A noite estava especialmente fria, um presságio que parecia pairar sobre a clareira. A brisa trazia o cheiro de terra úmida e madeira queimada, enquanto as estrelas brilhavam como agulhas no céu negro. A quietude era enganosa, pois a matilha permanecia em alerta, conscientes de que Ian poderia atacar a qualquer momento.Lis caminhava pelo acampamento, as botas fazendo pouco barulho contra o chão coberto de folhas. Ela sentia o peso da responsabilidade crescendo a cada dia. Sua decisão de ficar e lutar ao lado da matilha havia solidificado sua posição entre eles, mas também a colocados diretamente na mira de Ian.— Rose, está quieta hoje — comentou Lis mentalmente, tentando aliviar a tensão.— Apenas observando. Algo está errado, mas não consigo identificar o que — respondeu sua loba, sua voz grave e reflexiva.Esse comentário fez Lis franzir a testa. Ela confiava em Rose; a conexão entre elas era profunda, quase como se fossem uma só. Se sua loba estava inquieta, havia motivo para pre
O amanhecer chegou lentamente, pintando o céu com tons de rosa e dourado, afastando as sombras da noite. A matilha estava exausta, mas o silêncio pós-batalha era de um tipo raro, um silêncio de alívio. A vitória contra Ian e seus seguidores, embora amarga, trouxe um peso de renovação àqueles que restaram. Os feridos eram tratados com cuidado, e os membros da matilha que lutaram bravamente agora podiam respirar um pouco mais tranquilos. Mas o preço havia sido alto, e as cicatrizes não eram apenas físicas.Lis caminhava lentamente pela clareira, sentindo o calor suave do sol se espalhar por seu rosto. As marcas de batalha ainda estavam em sua pele, mas não eram mais tão importantes quanto o que ela sentia no coração. Ela havia cumprido sua promessa — eles haviam vencido — mas a vitória não significava fim. A luta pela sobrevivência da matilha ainda estava apenas começando.Enquanto Lis caminhava, seu olhar se desviou para o centro do acampamento. Matthew estava com Sophia, Ryan e outros
O clima estava tenso, mas o sol da tarde oferecia uma trégua temporária à matilha, espalhando sua luz dourada sobre o acampamento. Lis sentia o peso de sua nova responsabilidade, mas também a renovada sensação de determinação. Com Adrian agora entre eles, havia um novo desafio: unir as forças dispersas da matilha e reconquistar o território perdido. A presença de Adrian, no entanto, não significava apenas alianças. Ele trazia à tona uma série de perguntas não respondidas sobre o passado e o que realmente havia acontecido antes de sua chegada à liderança.Lis estava na margem da clareira, onde o rio se encontrava com as árvores altas, quando ouviu o som de passos suaves. Ela virou-se, reconhecendo a figura de Ryan que se aproximava. Ele parecia preocupado, o que não era comum em alguém tão focado e controlado.— Algo aconteceu? — Lis perguntou, tentando decifrar a expressão dele.Ryan fez uma pausa antes de responder. Seus olhos, normalmente tão confiantes, estavam agora um pouco sombr
O amanhecer chegou lentamente, tingindo o céu de tons rosados e dourados. A clareira, normalmente silenciosa e sombria nas primeiras horas da manhã, agora estava viva com o movimento das preparações. Lis observava a movimentação da matilha enquanto se preparava para o encontro com a matilha do norte. Ela sabia que aquele seria um dia decisivo, onde o futuro da matilha e sua liderança seriam postos à prova.O frio da manhã cortava a pele, mas Lis estava imune ao desconforto. O que importava agora era o que ela faria com o poder que detinha. As palavras de Rose ainda ecoavam em sua mente: “A confiança é uma lâmina afiada”. Lis não poderia se dar ao luxo de cometer erros, especialmente com aliados tão instáveis ao seu redor.Logo pela manhã, os primeiros sinais da matilha do norte começaram a surgir. Uma fileira de lobos, com pelagens espessas e olhares desconfiados, se aproximava. À frente deles, estava um lobo com uma presença imponente — o líder, ou o que restava dele, com os olhos so
O acampamento estava mergulhado em silêncio quando Lis acordou. O céu começava a clarear, mas o sol ainda estava escondido no horizonte, e a atmosfera parecia carregada, como se toda a floresta estivesse segurando a respiração. Lis sentiu o desconforto no peito antes mesmo de abrir os olhos. Rose, sua loba interior, estava inquieta, rondando os limites de sua mente como um predador em alerta.— Estamos nos aproximando de algo grande, Lis. — A voz de Rose soou em sua mente, baixa, grave e cheia de preocupação.Lis se levantou devagar, sentindo o peso dos eventos recentes em seus ombros. Seus músculos ainda estavam tensos, reflexo da batalha da noite anterior. O ataque dos caçadores tinha sido brutal, deixando não apenas feridos físicos, mas também cicatrizes emocionais. O medo e a incerteza pairavam sobre a matilha como uma nuvem escura. Apesar de tudo, Lis sabia que o verdadeiro problema ainda permanecia: os caçadores não eram uma ameaça qualquer. Eles estavam atrás de algo específico
A alvorada se aproximava, tingindo o horizonte com um tom dourado que parecia irreal diante da tensão que pairava no ar. A matilha estava pronta, seus corpos tensos, mas seus espíritos inquebrantáveis. Ian havia se aproximado mais do que nunca, e agora, a batalha que todos temiam estava prestes a acontecer. Não havia mais espaço para dúvidas ou medos, apenas a certeza de que o momento de confrontar o inimigo havia chegado.Lis, de pé na linha de frente ao lado de Matthew, sentia o peso da responsabilidade em seus ombros. Ela sabia que isso não era apenas uma luta pela sobrevivência, mas uma luta pelo futuro, pela liberdade, pelo que restava de sua humanidade. Rose estava inquieta dentro dela, o instinto animal de ambas as lobas chamando-as para o combate, mas também para o cuidado e a proteção.— Está tudo bem? — Matthew perguntou, seus olhos penetrando os de Lis com uma intensidade que não deixava espaço para mentiras. Ele sabia que ela estava tão tensa quanto ele.Lis assentiu, tent
A floresta parecia respirar novamente, livre das sombras que antes a oprimiam. O ar, antes pesado e carregado de tensão, agora estava fresco e carregado com o aroma de terra úmida e pinho. Os primeiros raios do sol despontavam no horizonte, banhando o acampamento da matilha em uma luz dourada que parecia quase mágica, um prenúncio de um novo começo.Lis caminhava lentamente pelo campo de batalha, os pés pisando em folhas secas e galhos partidos. O chão estava manchado de terra revirada e marcas de luta. Ao redor dela, os membros da matilha recolhiam seus feridos, cuidavam uns dos outros e murmuravam palavras de encorajamento. O conflito com Ian finalmente havia acabado, mas o peso da vitória ainda era difícil de processar.Ela parou ao lado de um riacho, onde a água cristalina refletia seu rosto. Lis viu suas próprias feições marcadas pelo cansaço: cortes leves adornavam sua pele, e manchas de sangue, dela e dos outros, tingiam sua roupa. Seus olhos, porém, não estavam abatidos. Eles
A floresta estava mergulhada em uma quietude estranha, como se o próprio mundo estivesse prendendo a respiração após os eventos dos últimos dias. A vitória contra Ian havia sido um alívio, mas também trouxera um cansaço profundo. Para Lis, aquele era o momento de finalmente soltar o peso que carregava nos ombros.Ela estava de pé no limite do acampamento, olhando para o céu salpicado de estrelas. O ar noturno era frio, mas agradável, trazendo consigo uma sensação de renovação. Os últimos dias tinham sido um turbilhão, e agora que tudo havia acabado, o silêncio parecia ensurdecedor. Rose estava por perto, mas em silêncio, permitindo que Lis aproveitasse aquele raro momento de paz. Ainda assim, sua mente fervilhava com pensamentos. O que viria depois? O que significava ter sobrevivido quando tantos não tiveram a mesma sorte?Lis cruzou os braços contra o frio, tentando encontrar consolo nas constelações familiares. A batalha havia deixado cicatrizes, algumas visíveis, outras não. Ian fo