Amélia Alder Silver– Tem certeza que não quer entrar agora? – Maximus questiona na beira da piscina e eu nego. Hoje é sábado e ele está de folga, então tiramos o dia para aproveitar a companhia um do outro. É uma das cláusulas do meu pai que passemos um tempo juntos.– Estou criando a coragem ainda. Estou um pouco sem forças para nadar hoje.– E quem te deixou cansada? – ele questiona numa falsa inocência. Estreito os olhos para ele, que ri e se afasta da borda da piscina, um sorriso zombeteiro no rosto. Ele sabe que foi ele que eme deixou cansada – Que tal uma competição?– Claro que não. Não tenho a menor chance contra você e você sabe disso.– Isso não é verdade. Você não vai saber se não tentar.– Eu sei só de olhar. Olha o tamanho do seu braço e olha o tamanho do meu.– Você é pequena e isso te dá mais agilidade que eu. Você tem toda chance de ganhar de mim, sabia?– Prefiro não arriscar. Odeio perder, ainda mais para você.– Sou seu marido, é tranquilo perder para mim.– Não é
Maximus Silver– Tem certeza que era só o chantili? Senti que você queria me beijar e usou isso como pretexto – digo gracejando e Amélia sorri para mim do jeito que só ela sabe, os olhos quase sumindo a medida que o sorriso se estende pelo rosto dela.– Talvez.– Talvez?– Talvez. Jamais vou admitir a você, querido.– Que mulher malvada – murmuro dando uma mordida em mais um donuts. Meu paladar se alegra com o açúcar e eu suspiro de satisfação. Isso é bem gostoso e acho que eu deveria comer mais vezes.– Quer mais um? Que tal um pedaço de bolo? Os bolos de Grace são os melhores – Amélia diz me servindo um pedaço de bolo e colocando um donut por cima.– Por acaso está tentando me engordar? Suspeito.– Não estou tentando te engordar, estou tentando te alegrar.– Acho que está funcionando. Acho que açúcar serve bem – murmuro olhando para ela, que levanta as sobrancelhas e sorri.– É claro que serve! Tudo que eu digo tem veracidade, você sabia?– Estou sabendo agora. Obrigado.– Por nada.
Amélia Alder SilverParo o carro de qualquer jeito na frente do hospital e saio correndo até a porta de entrada. Assim que entro, vejo um maqueiro e corro até ele.– Preciso de ajuda! Meu marido está no carro e está com muita dor, acho que ele não consegue andar – digo afobada e o homem me olha com aparente calma. Como ele pode ser tão calmo quando digo que tem alguém passando mal no carro? Não entendo a filosofia dos médicos, mas deve ser boa para eles conseguirem agir assim.– Vou pegar uma cadeira de rodas – rapidamente ele pega a cadeira de rodas e eu saio correndo na frente, seguida por ele.Assim que abro a porta do carro, encontro Maximus curvado sobre a barriga, o suor escorrendo pela testa e pelo pescoço, molhando as roupas dele.– Senhor, consegue andar? – o maqueiro pergunta e Maximus sem responder, sai do carro com dificuldade, curvado sobre a barriga. – Melhor sentar na cadeira. Vou te levar para a emergência.Sem questionar, Maximus se senta e o homem entra com ele rapid
Maximus SilverParece que fui atropelado por um caminhão carregado de bois. É a sensação que sinto ao acordar num quarto de hospital. Esfrego os olhos enquanto me sento na cama e tento me orientar do que aconteceu e aos poucos, vou me lembrando de tudo que aconteceu. Comecei a sentir um mal estar a tarde e piorou muito quando sai para dar aulas de carro a Amélia e ela me trouxe para o hospital mesmo sem saber dirigir direito. Não sei quem foi mais corajoso, eu ou ela, mas que bom que deu tudo certo. Olho para o lado e vejo que ela está dormindo ao pé da cama, a cabeça escorada no braço esquerdo enquanto segura a minha mão com o direito. Por algum motivo, minha garganta está seca e doendo a ponto de me fazer desejar um litro de água. Daria tudo por um copo de água fresca. Olho ao redor no quarto e vejo uma jarra de água ao lado da cama, faço menção de soltar a mão de Amélia para descer da cama e tomar água, mas isso acaba despertando ela facilmente.– Você acordou, graças a Deus. Com
Amélia Alder Silver– Você sabe que não precisa fazer isso, não é? – Grace diz pela terceira vez e eu suspiro.– Eu sei, Grace, mas eu quero ajudar mesmo assim. Quero ocupar a minha mente – digo pegando mais um livro e passando o espanador. – Você sabe que eu estou com um tédio muito grande, essa casa é enorme e eu não tenho nada para fazer.Me recordo que eu sempre reclamava de ter que trabalhar e agora sinto falta até da minha rotina. Que diferença enorme.Maximus está no hospital a dois dias e não temos nos falado desde então. Todos os dias eu ligo para o pai de Andrew e pergunto como ele está e isso é o mais próximo que cheguei de conversar com ele e acho que é o máximo que vou conseguir já que ele também não parece fazer nenhum esforço para falar comigo. Me pergunto o que vai acontecer conosco a partir de agora. Tenho muito tempo para pensar nessa casa enorme, então estou ajudando Grace no que posso em relação a limpeza apenas para manter a mente ocupada. Ela não está feliz com
Maximus Silver– Você está um completo caco, sabia? – Andrew diz pela segunda vez e eu tenho vontade de lhe dar uma mãozada, mas me seguro.– Como se eu já não soubesse disso – digo de volta.– Não entendo como você foi adoecer. Você é a pessoa que mais forte que eu conheço, raramente adoece, nunca vi alguém tão saudável – Alexander diz e eu compreendo o que ele quer dizer. Fui ao hospital poucas vezes em toda a minha vida.– Você está sendo medicado corretamente? Não deveria ter retornado a sua cor normal? Você está com um tom de pele verde medonho – Liam diz com uma careta e eu reviro os olhos.– Sim, estou sendo medicado corretamente. Estou esperando pela minha alta, o seu pai disse que ia me dar hoje – a última frase é dirigida a Andrew. Passei dois dias no hospital por pura precaução dos médicos, minha dor de estômago já passou a muito tempo.– Estranho, achei que a Amélia estaria aqui – Andrew diz olhando ao redor e eu me mexo na cama em um silêncio desconfortável.– Impossível.
Amélia Alder SilverSaio do salão de cabeleireiro com um novo corte de cabelo e um trauma graças a tudo que ouvi lá dentro. Não considerei que as pessoas que trabalham ali conheciam a mim ou Maximus, eu apenas entrei e fui direto para uma cadeira vazia e disse que queria cortar meu cabelo, mas a responsável pelo meu atendimento sabia o meu nome e até me parabenizou pelo meu casamento. – Obrigada – agradeci educadamente.– Você já tem algum corte de cabelo em mente? – a mudança de assunto me causou certo alívio, já que a última coisa que eu gostaria de pensar era sobre Maximus.– Tem alguma sugestão? – é claro, ela me deu várias e eu acabei escolhendo um chanel de bico médio. Depois de escolher o corte, achei que ela trabalharia em silêncio e comecei a me arrepender da ideia assim que ela soltou a seguinte frase:– Como se sente sendo a esposa dele? Não é como se fosse a sombra da outra? – é claro que eu fiquei com o olhar paralisado de terror ao ouvir tais palavras e ela logo se apre
Maximus SilverNão sei quanto tempo passo chorando, mas é um alívio conseguir finalmente chorar. Por cinco anos inteiros, guardei todas as emoções dentro de mim, cultivei um vazio e chafurdei na minha autopiedade. Agora, depois de finalmente contar tudo a alguém e colocar as emoções para fora, sinto meu peito aliviado por conseguir respirar normalmente de novo. Depois de um longo tempo, tudo que restou do meu lamento foram suspiros e soluços e eu consigo reparar na mão que segura na minha.Olho para Amélia e vejo que ela está olhando para mim com tanta preocupação que há uma ruga em sua testa.– Vai ficar velha antes do tempo se fizer essa expressão – digo passando o dedo na ruga e sua expressão se suaviza.– Você está bem?– Não estou, mas tenho certeza que vou ficar. E você?– Eu me sinto miserável. Fui tão injusta com você e… – coloco um dedo em seus lábios e ela se cala.– Não precisa dizer, eu consigo sentir tudo que está sentindo e é suficiente. Sei que você teve seus motivos e