SARAHSe ele quer guerra, é guerra que ele vai ter.Desligo o chuveiro, frustrada, sentindo o frio gelado se arrastar pela minha pele. Meu quarto pode ser aconchegante, mas um chuveiro que parece um cubo de gelo definitivamente não faz parte do pacote. Então, por que não aproveitar as circunstâncias?Visto o roupão mais macio e envolvente que encontro, minha pele ainda úmida contrastando com o tecido quente. E nada por baixo. Sim, isso mesmo. Se ele acha que pode brincar comigo, está na hora de mostrar que também sei jogar.Bato na porta do quarto dele, já sabendo que quem virá me atender será minha pequena traidora – minha filha. E não erro.— Mamãe! — Ela sorri ao me ver, os olhos brilhando de animação.Mas, antes que eu possa responder, ele surge logo atrás. Alto, forte, e, para minha satisfação, sua expressão vacila no exato momento em que seus olhos percorrem meu corpo, demorando-se na abertura generosa do roupão.Perfeito.— Por que você está aqui assim, Sarah? — A voz dele soa
SARAHAo entrar no cômodo, enquanto me virava para fechar a porta, ele surgiu repentinamente.Mas o quê?Como ele conseguiu chegar aqui tão rápidoDroga, ele está furioso!Reconheço os sinais — ele parece prestes a cometer um assassinato.Seu semblante sério não me intimida, e seu mau humor não afeta minha tranquilidade.Antes, ele só expressava indignação, sem agir. Mas agora, sinto que ele é capaz de me machucar.Vejo tanta raiva nos seus olhos, mas sabe de uma coisa? Não estou nem um pouco me importando com a fúria desse idiota. Será que ele realmente achou que eu iria tomar banho gelado? A Espanha está em um clima muito frio nesta época do ano, eu sei que faz frio, e o 'bonito' ainda desligou a água de propósito.— Será que dá para sair do meu quarto, por favor? Preciso trocar de roupa agora. Estou com frio e quero descansar. A viagem foi longa e estou exausta.A verdade é que não estou cansada... estou faminta. Não por comida, mas por ele, esse homem delicioso que ainda está de p
SARAHA fome me obriga a sair do quarto. Meu estômago protesta e não há nada que me impeça de atender ao seu chamado. Caminho até a cozinha, e assim que atravesso a porta, minha irritação se dissolve por um instante.O ambiente é espetacular.Por todos os céus, que cozinha incrível! A única coisa nessa casa que realmente me agrada. Com um suspiro, abro a geladeira e, por um momento, esqueço completamente a existência do homem desagradável que ocupa o outro quarto. Ele pode estar se divertindo com quem quiser — isso não me diz respeito. Esta noite, a única coisa que me importa é desfrutar deste espaço maravilhoso e de uma boa refeição.Percorro as prateleiras, encontrando ingredientes frescos. Cenouras, abobrinhas, berinjelas… Pelo menos ele tem bom gosto para comida. Um babaca, sim, mas um babaca saudável.Decido preparar algo rápido, mas delicioso. Corto a berinjela em rodelas e grelho levemente, acrescentando um molho feito de tomates frescos e temperos aromáticos. Nada de conservan
NICHOLASAo chegar em casa, solto um suspiro longo, sentindo o peso do cansaço em meus ombros. Finalmente, um momento de descanso.Levei Sarah até o quarto que preparei para ela, estrategicamente localizado próximo ao meu e ao de Lunna. Mantê-la por perto é essencial. Quero ter controle sobre cada movimento dela, e as câmeras espalhadas por toda a casa, exceto nos quartos, me garantem isso.Por um instante, cogito instalar uma no quarto dela também. Assim, teria certeza absoluta de que Sarah não aprontaria nada escondido. Ela pode achar que tem liberdade para fazer o que quiser, mas está enganada. Aqui, cada passo dela é monitorado.Como conheço suas manias e fraquezas, fiz questão de desativar a resistência do chuveiro do seu banheiro. Sarah odeia água fria. É cruel da minha parte? Talvez. Mas confesso que estou curioso para ver sua reação ao se deparar com um banho gelado. Só por hoje. Não quero que ela fique doente, apenas lembrá-la de que as coisas mudaram.Mas, acima de tudo, min
NICHOLASMas garanti a mim mesmo que ela não faria isso novamente, ou eu não me responsabilizaria pelas minhas ações. Contudo, por mais que estivesse furioso, sabia que jamais levantaria a mão contra ela. Eu poderia fazê-la sofrer de outras maneiras, poderia provocá-la até que desejasse fugir de mim, mas nunca seria capaz de machucá-la fisicamente.Ainda assim, ela me olhou com desprezo. Seu olhar carregava uma fúria contida, uma dor que ela se recusava a deixar transparecer completamente.— O dinheiro te transformou em alguém arrogante — sua voz saiu fria, cortante. — Um homem sem sentimentos, sem alma.Suas palavras atingiram um ponto que eu não queria admitir. Mesmo que estivesse furiosa ou assustada, ouvir aquilo de sua boca foi como um soco no estômago. No entanto, não deixei transparecer. Vesti minha máscara de indiferença, como sempre fazia, e apenas sorri de canto.— É mesmo? — desafiei, mantendo o tom calmo, quase debochado.Quando mencionei outra mulher, vi sua expressão se
NICHOLAS— Estou indo para o trabalho. Por favor, fique em casa e não saia. Aqui é um lugar desconhecido para você, e não quero que se arrisque. Espero que siga minhas instruções, porque não tolero desobediência.Sarah me encara, os olhos brilhando com um toque de desafio. Ela inclina a cabeça de lado, como se ponderasse suas palavras antes de falar.— Você poderia me passar o contato da sua irmã? Talvez ela possa me mostrar alguns lugares interessantes.A audácia dela me surpreende. Ela realmente espera que eu permita isso? Que minha irmã a leve para passear depois de ter dito, na minha cara, que procuraria um homem para si? De jeito nenhum. Mesmo sob coação, jamais darei o número de Emma.— Hoje minha irmã está ocupada com trabalho e outros compromissos. Agora, preciso sair, então por favor, fique em casa. É importante seguir minha orientação e não arrumar confusão, Sarah. — Meu tom é firme, e saio sem esperar resposta.No carro, cumprimento o motorista e me recosto contra o banco d
NICHOLASWilliam, meu representante legal, cuida das questões administrativas com precisão e eficiência. Mas quando se trata de números, finanças e gestão, ninguém supera David. Ele é brilhante, muito mais do que eu nessa área. Seu talento é inegável, e a paixão que ele demonstra por cada detalhe faz com que tudo pareça simples. Ele está prestes a abrir sua própria agência de publicidade, e é evidente que será um sucesso. Com a fortuna que acumulou ao longo dos anos, ele não precisa mais trabalhar, mas isso nunca o impediu de buscar mais. Desde o nosso primeiro encontro, percebi que sua riqueza não era apenas fruto da sorte, mas do império construído por seus avós e da inteligência afiada que herdou.Na empresa da família, David é apenas uma sombra. Ele surge para assinar documentos e marcar presença em reuniões estratégicas, mas evita qualquer envolvimento emocional. Seu pai e seu irmão comportam-se como se fossem os verdadeiros donos do negócio, movidos pela arrogância e pela ilusão
SARAHA ira me define.Nicholas saiu para trabalhar, mas, antes de ir, achou que poderia me dar ordens. Como se eu fosse uma criança. Como se tivesse alguma autoridade sobre mim.Sério? Isso já passou dos limites.Será que ele realmente acredita que vou segui-las? Se sim, então ele tem um problema maior do que imagina.Tomei meu café da manhã com uma fúria silenciosa, cada gole parecendo alimentar ainda mais minha impaciência. Assim que terminei, subi para o quarto. Minha rotina de cuidados já estava feita, e eu tinha um objetivo claro: sair e procurar um emprego.Eu precisava me adaptar ao novo ambiente, criar minha independência. Pelo menos, o idioma não seria um problema.Antes de sair, olhei para Lunna. Ela ainda dormia, seu rosto sereno contrastando com a tempestade que se agitava dentro de mim. Me aproximei de Isabel, grata por sua presença reconfortante.— Senhora Isabel, poderia me fazer um favor? Poderia cuidar de Lunna enquanto eu saio um pouco? Preciso resolver algumas cois