Capítulo 4

SARAH

Por que ele está agindo assim?

Não consigo compreender o que está acontecendo. O que passa pela cabeça dele para se comportar dessa maneira comigo agora?

Estou vulnerável, quase sem roupas, com ele sobre mim, meus seios expostos, e suas mãos deslizando pelo meu corpo com uma provocação deliberada. Ele está prestes a me tomar, mas hesita.

A tensão no ar é densa, quase tangível. Sinto o peso de seu desejo, a rigidez de seu corpo contra o meu, mas, por alguma razão, ele se contém.

Estou perdida entre o medo e a incerteza. Será que ele vai me forçar? Mas, apesar da excitação clara, ele evita tocar em minhas partes íntimas. Apenas acaricia, beija meu pescoço, e seus lábios se aproximam perigosamente do meio dos meus seios. Quem nos visse nesse momento, pensaria que estamos em plena relação.

Tudo mudou quando Nicholas entrou. Seus olhos se fixaram em nós, atônitos, observando Felipe entre as minhas pernas, despido. A cena é incrivelmente íntima e não há como justificá-la sem que pareça o que realmente é.

Felipe me mantém imóvel sob meu corpo, suas mãos ainda em mim. Ele beija meu pescoço, descendo até meus lábios, e sussurra ao meu ouvido. O som rouco de sua respiração faz meu corpo tremer.

— Sarah, você é maravilhosa. Eu te amo. Você sente o mesmo, eu sei.

Minha respiração engasga. Sua declaração me atinge como um golpe. Eu nunca disse isso. Nunca quis isso. Mas, naquele momento, ele fala como se a verdade estivesse escrita no meu olhar.

— O que diabos está acontecendo aqui?! — Nicholas explode, sua voz carregada de incredulidade e fúria.

Seus punhos estão cerrados, seu corpo tenso, como se estivesse segurando a vontade de esmurrar algo—ou alguém. Seu olhar salta entre Felipe e eu, sua expressão uma mistura de dor, traição e raiva.

Meu coração se aperta.

— Nicholas… — Minha voz falha, embargada pelo desespero. — Não é o que parece!

Mas como explicar? Como convencê-lo de que não fui cúmplice dessa situação?

Felipe, desavergonhado, se afasta de mim apenas o suficiente para encarar Nicholas de frente. E então ele sorri. Um sorriso lento, cruel, que me faz querer gritar.

— Acho que ficou bem claro, não é? — Felipe diz, com um tom carregado de provocação.

Nicholas avança.

Seus olhos azuis brilham com uma raiva assassina. Seu corpo vibra com uma tensão prestes a explodir. Ele parece prestes a arrancar Felipe de cima de mim e acabar com isso ali mesmo.

— Você passou dos limites! — Nicholas rosna. — Ela é minha!

Felipe ri.

— Sua? Engraçado, porque foi nos meus braços que ela gemeu agora há pouco.

O tapa estala no ar antes que eu possa impedir. Nicholas o atinge com força, fazendo Felipe cambalear.

— Desgraçado!

Minha mente grita para que eu intervenha, para que pare essa loucura antes que termine de forma catastrófica.

Mas é tarde demais.

O caos já começou.

— Ah, Nicholas, você está enganado.

A voz de Felipe carrega um tom de puro deboche. Ele se ajeita, como se a situação fosse apenas um jogo, um espetáculo no qual ele detém todo o controle.

— Sarah e eu estamos juntos há três meses — continua, lançando-me um olhar presunçoso. — Acabamos de fazer amor agora mesmo. Ela gemia o meu nome com tanto prazer... Mas aí você apareceu e estragou tudo.

Um sorriso cruel curva seus lábios enquanto ele cruza os braços, satisfeito com sua própria maldade.

— Ela é uma delícia. E eu ainda quero mais, sabe? Mas agora que você chegou, vou dar um tempo. Quem sabe depois?

Minha respiração falha. O horror dessa situação me atinge com força total. Felipe está distorcendo tudo, torcendo a realidade para me incriminar, e Nicholas... Oh, Deus, Nicholas está acreditando.

Vejo o músculo em sua mandíbula se retesar, os punhos cerrados, os olhos queimando de raiva e mágoa.

— Você não tem ideia do quanto ela desejava algo mais intenso — Felipe continua, sua voz carregada de veneno. — Ela me disse que você era fraco na cama.

Nicholas vacila. Um segundo de hesitação.

— Agora me diz, cara... Como se sente sabendo disso?

Felipe o encara, saboreando a destruição que está causando. Sua língua é afiada como uma lâmina, cortando Nicholas por dentro, fragmentando tudo o que construímos juntos.

— Você não tem o mesmo... atributo que eu, não é? — Ele ri, lançando um olhar sugestivo. — Sabe como é, Sarah gosta de ser preenchida de verdade. Ela me contou que você é... pequeno. Que nunca a fez gozar de verdade.

Minha boca se abre em choque.

— Você é um mentiroso! — minha voz sai cortante, mas Felipe nem pisca.

Nicholas empalidece, desviando o olhar. Sua respiração está irregular, e a dor em seus olhos me destrói.

— Disse também que só fica com você por pena — Felipe prossegue, sem remorso. — Porque, com esse seu corpo magrelo e esses óculos ridículos, nenhuma garota te desejaria.

Sinto o chão desaparecer sob meus pés.

Nicholas leva a mão ao rosto, como se tentasse processar o que acabou de ouvir. Seu peito sobe e desce pesadamente, sua mente bombardeada por dúvidas.

Felipe venceu. Ele conseguiu envenenar o coração do homem que amo.

Mas eu não vou permitir isso.

A raiva sobe dentro de mim como um incêndio fora de controle. Meus olhos queimam de ódio. Antes que eu perceba, estou avançando.

— Seu canalha! — Minha mão atinge o rosto de Felipe com força. — Como você ousa?!

Meu coração está em frangalhos, minha visão turva pelas lágrimas.

— Diga a verdade, seu desgraçado! — grito, atingindo-o novamente. — Eu nunca quis você! Nunca tivemos nada!

Mas ele não se abala. Apenas me encara com aquele sorriso frio e satisfeito, como se meu desespero fosse sua maior recompensa.

Nicholas, por outro lado, está imóvel. As lágrimas brilham em seus olhos, mas ele se recusa a derramá-las.

Felipe se afasta, dando de ombros, como se nada daquilo importasse. Como se tivesse jogado sua bomba e agora estivesse satisfeito em assistir a destruição.

— Bom, já fiz o que queria. Divirtam-se resolvendo isso.

E então ele se vai.

O silêncio que ele deixa para trás é ensurdecedor.

Minhas pernas tremem, e me viro para Nicholas, desesperada.

— Nicholas, por favor, acredite em mim! Ele apareceu do nada e me agarrou! Eu nunca disse nada do que ele falou. Nunca estive com ele. Este é o nosso lugar... o nosso cantinho. Você sabe disso. Não acredite nas mentiras dele.

Mas ele permanece em silêncio.

A dor em seu rosto é devastadora. Ele leva um tempo para me encarar de verdade, e quando finalmente o faz, seu olhar não é o mesmo.

— Você foi desonesta comigo.

As palavras caem sobre mim como um golpe.

— O quê? Não, Nicholas... eu...

— Pessoas já haviam me avisado sobre isso — ele interrompe, sua voz embargada. — Amigos comentaram que vocês estavam juntos há meses, que eu estava sendo feito de idiota. Eu não quis acreditar. Mas agora...

Sua respiração vacila.

— Agora eu vi com meus próprios olhos.

Um nó se forma na minha garganta.

— Nicholas, por favor...

Mas sua expressão endurece.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto, quentes e incessantes.

Nicholas também está chorando. Estamos mergulhados em nossas próprias dores, cada um lutando contra uma tempestade que ameaça nos destruir.

— Nicholas, por favor! — imploro, a voz embargada, o peito apertado. — Eu te amo mais do que tudo. Nunca te trairia, nunca! Por favor, acredita em mim!

Ele suspira pesadamente, passando as mãos pelo rosto na tentativa inútil de apagar as lágrimas.

— Vou para o meu quarto. Depois conversamos, aqui, nesse lugar que sempre foi nosso. Me espera aqui, tudo bem?

Um nó se forma na minha garganta. Ele me dá um beijo no rosto, um gesto terno, mas vazio. Seu olhar parece perdido, um abismo sem esperança.

Vejo Nicholas se afastar, carregando consigo toda a dor e as dúvidas que Felipe plantou. Meu coração se parte em mil pedaços ao perceber que, mesmo sem dizer diretamente, ele não acredita completamente em mim.

E se ele nunca mais voltar?

O pensamento me apavora.

Mas eu espero.

As horas passam, e o silêncio do nosso refúgio secreto se torna ensurdecedor. Cada minuto sem Nicholas é um golpe direto no meu coração.

Então, em vez dele, quem aparece é Raíssa.

Ao vê-la se aproximar, um arrepio percorre minha espinha. Meu corpo inteiro grita que nada de bom pode vir dela.

Ela sorri, aquele sorriso frio e maldoso que sempre me causou arrepios.

— Olá, Sarah. Esperando pela sombra do seu amado? — A provocação escorre de seus lábios como veneno. — Ele não veio, não é?

Cruzo os braços, tentando esconder minha inquietação.

— O que você quer, Raíssa?

Ela ri baixo.

— Vi o quanto ele ficou magoado. O flagrei chorando. — Seus olhos brilham com crueldade. — Que atitude lamentável a sua... Se envolver com todos os rapazes do abrigo!

Meu estômago se revira.

— O que você está dizendo?

— Foi a mim que ele contou tudo. Eu soube antes de todas as garotas daqui. Todo mundo já sabe, Sarah. A pobre moça humilde vai perder o namorado... Que tragédia, não?

Minha cabeça gira.

— Você está mentindo.

— Será?

Ela se inclina levemente para mim, a satisfação estampada no rosto.

— Ah, Sarah... Você sempre foi tão ingênua. Sempre tão certinha, tão "especial". Mas no fim das contas, é só mais uma garota que brinca com o coração dos outros. E sabe o que é pior?

Ela sorri.

— Eu sempre te odiei.

Meu sangue gela.

— Mas... por quê?

— Porque eu simplesmente posso. E porque ver você sofrer me diverte.

Raiva.

Ela sobe pelo meu corpo como uma onda furiosa. Eu tremo, cada músculo do meu corpo implora por uma reação. Antes que eu possa me conter, dou um passo à frente e levanto a mão para acertá-la.

Raíssa é rápida.

Ela se esquiva do tapa, seu sorriso se ampliando em provocação.

— Você vai se arrepender de ter me tocado — ameaça, os olhos afiados como lâminas. — Isso não vai ficar assim.

Então, ela se vai.

Fico ali, sozinha. O peito arfante, o coração acelerado, a mente uma tempestade de pensamentos e emoções.

Eu deveria ter feito algo diferente? Deveria ter me controlado?

Nada mais faz sentido.

Não posso ir até o quarto dos rapazes—é contra as regras. Mas não posso simplesmente ficar parada.

A noite se arrasta como uma sombra cruel, e o medo se instala no meu peito.

Nicholas.

Ele ainda não voltou.

Assim que o sol começa a surgir no horizonte, corro pelos corredores do abrigo, procurando por ele. Cada passo aumenta minha angústia.

— Nicholas!

Nada.

Meu coração dispara quando chego ao dormitório masculino. Seus pertences estão ali, intocados. Mas ele... não.

— Meu Deus... Onde você está, Nicholas?

Um frio cortante me percorre.

A lembrança de suas lágrimas, de seu olhar partido, das palavras cruéis de Felipe me atingem como um soco. E se ele...

Não.

Me recuso a pensar nisso.

Mas a angústia me domina. Quantas vezes vejo nos noticiários histórias de pessoas que tomaram decisões extremas após se sentirem traídas, humilhadas, sem saída?

— Meu amor, por favor, não faça isso! Volte para mim! — Minha voz sai como um sussurro, carregado de desespero.

Eu só quero vê-lo.

Preciso ver seu sorriso, sentir seu abraço, ouvir sua voz me dizendo que tudo ficará bem.

Ele sempre adorou se esconder, sempre gostou de me provocar ao sumir por um tempo, apenas para me ver desesperada. Quando crianças, ele ria de mim depois de horas de busca, dizendo: "Está procurando por alguém?"

Mas agora...

Agora ele não aparece.

Agora, não há um sorriso esperando por mim.

Agora, o medo de que ele nunca mais volte me corrói por dentro.

— Nicholas...

Minhas mãos tremem. Minha visão se embaralha pelas lágrimas.

Por favor, me diga que estou errada.

Por favor, volte para mim.

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