Nathan pegou o celular e fez sua primeira publicação em dias.[Amor, aqueles que te machucaram já pagaram pelo que fizeram. Só falta você voltar. Não importa o que queira que eu faça, eu aceito, tá bom?]A publicação daquela mensagem por Nathan foi como uma confissão pública que confirmou todas as suspeitas dos internautas. Sua destituição da presidência da empresa se tornou, a partir daquele momento, inevitável.Com a boca entreaberta, mas sem conseguir articular palavra alguma, Pedro apenas recolheu silenciosamente os documentos contendo os planos de gerenciamento de crise. Antes de sair, lançou a Nathan um último olhar onde se misturavam frustração e incompreensão.Se tudo acabaria assim, por que havia se empenhado tanto anteriormente?Naquele instante, porém, Nathan não se importava com nada além de Susana.Na internet, os ataques surgiam como flechas envenenadas. Eles lhe desejavam um futuro sem amor, solidão perpétua e até mesmo um fim trágico. Mas ninguém conseguia torturá-lo m
— Sr. Nathan? — Insistiu a empregada, estendendo o envelope.Com mãos trêmulas, Nathan finalmente o pegou, permanecendo imóvel por longos minutos antes de reunir coragem suficiente para abri-lo.No interior, se encontrava um certificado de divórcio.Durante todos aqueles dias atormentados, ele havia evitado conscientemente pensar nos papéis que Susana o havia feito assinar naquela fatídica manhã.Agora, porém, aquilo que havia tentado ignorar estava ali, materializado diante de seus olhos, o esmagando com o peso de uma realidade inescapável.Ao observar o documento, Ivana soltou uma gargalhada carregada de amargura.— Nathan, ela te abandonou! Bem merecido! — Exclamou com satisfação vingativa. — Mal posso esperar para presenciar sua completa ruína!Nathan não deu reação alguma. Continuava fitando o certificado de divórcio, mergulhado num silêncio denso e opressivo.Percebendo que sua presença ali já não fazia sentido, Ivana se virou e partiu.Ironicamente, o mesmo rosto que um dia a ap
Desde pequena, Susana nutria o profundo desejo de conhecer o mundo, sonho este que permaneceu adormecido por dezenove longos anos após a trágica perda dos pais em um acidente. Curiosamente, foi apenas ao abandonar tudo que finalmente conseguiu ressuscitar essa antiga aspiração.No primeiro mês de sua jornada solitária, buscou refúgio na cidade que sempre quis conhecer para recuperar não apenas sua saúde, mas também sua paz interior. Foi naquele cenário inesperado que o destino lhe apresentou de novo Vagner Soares, um antigo colega dos tempos de faculdade.Em terras estranhas e com a saúde ainda fragilizada, Susana encontrou nele um apoio fundamental durante aquele período delicado. Dotada de uma sensibilidade aguçada para perceber intenções alheias, ela não demorou a notar que o olhar de Vagner transbordava algo além da simples amizade. Decidiu, então, partir para seu próximo destino.Afinal, cinco anos de casamento haviam lhe ensinado valiosas lições sobre relacionamentos. Pelo menos
Quando o avião finalmente pousou, a ansiedade de Nathan crescia a cada passo dado em direção ao restaurante onde Susana havia sido vista. Contudo, ao parar diante da entrada, ele se sentiu paralisado pelo medo que subitamente o invadiu.Já se passavam três meses desde que ela havia partido. Devia ter visto todos os seus desesperados pedidos de desculpas e promessas espalhados pela internet. A raiva inicial já devia ter se dissipado, não é mesmo?Até aquele momento, só havia conseguido pistas vagas sobre seu paradeiro. Era a primeira vez que tinha em mãos uma foto recente e uma localização concreta. Ela só poderia ter permitido que essa informação vazasse se, no íntimo, estivesse disposta a lhe dar uma segunda chance.Tinha certeza disso. Afinal, haviam compartilhado tantos anos de amor. Susana sempre foi uma pessoa de coração mole, incapaz de abandoná-lo para sempre.Nathan tentava convencer a si, afastando as lembranças da frieza com que ela o deixou e repetindo mentalmente, como um m
Mas tudo o que Nathan conseguiu enxergar foram inúmeras silhuetas anônimas arrastando malas pelo imenso terminal.Com o olhar perdido entre a multidão, começou a mostrar a foto de Susana em seu celular a qualquer pessoa que cruzava seu caminho.No meio daquele aeroporto estrangeiro, sua imagem pública já não representava mais nada. Gritava o nome de Susana em plenos pulmões, com o desespero estampado em cada chamado.Correu de um extremo ao outro do terminal até que, finalmente, alguém lhe ofereceu uma resposta que fez seu sangue gelar.— Ela estava aqui há apenas meia hora. O voo já decolou. — Informou um viajante, observando a expressão desolada de Nathan. — A propósito, ela olhou diretamente para você quando entrou no terminal. Vocês mesmo se conhecem? Porque quando começou a chamá-la, ela simplesmente fingiu não escutar e seguiu adiante.Nathan ficou paralisado diante daquela revelação.Apenas trinta minutos de diferença.Estava tão próximo de encontrá-la.No entanto, no fim das co
O outro lado da linha permanecia mergulhado em completo silêncio.Nathan se sentiu ainda mais inseguro, selecionando cada palavra com extremo cuidado.— Eu sei que cometi erros imperdoáveis. Jamais deveria ter mentido para você. Não deveria ter te machucado daquela maneira cruel. Eu e Ivana não temos mais nada. O bebê... — Sua voz falhou de repente. — Também não existe mais.Nenhuma resposta emergiu daquele silêncio opressivo.— Amor, por favor... Me perdoa apenas desta vez. Juro por tudo que não consigo mais viver sem você. Se voltar para mim, estou disposto a pagar qualquer preço.O silêncio persistia, implacável.— Amor, não desliga, eu imploro...Sua voz oscilava entre súplica e desespero.Mas antes que pudesse concluir sua frase, a chamada foi encerrada.Tomado pelo pânico, tentou ligar de novo, repetidas vezes. Constatou, com horror crescente, que já havia sido bloqueado. O desespero o sufocava como uma mão invisível apertando sua garganta.A angústia se tornava tão intensa que m
— Você parece ter esquecido, eu te dei várias oportunidades. O problema é seu, não consegue aproveitar nenhuma. — Disse Susana com uma frieza cortante.Nathan tremia, sua voz se quebrando a cada palavra. — Querida, eu realmente sei que errei.— E daí? — Susana soltou uma risada seca. — Você consegue trazer as duas crianças de volta? O que aconteceu com Ivana, você acha que vai conseguir apagar com um simples pedido de desculpas? Desde o momento em que cruzei aquela porta, jamais pensei em retornar. Nathan, você é imundo.Susana desviou o olhar para Paula, que a observava com expressão suplicante.— O tempo acabou, preciso ir. — Ela declarou com resolução inabalável.— Não... Não, Susana, passamos tantos anos juntos, você não pode... — A voz desesperada de Nathan ecoava pelo telefone.Ela atravessou a porta e saiu, deixando para trás apenas o eco de um pedido de socorro que ficou engasgado na garganta de Nathan.Paula soltou um suspiro pesado, tomada por uma profunda tristeza. — Natha
— Eu não quero, porque eu te acho sujo.Nathan despertou de repente, banhado em suor frio, e correu para o banheiro, lavando cada centímetro de seu corpo, esfregando a pele com tanta força que parecia querer arrancá-la. Seus olhos estavam inflamados e vermelhos, e ele murmurava, sem sequer perceber:— Amor, eu me lavei, eu não sou mais sujo, não estou mais contaminado. Expeli tudo que ingeri, por favor, não me rejeite. Vou falar com todos eles, ninguém mais ousa aparecer aqui para nos perturbar.Foi necessária meia hora de ritual obsessivo até que Nathan finalmente emergisse do banheiro. Ao avistá-lo no corredor, Paula fez menção de entrar no quarto, mas foi impedida por ele.— Não entre. Susana detesta sua presença. Preciso organizar tudo aqui para ela, não posso permitir que fique ainda mais triste.Devastada, Paula se deixou cair sentada junto à porta, tomada pelo desespero. Se ele a impedia de entrar, permaneceria ali, o vigiando. — Não posso te impedir, então vou ficar aqui ao se