SARAHA ira me define.Nicholas saiu para trabalhar, mas, antes de ir, achou que poderia me dar ordens. Como se eu fosse uma criança. Como se tivesse alguma autoridade sobre mim.Sério? Isso já passou dos limites.Será que ele realmente acredita que vou segui-las? Se sim, então ele tem um problema maior do que imagina.Tomei meu café da manhã com uma fúria silenciosa, cada gole parecendo alimentar ainda mais minha impaciência. Assim que terminei, subi para o quarto. Minha rotina de cuidados já estava feita, e eu tinha um objetivo claro: sair e procurar um emprego.Eu precisava me adaptar ao novo ambiente, criar minha independência. Pelo menos, o idioma não seria um problema.Antes de sair, olhei para Lunna. Ela ainda dormia, seu rosto sereno contrastando com a tempestade que se agitava dentro de mim. Me aproximei de Isabel, grata por sua presença reconfortante.— Senhora Isabel, poderia me fazer um favor? Poderia cuidar de Lunna enquanto eu saio um pouco? Preciso resolver algumas cois
SARAHDepois de vestir algo confortável para me proteger do frio intenso, fui até a cozinha, buscando algo para comer.Encontrei um medalhão pronto e outro que ainda precisava ser preparado. Talvez a cozinheira já tivesse percebido que eu gostava de cozinhar, mas naquele momento, só queria algo rápido.Aquecei a comida no micro-ondas. Não era o ideal, mas serviria.E, como se tivesse um radar, ele apareceu.Nicholas entrou na cozinha e começou a falar sobre finanças, como se nada tivesse acontecido. Como se o fato de eu estar furiosa e exausta não importasse.Ignorei completamente.Me levantei e me afastei, deixando-o falando sozinho, algo que eu sabia que ele odiava.Sempre odiou.E talvez, só talvez, isso fosse um pequeno prazer para mim.Então, a voz doce de Lunna cortou o ar, chamando minha atenção.— E aí, mamãe, qual filme vamos assistir? Estou em dúvida entre Cinderela e outro. Que tal vermos Pequenos Grandes Heróis? Acho que o papai vai gostar. Você já viu comigo e curtiu, ent
SARAHEle nunca demonstrou interesse pelo orfanato, mas, para mim, aquele lugar sempre teve um valor imenso. Foi lá que encontrei abrigo quando não tinha para onde ir. Fiz amigos que se tornaram irmãos, aprendi a ser forte e, mesmo em meio às dificuldades, criei memórias que marcaram minha vida.Os momentos de fome, os castigos injustos, as noites frias sem esperança… tudo isso ficou gravado em mim. Mas também foi ali que experimentei a felicidade simples de correr descalça pelo pátio, de compartilhar um pedaço de pão como se fosse um banquete e de descobrir o primeiro amor.Hoje, o abrigo está em melhores condições. Fiz questão de providenciar a pintura e a manutenção de algumas áreas, mesmo que isso me exigisse sacrifícios financeiros. Eu não poderia deixar o lugar que me deu tudo cair em ruínas.— Então, você ainda visita o orfanato onde crescemos? — A pergunta dele veio carregada de algo que não consegui identificar. Arrependimento? Curiosidade?Desviei o olhar, sentindo um nó ape
EMMASinceramente, eu nunca entendi como algumas pessoas conseguem sentir prazer em destruir a felicidade dos outros. Que tipo de satisfação isso traz? Que necessidade doentia é essa de interferir no amor alheio?Meu irmão, Nicholas, sempre foi discreto sobre seus sentimentos, mas hoje, ao mencioná-la, a mulher que ele amou e que, no fundo, ainda ama vi sua dor transbordar. Ele fala de Sarah com uma intensidade que me faz questionar: como alguém pôde se meter entre os dois de forma tão cruel? Como ele permitiu que isso acontecesse?Chamam-no de possessivo, mas isso não poderia estar mais longe da verdade. Nicholas é um homem calmo, distante de qualquer traço de agressividade. Ele nunca foi do tipo controlador, que sufoca e vigia cada passo da pessoa amada. Se fosse, teria investigado a fundo tudo sobre Sarah. Teria questionado cada rumor, cada voz que sussurrava contra ela. Mas, ao invés disso, ele escolheu o caminho da desistência. Covarde, preferiu abandonar tudo a lutar pelo qu
EMMAO relógio mal marcava cinco da manhã, mas a ansiedade me fez pular da cama direto para o chuveiro. Estava prestes a pisar em Recife. Já tinha ouvido falar tanto do Brasil que, por mais que Nicholas tentasse me controlar, eu iria explorar o país.Assim que terminei de me arrumar, enviei uma mensagem para meu motorista."Me busque na hora combinada. Não quero atrasos."Fechei a porta de casa com um sorriso discreto nos lábios. Estava na hora de embarcar nessa nova jornada.E algo dentro de mim dizia que essa viagem mudaria tudo.Ao chegar ao aeroporto, lá estavam eles, esperando pelo check-in.E que visão.Não, não estou falando do meu irmão. Estou falando de David.O infeliz estava absurdamente atraente, como sempre. A calça jeans justa delineava cada músculo das pernas, e a camisa de botões realçava os braços fortes e o peito largo. Que delícia!Emma, controla-te.Respirei fundo e foquei em Nicholas, ignorando deliberadamente a presença de David. Sabia que o irritava, o que torna
EMMAEu já estava entregue. No apertado banheiro do avião, não havia escapatória. Em vez de fugir, me rendi. O desejo fervia dentro de mim, e logo gemidos roucos escaparam dos meus lábios.David deslizou as mãos firmes pelo meu corpo, abaixou minha roupa íntima e, com um movimento ágil, desabotoou a própria calça. Seu membro rígido roçou contra minha pele quente, despertando um arrepio intenso.— Desculpe, linda... — ele sussurrou com a voz rouca, os olhos brilhando de desejo. — Eu adoraria ter tempo para explorar cada pedacinho seu, mas não consigo esperar. Minha vontade de te sentir é maior.Antes que eu pudesse responder, ele me ergueu, me pressionando contra a parede do cubículo minúsculo, e me preencheu de uma só vez.Um suspiro entrecortado escapou dos meus lábios enquanto ele se movia dentro de mim com precisão e intensidade, os beijos urgentes abafando meus gemidos. Cada investida me levava ao limite, e ele sabia disso.— Você é incrível, Emma... Minha perdição — David murmuro
SARAH— Uau, mãe, que aroma maravilhoso! Eu conheço esse cheiro. Você realmente fez a minha lasanha de abobrinha favorita? Pai, você vai amar essa lasanha. Agora, parece que tudo gira em torno do pai, como se a mãe tivesse desaparecido.Claro, talvez eu esteja exagerando um pouco. A mesa já estava posta, e todos nos sentamos para o jantar enquanto Lunna falava animadamente sobre um passeio que o pai vai fazer com ela. Eu, por outro lado, não fazia ideia de qual lugar ela estava falando, porque ninguém me contou nada sobre isso.Que absurdo ele marcar algo com a nossa filha sem sequer me consultar. Tenho rezado para manter a calma. Ele conversa com Lunna como se eu não estivesse ali, me ignorando por completo. E, mesmo assim, minha filha sempre se volta para mim, querendo saber o que penso sobre o que o pai diz.Ah, só não o insulto na frente da Lunna. Se estivéssemos sozinhos, ele já teria ouvido umas boas verdades.Atrevido e irresistível! Sempre foi assim, desde a adolescência, e is
SARAHAlguns dias atrás, seus amigos estavam aqui, mas eu não sabia. Saí do quarto de camisola para pegar um copo d’água na cozinha, sem perceber que havia visitantes. Ele quase me matou de raiva quando me viu.— Eu não quero nunca mais te ver andando pela casa assim — ele rosnou, os olhos faiscando. — Parece uma qualquer.Se ele tivesse me avisado que tinha companhia, eu não teria ido até a cozinha vestida daquela forma. Mas ele gosta de me pegar desprevenida, de me fazer sentir pequena diante de suas regras.O que me intriga é que até seus amigos parecem ter medo dele. Mesmo os mais altos e fortes o obedecem sem hesitação.Que tipo de poder Nicholas exerce sobre as pessoas?E, pior…Que tipo de poder ele ainda tem sobre mim?Foi uma situação no mínimo peculiar.Ele me viu, disse algumas palavras secas e, antes que eu pudesse reagir, me puxou com força. Seu toque não era gentil, tampouco cuidadoso. Era possessivo, como se eu fosse um objeto que ele pudesse simplesmente arrastar para