Capítulo I

Luna Ryha

Como sempre, acordo 10hrs30m e vou para o banheiro fazer minha higiene matinal. Saio e me deparo que o dia está alegre e lindo, mas no meu coração sinto um vazio enorme como nunca senti. Será angustia? Preocupação? Eu sinceramente não sei... ultimamente eu estou assim, distante, angustiada.

Faço algo pra comer e vou me arrumar para trabalhar, trabalho em uma lanchonete aqui perto então fica fácil pra mim.

Quando termino, pego minhas chaves e minha bolsa. Eu trabalho pra dona Benetida, ela é uma amor de pessoa, sempre me ajuda.

Lembro de como vim parar aqui, estava procurando emprego e me sentei em um banco na praça preocupada, ela apareceu do nada e me contratou quando soube que estava desempregada. No começo eu achei esquisito, mas depois eu não liguei, estava sem um centavo em meu bolso.

-Bom dia dona Benetida. - Ela abre o sorriso enorme de todos os dias e vem me abraçar.

- O minha filha, como está?. - Diz e vai me puxando até a cozinha. Na mesa tem um monte de coisas gostosas.... Todo dia é assim, eu chego e ela me faz comer antes de trabalhar.

- Dona Benetida não se preocupe comigo, eu já comi la em casa e tem muitos clientes esperando la fora.

- Não não senhorita. Vai comer sim! Não quero você fraca na hora do trabalho. - Acabo cedendo e faço sim com cabeça.

Não tinha como resistir aquela comida deliciosa da dona Benetida.

Depois que termino, pego meu avental e vou direito atender os clientes.

Bem, o dia vai ser longo....

***

Meu expediente acabou então eu resolvo sair passear pela cidade, faz um mês que me mudei e nem parei pra reparar nada.

O dia está acabando e logo irá anoitecer. Assim como o dia, a noite está linda, uma lua cheia se esbanja cândida no céu, junto com as estrelas. Fico parada no meio do caminho olhando a mesma. Um vento forte passa fazendo meu cabelo bagunçar com facilidade.

Droga.

Falo pra mim mesma tentando arruma o desastre do meu cabelo. Quando começo a andar, escuto uma voz de uma mulher gritando. Eu poderia ter deixado pra la, mas não é muito fácil quando a curiosidade é maior.

Vou andando até a floresta e escuto gritos pedindo socorro. O sentimento de angústia que senti logo de manhã volta e eu vou correndo até o local. Vejo uma mulher muito bonita, ela está sangrando no chão.

Sinto um arrepio e olho para floresta, consigo ver um vulto e imagino que seja alguém correndo. Por hora, tentei ignorar e olho para a moça gemendo no chão, o que mais me preocupa, é o sangramento em seu abdômen. Há uma barra de ferro atravessada!?

-Moça, o que aconteceu?. - Ela não diz nada e me encara incrédula. Isso não é hora de perguntar isso Luna!

-Ta, entendi. - Na verdade não entendi não, como ela ainda não morreu? - Olha, fica ai, eu vou chamar uma ambulância. Fica calma... - O que eu estou falando???? Claro que ela vai ficar parada o imbecil. Eu realmente não sei lidar com isso.

-Não...por fa...ai ...vor. - Ela diz tentando se levantar. - Me leva pra sua casa... só isso... por favor.- A moça tenta se levantar.

-Ta louca!? Você tem que ir no médico. - Ela bufa.

-Por favor, me escuta, e-eu vou ficar bem. Eu prometo! Só faz o que eu te pedi... é complicado de explicar...

Paro um momento para pensar, e olho pra ela, parece que ela não vai ceder tão cedo, acho mais seguro então levar pra minha casa, deixar ela aqui sozinha eu não posso, depois eu vejo o que eu faço.

-Tudo bem!?... - Ajudo ela a levantar pois sua tentativa de fazer isso sozinha falhou. - Vem, é aqui perto.

Fomos pra minha casa, um chalé pequeno no meio da floresta, tem uma trilha pra chegar aqui. Deito ela em minha cama e vou pegar a maleta de primeiro socorros. Enquanto eu vou limpando seu machucado, ela vai gemendo de dor com os olhos sempre fechados.

-Tem certeza que você não quer ir no hospital? Eu não sou muito boa com isso não.- Tento mais uma vez.

-Tenho, já vai passar. Não se preocupe comigo... Como é seu nome?.- Ela muda de assunto, tentando ignorar a dor.

-Luna. - Ela arregala os olhos e da um pulo da cama, só que volta pra cama fazendo uma careta de dor. Mas é teimosa...

- Eu não acredito! Você é Luna Ryha?.- Pergunta radiante com um sorriso nos labios, não estava com dor agora pouco não? 

-Sou, por quê? - Como ela sabe meu nome inteiro?

-Finalmente te encontrei! - Ele diz aliviada, o que está acontecendo?

-Por que você me procuraria? - Ela fica pasma por um estante e reponde rápido demais,

- Você... como eu posso explicar... você sabe o significado do seu nome né? - Mas é claro, eu acho que está meio na cara né?

-Eu acho que sim..? - Isso saiu como uma pergunta mais do que uma resposta.

-Luna de lua.- Olho para ela perplexa.

- C-como assim Luna de Lua? - Ela ri da minha confusão e eu bufo.

-Seu nome é Luna de Ryha, "Ryha" é lua.

Ok, super natural você estar vivendo sua vida normal, aí aparece uma mulher que foi atacada, aí você trás ela pra sua casa ( Que é muito inapropriado de se fazer afinal ela é uma estranha  ) e ela sabe até o significado do meu sobrenome e age assim desse jeito. 

-Nossa, eu nunca parei pra pensar em pesquisar... mas me explica uma coisinha.... Por que você falou "finalmente te encontrei"?

- Com o tempo eu te explico, agora você não vai entender. - Olho pra ela desconfiada.

-Como é seu nome?

-Meu nome é Teny.- Ela segura minha mão.- Olha, eu sei que eu acabei de te conhecer...mas eu queria te pedir uma coisa. - Ela fala com uma cara de preocupada.

-Pode pedir.

-Eu posso ficar aqui durante um tempo? - Fico surpresa. Isso está  indo muito rápido.- É  que eu não tenho para onde ir no momento, se não quiser eu vou entender...

-P-pode...? - Respondo receosa, Ela solta um suspiro de alívio.

-Obrigada, muito obrigada... Ah, mais uma coisa... Não fala pra ninguém que eu estou aqui tá bom? - Essa mulher é estranha, mas eu estou curiosa pra saber o que ela quer aqui. Espero que não me arrependa de me arriscar assim, mas ela não parece uma ameaça.

-Tudo bem... eu acho..

Quando eu presto atenção no machucado ele não estava mais lá. Eu dou um pulo da cama e tampo minha boca para não gritar. Que diabos esta acontecendo?

-C-como? Cadê?- Ela parecia bem tranquila e eu fiquei procurando o machucado - Você é algum tipo de bruxa? Feiticeira ou sei la!? - Eu estou muito confusa.

-É.. normal isso acontecer. - Ela reponde com uma tranquilidade na voz, estou até pasma. Levanto da cama e ando de um lado para o outro.

-Não, isso não é normal. Nem um pouco. - Ela ri da minha cara e eu fico mais confusa ainda.

- Olha, eu sei que esta confuso, é normal no começo... mas logo logo você vai entender.

-Entender? C-como se entende isso? Uma hora você esta gritando com dor, outra hora não tem nada mais no seu corpo. - Fico encarando ela por uns segundos.- Eu não fiquei louca ainda.

- Eu sei que é  complicado  mas peço  que confie em mim por enquanto.. Sim? Tudo vai se esclarecer.- Ela me tranquiliza, olho para ver se está mentindo,  se tem uma coisa que eu sei ver, é quando estão mentindo pra mim. E ela não está. Suspiro me rendendo.

 - Bom, pelo menos eu posso saber quem fez isso com você? - Ela pensa um pouco e responde.

-Eu cai. - Olho pra ela incrédula. - Eu fui correr e cai.

-Caiu? - Ela disfarça - Em um ferro no meio da floresta? Essa desculpa não colou.

-É verdade. - diz tentando transparecer sincera e disfarça.

-E aquele vulto preto que fugiu era o que?

-E-e... deve ser coisa da sua cabeça.

- Vou fingir que acreditei.... mas não vou desistir de saber quem foi. -Ela olha pro lado e eu pergunto.

- Está com fome? - Ela afirma. - Então vou fazer algo pra gente comer, fica paradinha ai.

Eu acho que tenho que parar de ficar falando isso. Vou para cozinha e faço um lanche natural e suco de maracujá natural também.

Eu ainda estou confusa, até com medo. Eu nunca vi esse tipo de coisa, só não mandei ela embora porque quero descobrir o porquê de ela estar me procurando e o que aconteceu realmente com ela.

Será que ela algum tipo de bruxa? Meche com vudu sei lá!? Porque é a única explicação para o machucado ter sumido de repente. Volto para o quarto e encaro seu semblante, nem parece que acabou de ser atacada.

-Toma.- Falo entregando pra mesma. - Nem vou perguntar se está melhor porque não tem mais nada ai.- Ela ri e fica encarando a janela.

- O que tem la pra você ficar encarando assim? - Ela sai do seu devaneio e volta a atenção em mim.

-Você sempre foi curiosa assim?

- Desde que me conheço por gente.

- Isso pode ser um problema.

- Para quem não é esperto, talvez.- Respondo.

Vou até a janela e fico observando a floresta que é quase em frente. Logo, no meio da escuridão, vejo uma sombra parada com dois pontinhos vermelhos cintilantes.

- O-Oque é aquilo? - Digo apontando pra floresta. -Ela se levanta e vai até mim.

- Droga, ele me achou.

- Ele quem? VOCÊ PODE ME EXPLICAR O QUE ESTA ACONTECENDO POR FAVOR? - Digo alterada... eu estou começando a ficar irritada. Eu ja ouvi falar de olhos vermelhos,  não... não é  o que estou pensando,  isso não existe,  certo?

- Calma, só ignora e volta pra dentro.

- A eu não vou fazer isso, não mesmo. - Começo a ir para porta. Se ela acha que eu vou ficar parada sem fazer nada, com esse negócio no meu "quintal" ela está muito enganada. É melhor enfrentar o inimigo, antes que ele faça isso.

-LUNA. - Ela grita, eu finjo não escutar e abro a porta. Fecho antes dela me impedir e vou indo em direção a floresta.

- Quem esta ai?- Ninguém responde. - EU DISSE, QUEM ESTA AI? - Pego um pau que estava no chão. - APAREÇA AGORA!. - O vulto some assim como os olhos vermelhos.

- Você está louca? - Teny me puxa de volta pra casa.

- O que era aquilo? - Ela não diz nada e me coloca pra dentro trancando a porta.

- Ele podia ter te matado.

- Ele quem??? - Ela fica quieta. - TEM COMO VOCÊ ME EXPLICAR? DESDE QUANDO VOCÊ CHEGOU VOCÊ NÃO FALOU NADA.- Grito alterada. Eu ajudo ela, deixo ela ficar na minha casa, no mínimo ela podia me explicar melhor as coisas.

- Tudo bem, calma...

- Quem é ele?

- É Christopher, meu irmão.  

***


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