SARAHEstou dentro do meu quarto, fervendo de raiva. Esse imbecil, quem ele pensa que é?O pior de tudo foi ouvi-lo chamando minha filha de "princesa". Como se tivesse algum direito! Esse idiota ressurge do nada, tentando impor sua vontade sobre mim, e espera que eu simplesmente aceite isso?Inaceitável!Minha cabeça está uma confusão. Como ele descobriu sobre minha filha? Ele sabia esse tempo todo? Ou foi apenas uma coincidência? Eu nem tinha certeza se ele ainda estava vivo até pouco tempo atrás. E agora ele aparece para virar minha vida de cabeça para baixo... e mexer com meu coração.Mas não posso me deixar levar. Nicholas me abandonou. Ele sumiu sem olhar para trás, me deixando sozinha com o peso de um futuro incerto. Ele nunca procurou saber como eu estava. Nunca mandou uma mensagem, uma carta, nada. E agora, depois de anos, surge como se nada tivesse acontecido, como se pudesse reivindicar o que perdeu?Ver Nicholas depois de tantos anos me causou um impacto que eu não esper
SARAH— Você sempre foi um covarde. Fugiu em vez de encarar a verdade. Sumiu sem deixar rastros, sem dizer uma palavra. O mínimo que você me deve é uma explicação. Por quê? O que te fez me abandonar daquele jeito? — Minha voz carrega anos de ressentimento, de dor acumulada.— Você fez uma aposta para estar comigo! Isso é inaceitável! — Ele explode, sua voz grave reverberando pela sala. Seus olhos brilham de raiva, e sua postura rígida exala indignação. — Sinceramente, nunca imaginei que você teria coragem de apostar algo tão íntimo, tão precioso quanto a sua pureza. Como alguém pode ser tão baixo?Minha respiração vacila. Meus olhos se arregalam. Ele realmente acreditou nisso?— Você realmente achou que era verdade? — Minha voz sai carregada de incredulidade. Uma risada amarga escapa de seus lábios, fria e cruel.— Você é uma decepção. — Suas palavras cortam como navalha. — Eu achava que conhecia você, mas fui um idiota. Como pôde me enganar dessa forma?Meu peito aperta. O ódio trans
SARAHÉramos bons amigos. Sempre o amei. Agora, ele está aqui, na minha casa, despejando acusações cruéis como se eu fosse uma estranha. Ridículo. É isso que ele é.O ódio que sinto por esse homem é quase sufocante. É absurdo estar tão emocionada, mas é impossível conter. Não posso gritar, não posso chorar. Minha filha está no cômodo ao lado, e se eu demonstrar qualquer emoção, ela virá perguntar o que aconteceu. Ela odeia me ver alterada, especialmente se há lágrimas envolvidas. Estou presa, incapaz de mostrar minha frustração com o pai dela.Como isso está acontecendo? Nicholas, o homem que eu amei por tanto tempo, está diante de mim, me julgando, acreditando em mentiras tão ridículas. Minha filha, que nunca o viu antes, já parece encantada por ele. E, para piorar, ele está bonito demais. É cruel da parte dele vir até aqui, com aquela aparência impecável, os olhos azuis que sempre me desarmaram, apenas para me torturar ainda mais.— Eu não estou louco, Sarah! — ele vocifera, cerrand
SARAH E se, ao invés de partir, Nicholas tivesse tirado a própria vida? Será que ela pensou nisso antes de espalhar seu veneno? Será que Felipe pensou nisso antes de jogar mentiras ao vento? Será que alguém, por um segundo que fosse, parou para considerar as consequências?Ou será que simplesmente nunca se importaram?Um grupo de crianças pode ter inventado essa história, mas o envolvimento de uma das tias tornou a situação séria. As consequências foram devastadoras, deixando marcas irreparáveis e destruindo uma família inteira.Mesmo sem saber onde ela está, tenho certeza de que tia Bernadete ainda respira. Pessoas como ela sempre encontram uma maneira de sobreviver. Mas as boas pessoas? Essas partiram há muito tempo. Principalmente minha tia, a única que sempre me tratou com carinho e respeito.Fiquei devastada ao receber a notícia de seu falecimento. E Felipe? Ele simplesmente desapareceu, como se tivesse sido engolido pela Terra. Qual será o caminho para descobrir a verdade ago
SARAHPor que ele está me punindo dessa forma? Depois de tantos anos em silêncio, surge agora, ameaçando me separar da minha filha? Minha Lunna, a razão da minha existência, o maior tesouro que a vida me deu. Como ele pode ser tão cruel ao ponto de querer tirá-la de mim?Dez anos. Dez anos de ausência. Dez anos em que fui tudo para minha filha. E agora, como se tivesse algum direito sobre isso, ele surge exigindo algo que nunca fez questão de ter: a paternidade.É inacreditável. Revoltante.Eu queria que ele desaparecesse, que nunca tivesse voltado. Mas sei que não será tão simples. Ele não vai desistir. Vai lutar por isso, como se minha dedicação não tivesse sido suficiente. Como se o amor que derramei sobre minha filha durante todo esse tempo pudesse ser simplesmente substituído por uma aparição tardia.E o pior de tudo? Minha filha está encantada.Ela entra na sala, os olhos brilhando de expectativa.— Mamãe, é verdade que vamos morar com o papai?Meu peito se aperta. A cada palavr
SARAHVou ligar para as minhas amigas. Se tenho que partir, quero passar esse tempo com elas, que foram como irmãs para mim. Assim que conto o que está acontecendo, peço que venham o mais rápido possível. Elas dizem que logo estarão aqui. Agora preciso conversar com minha filha e começar a arrumar as malas. Não vou deixá-la para trás.Aqui está a frase corrigida:As minhas amigas chegaram e começo a contar a elas tudo que aconteceu, o que ele falou e tudo que falaram para ele no orfanato.— Diga que não vai seguir por esse caminho, Sarah! — a voz de Michelle sai aflita, quase uma súplica. — Você não deve fazer isso, amiga. Deixe que ele recorra à justiça; ele não conseguirá a guarda da Lunna.— Durante dez anos, você cuidou, educou e sustentou sua filha, enquanto ele simplesmente desapareceu. Ele a abandonou. Você não vai perder a custódia dela. Não cometa o erro de seguir as ordens desse homem insensato! — Fernanda reforça, indignada.— Ele deve estar louco! — Michelle explode. — De
NICHOLASAo sair da casa de Sarah, uma enxurrada de pensamentos invade minha mente. O desejo de fazê-la sentir a mesma dor que me consumiu por dez anos me corrói por dentro. Mas logo percebo a verdade amarga: por mais que eu queira, não há como feri-la do jeito que fui ferido.Ela é a responsável pelo meu sofrimento. Cada escolha, cada mentira e cada omissão a trouxeram a esse momento. E eu pretendo cobrar cada lágrima que derramei, cada noite de tormento em que me perguntei por que não fui suficiente. Minha razão grita que seguir adiante seria mais fácil, mas o rancor fala mais alto. Estou disposto a ver Sarah pagar pelo que fez.Eu poderia simplesmente esquecê-la, mas como ignorar a traição que me destruiu? A imagem de Felipe, despido, tocando-a com intimidade, está cravada em minha mente. O gosto amargo da decepção ainda queima em minha garganta. Se ao menos eu pudesse apagar aquele dia... talvez minha história tivesse sido diferente. Talvez, Sarah e eu tivéssemos criado nossa filh
NICHOLAS Ela vai pagar por isso, de uma forma ou de outra.Talvez eu não consiga separá-la de nossa filha, mas preciso encontrar outro modo de acertar as contas. Algo que a faça entender o que causou em mim. Não quero uma vingança cruel, mas ela precisa, ao menos, sentir um vislumbre da dor que me fez suportar. Quero que saiba que também sou vulnerável, que tenho sentimentos, ao contrário de meu pai, que agora tenta se redimir justificando suas atitudes passadas como sendo “para o meu bem.”Hipócrita.Ferir alguém com a desculpa de protegê-lo nunca foi um consolo para mim. Na verdade, só torna a dor ainda mais cruel, como se me lembrasse a cada instante do que fui forçado a suportar.Meu pai costumava me punir de formas brutais, me privando de comida, me trancando no escuro por horas, apenas porque não dei a resposta correta para uma questão da escola. Foram tempos de lágrimas, sofrimento e fome. Mas, hoje, a única pessoa capaz de arrancar lágrimas de mim é minha filha. Só por ela ai