Keller
No dia seguinte, um dos seguranças do Alfa Gustavo pede permissão para entrar e diz._Com as ordens do Alfa, nós conseguimos criar um protótipo que consegue marcar os seus sinais vitais e sinalizar quando você estiver prestes a se transformar e também adicionamos um anestésico que pode ser acionado apertando o botão ao lado, caso você ache que vai apagar, é como um relógio comum para os outros, só vocês saberão a verdadeira utilidade dele, e dá pra ser adaptado conforme as necessidades da pessoa.Coloco o relogio no braço e já vejo os sinais vitais na tela._Ótimo. meu irmão diz_Isso pode funcionar._Não acho que seja o suficiente Ricardo.Meu irmão novamente abre um sorriso de lado e diz._Nós vamos nos adaptar você vai ver, assim que chegarmos em casa, você terá todo o acompanhamento de que precisa para voltar a ser o mesmo Keller de antes, eu garanto. Ricardo fala convicto._Eu não tenho tanta certeza. falo baixo_Essa noite o Alfa Gustavo fará um jantar de despedida e todos precisamos estar presentes, Ricardo fala apontando para mim e meus pais.Já estou bem melhor dos ferimentos, me curo muito mais rapido que qualquer outro lobo, afinal, sou um hibrido, mas não sei se posso estar no meio de tanta gente._Isso não é uma boa ideia para mim Ricardo._Relaxa irmão, você desce conosco se não se sentir bem pode voltar para o seu quarto, mas ao menos tente, ok?Respiro fundo frustrado e aceno com a cabeça que sim.Coloco uma camiseta de botões branca e uma calça jeans escura, pego um tenis branco e me olho no espelho, já faz muito tempo que não coloco uma roupa limpa, ou ao menos me lembro de ter que me vestir, coisas que antes eram normais, agora parecem estranhas e confusas, minha mente ainda está muito bagunçada, mas farei isso pelo meu irmão, só espero conseguir chegar a entrada do salão sem surtar, olho para o relogio e confiro se está mesmo funcionando, caso precise me sedar.Saio pela porta e encontro minha mãe no corredor, dou um beijo em sua testa e ela sai acompanhada do meu pai, respiro fundo e os sigo, assim que vejo a porta do salão, fico um pouco ansioso, tem muita gente aqui hoje, olho em volta e meu coração começa a acelerar, entro num corredor vazio e tento respirar fundo várias vezes, na minha frente tem um espelho e percebo meus olhos de cores diferentes._Droga! sussurro, tentando me controlar, ando para mais longe e abro ma porta dando de frente a um enorme jardim, respiro fundo o ar puro das árvores e isso me tranquiliza, me sento num banco e fico ali por um tempo, sozinho.Assim que me sinto melhor, tento novamente entrar no salão, assim que entro na porta, vejo um bar e sigo para pegar logo uma bebida, tomo meu primeiro gole e vejo meu irmão conversando com o Alfa Gustavo, olho em volta e fico de canto apenas observando, um cheiro invade meu nariz me deixando maluco, procuro para saber de onde vem e lá está, o ser mais lindo que já vi em toda a minha vida, meu lobo uiva dentro de mim, mas outra coisa também se aproveita do momento para tentar sair e então me lembro que nunca poderei ter isso.Keller Ouço meu irmão falar sobre adicionar uma tradição a nossa matilha, mas não consigo tirar os olhos dela, seu sorriso é encantador, e seu olhos castanhos avermelhados são como faróis em meio a escuridão. Meu coração acelera, e sinto a fera tomando o controle, saio correndo e entro no elevador, meus caninos se expõem e minhas garras também, não conseguindo me controlar recorro ao ultimo recurso, aperto o botão e sinto uma pontada no pulso, começo a ficar tonto, ando pelo corredor me segurando nas paredes, e assim que finalmente chego ao meu quarto, abro a porta e a fecho, apagando no chão. Acordo já de dia com alguém batendo na porta, olho ao redor e vejo que estou sujo de lama. _Droga! sussurro, eu devo ter saido mesmo sedado, a fera tomou conta e saiu. _Merda! falo outra vez, me levanto do chão rapidamente e olho minha roupa rasgada e toda suja, tiro ela rapido e pego uma toalha, jogando a roupa no cesto. Corro e abro a porta, Ricardo entra e diz. _Ainda desse jeito Keller
Keller Finalmente vejo os portões de casa, respiro fundo abrindo a janela do carro e sentindo o cheiro de casa. Não querendo muita euforia, decido descer pelos fundos e subir direto para o meu quarto, sei que meu irmão fez uma recepção para mim, mas dado os ultimos dias, quanto mais distante de todos melhor. Assim que me acomodo no meu quarto, ouço batidas na porta, quando abro, vejo Ricardo com uma fatia de bolo na mão. _Fiz uma festa de boas vindas, mas o convidado de honra não apareceu. _Desculpa meu irmão, mas ainda não dá para estar no meio de muita gente. Não sei mais como fazer isso. Digo me afastando da porta e seguindo para o sofá. Ricardo fecha a porta atrás dele, e põe o bolo na mesinha de centro sentando no sofá da frente. _Eu entendo, e já pedi aos melhores médicos que venham te ver, você voltará ao seu normal em breve. _Sabe que isso não vai acontecer Ricardo, eles me fizeram um monstro, sem controle algum, eu estou colocando vocês em risco só em ter voltado para
Keller Respiro aliviado, por saber que não machuquei nenhum dos membros da matilha, mas ainda sim me preocupo. _Então só foram animais machucados? pergunto ainda em duvida. _Sim meu irmão. Ricardo me tranquiliza, Foram só animais, está tudo bem, nós podemos lidar com isso. _Não Ricardo, preciso do chefe da tecnologia aqui, preciso fazer desse apartamento uma fortaleza, que quando estiver prestes a me transformar, ele sele todo o lugar para que eu não saia, é o unico jeito meu irmão, hoje foram só animais, mas eu não posso, e não vou brincar com a sorte, da proxima vez pode ser um membro da matilha, ou até mesmo uma criança. _Tudo bem Keller, se acalme, nós vamos dar um jeito, vou conversar com o chefe da segurança e equipar o seu apartamento o mais rápido possivel, em conjunto com seu relogio para monitorar você, e mais tarde um terapeuta vai vir até aqui, ok? Respiro fundo aliviado e concordo com a cabeça, Ricardo sai para preparar tudo o que pedi e decido não sair do apartament
Keller Tento disfarçar o máximo que posso quando Ricardo toca no assunto de encontrar minha companheira agora, mal sabe ele que já a conheço, o ser mais lindo que já vi, jamais iria me perdoar se a machucasse, então, por mais que seja doloroso ficar longe dela, é o melhor a ser feito. Meu irmão continua a me olhar querendo falar algo. _Vai, desembucha logo Ricardo, o que você quer dizer? pergunto impaciente. _Não acredito nenhum pouco no que você acabou de dizer Keller, todo mundo quer encontrar seu par, e eu acredito mesmo que isso possa te ajudar. _Não pode Ricardo, ela não vai me ajudar, não vai conseguir me controlar, eu sou um monstro Ricardo, e o melhor pra ela é ficar bem longe de mim, falo sério para que ele entenda de uma vez por todas. _Eu entendo os seus motivos agora meu irmão, sua vida está uma bagunça, mas eu acredito mesmo que você um dia consiga ser feliz com seu par, mas você também precisa acreditar. _Essa opção foi tirada de mim quando me tornei uma cobaia de
Keller Já faz algumas semanas desde que voltei para casa, o apartamento funciona de acordo com meu humor e me monitora 24 horas por dia, minhas sessões de terapia tem ajudado também, e nas vezes em que perco o controle, o unico que se machuca sou eu mesmo, e para mim já tem valido a pena. Observo pela janela a correria dos funcionários e vários carros e onibus chegando com pessoas de todas as matilhas vizinhas para a cupula anual que meu irmão implantou na nossa matilha, esse será o primeiro ano, mas eu só quero que acabe logo, de qualquer forma, não pretendo sair do apartamento, todos estão mais seguros comigo aqui, na minha jaula particular. Um onibus em particular me chama a atenção e observo todos saindo, congelo no lugar quando a vejo, me aproximo da janela apoiando minhas mãos no vidro, ela consegue estar ainda mais bonita do que na primeira vez que a vi, ela sorri enquanto conversa com uma amiga presumo, ela olha em volta e para cima como que procurando por algo, me afasto da
Keller Mas a multidão já se dispersou e só tem drones lá fora caidos e vários guerreiros avaliando tudo, estávamos sendo vigiados, e se não fosse por ela, nunca saberiamos. Envio um link mental para meu irmão que me tranquiliza dizendo estar bem, ele diz que os drones são da matilha do pais vizinho que me mantinha como prisioneiro, e é muito provável que tenha algum espião aqui hoje, isso é fato, cortamos nossa ligação e fico preocupado dessa cupula dar errado hoje. Tento me manter o mais calmo possivel, olho em todas as direções tenho uma visão privilégiada daqui de cima e vou ficar a noite toda em alerta máximo se precisar. Meu irmão mantém a bendita da cúpula, mesmo sabendo das ameaças, ele me garantiu que tem tudo sob controle, eu preciso confiar nele, mas não tenho medo pela minha vida, eu só consigo pensar nela. Vejo vários adolescentes andando pelos jardins, bebendo e comendo, farrando como se não houvesse amanhã, me sento numa poltrona confortável perto da janela e observo
Cibele A viagem para a cúpula até que foi divertida, conhecemos pessoas novas, eu e Michele que está animadíssima para esse evento. Depois de beber muito e ver todos saindo com seus pares, fico frustrada em mais uma vez não o ter encontrado, tomo minha ultima dose de saquê e saio procurando por Michele, mas não a vejo em lugar nenhum. Saio do salão e procuro nos jardins, é bem capaz dela estar se pegando com alguém por ai, andando sem prestar muita atenção acabo sendo surpreendida por um puxão no meu cabelo. _Você achou os drones, mas será só isso sua vadiazinha. O cara fala e me dá um soco na cara, fico tonta, mas me recomponho e uso todo o meu treinamento, começamos um luta corporal e ele puxa uma arma, seguro com toda a força que posso, de repente ouvimos um grito como se fosse de um monstro, foi de dar arrepios, mas foi distração o suficiente para que eu conseguisse desarmar ele e eu não tive escolha a não ser atirar. Meu corpo todo doi, tento me levantar mas é em vão, olho par
Keller Engulo em seco, quando Ricardo me diz o que terei que fazer, que terei que rejeitar meu par destinado, já que não quero ficar com ela, o que é justo, ela precisa ser protegida de mim, não posso e não vou me perdoar se a machucar, então eu aceno com a cabeça concordando. _Ótimo, assim que ela estiver bem me avise e eu vou terminar logo com isso. Ando o mais rapido que eu posso de volta ao meu apartamento, assim que finalmente entro no elevador, meu coração doi, por saber que vou a machucar a rejeitando, dizem que é uma dor terrivel a da rejeição, mas é melhor assim, a machucar e depois ver ela feliz com outro, do que ficar com ela e correr o risco de matá-la. Lágrimas escorrem pelo meu rosto e assim que entro em casa o apê detecta meu humor e fecha tudo, me deixo ser consumido pelo ódio e pela raiva, grito e começo a quebrar tudo ao meu redor, deixo todos os móveis em pedaços. Acordo já pela manhã com as mãos feridas e a casa toda destruida, Ricardo entra pela porta e não ac