Capítulo 35 A lareira crepitava suavemente no canto do aposento, o calor das chamas contrastava com o frio cortante da noite lá fora, envolvendo o ambiente em um refúgio íntimo. Mas dentro de Erik, não havia refúgio. Apenas o fogo incontrolável que ardia em suas veias.Ele beijava Helena com uma mistura de devoção e urgência, seus lábios buscando algo que apenas ela poderia lhe dar. Algo que ia além do desejo, algo que talvez pudesse redimi-lo."Toque-a. Domine-a. Faça-a entender a quem pertence."A voz do lobo reverberou em sua mente, profunda e selvagem, uma ameaça que ele precisava conter."Ela já escolheu ficar, então marque-a. Rasgue essa pele macia e faça com que todos saibam que é sua. Ela é sua."As palavras da fera eram como garras em sua sanidade. Erik cerrou os punhos, as mãos tremendo enquanto desabotoava a própria camisa e a jogava para longe. Seu torso nu se contraiu quando sentiu o olhar de Helena sobre ele.— Helena… Tem certeza que quer isso? — Sua voz saiu rouca, ca
Capítulo 36A manhã chegou com uma brisa fria, mas, dentro do templo, o calor do corpo de Erik ao lado de Helena a mantinha aquecida. Seus olhos se abriram devagar, e o primeiro pensamento que teve foi que precisava tirá-lo dali. A floresta proibida estava sugando Erik para uma escuridão cada vez mais profunda, e o anel em seu dedo era um lembrete constante de que ele não podia fugir do que era. Mas talvez, se deixassem aquele lugar para trás, pudessem encontrar algo além da maldição, além da maldição que Raegor deixou sobre ele.Quando Erik acordou, encontrou o olhar dela fixo nele. A culpa ainda estava ali, pesando sobre seus ombros, mas, por um momento, ele apenas ficou em silêncio, apreciando a forma como Helena estava perto, como se sua simples presença pudesse manter seus demônios afastados.— Já acordada? — sua voz saiu rouca pelo sono, e Helena sorriu levemente.— Já faz um tempo.O olhar dele deslizou até o braço dela, onde um curativo cobria as marcas de sua mordida. Ele sen
Capítulo 37A tensão no acampamento era palpável. Mesmo após a batalha, mesmo depois de Helena e Erik terem ajudado os metamorfos contra os caçadores, o peso do anel em seu dedo e o nome que ele carregava ainda pairavam sobre eles como uma sombra. Erik podia sentir os olhares desconfiados, as conversas sussurradas quando ele passava. Eles o temiam.E tinham razão.Depois do que aconteceu na clareira, da forma como ele quase não conseguiu parar de matar, Erik sabia que havia algo dentro dele esperando por uma oportunidade para tomar o controle novamente.O grupo de metamorfos os levou para um refúgio mais seguro dentro da floresta. Um vilarejo escondido entre colinas e árvores antigas, protegido por barreiras naturais e magia, longe da vista dos caçadores e do Conselho. Mas a recepção ali não foi calorosa.Ao redor das fogueiras, os metamorfos observavam Erik de longe, como se ele fosse uma fera à espreita. Ele podia sentir o cheiro do medo em alguns, o desejo de atacá-lo em outros. Ap
Capítulo 38A noite avançava, e a tensão no vilarejo permanecia densa. Ao redor da fogueira central, os três líderes dos metamorfos rebeldes, Darian, Kael e Seraphine observavam Erik e Helena com olhares carregados de desconfiança e expectativa. O círculo de metamorfos ao redor deles era silencioso, atento, aguardando o veredito que definiria o futuro daquela aliança.Darian foi o primeiro a falar, sua voz grave cortando o silêncio:— Falamos entre nós e decidimos que, se quiserem a nossa confiança, terão que provar que são dignos dela.Erik cruzou os braços, seus olhos se estreitando.— E como exatamente fariam isso?Kael se inclinou para frente, apoiando os antebraços nos joelhos. Seu olhar era pesado, avaliador.— Você carrega o sangue da linhagem de Raegor. Isso não pode ser ignorado.O nome foi dito com um peso especial, carregado de histórias não contadas. Erik sentiu Helena se enrijecer ao seu lado, mas não desviou o olhar.— O que vocês sabem sobre Raegor?Seraphine sorriu, ma
Capítulo 39 O círculo de pedras formava uma arena natural no coração do vilarejo, onde apenas os mais fortes provavam seu valor. A terra dura carregava o cheiro de sangue seco, suor e fúria, ecos de incontáveis desafios que haviam sido travados ali. O ar era denso, carregado de expectativa.Erik estava no centro, os músculos retesados, cada fibra de seu corpo preparada para o combate. O lobo dentro dele rosnava, ávido pela luta, pela chance de provar sua supremacia. Mas Erik sabia que essa batalha não era apenas física, era também contra a maldição que corria em suas veias, contra a sombra de Raegor que sussurrava em sua mente, instigando-o a perder o controle.Do outro lado da arena, seu oponente avançava.O metamorfo era enorme, com cicatrizes cruzando seu peito nu e olhos selvagens que brilhavam sob a luz do sol que começava a nascer. Ele era um dos guerreiros mais respeitados entre os rebeldes, e o desafio não era apenas um teste. Era uma sentença."Se você cair, ela será tirada
Capítulo 40Os primeiros raios do amanhecer trouxeram consigo o burburinho de vida no vilarejo. O pequeno refúgio dos metamorfos rebeldes era um lugar simples, mas repleto de energia. As cabanas rústicas eram cercadas por campos de cultivo e pequenas fogueiras, onde as mulheres já começavam a preparar as refeições do dia. Crianças corriam entre as árvores, e os homens afiavam armas ou conversavam sobre patrulhas.Helena rapidamente se integrou ao grupo de mulheres, ajudando a descascar vegetais e preparar a carne. Seu sorriso e sua disposição logo conquistaram as metamorfos mais velhas, que se divertiam ensinando-lhe truques de cozinha. Erik, por sua vez, sentou-se ao redor de uma grande mesa improvisada com alguns dos guerreiros do vilarejo.Darian, o líder dos rebeldes, observava Erik com um olhar analítico enquanto bebia de um odre de couro. Ele era um homem robusto, com cicatrizes espalhadas pelos braços e olhos atentos a qualquer sinal de ameaça.— Então. — Começou Darian, reco
Capítulo 41A reunião se desenrolava sob o céu estrelado, com os homens organizando as patrulhas noturnas. O fogo crepitava no centro do círculo formado por eles, lançando sombras sobre os rostos sérios.Darian, com sua postura firme de líder, voltou-se para Erik.— Quer participar da patrulha esta noite?Erik respirou fundo, sentindo a responsabilidade do convite. Seus olhos buscaram instintivamente Helena. Ela estava um pouco afastada, sentada em um banco rústico, segurando uma criança pequena de traços felinos que dormia profundamente em seu colo. Seu olhar encontrou o dele, e um sorriso suave curvou seus lábios. Ele retribuiu com um sorriso sutil, e se virou para Darian. Precisava mantê-la segura. Manter aquele lugar seguro.— Sim. — Respondeu firme.Quando retornou à cabana para pegar suas armas, encontrou Helena ajeitando os tecidos da cama, a preparando para dormir. Ele se aproximou, tocando suavemente seu rosto.— Ficarei fora pela madrugada.Helena levantou o olhar para ele,
Capítulo 42A manhã estava silenciosa, mas dentro da mente de Helena, uma tempestade se formava. Seus pensamentos eram fragmentos dispersos, memórias e dúvidas se entrelaçando como correntes invisíveis. Ela sentia seu corpo afundando em algo etéreo, uma escuridão densa e ao mesmo tempo acolhedora. Então, uma luz dourada rompeu a vastidão negra, se espalhando em ondas quentes ao seu redor, envolvendo-a em um calor que não era apenas físico, mas algo mais profundo, algo que tocava sua alma.Quando seus olhos se abriram, ela não estava mais em seu corpo.Estava em um lugar antigo, onde as estrelas pareciam ao alcance das mãos e o vento carregava sussurros esquecidos pelo tempo. As folhas das árvores reluziam como ouro líquido sob a luz etérea que banhava a paisagem. O ar vibrava com magia pura, carregado com algo que a fazia se sentir pequena diante da imensidão. No centro daquele reino celestial, um lago de águas cristalinas refletia um céu que não era o da noite comum—era o universo in