Ponto de Vista de MariaMais uma vez, fiquei temendo o pior enquanto esperava por uma resposta.Samuel, sentindo minha agitação, deu um aperto reconfortante em meu ombro, o que me ajudou muito a reunir cada pequeno pedaço de força de vontade que eu conseguia para não me repetir novamente. Embora cada segundo que passava sem uma palavra do meu avô enchesse minha cabeça com várias imagens coloridas do que Xavier poderia estar passando em mãos erradas.Considerando o fato de que eu tinha acabado de passar por várias horas de tortura, eu tinha muito material para trabalhar, e conforme o vazio no fundo do meu estômago se espalhava, finalmente encontrei minha voz.— Me diga que ele não está sendo machucado. — Murmurei.As palavras tiveram o efeito pretendido, porque no momento seguinte meu avô se virou para me olhar com uma expressão de descrença.— O quê? — Ele perguntou.Continuei apressadamente:— Me diga que Xavier não está sendo mantido em... em uma masmorra ou algo assim. Me diga que e
Quando não pude mais suportar o silêncio, soltei um pedido de desculpas e observei o olhar vidrado desaparecer dos olhos do meu parceiro enquanto ele me fitava.Ele não disse nada, pelo menos não imediatamente. Mas não havia necessidade.Com um único olhar, ele já havia identificado exatamente pelo que eu estava me desculpando.Não eram necessárias explicações, e depois de algum tempo, senti suas costelas se expandirem quando ele respirou fundo. Então Samuel se afastou um passo, e o peso de suas mãos grandes e perfeitas em meus ombros fez meu estômago se agitar de excitação.Quando ele me puxou contra si, abaixando a cabeça e inspirando profundamente, a sensação só se intensificou.— Você não tem nada pelo que se desculpar, minha Lobinha perfeita. — Declarou com voz rouca, respirando em meu cabelo.Minha pele formigou quando ele se afastou para olhar em meus olhos, deixando suas mãos deslizarem até minha cintura. Eu podia ver em seus olhos que ele ainda não tinha terminado, e isso foi
Ponto de Vista da MariaEra Ella quem estava falando.Percebi isso assim que ouvi sua voz, e dei vários passos para trás, me afastando da porta até esbarrar em Samuel, o que me fez olhar por cima do ombro para ele.Suas mãos deslizaram distraidamente sobre meus ombros enquanto nossos olhares se encontravam, e quando lancei a ele um olhar interrogativo, ele apenas deu de ombros em resposta, confirmando que também tinha ouvido ela.Antes que eu pudesse entender qualquer coisa, ouvi uma segunda voz familiar respondendo.— Ótimo. — Disse Xavier no tom mais sem entusiasmo que eu já tinha ouvido dele.Houve uma pausa em que algo não dito passou entre as duas pessoas do outro lado da porta. Então foi quebrado por Ella novamente, que zombou.— Você é tão iludido. — Murmurou a Trabalhadora Mental com condescendência. — Como se eu quisesse QUALQUER COISA com você.Eu não podia ver Xavier, mas de alguma forma senti que ele estava dando de ombros naquele momento. Suas próximas palavras só provaram
O jovem futuro Alpha da Alcateia da Lua Azul me envolveu em um caloroso abraço de urso, e por um momento fiquei tensa, subitamente muito consciente do fato de que Samuel estava atrás de mim.Era verdade que eles tinham vindo juntos para me encontrar, mas mesmo assim eu tinha presenciado um homem espancar violentamente o outro, então não achei que seria uma boa ideia simplesmente jogar a cautela para o alto.Mas nada aconteceu. Ainda podia sentir o calor que Samuel irradiava nas minhas costas, mas não o senti ficar tenso nem nada parecido, então depois de um longo momento me permiti relaxar no abraço enquanto os braços de Xavier me apertavam protetoramente.— Jesus, Esquentadinha. — Ele murmurou quando finalmente se afastou. — Você nos deu um susto e tanto lá atrás.— Desculpa, desculpa. — Falei, fechando os olhos momentaneamente e desejando que ele sentisse o quanto eu estava sendo sincera.Mas Xavier fez um gesto dismissivo.— Não tem problema. Eu gosto de salvar uma donzela em perigo
Ponto de Vista da Maria— Então, você e Xavier, vocês dois... Ella deixou a frase no ar casualmente, lançando-me um olhar de soslaio enquanto caminhávamos com Samuel e Xavier nos seguindo não muito atrás.Estávamos chegando ao fim do nosso tour, e os dois homens conversavam agora. Ocasionalmente, fragmentos de sua conversa abafada chegavam até mim, e cada vez que isso acontecia, eu sentia meu coração se aquecer novamente. Um estranho jamais adivinharia, vendo-os assim, que em outros tempos eles viviam em pé de guerra. Mas isso não era mais o caso. Eu podia sentir como algo havia se suavizado entre os dois durante o tempo em que me procuravam.Minha prima de olhos verdes completou, vendo que agora tinha minha total atenção:— Vocês transaram, não é?Suas palavras não demoraram para fazer sentido, e assim que o fizeram meus olhos se arregalaram, e eu quase tropecei numa raiz por distração, mas consegui me equilibrar a tempo.O movimento chamou a atenção de Samuel, e me virei a tempo de v
Samuel Martins se aproximou de mim, silenciosamente entrelaçando seus dedos nos meus, e juntos seguimos meu primo, enquanto eu ficava antecipando o que a noite nos reservaria.Para minha surpresa, o banquete foi um evento discreto, sem nenhuma das características que eu costumava esperar de ocasiões como essa.Para começar, não havia crianças. Não era apenas que não havia crianças correndo entre as mesas fazendo travessuras, mas sim que não havia nenhuma criança.Mais tarde, eu descobriria que todas tinham sido mandadas dormir cedo, mas naquele momento era um tanto inquietante ver que a pessoa mais jovem no salão parecia ter cerca de dezesseis anos.Havia também o fato de que, excluindo minha Alcateia e a Alcateia da Lua Azul, as Sombras Carmesim eram (sem dúvida) a menor Alcateia que eu já tinha encontrado ou ouvido falar.Não devia haver mais de trezentos deles, pensei enquanto observava as cabeças reunidas, e ainda assim a aura na sala...Era inacreditável.O ar parecia estático com
Ponto de Vista da MariaEu não a reconheci — a mulher que falava, uma senhora de meia-idade rechonchuda, com bochechas rosadas, que batia palmas enquanto se aproximava de nossa mesa, sorrindo.Ela agia como se não percebesse o silêncio que havia tomado conta do salão inteiro nos momentos após sua entrada, e embora sua estatura física não fosse imponente, arrepios de alerta se espalharam por toda minha pele conforme ela se aproximava.Sua aura era avassaladora, para dizer o mínimo, e eu observava com bastante apreensão enquanto ela diminuía a distância entre nós até finalmente parar em frente a Malcolm.Seus olhos, no entanto, nunca me deixaram.Foi preciso cada grama de autocontrole em mim para me impedir de me mexer inquieta sob a atenção desta última chegada, mas consegui.Na verdade, fiz ainda melhor.Mesmo que cada instinto em mim se retraísse contra a ideia de tirar os olhos do predador que nos cumprimentava, me forcei a fazer isso e estudei os dois homens que a ladeavam — um home
Ponto de Vista de Maria“Shhh!” Uma voz familiar sibilou dentro do meu quarto, e do lado de fora da porta, meus dedos congelaram na maçaneta, sem se mover.— Alguém vai nos ouvir.Parecia a voz da minha meia-irmã Rosa, e um buraco doentio se abriu no fundo do meu estômago assim que ouvi meu noivo Paulo responder a ela.— E se ouvirem?Através da fresta na porta, eu espiei e os vi na minha cama com os pés entrelaçados. Paulo estava sem camisa, e Rosa estava apenas de sutiã.— Nossa Matilha vai enlouquecer. — Minha irmã ronronou, piscando os olhos para ele. Seu tom era provocante enquanto ela deslizava uma unha lentamente pelo peito de Paulo. Eu me sentia enjoada. — O Alfa Samuel odeia confusão – e além disso, Maria não vai ficar nada feliz.— Eu vou te proteger de todos eles. — Paulo disse, inclinando-se para beijar a testa dela. Ele soava confiante, à vontade, e qualquer estranho que o ouvisse pensaria que ele era um dos maiores lutadores que tínhamos. — Achei que tínhamos combinado de