Narradora ✓ A noite estava carregada de tensão. O relógio na sala de estar marcava 23h37, mas ninguém na mansão Brown conseguia descansar. Ava andava de um lado a outro, inquieta. As tentativas de falar com Philipe haviam sido em vão, e a sensação de que algo terrível estava para acontecer era quase palpável.Ela não estava apenas preocupada — estava aterrorizada. As ameaças que vinha recebendo nas últimas semanas haviam se intensificado. Seus avós reforçaram a segurança da propriedade, contrataram seguranças particulares e cercaram a casa com monitoramento, mas nada parecia suficiente para afastar o perigo iminente. Philipe, teimoso como sempre, recusara qualquer proteção. Ele rejeitava tudo que lembrasse os negócios obscuros do pai, Roman Donovan, e insistia em resolver seus problemas sozinho.O som de passos apressados no corredor fez Adelaide, a avó de Ava, erguer o olhar.— Rodolpho, o que está acontecendo? — perguntou, nervosa.Mas antes que Rodolpho pudesse responder, a porta
Narradora ✓ Nova York, marcada pela violência e pela presença ameaçadora de Roman Donovan, tornou-se um campo de guerra nos dias que se seguiram à morte de Philipe. As ruas eram varridas pela brutalidade de seus homens, que destruíam tudo e todos em busca de respostas. As noites eram silenciosas apenas porque o medo sufocava qualquer som. E, mesmo assim, nenhuma pista surgia. O culpado ainda estava à solta, enquanto o caos consumia a cidade.Ava, por outro lado, transformou seu luto em arma. A dor que parecia insuportável, que esmagava seu peito em um peso interminável, tornou-se combustível. Ela não apenas sobreviveria; ela garantiria que Edward pagasse por cada lágrima que derramou. Não com clemência ou perdão, mas com a justiça implacável que só uma mulher devastada e determinada poderia oferecer.Houve um momento em que Ava tentou se despedir. O desejo de ver o túmulo de Philipe era como uma faca cravada em sua alma, mas sua tentativa foi frustrada por Roman Donovan. O patriarca,
Narradora ✓ Benjamin continuou a se debater, cada movimento mais desesperado que o anterior. Seus gritos enchiam o ar, maldições e xingamentos ecoando pelos corredores sombrios daquele lugar. No entanto, algo nele mudou quando percebeu que Ava não respondia mais. Seus olhos fixaram-se na tela, o corpo perdendo as forças aos poucos, enquanto Donovan mantinha as mãos envolta de sua nuca. — Ava! — gritou, a voz carregada de pânico e desespero. Foi então que ele notou, não haviam mais movimentos Ava havia perdido os sentidos. O silêncio dela era como um golpe direto em seu peito. Ele sentiu um nó formar-se na garganta enquanto o medo começava a consumi-lo. Não podia ser o fim. Não daquele jeito. Impulsionado por uma mistura de fúria e impotência, Benjamin levantou-se com um movimento brusco, rompendo o frágil equilíbrio de sua cadeira, enquanto o baque seco era pode ser ouvido em meio ao silêncio. Mas antes que pudesse dar um passo sequer, sentiu o cano frio de um revólver encost
Narradora ✓ — Me pergunto como um homem tão esperto quanto você, pode se deixar levar pelos jogos dela. — disse Donovan, o veneno presente em suas palavras. — Mas é claro, a garota sempre foi astuta. Diga-me ela contou-lhe que foi ele quem salvou sua vida, e ela o levou para a morte ? Os olhos de Benjamin se arregalaram em espanto, oque diabos ele estava ouvindo, não era possível que as palavras de Donovan fossem verdade, não poderiam ser. ________√_______— Eu não acredito em suas palavras — a voz de Benjamin ecoou em meio ao silêncio após Donovan contar-lhe sua versão da história.Algo que parecia fantasioso demais para ser considerado verdade. Um manicômio? Por qual motivo Ava seria internada em um manicômio? É claro, ela tinha comportamentos que, por vezes, já haviam feito Benjamin duvidar de sua sanidade mental, mas daí a ser internada em um lugar como aquele... era loucura. E toda aquela história de atrair o filho de Donovan para a morte parecia fantasiosa demais para ser con
Ava Brown ✓ Abri os olhos devagar, sentindo algo úmido tocar minha face. A claridade do quarto era desconfortável, me forçando a piscar algumas vezes enquanto tentava me acostumar. Sempre preferi lugares mais escuros. Outra vez, algo úmido deslizou pela minha testa, e aos poucos minha visão ajustou-se à luz. Percorri o olhar pelo ambiente até focá-lo ao lado da cama. Foi então que encontrei os grandes olhos verdes que me observavam com preocupação.Pisquei algumas vezes, confusa, querendo confirmar que não era uma miragem. Não era. Benjamin estava ali, sentado à beira da cama. Nas mãos, ele segurava um tecido macio, que molhava em uma pequena bacia sobre o móvel ao lado, passando-o com suavidade pela minha testa.— Finalmente acordou. — Sua voz era surpreendentemente doce, quase delicada, bem mais serena do que eu esperava ouvir. — Como se sente?— Como se ainda estivesse em um sonho... — respondi, um pouco sem jeito. — Isso é real? Você está mesmo aqui?— Tão real quanto o ar que re
Ava Brown ✓ "O inimigo do meu inimigo é meu amigo."Talvez fosse uma verdade incontestável, talvez não. Mas, no momento, era tudo o que eu tinha. O inimigo do meu inimigo estava ao meu lado, transformado em um aliado improvável. Não era um aliado leal, claro. Para Donovan, eu não passava de uma peça no tabuleiro, um meio para atingir Edward e destruir seu império. Mas que se dane. Se isso significava que aquele desgraçado pagaria por tudo o que fez, eu entregaria minha alma sem hesitar.Meu olhar se fixava no teto adornado acima de mim, onde as sombras dançavam na fraca luz que atravessava as cortinas. Era madrugada, e o sono parecia decidido a me ignorar. Faziam alguns dias desde... bem, desde que tudo mudou. Aceitar um trato com Donovan havia sido, no mínimo, insano. Ir até ele em troca de proteção fora o ápice do meu desespero. Mas, no fim, serviu para alguma coisa. Consegui o que queria: proteção. Embora o preço tenha sido alto. Demais. E nem foi eu quem pagou...Uma semana depoi
Ava Brown ✓ A voz de Athena ecoava em minha mente enquanto eu encarava o vazio do quarto, as palavras ainda reverberando como se fossem ditas naquele exato instante: — Isso mesmo, senhorita Cooper, vamos tirar o senhor Cooper do coma induzido hoje à tarde. Apesar de tudo que aconteceu, o corpo dele respondeu bem aos tratamentos e temos expectativa de que ele acorde assim que os sedativos forem suspensos. Eu estava no quarto, acabara de tomar o café da manhã enquanto discutia com Benjamin sobre o futuro de Kira. Enviar a menina para sua terra natal não era uma opção, não enquanto não sabíamos quem era sua família. Assim que desliguei a chamada, o silêncio tomou conta do ambiente. Benjamin permaneceu parado, seus olhos focados nos meus. Havia algo escondido naquele olhar, algo que eu não conseguia decifrar, mas que trazia uma sensação de que as coisas estavam prestes a mudar. Sem dizer nada, ele se levantou, pegou a bandeja vazia e saiu do quarto. Suspirei fundo, levantando-me da
Ava Brown ✓Observo Bryan repousando na cama, os olhos fechados, a respiração tranquila. Por fora, ele parecia tão em paz, mas por dentro... Eu não conseguia imaginar o caos que se desenrolava. Meus pensamentos, no entanto, estavam longe, distantes demais para que eu me sentisse verdadeiramente presente.O jeito como ele despertou algumas horas após a retirada dos sedativos surpreendeu os médicos. Eles não esperavam uma recuperação tão rápida, e logo se iniciou uma bateria interminável de exames. Passei praticamente a tarde e o início da noite sentada ao lado de fora do quarto, enquanto médicos e enfermeiros entravam e saíam, discutindo possibilidades e analisando resultados.Eu não estive sozinha. Benjamin permaneceu comigo o tempo todo, sentado em silêncio no corredor. Ele não dizia muito, mas o peso em seus olhos era claro. Não era culpa pelo que havia acontecido entre nós mais cedo; era algo mais profundo, algo que vinha corroendo-o desde o acidente de Bryan. Pelas palavras que fo