“A todos que foram cuidados incondicionalmente por alguém, mesmo achando que não mereciam, esse capítulo é pra vocês”Amélia Alder SilverÉ a primeira vez que eu experimento o conforto de alguém que não é o meu pai. É bom. É confortável como deveria ser. É certo e aconchegante, e isso faz meu coração mais tranquilo nesse momento tão difícil. Maximus está me segurando como se eu estivesse prestes a cair, não do telhado, e sim das mãos dele, isso me faz sentir cuidada. Aos poucos, os dedos dele vão afrouxando no meu braço e ele nos afasta. Olho para ele em silêncio e ele parece decidido e temeroso ao mesmo tempo.– Não se preocupe, estou bem. É apenas saudade já que faz pouco tempo que eu o perdi, mas sei que vou me acostumar com o luto um dia – digo para tranquilizar e ele continua me olhando da mesma forma.– Vou te contar.– O quê?– Vou te contar tudo o que quer saber. Sobre o seu pai – minha expressão muda e eu olho para ele.– Sério?– Acho que finalmente entendi o que você quer
Maximus Silver– Como anda a investigação? Vai bem? – questiono a John.– Sim, senhor. Estamos analisando cuidadosamente cada pessoa e isso vai demorar algum tempo por causa da minuciosidade da situação.– Tudo bem, tudo que me importa é que me tragam uma resposta. O final do mês está chegando, deixe-os atentos para qualquer mudança ou retirada suspeita. Não quero nenhum erro nas finanças desse mês, ok?– Sim senhor.Estou fazendo uma investigação geral no Casino. Quem me roubou trabalha embaixo do mesmo teto que eu e desejo descobrir a todo custo quem realmente é. – O favor pessoal que te pedi ficou pronto?– Sim senhor. Eles finalizaram ontem, segundo as suas ordens.– Ótimo. Chame o motorista, diga que vamos para casa – como ele está cuidando do Casino agora e vigiando cada movimento suspeito, outra pessoa está dirigindo para mim.– Perfeitamente – John sai da minha sala e eu fecho as pastas nas quais estou trabalhando, desligo o computador e estico os braços a fim de arrumar a mi
Amélia Alder Silver– Tem certeza que não quer entrar agora? – Maximus questiona na beira da piscina e eu nego. Hoje é sábado e ele está de folga, então tiramos o dia para aproveitar a companhia um do outro. É uma das cláusulas do meu pai que passemos um tempo juntos.– Estou criando a coragem ainda. Estou um pouco sem forças para nadar hoje.– E quem te deixou cansada? – ele questiona numa falsa inocência. Estreito os olhos para ele, que ri e se afasta da borda da piscina, um sorriso zombeteiro no rosto. Ele sabe que foi ele que eme deixou cansada – Que tal uma competição?– Claro que não. Não tenho a menor chance contra você e você sabe disso.– Isso não é verdade. Você não vai saber se não tentar.– Eu sei só de olhar. Olha o tamanho do seu braço e olha o tamanho do meu.– Você é pequena e isso te dá mais agilidade que eu. Você tem toda chance de ganhar de mim, sabia?– Prefiro não arriscar. Odeio perder, ainda mais para você.– Sou seu marido, é tranquilo perder para mim.– Não é
Maximus Silver– Tem certeza que era só o chantili? Senti que você queria me beijar e usou isso como pretexto – digo gracejando e Amélia sorri para mim do jeito que só ela sabe, os olhos quase sumindo a medida que o sorriso se estende pelo rosto dela.– Talvez.– Talvez?– Talvez. Jamais vou admitir a você, querido.– Que mulher malvada – murmuro dando uma mordida em mais um donuts. Meu paladar se alegra com o açúcar e eu suspiro de satisfação. Isso é bem gostoso e acho que eu deveria comer mais vezes.– Quer mais um? Que tal um pedaço de bolo? Os bolos de Grace são os melhores – Amélia diz me servindo um pedaço de bolo e colocando um donut por cima.– Por acaso está tentando me engordar? Suspeito.– Não estou tentando te engordar, estou tentando te alegrar.– Acho que está funcionando. Acho que açúcar serve bem – murmuro olhando para ela, que levanta as sobrancelhas e sorri.– É claro que serve! Tudo que eu digo tem veracidade, você sabia?– Estou sabendo agora. Obrigado.– Por nada.
Amélia Alder SilverParo o carro de qualquer jeito na frente do hospital e saio correndo até a porta de entrada. Assim que entro, vejo um maqueiro e corro até ele.– Preciso de ajuda! Meu marido está no carro e está com muita dor, acho que ele não consegue andar – digo afobada e o homem me olha com aparente calma. Como ele pode ser tão calmo quando digo que tem alguém passando mal no carro? Não entendo a filosofia dos médicos, mas deve ser boa para eles conseguirem agir assim.– Vou pegar uma cadeira de rodas – rapidamente ele pega a cadeira de rodas e eu saio correndo na frente, seguida por ele.Assim que abro a porta do carro, encontro Maximus curvado sobre a barriga, o suor escorrendo pela testa e pelo pescoço, molhando as roupas dele.– Senhor, consegue andar? – o maqueiro pergunta e Maximus sem responder, sai do carro com dificuldade, curvado sobre a barriga. – Melhor sentar na cadeira. Vou te levar para a emergência.Sem questionar, Maximus se senta e o homem entra com ele rapid
Maximus SilverParece que fui atropelado por um caminhão carregado de bois. É a sensação que sinto ao acordar num quarto de hospital. Esfrego os olhos enquanto me sento na cama e tento me orientar do que aconteceu e aos poucos, vou me lembrando de tudo que aconteceu. Comecei a sentir um mal estar a tarde e piorou muito quando sai para dar aulas de carro a Amélia e ela me trouxe para o hospital mesmo sem saber dirigir direito. Não sei quem foi mais corajoso, eu ou ela, mas que bom que deu tudo certo. Olho para o lado e vejo que ela está dormindo ao pé da cama, a cabeça escorada no braço esquerdo enquanto segura a minha mão com o direito. Por algum motivo, minha garganta está seca e doendo a ponto de me fazer desejar um litro de água. Daria tudo por um copo de água fresca. Olho ao redor no quarto e vejo uma jarra de água ao lado da cama, faço menção de soltar a mão de Amélia para descer da cama e tomar água, mas isso acaba despertando ela facilmente.– Você acordou, graças a Deus. Com
Amélia Alder Silver– Você sabe que não precisa fazer isso, não é? – Grace diz pela terceira vez e eu suspiro.– Eu sei, Grace, mas eu quero ajudar mesmo assim. Quero ocupar a minha mente – digo pegando mais um livro e passando o espanador. – Você sabe que eu estou com um tédio muito grande, essa casa é enorme e eu não tenho nada para fazer.Me recordo que eu sempre reclamava de ter que trabalhar e agora sinto falta até da minha rotina. Que diferença enorme.Maximus está no hospital a dois dias e não temos nos falado desde então. Todos os dias eu ligo para o pai de Andrew e pergunto como ele está e isso é o mais próximo que cheguei de conversar com ele e acho que é o máximo que vou conseguir já que ele também não parece fazer nenhum esforço para falar comigo. Me pergunto o que vai acontecer conosco a partir de agora. Tenho muito tempo para pensar nessa casa enorme, então estou ajudando Grace no que posso em relação a limpeza apenas para manter a mente ocupada. Ela não está feliz com
Maximus Silver– Você está um completo caco, sabia? – Andrew diz pela segunda vez e eu tenho vontade de lhe dar uma mãozada, mas me seguro.– Como se eu já não soubesse disso – digo de volta.– Não entendo como você foi adoecer. Você é a pessoa que mais forte que eu conheço, raramente adoece, nunca vi alguém tão saudável – Alexander diz e eu compreendo o que ele quer dizer. Fui ao hospital poucas vezes em toda a minha vida.– Você está sendo medicado corretamente? Não deveria ter retornado a sua cor normal? Você está com um tom de pele verde medonho – Liam diz com uma careta e eu reviro os olhos.– Sim, estou sendo medicado corretamente. Estou esperando pela minha alta, o seu pai disse que ia me dar hoje – a última frase é dirigida a Andrew. Passei dois dias no hospital por pura precaução dos médicos, minha dor de estômago já passou a muito tempo.– Estranho, achei que a Amélia estaria aqui – Andrew diz olhando ao redor e eu me mexo na cama em um silêncio desconfortável.– Impossível.