Felipe resmungou dentro de mim, sua voz grave ecoando em minha mente.— Temos que cuidar dela primeiro.Assim como eu, seu instinto de proteger nossa companheira superava em muito sua sede de vingança. Maria era a prioridade, e ela precisava urgentemente de cuidados médicos que só a enfermaria poderia fornecer.Soltei um suspiro trêmulo ao concluir isso, deixando meu olhar vagar sobre cada um dos homens à minha frente.— Estou ansioso para vê-los em breve, cavalheiros. — Confessei com um sorriso malicioso.Eles se encolheram ao ver meu sorriso, o que me fez sorrir ainda mais. Sem dizer mais nada, virei-me e comecei a correr na direção da enfermaria, deixando-os para trás, abalados.Ao chegar, um grupo dos melhores médicos da Alcateia levou Maria dos meus braços diretamente para a UTI, onde começaram uma série de exames para avaliar os danos que ela havia sofrido. Aparentemente, eu estava calmo enquanto o médico chefe relatava suas descobertas.— Ela tem um ombro deslocado e três c
Ponto de Vista de SamuelCarlos ficou em silêncio por um longo tempo após minha declaração, e eu esperei sentir um pouco de apreensão vindo dele pela conexão mental, mas não senti nada disso. Na verdade, a única coisa que senti foi uma crescente determinação de sua parte, e fui provado certo por suas próximas palavras.— Vou avisá-lo assim que tivermos capturado os homens, Alfa.— Bom. — Disse eu com um aceno, antes de lentamente dissolver a conexão mental entre nós.Não passou despercebido que Carlos não fez perguntas antes de concordar. Ele sabia que eu não era alguém que tomava decisões precipitadas, e sendo um dos lobos mais bem colocados da Alcateia Sangue, era possível que ele já soubesse do estado de Maria. Em várias ocasiões, eu o peguei observando nossas interações com os olhos semicerrados, e sabia que ele tinha suas suspeitas. Mas, mesmo sendo um dos homens em quem mais confiava, eu não ia confirmar as teorias que ele poderia ter.Em vez de ir para as masmorras, fui diret
Ponto de Vista de SamuelO som da tranca da mala se abriu suavemente ao meu questionamento, e eu senti mais do que ouvi a respiração coletiva de susto que se seguiu enquanto eu levantava a tampa, revelando seu conteúdo em toda a sua hipnotizante e horrível beleza.Os instrumentos variavam desde seringas de pontas finíssimas até facas de lâminas grossas, tesouras com bordas serrilhadas e até alicates. Quando me virei para encará-los, dando a todos uma visão completa do que havia dentro, Diogo soltou um gemido baixo antes de vomitar em sua própria camisa.Olhei para Gabriel Correia, cujos olhos estavam subitamente marejados e brilhantes demais enquanto passavam de mim para a mala.— Você já foi torturado, Gabriel?Havia tremores em sua voz quando ele começou a falar.— Eu...eu não...— Essa não foi minha pergunta. Vou perguntar de novo. Você já foi torturado?Gabriel lambeu uma linha fina de suor que se formara em seu lábio superior antes de balançar a cabeça, fraco.— Você já viu
Eu tinha guardado o melhor para o final e, rindo, olhei para Paulo, que estava numa posição patética, meio em pé e tremendo. O covarde tentava se transformar em lobo para não ter que aguentar a dor, mas eu havia proibido qualquer um deles de fazer isso quando a segunda pessoa tentou.Como se pudesse sentir meu olhar sobre ele, o ex-noivo de Maria levantou a cabeça bruscamente.— SEU MONSTRO! — Paulo gritou com uma voz estridente. Eu estremeci ao ouvir o som agudo perfurar meus tímpanos. — A FAMÍLIA ROCHAS VAI SE REBELAR. TODAS AS NOSSAS FAMÍLIAS VÃO SE REBELAR CONTRA VOCÊ. SEU PSICOPATA MALDITO.Ele desmoronou em um choro descontrolado depois disso, gaguejando e pronunciando as palavras erradas.— Tragam-no. — Eu disse suavemente, e com essas palavras a respiração de Paulo ficou descontrolada. Parecia que ele estava hiperventilando, e percebendo isso, os homens de Carlos aliviaram o aperto sobre ele. Eu já sabia o que ele estava planejando antes mesmo de ele escapar de suas mãos, corre
Ponto de Vista de Maria(Duas horas atrás):Acordei lentamente ao som dos monitores apitando, e meu primeiro pensamento depois de abrir os olhos foi que parecia que minha cabeça estava cheia de bolas de algodão devido à quantidade de remédios que estavam sendo bombeados pelo meu corpo. Estava insensível à dor dos meus ferimentos; tinha consciência dos eventos que me levaram a tê-los, mas nada disso parecia importar. Esses pensamentos dissiparam-se quase tão rápido quanto os formei, e continuei a oscilar entre a consciência e o sono até que finalmente acordei com a bexiga cheia. Parecia que eu estava prestes a explodir, e eu sabia que, se tentasse ignorar a vontade e simplesmente voltasse a dormir, da próxima vez que acordasse, seria para uma bagunça que eu mesma teria feito. Então, com isso fortalecendo minha determinação, finalmente abri os olhos. A primeira coisa que me veio à mente, depois dos pensamentos iniciais, foi Márcia, que ainda dormia dentro de mim. Ela parecia frág
A mulher por trás da primeira tentativa de tirar minha vida. Ela piscou ao me reconhecer, e eu observei seus traços encantadores lentamente se transformarem em um sorriso de escárnio. Mesmo assim, era difícil não ser atraída pela majestade de sua beleza quase sobrenatural. Seu cabelo preto como azeviche estava preso em um penteado que destacava sua elegância, e a túnica branca no estilo greco-romano que ela usava moldava cada curva do seu corpo como uma segunda pele. Ela estava deslumbrante, e enquanto eu me perguntava o que ela poderia estar fazendo aqui, lembrei que ela sempre se voluntariava para ajudar os doentes na enfermaria. — Bem, você está absolutamente horrível. — A Alta Sacerdotisa comentou com um sorriso amigável. Segundos se passaram antes que suas palavras registrassem, e mesmo assim era difícil sentir a maldade nelas por causa de seu sorriso brilhante. Os transeuntes teriam pensado que éramos apenas duas amigas brincando, mas eu sabia melhor, e voltei à realidade
Ponto de Vista de MariaUm brilho malicioso surgiu nos olhos da Alta Sacerdotisa assim que percebeu que sua declaração havia captado minha atenção. Fiquei paralisada, com a porta meio fechada entre nós, incapaz de pensar em uma resposta enquanto o sorriso traiçoeiro em seu rosto se alargava.Eventualmente, ela parou de esfregar o pulso que eu havia segurado e deu um passo à frente, como se estivesse tentando entrar. Foi então que voltei à realidade. — Estou machucada agora. — Disse a ela, endireitando os ombros. — A última coisa que preciso é de estresse, como você provavelmente já sabe. Boa noite, Alta Sacerdotisa.— Agora você está toda formal e correta só porque mencionei ele, não é?— Eu não sei do que você está falando.— Claro que não sabe, pobrezinha. — Disse Vitória.Algo no tom dela me impediu de fechar a porta pela segunda vez: uma nota de pena que até agora não estava presente. Isso me deixou desconfortável. Ela continuou. — Você sabe, antes de se tornar nosso Alfa, Samu
— Você realmente tem uma imaginação, querida. — Vitória recuperou-se com naturalidade. — De onde você tirou isso?Mas já era tarde. Mesmo que ela não soubesse, eu sabia. Eu havia sido sugada para baixo por suas palavras, pega de surpresa por seus ataques psicológicos dissimulados. Mas eu estava determinada a não dar a ela a reação que ela veio buscar agora. E duas podiam jogar esse jogo. — De qualquer forma, pensei em te avisar. Já que você está claramente se apegando.— Obrigada, mas não acho que precisarei disso. O que eu e Samuel temos é entre nós e mais ninguém.Os olhos dela se estreitaram em fendas ao ouvir eu usar o primeiro nome dele, e eu forcei o impulso de sorrir. — É mesmo?— Sim, ele é... diferente perto de mim. Carinhoso. Não que isso seja da sua conta, mas obrigada pela preocupação.Era uma meia-verdade mais do que qualquer coisa. Meu tempo com Samuel consistia, na verdade, principalmente em sessões de treinamento exaustivas. Pelos rumores que circulavam pelo bando