Capítulo 38A noite avançava, e a tensão no vilarejo permanecia densa. Ao redor da fogueira central, os três líderes dos metamorfos rebeldes, Darian, Kael e Seraphine observavam Erik e Helena com olhares carregados de desconfiança e expectativa. O círculo de metamorfos ao redor deles era silencioso, atento, aguardando o veredito que definiria o futuro daquela aliança.Darian foi o primeiro a falar, sua voz grave cortando o silêncio:— Falamos entre nós e decidimos que, se quiserem a nossa confiança, terão que provar que são dignos dela.Erik cruzou os braços, seus olhos se estreitando.— E como exatamente fariam isso?Kael se inclinou para frente, apoiando os antebraços nos joelhos. Seu olhar era pesado, avaliador.— Você carrega o sangue da linhagem de Raegor. Isso não pode ser ignorado.O nome foi dito com um peso especial, carregado de histórias não contadas. Erik sentiu Helena se enrijecer ao seu lado, mas não desviou o olhar.— O que vocês sabem sobre Raegor?Seraphine sorriu, ma
Capítulo 39 O círculo de pedras formava uma arena natural no coração do vilarejo, onde apenas os mais fortes provavam seu valor. A terra dura carregava o cheiro de sangue seco, suor e fúria, ecos de incontáveis desafios que haviam sido travados ali. O ar era denso, carregado de expectativa.Erik estava no centro, os músculos retesados, cada fibra de seu corpo preparada para o combate. O lobo dentro dele rosnava, ávido pela luta, pela chance de provar sua supremacia. Mas Erik sabia que essa batalha não era apenas física, era também contra a maldição que corria em suas veias, contra a sombra de Raegor que sussurrava em sua mente, instigando-o a perder o controle.Do outro lado da arena, seu oponente avançava.O metamorfo era enorme, com cicatrizes cruzando seu peito nu e olhos selvagens que brilhavam sob a luz do sol que começava a nascer. Ele era um dos guerreiros mais respeitados entre os rebeldes, e o desafio não era apenas um teste. Era uma sentença."Se você cair, ela será tirada
Capítulo 40Os primeiros raios do amanhecer trouxeram consigo o burburinho de vida no vilarejo. O pequeno refúgio dos metamorfos rebeldes era um lugar simples, mas repleto de energia. As cabanas rústicas eram cercadas por campos de cultivo e pequenas fogueiras, onde as mulheres já começavam a preparar as refeições do dia. Crianças corriam entre as árvores, e os homens afiavam armas ou conversavam sobre patrulhas.Helena rapidamente se integrou ao grupo de mulheres, ajudando a descascar vegetais e preparar a carne. Seu sorriso e sua disposição logo conquistaram as metamorfos mais velhas, que se divertiam ensinando-lhe truques de cozinha. Erik, por sua vez, sentou-se ao redor de uma grande mesa improvisada com alguns dos guerreiros do vilarejo.Darian, o líder dos rebeldes, observava Erik com um olhar analítico enquanto bebia de um odre de couro. Ele era um homem robusto, com cicatrizes espalhadas pelos braços e olhos atentos a qualquer sinal de ameaça.— Então. — Começou Darian, reco
Capítulo 41A reunião se desenrolava sob o céu estrelado, com os homens organizando as patrulhas noturnas. O fogo crepitava no centro do círculo formado por eles, lançando sombras sobre os rostos sérios.Darian, com sua postura firme de líder, voltou-se para Erik.— Quer participar da patrulha esta noite?Erik respirou fundo, sentindo a responsabilidade do convite. Seus olhos buscaram instintivamente Helena. Ela estava um pouco afastada, sentada em um banco rústico, segurando uma criança pequena de traços felinos que dormia profundamente em seu colo. Seu olhar encontrou o dele, e um sorriso suave curvou seus lábios. Ele retribuiu com um sorriso sutil, e se virou para Darian. Precisava mantê-la segura. Manter aquele lugar seguro.— Sim. — Respondeu firme.Quando retornou à cabana para pegar suas armas, encontrou Helena ajeitando os tecidos da cama, a preparando para dormir. Ele se aproximou, tocando suavemente seu rosto.— Ficarei fora pela madrugada.Helena levantou o olhar para ele,
Capítulo 42A manhã estava silenciosa, mas dentro da mente de Helena, uma tempestade se formava. Seus pensamentos eram fragmentos dispersos, memórias e dúvidas se entrelaçando como correntes invisíveis. Ela sentia seu corpo afundando em algo etéreo, uma escuridão densa e ao mesmo tempo acolhedora. Então, uma luz dourada rompeu a vastidão negra, se espalhando em ondas quentes ao seu redor, envolvendo-a em um calor que não era apenas físico, mas algo mais profundo, algo que tocava sua alma.Quando seus olhos se abriram, ela não estava mais em seu corpo.Estava em um lugar antigo, onde as estrelas pareciam ao alcance das mãos e o vento carregava sussurros esquecidos pelo tempo. As folhas das árvores reluziam como ouro líquido sob a luz etérea que banhava a paisagem. O ar vibrava com magia pura, carregado com algo que a fazia se sentir pequena diante da imensidão. No centro daquele reino celestial, um lago de águas cristalinas refletia um céu que não era o da noite comum—era o universo in
Capítulo 43 O frio da manhã arrepiava a pele de Helena enquanto ela caminhava para longe do acampamento, buscando ar, buscando clareza.Erik dormia profundamente na tenda improvisada, alheio ao turbilhão que se passava dentro dela.O peso do sonho ainda pressionava seu peito como uma mão invisível.Um sacrifício.Essas palavras ecoavam em sua mente, dilacerando qualquer tentativa de encontrar paz. Ela olhou para a própria mão, como se esperasse encontrar alguma resposta gravada ali, mas tudo que viu foram seus dedos trêmulos, apertando o manto que vestia.Se libertá-lo, ele nunca se lembrará de mim…Como poderia tomar essa decisão? Como poderia olhar para Erik e aceitar que um dia ele não teria nenhuma lembrança de tudo o que haviam vivido?Seus pensamentos eram um caos, um emaranhado de dúvidas e dor. Precisava de ar, precisava sair dali, mesmo que fosse por poucos minutos.Sem fazer barulho, ela se afastou do acampamento.O vento frio tocou seu rosto, como dedos gélidos tentando af
Capítulo 44O frio cortante da manhã foi tudo o que Erik sentiu além da ausência esmagadora de Helena. Ele despertou sobressaltado, o peito subindo e descendo rapidamente enquanto seus olhos percorriam a cabana improvisada. Vazia. As cobertas ainda estavam um pouco quentes, mas não havia sinal dela.Um peso cresceu em seu peito, e ele saiu com pressa, os sentidos aguçados vasculhando o acampamento.— Helena? — Sua voz carregava uma nota de urgência, misturada com algo mais sombrio.Ninguém respondeu. Ele avançou até onde alguns dos metamorfos estavam reunidos ao redor de uma fogueira apagada.— Vocês viram Helena? — O tom de Erik era tenso, a paciência se esvaindo rapidamente.Os metamorfos trocaram olhares antes de um deles, uma mulher de cabelos escuros e olhos prateados chamada Marek, balançar a cabeça.— Não. Mas ela estava aqui quando fomos dormir.Erik cerrou os punhos. Algo estava errado. Muito errado.Ele fechou os olhos, buscando dentro de si a conexão com Helena.E então sen
Capítulo 45O grupo de metamorfos movia-se em silêncio pela floresta densa, os passos calculados, os sentidos aguçados. A tensão era sentida no ar, uma eletricidade invisível que mantinha todos em alerta. Erik liderava o avanço, os olhos âmbar faiscando sob a penumbra.Darian caminhava ao seu lado, a expressão dura, mas focada. Seraphine e Kael seguiam logo atrás, suas presenças trazendo uma leveza estratégica ao grupo.— Estamos perto. — Murmurou Kael, sua voz grave cortando o silêncio. — O cheiro deles é forte nesta área.Erik não respondeu. Seu lobo rosnava dentro dele, inquieto, sedento por sangue e vingança. Precisava manter o controle. Precisava focar no objetivo: resgatar Helena.“Se eles tocarem nela…” A voz do lobo sussurrou dentro de sua mente, um grunhido baixo carregado de fúria.“Eles não vão. Vamos tirá-la de lá.”Darian lançou-lhe um olhar discreto. Conhecia bem aquele olhar predatório de Erik, a maneira como seus músculos estavam tensionados, prontos para o ataque.—