No dia seguinte, quando cheguei na empresa, encontrei Annelise em sua mesa, falando com alguém ao telefone. Eu lhe dei bom dia e fui direto para a minha sala. Eu tive que ter muita força de vontade para não ir até lá durante todo o dia e dizer que sabia de tudo. Pelo jeito, ela nem se importava em fingir ser outra pessoa. Ela nem se importava em mentir para mim. Todos os dias.
Às duas da tarde, a chamei para almoçar num restaurante. Fomos no meu carro e durante todo o trajeto ela não disse nada. Perguntei por que estava tão calada e Annelise disse que não queria me entendiar com seus problemas. Eu insisti, procurando uma abertura, mínima que fosse, para entrar em sua mente. — Minha irmã acha que estou ignorando ela, mas a verdade é que não. — Eu desviei os olhos da rua e olhei para ela. Ela respirou fundo e continuou. — O marido dela, o Mike, est&Tudo parecia um pouco mais leve depois que saí da casa de Chase. Eu sabia que não tinha dito aquilo para mim, mesmo asssim, guardei aquelas palavras no fundo do meu peito. O que "te adoro" deveria significar em babaquês?No dia seguinte, o encontrei carregando algumas caixas, o que me fez pensar que fora demitido. Meu coração praticamente esfarelou, mas Chase logo explicou que, na verdade, estava trocando de sala. Ele iria para uma mais ampla, visto que, agora, teria mais reconhecimento. Desde que o sr. Shaffer morreu, sempre houve uma sala vazia que ninguém nunca ousou entrar, nem mesmo o sr. Sheppard.— Me ajude a carregar as caixas — pediu. Eu fiz que sim, corri para a sua sala e peguei algumas caixas. Voltei e o segui, apressando os passos para lhe acompanhar. — Você deveria arrumar suas coisas também. — Ele disse, abrindo um sorriso malicioso. — O espaço não &
Eu só devia estar louco. Completamente louco.Eu odeio ela, não é? Por que eu disse aquilo?Por que eu estou agindo como um idiota?Passei o dia todo pensando na porra da Annelise. Ela mal me olhava na cara depois daquela tentativa fracassada de beijo. O que teria acontecido se tivesse acontecido? Será que ela percebeu que eu sei… eu tinha que fazer alguma coisa. Tinha que pensar num bom motivo para avaliá-la. Se ela descobriu que sei… vai… vai querer se afastar.Me peguei confuso.Muito confuso.E…Excitado.Muito excitado.Pensar em mim entrando naquela salinha apertada e fodendo Annelise sobre a mesa…Se controla, Chase.Balancei a cabeça.Logo eram nove da noite, e depois de ela ir embora, eu fiquei no carro, pensando num jeito de descobrir se ela havia descober
Eu liguei para Abby para ter certeza de que estava tudo bem. A essa altura eu já não me preocupava mais com Mike, porque ele não conseguiria nos manter separadas para sempre. Minhas visitas furtivas à minha irmã se tornaram mais notáveis. Eu estava brincando com o perigo e adorava a sensação. Abby percebeu que eu me comportava como uma louca frenética, achando que alguém estava nos seguindo a cada passo, mas menti para ela, dizendo que estava fugindo de um cara — o que, em parte, era verdade.Fomos a um restaurante novo do qual ela era amiga do proprietário. Para o meu azar, Abby não tinha me dito que Mike também iria. Eu quase jurei estar morta quando cruzei o salão e dei de cara com o babaca.— Annelise — ele disse, me lançando um olhar desafiador. Ele forçou um sorriso e eu fiz o mesmo. — Ah, deixe-me apresentá-la &md
Eram nove horas. Susan me chamou para o happy hour e eu aceitei. Não tinha nada para fazer e acabaria cometendo um crime. Nos sentamos numa mesa afastada do barulho e do cheiro forte da bebida — aquilo me enjoava — e dos bêbados de plantão. Susan parecia extremamente animada quando mencionei que tinha enfrentado o Mike mais cedo, mas a verdade é que não acho mais que fora uma boa ideia. Mike não gostava de ser afrontado, nenhum homem gosta, o que me fazia pensar no outro assunto… Chase.A operação "Fuja do Perigo" ainda estava de pé. Chase se aproximara de mim nos últimos tempos, tanto que eu tinha receio de que tivesse descoberto. Susan disse que um dos sinais de quando um homem descobre alguma coisa que o deixa incomodado são as constantes mudanças de humor — Chase não parecia estar irritado nem impaciente. Era o contrário, e isso chamou minha aten&c
— Tem certeza de que está bem? — Foi a primeira coisa que perguntei depois de levá-la para casa desesperado. Annelise bebeu tanto, que não aguentou. O cansaço e a fadiga a fizeram desmaiar.Eu a encarei debaixo das cobertas.Ela fez que sim lentamente e eu pousei uma mão perto dela. Annelise olhou para mim, confusa. Para ela, foi só um apagão. Para mim, foi um inferno. Era esse tipo de coisa que fazia você perceber o quanto alguém é importante. Eu me senti destruído, corroído pela preocupação de ter acontecido algo grave.— Você deveria ir para casa. Está tarde… — ela olhou para o outro lado, bocejando desajeitadamente. Eu ri.Talvez uma parte minha quisesse se enfiar debaixo da coberta e abraçá-la com força por ter me feito pensar que algo ruim tinha acontecido, por ter me assust
Eram dez da manhã. O sr. Sheppard reuniu quase todo mundo para a reunião do mês. Eu não estava com cabeça para isso, por isso fingi prestar atenção, o que não deu muito certo. Enquanto ele explicava algo sobre como pensar que a empresa precisava crescer, eu tentava não dormir. Alan me cutucava sempre que podia, destilando seu veneno em forma de palavras. O sr. Sheppard contou que estava pensando em fazer uma fusão com a Global Media, o que daria tempo para todo mundo se preparar. A cara de Alan foi impagável quando descobriu que eu seria sócio do sr. Sheppard.Depois da reunião, Alan entrou na minha sala sem bater, a expressão carregada do que eu achava ser raiva, os olhos cravados nos meus. Ele estava furioso, como eu pensei que ficaria, visto que ele sempre quis estar no meu lugar.Ele se aproximou, eu sorri gentilmente e disse:— Olá
Todo o meu corpo gelou por aquelas simples palavras. Eu devo ter ficado em choque, porque virei rapidamente para Chase e sem reparar, bati minha cabeça na sua.— Porra! — Ele segurou o nariz, fazendo uma expressão de dor. Eu o observei, o desespero crescente explodiu numa rajada intensa em meu peito.— Me desculpa! Eu não queria...— Levantei-me e corri para perto de Chase, que continuava segurando o nariz. Ele gemia de dor, fazendo uma careta. Sua mão estava suja de sangue, o que indicava que eu tinha feito algo muito grave em sua cara. — Desculpa… ai, meu Deus! — Eu chacoalhei as mãos, como se isso fosse ajudar, mas acontece que ele ficou irritado.— Sai da minha frente — berrou.— Está doendo muito? — Perguntei. Chase passou por mim, a carranca pesada falava por si só. Eu o segui, os saltos batendo no chão. — C
Eu devia estar louco.Eu a beijei!Eu a beijei!Eu senti os lábios de Annelise nos meus e Deus… era como se eu pudesse tocar a minha melhor parte. Por um momento, tudo o que acontecera desapareceu, mas depois, quando vi seus olhos, a expressão confusa e o corpo pesando ao meu redor, percebi que tinha feito algo irreparável. O que ela pensou? Ela não sabe que eu sei sobre A., então provavelmente deve estar muito confusa. Até ontem eu não passava do cara que gostava dela — como amiga — e, de uma hora para outra, lhe rouba um beijo e sai correndo da sala.Ela deve achar que sou louco.Me inclinei na direção da pia do banheiro e afoguei as mãos na água corrente da torneira, lavei o rosto e encarei meu reflexo no espelho. O nariz estava sangrando de novo. Ainda doía, como se tivesse levado um soco. Por algum motivo, meus olhos mergu