Capítulo 5

SARAH 

Já se passaram três semanas e meu namorado desapareceu completamente. Não fez contato, não deixou nenhum recado explicativo, e estou perplexa com essa atitude, já que nunca se comportou dessa maneira anteriormente.

Tia Mara mencionou que alguém da família o levou.

Contudo, de que forma.

Ele omitiu o fato de possuir parentes e de informar sua partida.

Por que razão ele agiu dessa maneira em relação a mim?

Partiu dessa forma, enganando e insistindo que eu era sua prioridade, o que revela que seu amor não era verdadeiro.

Não compreendo essa situação e continuo chorando desde aquele dia.

Estou experimentando sensações desconfortáveis e nauseantes, tudo o que ingiro acaba sendo expelido e não tenho ideia do motivo.

Acredito que estou enfrentando algum problema de saúde.

É importante mencionar que estou me sentindo indisposto para às minhas tias, talvez esteja com uma enfermidade transmissível e não desejo que as crianças contraiam.

Que horror, que doença será não posso chegar perto delas, pois tenho um carinho imenso por essas crianças.

Se eu tivesse a oportunidade, faria de tudo para oferecer a elas um lar mais acolhedor, porém, é bastante desafiador ser adotado.

Eu posso afirmar isso com toda convicção!

Ainda aguardo a chegada de uma família disposta a me acolher. Sigo confiante de que um dia partirei daqui ao lado do Nicolas, afinal, prometemos nunca abandonar um ao outro.

Qual é o assunto em questão?

Ele partiu sem minha companhia!

Qual o motivo da sua atitude em relação a mim?

É impossível conter as lágrimas, se pudesse, permaneceria eternamente no meu quarto, tamanho é o peso da dor que sinto.

Não desejo guardar rancor eterno por sua atitude em relação a mim.

Deito na minha cama sentindo-me péssimo quando a tia cruel adentra o quarto.

Meu Pai Celestial, ela tem aversão a mim!

Desconheço os motivos que a levam a nutrir tanto ódio por mim, chegando a utilizar a violência física e palavras ofensivas como "mulata nojenta".

Eu não tenho outro nome para ela a não ser "mulatinha".

— Por que você continua deitada nessa cama de forma tão estranha? Está se sentindo mal? — questiona com um tom de superioridade desagradável.

Oh, que calamidade!

— Peço desculpas, madame, estou me sentindo um pouco enjoada, não consigo comer nada, entende. Estou me sentindo muito mal e nem consigo me levantar. Mas logo vou me recuperar para realizar minhas tarefas, fique tranquila!

— Como é possível, jovem? Mal-estar? Desde quando isso começou e quando você menstruou? Você está ciente das normas da instituição, não está? Se estiver esperando um bebê, precisará sair imediatamente, pois não aceito comportamentos inadequados neste ambiente! É sabido que aqui não é permitido relacionamentos entre meninos e meninas, e aparentemente você desrespeitou essa norma, não é mesmo?!

Como assim grávida? 

Ela só pode estar louca! 

Eu estou grávida? 

Tenho apenas dezesseis anos, é realmente possível que eu esteja grávida?

Oh, céus, isso não pode estar acontecendo comigo, não posso acreditar que estou grávida!

Ainda que não empregasse nenhum recurso para evitar.

E como ia usar? 

Eu nunca tinha feito sexo e a ideia de engravidar nem me passava pela cabeça, apesar de eventualmente ouvir a professora mencionar o assunto, simplesmente não tinha fixado essa informação.

O que devo fazer, qual será o meu destino?

Desconheço qualquer pessoa, não possuo um lar para me abrigar, e nem mesmo possuo qualquer parente próximo.

Por gentileza, que não esteja em estado de gestação. Não posso estar grávida, pois como irei cuidar do meu filho?

Caramba!

Isso definitivamente parece ser um sonho ruim.

Está esperando um bebê?

Qual será minha contribuição para essa criança?

Não possuo absolutamente coisa alguma.

Meu Senhor, que eu não esteja esperando um bebê, não possuo recursos para oferecer a essa criança.

Estou chorando sem saber como agir caso esteja mesmo esperando um bebê. Mesmo que busque por uma saída, não encontro nenhuma solução.

Não possuo nenhum sobrenome para compartilhar com essa criança, pois fui deixada neste local sem identificação. As tias que me acolheram me deram o nome de Sarah, e mesmo sem sobrenome, eu aprecio muito o meu nome.

Quando alcançar a maioridade, pretendo alterar esse aspecto, buscando um sobrenome que possa utilizar em minha documentação.

Será uma tarefa complicada realizar esse feito?

Não estou interessado em pensar sobre isso neste momento.

Apenas tenho familiaridade com esse abrigo, aqui em Campo Grande, tenho pouca familiaridade com outros locais neste bairro. Fico pensando no que farei se não conheço completamente o bairro onde vivi por tantos anos, pois, quando íamos explorar outro local, as cuidadoras nunca nos deixavam sozinhos com medo de nos perder.

Certo dia, eu e Nicholas decidimos fazer algumas fotos juntos, sem que as tias soubessem. Elas tinham essa regra de não deixar meninos e meninas se misturarem, preferiam sempre separá-los.

— Senhora, não estou esperando um bebê, sou virgem. Como posso estar grávida?

Que Deus me perdoe, mas não posso ir para rua de jeito nenhum.

— Descobri outra informação, jovem mentirosa. Você está esperando um bebê e terá que sair imediatamente, entendeu?

"Eu vou buscar o exame de gravidez. Você precisa fazer, afinal, ficou com o rapaz, Nicholas, estou ciente de toda a situação.".

“Eu alertei que o objetivo dele era apenas esse: tirar a sua virgindade e acabar te deixando grávida.”

“A essa altura, o garoto está em ótima situação, distante de Recife e de sua presença.”

“Ele desfrutará de uma existência muito mais próspera distante de sua presença.”

“Foi uma atitude ingênua confiar em um garoto, apesar de eu sempre ter alertado para não confiar neles.”

“Agora saia às ruas carregando um bebê em seu ventre e veremos como você irá lidar com essa responsabilidade!”

"É preferível interromper a gravidez do que permitir que mais uma criança seja abandonada neste mundo, sua jovem mulata inocente!"

Ela se expressa de forma irônica.

Essa mulher está totalmente desequilibrada, pois não estou esperando um bebê e mesmo que estivesse, não abriria mão da minha criança, nem consideraria interromper a gravidez.

Essa desequilibrada deve ser maluca.

Ela nunca teve simpatia por mim.

— Por que ele se encontra distante? Ele estava sem companhia e sem destino. Qual o lugar para onde vocês o enviaram? Diga-me onde ele está que irei procurá-lo, por gentileza, e não estou esperando um bebê.

— Não direi nada, moça, precisa levantar logo e se ocupar com suas tarefas sem derramar lágrimas. Não te criei para ser uma pessoa preguiçosa, então vá logo para a cozinha e não me faça esperar, nem me exponha ao seu choro.

Estou chorando e me levanto ainda mais abalada, pois estou em busca de uma tia que compreende, já que a outra me detesta e às vezes me parece que ela se diverte em ser cruel com as crianças, vai entender.

Direciono-me em direção à cozinha, sentindo todos os olhares sobre mim.

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