Eu mal podia acreditar que se passou tanto tempo. Não sabia exatamente o por quê de tudo parecer um pouco mais cansativo e chato. Dois meses. Dois meses!
Só podia ser brincadeira. Pareciam anos! Eu também não entendia por que sempre estava com uma sensação de ansiedade no peito, como se estivesse esperando alguém. Para ser sincero, os meus dias tem sido pragmáticos e puramente mecânicos. Vou para o escritório, trabalho, almoço num restaurante chique, onde encontro mulheres interessantes e fodo de vez em quando. Mas até isso se tornou cansativo. Sexo sem lógica e chato. Com Annelise era diferente… tinha… emoção. Eu não sinto nada por essas mulheres, nem ao menos um pouco de prazer. Respirei fundo, cobrindo os olhos com as mãos. Esse costumava ser um caminho fácil de ser seguido; eu era quem eu eraQuando cheguei ao apartamento de Kathryn, fui atendido por Paul, que vestia apenas uma toalha. Ele me tratou como um velho amigo que há muito tempo não via. Franzindo a testa, deixei que me acompanhasse até a sala de estar onde Kathryn estava.Eu vinha fingindo que ela não existia. Eu simplesmente não conseguia acreditar que ela era tão burra a ponto de se entregar a um cara que bateu nela, que a tratava como lixo! A fúria que eu vinha remoendo desde aquele dia, quando meu pai acordou, despertou numa rajada silenciosa, mas que me atingia com força.Paul se afastou, eu vi Kathryn e percebi sua barriga, seu corpo, o jeito como sorria.Merda.— Chase — ela começou. Eu bufei, as mãos enfiadas nos bolsos. — Eu tive que ligar para contar que… — ela olhou para a barriga já um pouco saliente. — Estou grávida.Eu parei
A campainha tocava sem parar, como se eu já não tivesse escutado no primeiro toque. Irritada, atravessei a sala e abri a porta.Para a minha surpresa, vi Chase do outro lado, completamente encharcado. Chovia muito. Devia ser quase onze horas da noite e eu não estava esperando por visitas. Ainda mais ele.Respirei fundo.Eu olhei em seus olhos e via confusão, pura e intensa. Também via que estava destruído, como se algo tivesse o abalado tanto fisicamente quanto emocionante. Eu não parava de encará-lo e Chase simplesmente continuava imóvel, como se esperasse que eu dissesse alguma coisa.Eu não sabia exatamente o que tinha que fazer.Haviam se passado dois meses desde a última vez em que estivemos no mesmo lugar e não foi nada bom, na verdade. Eu não fazia ideia do que ele queria de mim, mas estava cansada demais para questioná-lo so
Havia um sentimento conflitante em meu peito. Eu tinha todos os motivos para odiar Chase, mas vê-lo naquela situação… ele foi atropelado por minha culpa. Ele… me salvou. Chase se machucou para me salvar. Ele… me ama.Eu não conseguia entender por que tudo isso aconteceu. Ele não merecia. Ele… Chase parecia desesperado e, para ser sincera, senti o mesmo quando percebi ele caído no chão.Ele salvou a minha vida.O máximo que conseguiria em agradecimento seria ficar com ele até que melhorasse o bastante, mas acontece que eu não planejava sentir tanto medo. Quando tudo aconteceu, fiquei petrificada, sem reação, e vê-lo sendo levado por uma maca era doloroso demais. Eu pensava que iria perdê-lo… pensava que…Chase foi levado para o hospital mais próximo. Ele foi examinado. Havia desmaiado com a for&cced
Faziam quatro dias. Os médicos disseram que ele poderia acordar a qualquer minuto. Ouvir isso deixou meu coração mais leve, porque significava que eu o teria de novo. E mesmo que não fizesse ideia do que ia acontecer a partir do momento em que acordasse, ao menos ficaria feliz por estar bem.Eu segurava um café, balançando meu corpo para a frente e para trás enquanto a música nos fones de ouvido fluíam por meu corpo num ritmo relaxante. Era uma terapia, visto que eu não parava quieta durante todo esse tempo.Chase estava bem melhor. Isso me deixava muito aliviada.Eu o observava constantemente, esperando algum sinal. Abby ficou a manhã inteira comigo, mas teve que ir embora e Kathryn não podia vir, porque tinha ultra-som. Eu disse que avisaria se algo acontecesse, embora não acreditasse que ele pudesse mesmo despertar de uma hora para outra. A cada reflexo de s
Eu pisquei, a visão embaçada e confusa. Eu não entendia onde estava, ou por que parecia tão fraco. Não conseguia movimentar direito o corpo, mas ver Annelise fez um alívio percorrer meu peito. De súbito, as lembranças vieram de uma só vez numa névoa branda que se tornou tempestade. Estava mais confuso.Annelise saiu, correndo para algum lugar enquanto eu tentava tirar um respirador. Estava cercado por máquinas e cabos.Um momento depois, ela voltou, trazendo uma enfermeira e um médico. A enfermeira tentou me acalmar e Annelise ficou do meu lado, as lágrimas brilhando nos olhos. Eu não conseguia falar nada. Todas as palavras estavam entaladas na garganta e era uma sensação horrorosa. Eu queria mexer a mão, mas o efeito do sedativo para aliviar a dor me inebriou.Era uma tortura.Eu a via, até podia sentir, mas não p
Chase finalmente estava de volta. Eu não podia negar a felicidade crescente em meu peito, mas também o anseio para que ele saísse logo do hospital. Haviam se passado três dias e o médico disse que ele precisava descansar. Se não fosse a cabeça dura de Chase, ele teria se recuperado mais rápido e já poderia receber alta.Ele não parava quieto e tentava frequentemente fazer tudo sozinho. Sua resposta era sempre a mesma: " eu posso fazer isso sozinho, não sou tapado", mas a enfermeira o mandava calar a boca e ficar quieto. Eu adorava o jeito como ele cruzava os braços e fazia biquinho. Era fofo e sexy.O jeito como ele olhava para mim mudou. Ele me via com algo sufocante atrás do olhar; eu podia ver a paixão incendiá-lo por dentro. Toda a sua intensidade me deixava atordoada, visto que passou a se comportar como um birrento a cada vez que saía de perto.&n
Chase finalmente tinha sido liberado e voltou para o apartamento. Depois de muito insistir, eu aceitei seu convite para ir com ele. Chase precisava de alguém por perto para lhe ajudar e mesmo que eu não tivesse certeza de que seria mesmo uma boa ideia, percebi que seria muito bom passar um tempo com ele. Nossa última discussão, de mais de uma semana atrás, ainda estava no meu peito, entalada na garganta. Mesmo depois de um turbilhão de acontecimentos, ainda lembro da sensação de humilhação que me fez passar. Eu nunca poderia perdoá-lo por isso, mas não o odiava por causa disso, eu não poderia. Qualquer sentimento contrário a uma sensação lancinante de paixão me deixava confusa. Mas eu estava confusa… de todo modo.— O que vai fazer? — Perguntou ele. Eu peguei uma frigideira na gaveta do balcão e a ergui no ar, sorrindo de canto.
Minhas mãos ainda tremiam, o choro se dissipou em soluços quando cheguei na casa de Abby. Ela parecia preocupada. Muito preocupada, para ser sincera.— Você está bem? Chase me disse que começou de repente. Eu não entendi… ah, Annelise — ela se aproximou, largando a bolsa no sofá. Abby pegou meu braço e me conduziu para dentro da casa. — Eu…— Nem pense em dizer isso — repreendi. — É a última coisa que quero ouvir agora. — Eu cobri o rosto com as mãos e sentei no sofá. Abby colocou a mão no meu ombro e apertou, consolando-me. Meu peito apertou, como se alguém estivesse o esmagando. — Eu não sei por que fiz aquilo… eu… — ela sentou do meu lado.Abby foi me buscar no apartamento de Chase. Durante todo o trajeto eu não parava de chorar. Quando eu a fitava, percebia