O templo estava em silêncio absoluto. O eco da última escolha que Lis precisava fazer ainda ressoava em sua mente. Matthew permanecia ao seu lado, sua presença tão sólida quanto uma rocha, mas o peso das decisões recaía sobre ela como um manto opressivo. A luz emanada pelo artefato e o livro começava a se dissipar, mas o impacto que deixava era irreversível.Ela respirou fundo, seus olhos fixos no altar à frente. Não sabia como, mas sentia que as próximas etapas de sua jornada dependiam da escolha que acabara de fazer. Decidira não destruir o artefato, mas também não abraçá-lo cegamente. Em vez disso, decidiu entender sua verdadeira natureza antes de qualquer passo irreversível.Matthew, atento a cada movimento dela, inclinou-se ligeiramente, seus dedos tocando os dela. O toque era um lembrete silencioso de que ela não estava sozinha, mesmo quando sentia que o peso do mundo repousava sobre seus ombros.— Então? — Ele perguntou suavemente, seus olhos fixos nela, cheios de paciência e c
A floresta parecia engolir a luz. As árvores formavam uma cúpula tão densa que apenas fragmentos do céu eram visíveis, como pedaços rasgados de tecido azul. Cada passo parecia mais pesado para Lis, não pelo cansaço físico, mas pelo peso das palavras de Selene, que martelavam incessantemente em sua mente: “Eles estão mais perto do que você imagina.”Matthew caminhava ao lado dela, sua presença sólida como uma âncora. Mesmo em silêncio, ele exalava uma vigilância que fazia Lis se sentir mais segura. No entanto, até mesmo a segurança de Matthew parecia frágil diante da vastidão da floresta.— Você acredita nela? — ele perguntou, sua voz grave quebrando o silêncio.Lis parou por um momento. Virou-se para ele, os olhos estreitos em dúvida.— Eu não sei o que pensar. Selene parece saber muito, mas... algo nela me incomoda. Como se houvesse mais que ela não está nos contando.Matthew assentiu.— Seja o que for, precisamos estar preparados para o pior. Não podemos confiar cegamente em ninguém
O brilho do artefato no pescoço de Lis havia desaparecido, mas sua presença era como uma batida constante em sua mente, um lembrete do poder que carregava e da responsabilidade que começava a compreender. A floresta ao redor parecia imersa em um silêncio inquietante, como se o mundo estivesse segurando o fôlego após o confronto.Matthew andava ao seu lado, sua postura tensa. Embora estivesse em sua forma humana, a intensidade em seus olhos não diminuíra desde o ataque. A preocupação misturava-se ao alívio de tê-la ao seu lado, viva e intacta, mas ele sabia que a batalha travada momentos atrás era apenas um prelúdio de algo maior.— Você conseguiu derrotá-los, mas isso não foi o fim. Foi um aviso. — Ele disse, a voz grave.Lis assentiu, os dedos tocando o artefato em seu pescoço.— Eles sabiam o que estavam procurando. Eu não era só uma alvo. Eles estavam me testando. E esse poder...Ela hesitou, lutando para encontrar palavras para descrever o que havia sentido.— Foi como se eu fosse
A floresta ao redor da clareira era um mundo de mistérios. As árvores antigas, com galhos que se entrelaçavam como dedos, formavam um teto natural que filtrava a luz do sol em pequenos feixes dourados. O chão, macio e úmido, estava coberto por folhas caídas que abafavam os passos de Lis e Matthew enquanto eles seguiam seu caminho.Lis ajustava o artefato em seu pescoço, como se o peso simbólico fosse maior do que o objeto em si. Matthew, em sua forma humana, caminhava ao lado dela, seus olhos atentos ao ambiente ao redor. Havia algo na floresta que os deixava em alerta constante, uma sensação de estar sendo observados, mas sem nenhuma ameaça concreta.— Ainda acha que foi uma boa ideia deixar a clareira tão cedo? — perguntou Matthew, quebrando o silêncio.Lis suspirou, a mão inconscientemente tocando o artefato.— Sei que foi uma decisão arriscada, mas não podemos ignorar o chamado. Ele parecia tão . urgente.Matthew assentiu, embora sua preocupação permanecesse evidente. Ele confiava
O som das folhas secas sob os pés de Lis e Matthew era o único ruído que quebrava o silêncio da floresta. Depois do confronto com os guardiões, a tensão pairava como uma nuvem espessa entre eles. Matthew, sempre vigilante, andava com as mãos perto das lâminas que carregava na cintura, enquanto Lis mantinha o artefato escondido sob o manto, sua luz pulsante ocasional visível apenas nos momentos mais sombrios da trilha.— Eles vão voltar, você sabe disso, — disse Matthew, sua voz grave, mas calma.— Eu sei. Mas o que realmente me preocupa é o que eles sabem que nós não sabemos, — respondeu Lis, franzindo a testa. — Se eles têm tanto medo do que posso me tornar, talvez devêssemos temer também.Matthew parou, segurando-a pelo braço para que ela fizesse o mesmo.— Ei, não deixe que eles plantem dúvida na sua mente. Você é mais forte do que isso. E não está sozinha.Lis o olhou nos olhos, encontrando o conforto e a força que sempre encontrava nele.— Eu sei. Mas não podemos ignorar que talv
A floresta ao redor parecia respirar com eles, como se os observasse silenciosamente, mas não apenas com olhos, e sim com sentidos que iam além da compreensão humana. Cada folha que farfalhava, cada sombra que dançava ao vento parecia conspirar, ou talvez apenas refletir o turbilhão dentro de Lis.A conversa com a figura encapuzada, breve e misteriosa, havia deixado uma marca na mente dela. A ideia de que o artefato era uma chave para um poder maior parecia tanto uma promessa quanto uma ameaça.Matthew caminhava ao lado dela, seus olhos ainda varrendo o entorno em busca de perigos. Ele sabia que algo estava mudando em Lis; ela parecia mais conectada ao artefato, como se ele tivesse começado a despertar algo dentro dela.— Você está calada, — ele comentou, interrompendo os próprios pensamentos.Lis suspirou, ainda absorta em sua mente.— É muita coisa para processar. Herdeira, chave, poder que molda o destino... Não sei o que tudo isso significa, mas sei que não posso fugir disso. Não
A caminhada através da densa floresta finalmente chegou ao fim. Lis e Matthew estavam diante de uma entrada oculta, uma grande pedra coberta por musgo e vegetação. A marca da última pista que os havia guiado até ali estava gravada nas pedras, um símbolo que Lis reconhecia como parte do antigo artefato. O último fragmento estava perto, e o santuário subterrâneo, que muitos consideravam apenas uma lenda, era a chave.Lis olhou para Matthew, seus olhos refletindo uma mistura de determinação e apreensão. Ele era seu pilar, mas ela sabia que estavam prestes a enfrentar mais do que imaginavam. O que quer que estivesse esperando por eles ali não seria simples.— Este é o lugar. — A voz de Lis soou firme, mas havia uma tensão no ar. Ela se aproximou da entrada da caverna e tocou a pedra. Imediatamente, um brilho suave emanou da superfície, e a entrada começou a se abrir lentamente, revelando a escuridão do interior.Matthew, sempre alerta, deu um passo à frente, os músculos tensos enquanto el
Lis sentia o ar pesar sobre seus ombros. Estava sozinha, cercada por sombras, em um espaço vazio que parecia se estender infinitamente. Não havia mais a sala majestosa onde o Guardião a havia lançado, mas uma paisagem de escuridão e silêncio absoluto. Seus sentidos estavam aguçados, mas não podia encontrar o caminho para escapar.Ela se virou, mas a escuridão se fechava cada vez mais ao seu redor, como se o próprio espaço fosse uma prisão. Sussurros se arrastavam pelas sombras, sussurros que pareciam se originar de suas próprias memórias, do fundo de sua mente, trazendo à tona os pensamentos mais dolorosos e os momentos mais sombrios de sua vida.A primeira coisa que viu foi a imagem de seus pais. Eles estavam lá, em pé na sua frente, sorrindo. O sorriso deles era brilhante e genuíno, como no tempo antes da tragédia, quando Lis ainda era uma criança e a vida parecia cheia de promessas. Mas então, algo mudou. O sorriso deles se desfez lentamente, como se algo estivesse corroendo as exp