Ponto de Vista de MariaEu já tinha visto Samuel ser muitas coisas, divertido, irritado e até protetor, mas enquanto eu ouvia sua risada alta e cheia, percebi que, pelo tempo que eu o conhecesse, ele sempre seria capaz de me surpreender. Diante dos meus olhos, meu Alfa se transformou, tornando-se mais jovem e despreocupado enquanto batia na perna, jogando a cabeça para trás enquanto ria.Uma imagem de como ele teria sido quando criança se sobrepôs à figura de Samuel como ele era agora, e eu imaginei um garoto com uma cabeça cheia de cachos negros e olhos azuis vivos, sempre rápido para rir. Isso acalmou a pequena parte de mim que se sentia ofendida com sua reação enquanto eu permanecia hipnotizada, observando seu rosto friamente bonito se tornar ainda mais deslumbrante. Um milhão de pequenos desejos passaram rapidamente pela minha mente; que a mesa não estivesse ao nosso lado, assim eu poderia me mover, chegar perto de Samuel e tocá-lo.Eu queria ouvir sua risada assim para sempre,
Ponto de Vista de MariaMinha respiração ficou presa assim que Samuel deu a ordem, e suas palavras reverberaram por todo o meu corpo. Eu o encarei em choque, de boca aberta. Ele havia acabado de me mandar ajoelhar, o que era o maior sinal de submissão entre a nossa espécie.Uma simples reverência era o normal, mas mesmo assim eu não teria hesitado se o ato não tivesse um significado ainda mais profundo.Nós éramos os únicos aqui, e levando em conta a intimidade do momento, coisas assim só aconteciam entre parceiros, especificamente, nos momentos que antecedem uma cerimônia de acasalamento.Era para simbolizar uma rendição absoluta, o tipo que significava que você estava dando a outra pessoa permissão para acessar todas as partes de você.Samuel me observava chegar a essa realização, e um brilho perigoso surgiu em seus olhos enquanto um sorriso lentamente florescia em seu rosto.— Você vai fazer isso, Pequena Loba? — Ele perguntou, apoiando os braços na larga superfície da mesa enquan
Eu prendi a respiração no longo momento que se seguiu enquanto ele me encarava com uma expressão neutra, mas então um olhar de resignação tomou conta de seu rosto e eu senti meu coração afundar com a decepção.Ele se levantou em silêncio, e imediatamente senti a ardência quente do fracasso e da vergonha me consumir.Eu havia colocado todas as minhas fichas na mesa, e tudo o que isso resultou foi em rejeição.Eu havia presumido que não poderia me sentir mais patética do que já estava, mas aparentemente eu podia. Acabei de provar isso para mim mesma.Márcia choramingou, tentando atravessar a barreira mental fina que nos separava para me confortar. Era reconfortante, e eu estava no processo de agradecê-la quando Samuel chamou meu nome.— Pequena Loba.Meus olhos se abriram de repente, e olhei para cima para vê-lo estendendo a mão para mim. Instantaneamente, as orelhas de Márcia se levantaram em excitação, e sua cauda começou a balançar lentamente de um lado para o outro.Os olhos de Sam
Ponto de Vista de MariaSamuel era um ditador quando se tratava do meu treinamento pessoal. Ele deixou isso bem claro na primeira hora depois de me aceitar, com todo o fiasco das flexões, mas as coisas só pioraram a partir daquele ponto.Para começar, ele me mantinha em uma rotina rigorosa de sono e exercícios.Todas as manhãs, eu acordava às quatro da manhã e, assim que saía da cama, esperava-se que eu fizesse uma série de duzentas flexões, abdominais e agachamentos. Quando terminava, vestia o uniforme de treino que Samuel havia me dado e saía para uma corrida de dez quilômetros.A conexão mental que ele havia estabelecido entre nós garantia que ele estivesse sempre ciente dos meus movimentos, então desobedecer suas instruções estava fora de questão, porque mais punições pesadas certamente viriam.Na única vez que tentei protestar, Samuel manteve as feições neutras até que eu terminasse de falar e, com um tom completamente indiferente, me informou que eu era livre para cancelar o aco
— Pequena Loba, — Samuel disse de repente. — Você está aí?O som de sua voz ecoando na minha cabeça pela conexão mental me assustou, porque era difícil ignorar a sensação que ela sempre deixava em mim, de que ele estava bem ao meu lado, mesmo quando não estava.— Sim, Alfa. — Eu respondi.Ele não respondeu imediatamente, mas eu quase conseguia ver o aceno de aprovação que ele estava dando na minha mente, e isso me preencheu com uma estranha sensação de satisfação.A voz de Samuel encheu minha cabeça mais uma vez depois de uma pausa, me dizendo para passar em seu escritório mais tarde, quando eu terminasse minhas sessões de treino pela manhã, antes de cair em silêncio.Eu esperei para ver se ele me diria o motivo pelo qual estava me chamando. Quando ficou claro que ele não diria, simplesmente deixei de lado, imaginando que eventualmente descobriria por conta própria.Parti no meu caminho, começando com uma leve corrida que logo evoluiu para uma corrida mais intensa.O ar estava fresco e
Ela praticamente me disse isso, citando o fato de ter ouvido Júlia Rocha (a mesma matriarca idosa do clã Rocha que não hesitou em me condenar à morte) dizer para Amanda tomar cuidado comigo, pois eu era “igual à minha mãe, uma vagabunda”.O fato de ela ter dito isso já me mostrava que ela não era tão imparcial quanto se fazia parecer. Agora que eu não estava mais amaldiçoada, estavam encontrando outra coisa para me rotular.Honestamente, que se dane isso.Se Júlia me chamava de vagabunda enquanto o neto dela tinha um caso com minha irmã, que era minha noivaPensar em como eu quase fiquei permanentemente vinculada a eles me dava arrepios, e eu dei um sorriso genuíno de gratidão por isso não ter acontecido enquanto me dirigia a Paulo.— Não estou muito livre no momento, então talvez possamos conversar mais tarde. Você está bem, e é bom te ver.Sem esperar para ver sua reação, virei nos calcanhares e corri, mas o som inconfundível de folhas se quebrando me alertou de que ele estava me
Eu estava sem palavras, tentando entender a acusação de Paulo. Com o histórico dele, eu deveria estar preparada, mas a audácia ainda me surpreendia. Meu ex sempre foi mimado pela família, iludido o suficiente para se ver como vítima de tudo o que tinha acontecido, quando fui eu quem o pegou beijando minha meia-irmã no meu próprio quarto. E, como se não bastasse, ele contou para toda a Alcateia sobre a minha deficiência.Paulo e sua família achavam um insulto que, mesmo com todo o poder e influência deles, eu continuava viva depois de terminar com ele. O fato de eu estar treinando com Samuel era como jogar sal nas feridas deles, e estavam decididos a fazer a campanha de difamação contra mim funcionar. Mas, no final, de alguma forma, eu era a culpada de tudo.Perdida em meus pensamentos, senti Paulo se aproximar e me beijar de leve. Reagi imediatamente, recuando, enquanto meu estômago se revirava de nojo. A sensação era quase insuportável, algo que eu nunca imaginaria sentir antes.— O
Talvez eu não tivesse sido sincera quando disse que não sentia mais nada por Paulo. Talvez eu estivesse agradecida por ele não poder mais me machucar.Mas, se isso fosse verdade, por que eu me sentia tão inquieta ao deixá-lo para trás?•A sensação de inquietação não durou muito. Na verdade, ela desapareceu assim que coloquei uma boa distância entre mim e Paulo, e, quando passei por aquele lugar pela segunda vez naquela manhã, meu ex já havia desaparecido há muito tempo.A única coisa que indicava que estivemos ali um dia eram as marcas de nossos pés no caminho de terra e as folhas espalhadas.Algumas delas tinham gotas de sangue, e eu tentei não me encolher. Em vez disso, me concentrei em me parabenizar pela maneira eficiente com que lidei com Paulo, e isso pareceu funcionar.Ainda me surpreendia um pouco com minha reação, para ser honesta. Se alguém me dissesse que eu bateria em Paulo alguns meses atrás, eu teria rido na cara dessa pessoa e a chamado de mentirosa. Mas foi exatamente