Maximus Silver– Tem certeza que era só o chantili? Senti que você queria me beijar e usou isso como pretexto – digo gracejando e Amélia sorri para mim do jeito que só ela sabe, os olhos quase sumindo a medida que o sorriso se estende pelo rosto dela.– Talvez.– Talvez?– Talvez. Jamais vou admitir a você, querido.– Que mulher malvada – murmuro dando uma mordida em mais um donuts. Meu paladar se alegra com o açúcar e eu suspiro de satisfação. Isso é bem gostoso e acho que eu deveria comer mais vezes.– Quer mais um? Que tal um pedaço de bolo? Os bolos de Grace são os melhores – Amélia diz me servindo um pedaço de bolo e colocando um donut por cima.– Por acaso está tentando me engordar? Suspeito.– Não estou tentando te engordar, estou tentando te alegrar.– Acho que está funcionando. Acho que açúcar serve bem – murmuro olhando para ela, que levanta as sobrancelhas e sorri.– É claro que serve! Tudo que eu digo tem veracidade, você sabia?– Estou sabendo agora. Obrigado.– Por nada.
Amélia Alder SilverParo o carro de qualquer jeito na frente do hospital e saio correndo até a porta de entrada. Assim que entro, vejo um maqueiro e corro até ele.– Preciso de ajuda! Meu marido está no carro e está com muita dor, acho que ele não consegue andar – digo afobada e o homem me olha com aparente calma. Como ele pode ser tão calmo quando digo que tem alguém passando mal no carro? Não entendo a filosofia dos médicos, mas deve ser boa para eles conseguirem agir assim.– Vou pegar uma cadeira de rodas – rapidamente ele pega a cadeira de rodas e eu saio correndo na frente, seguida por ele.Assim que abro a porta do carro, encontro Maximus curvado sobre a barriga, o suor escorrendo pela testa e pelo pescoço, molhando as roupas dele.– Senhor, consegue andar? – o maqueiro pergunta e Maximus sem responder, sai do carro com dificuldade, curvado sobre a barriga. – Melhor sentar na cadeira. Vou te levar para a emergência.Sem questionar, Maximus se senta e o homem entra com ele rapid
Maximus SilverParece que fui atropelado por um caminhão carregado de bois. É a sensação que sinto ao acordar num quarto de hospital. Esfrego os olhos enquanto me sento na cama e tento me orientar do que aconteceu e aos poucos, vou me lembrando de tudo que aconteceu. Comecei a sentir um mal estar a tarde e piorou muito quando sai para dar aulas de carro a Amélia e ela me trouxe para o hospital mesmo sem saber dirigir direito. Não sei quem foi mais corajoso, eu ou ela, mas que bom que deu tudo certo. Olho para o lado e vejo que ela está dormindo ao pé da cama, a cabeça escorada no braço esquerdo enquanto segura a minha mão com o direito. Por algum motivo, minha garganta está seca e doendo a ponto de me fazer desejar um litro de água. Daria tudo por um copo de água fresca. Olho ao redor no quarto e vejo uma jarra de água ao lado da cama, faço menção de soltar a mão de Amélia para descer da cama e tomar água, mas isso acaba despertando ela facilmente.– Você acordou, graças a Deus. Com
Amélia Alder Silver– Você sabe que não precisa fazer isso, não é? – Grace diz pela terceira vez e eu suspiro.– Eu sei, Grace, mas eu quero ajudar mesmo assim. Quero ocupar a minha mente – digo pegando mais um livro e passando o espanador. – Você sabe que eu estou com um tédio muito grande, essa casa é enorme e eu não tenho nada para fazer.Me recordo que eu sempre reclamava de ter que trabalhar e agora sinto falta até da minha rotina. Que diferença enorme.Maximus está no hospital a dois dias e não temos nos falado desde então. Todos os dias eu ligo para o pai de Andrew e pergunto como ele está e isso é o mais próximo que cheguei de conversar com ele e acho que é o máximo que vou conseguir já que ele também não parece fazer nenhum esforço para falar comigo. Me pergunto o que vai acontecer conosco a partir de agora. Tenho muito tempo para pensar nessa casa enorme, então estou ajudando Grace no que posso em relação a limpeza apenas para manter a mente ocupada. Ela não está feliz com
Maximus Silver– Você está um completo caco, sabia? – Andrew diz pela segunda vez e eu tenho vontade de lhe dar uma mãozada, mas me seguro.– Como se eu já não soubesse disso – digo de volta.– Não entendo como você foi adoecer. Você é a pessoa que mais forte que eu conheço, raramente adoece, nunca vi alguém tão saudável – Alexander diz e eu compreendo o que ele quer dizer. Fui ao hospital poucas vezes em toda a minha vida.– Você está sendo medicado corretamente? Não deveria ter retornado a sua cor normal? Você está com um tom de pele verde medonho – Liam diz com uma careta e eu reviro os olhos.– Sim, estou sendo medicado corretamente. Estou esperando pela minha alta, o seu pai disse que ia me dar hoje – a última frase é dirigida a Andrew. Passei dois dias no hospital por pura precaução dos médicos, minha dor de estômago já passou a muito tempo.– Estranho, achei que a Amélia estaria aqui – Andrew diz olhando ao redor e eu me mexo na cama em um silêncio desconfortável.– Impossível.
Amélia Alder SilverSaio do salão de cabeleireiro com um novo corte de cabelo e um trauma graças a tudo que ouvi lá dentro. Não considerei que as pessoas que trabalham ali conheciam a mim ou Maximus, eu apenas entrei e fui direto para uma cadeira vazia e disse que queria cortar meu cabelo, mas a responsável pelo meu atendimento sabia o meu nome e até me parabenizou pelo meu casamento. – Obrigada – agradeci educadamente.– Você já tem algum corte de cabelo em mente? – a mudança de assunto me causou certo alívio, já que a última coisa que eu gostaria de pensar era sobre Maximus.– Tem alguma sugestão? – é claro, ela me deu várias e eu acabei escolhendo um chanel de bico médio. Depois de escolher o corte, achei que ela trabalharia em silêncio e comecei a me arrepender da ideia assim que ela soltou a seguinte frase:– Como se sente sendo a esposa dele? Não é como se fosse a sombra da outra? – é claro que eu fiquei com o olhar paralisado de terror ao ouvir tais palavras e ela logo se apre
Maximus SilverNão sei quanto tempo passo chorando, mas é um alívio conseguir finalmente chorar. Por cinco anos inteiros, guardei todas as emoções dentro de mim, cultivei um vazio e chafurdei na minha autopiedade. Agora, depois de finalmente contar tudo a alguém e colocar as emoções para fora, sinto meu peito aliviado por conseguir respirar normalmente de novo. Depois de um longo tempo, tudo que restou do meu lamento foram suspiros e soluços e eu consigo reparar na mão que segura na minha.Olho para Amélia e vejo que ela está olhando para mim com tanta preocupação que há uma ruga em sua testa.– Vai ficar velha antes do tempo se fizer essa expressão – digo passando o dedo na ruga e sua expressão se suaviza.– Você está bem?– Não estou, mas tenho certeza que vou ficar. E você?– Eu me sinto miserável. Fui tão injusta com você e… – coloco um dedo em seus lábios e ela se cala.– Não precisa dizer, eu consigo sentir tudo que está sentindo e é suficiente. Sei que você teve seus motivos e
Amélia Alder Silver– Eu já disse que eu consigo ir sozinha. Tirei minha carteira de motorista, você não precisa se preocupar comigo – digo assim que chego na garagem, sendo seguida por Maximus.– Você ter tirado a carteira não significa que eu não vou me preocupar com você. Melhor eu ir só para ter certeza de que você vai chegar bem. Vou estar no banco do passageiro, você não vai nem lembrar que eu estou aqui – ele murmura entrando do lado do passageiro do carro que ele me deu. Reviro os olhos e entro do lado do motorista.É quase impossível ignorar a presença desse homem onde quer que ele esteja. Acho que pode ter mil pessoas num ambiente, vou focar nele mesmo assim.Graças aos esclarecimentos, estamos bem um com o outro, na verdade, melhor do que nunca. Somos um casal de verdade agora e eu não preciso ficar pensando antes de agir ou de fazer algo carinhoso por medo dele me interpretar mal. Podemos ser autênticos um perto do outro e essa é a melhor coisa que já me aconteceu. Antes e