento porque ele gosta que você fique abando atrás dele - falou como se fosse uma revelação.Para os ouvidos de Phoebe isso foi um veneno. Ela encarou as duas e seus rostos não mostravam pena ou arrependimento. Ao contrário, pareciam se divertir com sua dor.
Antes...Ela estava no banheiro lavando o rosto com água fria para despertar da noite péssima que tivera, quando ouviu a voz de seu pai a chamar de modo sério.— Phoebe, desça já aqui agora!Ela estranhou o tom, ainda mais logo cedo. — Já vou, pai! - respondeu alto.— Agora!Ela franziu a testa. O que seu pai queria tão rápido assim? Pegou um enxaguante bucal e fez um bochecho para retirar o gosto de ferrugem que tinha na boca.Tro
Conseguiu alcançá-lo e segurou seu braço com as duas mãos, fazendo que parasse. Sua cabeça doía, mas seu coração doía muito mais. Não queria que ele fosse embora assim.— Apolo... Pare, por favor - estava quase chorando — Eu não sei o que aconteceu...Ele se livrou de sua mão com brutalidade e agarrou seus braços a sacudindo com força. Estava com muita raiva dela.— Não seja cínica, está mentindo - esbravejou — Você armou aquela palhaçada de ontem à noite e depois enviou as fotos para as revistas de fofocas - ela arregalou os olhos — Seis revistas de fofocas me colocaram n
— Vá para seu quarto agora - o pai ordenou _ E está de castigo até que eu decida que pode sair. Vá!— E nem pense em celular e internet - sua mãe avisou, olhando-a feio de braços cruzados — Temos que resolver essa situação desagradável que vocês criaram - balançou a cabeça — Estou muito decepcionada com seu comportamento.— Mãe, eu juro que não...— Cale-se - ergueu a mão — Você já fez demais - suspirou forte — Seu pai e eu temos que resolver o que fazer para minimizar os danos causados por essa situação.Vendo que não teria como conversar
“E daí em diante, eu perdi o tato, contato com a realidade. Eu só pensava em você. Eu só queria você... Cinderela”.Escócia, oito anos depois. Hoje...Apolo estava cansado. Tinha tido uma reunião demorada com a nova empresa que se unira ao conglomerado FDC, de sua propriedade. Uma nova maneira melhor, mais rápida e mais em conta para a construção de seus navios.Na verdade ele queria estar em sua cama de hotel, descansando após um jantar e de ler alguns e-mails de negócios. Depois quem sabe, poderia t
E ela insistia em chamá-lo de meu amor, minha paixão, como se ele fosse acreditar que o amava. Ao seu dinheiro com certeza e também aos presentes e viagens caras, mas a ele?Ela usava um vestido vermelho grená grudado ao corpo com um decote profundo que deixava os seios á mostra e uma fenda na perna direita, mostrando a coxa.Durante os cinco meses em que já durava o caso deles, ela lhe perguntara várias vezes se ele tinha ciúmes dela por mostrar o corpo. E por que teria? Ela era só mais uma em sua cama. Não tinha interesses românticos com ela. E nunca dise que um dia teriam um compromisso mais sério do que o de agora, que já tinha passado do ponto.
Não podia dizer ali o real motivo de sua aflição. Como iria dizer a eles que mesmo sem querer, ela trouxera desgraça para o nome de Apolo e para sua família?Como dizer que foi a responsável pela morte de seus pais?O escândalo não passou rápido, ao contrário, durou meses e a impressa podre pintou Apolo como um aproveitador da filha menor de idade do melhor amigo de seu pai. Mentiras foram criadas por pura maldade e interesses mesquinhos. Não se importavam com o mal que estavam criando, queriam apenas lucrar em cima do nome deles.E mesmo tentando contar a verdade, ninguém deu ouvidos a ela, só queriam
“Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja. Não quero o que a cabeça pensa, eu quero o que a alma deseja”.— O que? - sentiu uma leve tontura.Após tanto tempo ainda ficava abalada com relação a Apolo. Como naquela noite, ela queria que um buraco se abrisse para poder sumir dali. E rápido.Sentiu a nuca se arrepiar. O perigo se aproximava. De novo.Laerte segurou seu braço, talvez estivesse com medo que caísse. Ela queria muito correr, mas suas pernas estavam pesadas. Deveria ter ido embora no instante em que olhou em volta e