De braços cruzados e um olhar entediado sobre os jogos que aconteciam em quadra, Nicolas não conseguia se concentrar totalmente nos seus possíveis adversários.
Algo o incomodava.
E isso o irritava.
Batucando os dedos em seu braço esquerdo, o ômega rosnava com a leve pontada na cabeça que surgia repentinamente. Ignorava tal incômodo, ou melhor tentava, no entanto a imagem de um certo alfa loiro sempre surgia em sua mente.
Estaria ficando maluco?
Tocando os próprios lábios, Nicolas suspirava pesado pela milésima vez. Aquela brincadeira estava indo longe demais. Seus pensamentos foram invadidos por desejos cada vez mais incontroláveis. E no final, tivera de admitir. Estava desejando beijar Milles mais e mais, porque.. Que os céus tivessem bondade por si... Porque ele gostava.
Não conseguira tirar da mente aquela raiva estampada nos olhos castanhos do
O time estava reunido perto da quadra. A torcida organizada fazia o seu grito para motivar os jogadores, que fitavam alegres e surpresos por verem uma turma inteira ali torcendo para eles. Repassando as jogadas, o técnico dava suas últimas orientações ao time se dando conta de que seu capitão estava ausente.Procurando-o em todos os cantos, não o vira.— Cadê o Howard?— Tô aqui.Os rapazes olharam para trás onde o baixinho pisava na quadra com a mão enfaixada. Estariam curiosos, e até queriam saber o que poderia ter acontecido, mas algo em Nicolas deixava claro que qualquer aproximação levaria numa morte certeira. Talvez fossem seus olhos escuros e sombrios, ou a aura que o cercava.— Certo... Está bem pra jogar? — Nicolas respondera com um aceno de cabeça silencioso. — Tudo bem. Quero que você fique colado no
— Essa não é uma decisão pra ser tomada tão rápido assim, Nicolas. — Murmurava Milles, soltando a mão do capitão em sua nuca para ganhar espaço e respirar fundo. — Se eu ficar, isso significa que ficaremos juntos independente de gostarmos um do outro ou não. Você não poderá se envolver com ninguém.— Muito menos você. — Lembrara o ômega, parecendo mais calmo. — Por isso estou te dando a chance de decidir. Já me conhece o suficiente pra saber que seguirei com o combinado que estabelecermos aqui.Milles fitava aqueles olhos cansados sentindo o seu ombro direito formigar. Parecia ser sincero em suas palavras, e do tanto que conhecia aquele capitão, era plausível ele fingir que nada acontecia. Se sua atitude de mais cedo fosse feita em outro momento que não na partida, provavelmente Nicolas não falaria
Jamais tinha brigado com Nicolas naquele nível. Quando eram crianças já discutiram por coisas bobas, nada que não fosse resolvido minutos depois. Mas Theodore sentia que agora era diferente.Sentia que havia falhado com o seu melhor amigo.Era um alívio que o mais baixo tivesse jogado bem e garantindo a vitória do seu time. Mas Theodore não conseguia ficar completamente feliz como o restante do grupo, pois sabia o motivo de Nicolas ter jogado tão intensamente.Fizera bem em lhe contar a verdade?Se Milles ficara com outra pessoa, isso não quer dizer que ambos estariam longe de se resolverem? Será que sua percepção sobre eles estava distorcida?— Vem comigo.Erguendo a cabeça, Theodore olhara para Gabriel que vestia o moletom de volta. Levantando-se do banco, ficara ao seu lado caminhando pelo ginásio parecendo não ter um rumo certo.
Os atletas se reuniram para almoçar nas mesas dispostas no lado de fora, onde acontecia uma pequena feira artesanal com barraquinhas de lanches para os esfomeados e entediados. Apesar do time ter se reunido para almoçarem juntos, Theodore ficara mais afastado logo após entregar a bolsa do almoço dos jogadores.Segurando o seu próprio lanche, o loiro suspirava novamente ao lembrar-se do pedido audacioso do seu ficante. Agora ficaria nervoso o restante da semana, contando os dias, as horas e os segundos para o momento em que ele e Gabriel teriam a primeira vez intimamente.Deveria se preparar ao longo da semana? Tinha a impressão de que Gabriel poderia não saber o que fazer muito bem, precisando ser guiado. Se bem que tratava-se do seu cio, provavelmente eles perderiam suas consciência e os instintos tomariam conta da recado.Balançando a cabeça, o ômega desembalava o lanche dando a primeir
— Estão com o gostinho da vitória, não é? — Ria o técnico ao se reunir com os atletas no ginásio da escola. — O trabalho em equipe de vocês foi excelente hoje, estão de parabéns!Os olhos dos jogadores chegavam a brilhar tamanha a felicidade que tinham depois de garantir a vaga para as rodadas finais. Com Thunder e Boyle nos bancos, os jogadores que os substituíram trabalharam muito bem sob os direcionamentos de seu capitão. Além disso, o trio brilhante fora Gabriel, Nicolas e Milles.Theodore ficara embasbacado com o modo como eles haviam jogado. Fora brilhante e belo. Nunca teriam tamanha sincronia em suas vidas antes. Certamente isso se devia ao fato de certas duas pessoas terem finalmente dado o braço a torcer, aceitando a relação que tinham.Será que a mordida tivera tanto impacto assim?Theodore queria acreditar que sim.
Faltavam dois dias para o começo do cio de Theodore.E o ômega se encontrava desesperado.Além do seu cheiro ter ficado forte o suficiente para os alfas e betas da escola prestarem atenção em si, havia o fator Gabriel. Um certo alfa de um metro e oitenta, cujos olhos acastanhados acompanhavam cada passo seu mesmo de longe. Se antes já era fonte de rumores devido a sua classe e a história do Orkut, que continuava a se tornar popular, estar perto do seu cio estampava-o nas evidências.Não tinha como passar despercebido pelos corredores, mesmo que ainda não sentisse nada dos sintomas de seu cio.— Bem que eu gostaria de te ajudar, mas tenho alfas em minha sala também. — Lamentava Lilian cruzando os braços — Pelo menos ninguém parece ter comprado briga com você esses dias.— Estão com medo que eu me jogue no colo deles pedindo p
Se para o ômega a ansiedade era grandiosa, para um certo alfa ela era atordoante no dia seguinte. Para o desagrado de Gabriel o dia se passara tão lentamente que desistira de prestar atenção na aula. Principalmente quando a cada cinco minutos olhava para a carteira vazia ao lado da sua, sinalizando a ausência de Theodore.Será que ele também estava ansioso?Após a aula terminar e Gabriel já estar se trocando no vestiário para o treino, não pode deixar de suspirar pela milésima vez. Agora, havia um outro alfa o encarando curioso, cruzando os braços ao se recostar no armário com um sorriso ladino.— Qual foi? Parece que nem queria estar aqui.— Não foge muito da realidade.— Onde mais queria estar?— Na minha casa.Rindo, Gabriel fechara a porta do armário e se sentara no banco para calçar os t&eci
O ômega se sentou ao seu lado, e Gabriel pudera se lembrar do quão feliz estava naquele momento. Segurando a mão dele a levando até seus lábios, pudera sentir uma pequena ponta da calmaria surgindo em seu peito.— Senti a sua falta hoje. — Admitia o alfa, distribuindo selares pelos nós dos dedos esguios de Theodore. — É horrível olhar para o lado e não te ver.Segurando a mão de Gabriel, Theodore sorria calidamente.— Agora estou aqui. Isso é tudo o que importa.Sim, isso era tudo o que importava. Theodore ao seu lado era tudo o que importava, ao ponto de deixá-lo nervoso daquela maneira. Justamente por ser ele mesmo.Sem aguentar mais segurar dos próprios desejos, Gabriel inclinou-se beijando serenamente os lábios de Theodore. Mantendo suas mãos unidas, levara a canhota livre para o rosto quente do ômega onde poderi