- O que ele falou? - Teny chega com raiva.

- O que eu já estava esperando, que eu sou uma irresponsável, que não deveria ter sumido daquela forma e blá blá blá blá blá... - Ela faz uma careta e eu Sorrio.

- Ele já foi embora?

- Foi tarde.- Ela revira os olhos.

- O amor de vocês dois é tão lindo de se ver. - Digo irônica e ela ataca a almofada em mim

- Ai! Pra que ser tão rude comigo?

Ela sorri, levanta e vai pro quarto, fico parada observando ela sair. Assim como o irmão, é uma morena bonita, a única diferença são os olhos cor de mel claro.

Eu queria perguntar pra ela mais coisas sobre tudo, mas deixei pra lá por enquanto. Não quero ficar obrigando ela falar, mas poxa, eu não tenho idéia do que está acontecendo e ainda está tudo confuso pra mim... Está caindo a ficha aos poucos.

Acho que quando cair por inteira irei ficar louca!

Levanto do sofá e vou para a janela respirar. A noite está linda como sempre aqui em Kylä, não me arrependo de vir morar aqui depois que meus pais sumiram quando tinha 18 anos, até hoje não sei o porquê, mas eu já passei da fase de questionar, agora eu sei que deve ter algum motivo.

Kylä é um lugar que não está em nenhum no mapa, eu encontrei aqui por acaso. Estava sem rumo pilotando minha moto e de repente vi uma estradinha, como sou curiosa segui ela e acabei parando aqui.

Depois disso tudo mudou pra mim, encontrei esse chalé e fui perguntar de quem era e se estava a venda, minha mãe me deixou um dinheiro guardado e quando fui embora usei para comprar.

O chalé é o simples, mas muito bonito. Contém flores em vasos enfeitados e os móveis na maioria são brancos com alguns detalhes coloridos para combinar.

Perdida em meu pensamento mal percebo que alguém me observa.

É Christopher.

Ele me encara sem pudor algum e eu sorrio e encaro também. Esse homem me intriga, no mesmo momento que quero esganar ele eu tenho vontade de pular em seus braços.

Por lua, o que está acontecendo comigo!

Seus olhos cor de sangue aparece e o vejo se aproximando, o que ele quer agora? Me intimidar com esse olhos? Não creio que irá conseguir.

Saio da varanda e vou para fora, quando fecho a porta ele está bem em minha frente, colado o suficiente para ouvir sua respiração pesada.

- O que você quer, Christopher? -  Ele me olha confuso, coloca a mãos no bolso e respira fundo fechando os olhos, acho que está se segurando para não fazer algo e eu não sei o que é. É  verdade,  ele não tinha me falado seu nome e eu ja chamei ele

Que vergonha.

- Minha irmã quer ficar aqui, mas pela segurança dela irei m****r alguns lobos meus para protege-la. - Ele não perguntou se eu queria, ou ao menos perguntou se concordava com aquilo, estreito os olhos.

- E o que é que te faz pensar que eu vou concordar com isso? - O desafio, sei que estou mexendo com fogo mas ele não pode achar que manda em tudo.

- Eu não te dei a opção de escolher se quer ou não.

- A casa é minha e os 300 metros em volta dela!

- A Vila é minha e tudo que está nela.

- Nem tudo é seu, eu peguei por esse lugar e ele é meu.

- Eu posso pegar ele de volta pra mim se eu quiser, tenho dinheiro suficiente pra isso, vai querer comprar essa briga?

- Insuportável! - Grito chegando perto dele.

- Eu sei que sou. - Ele sorri de lado.

bastardo!

Eu acho que vai ser bom até pra mim ter seguranças, afinal, se precisa mesmo disso é porque Teny corre  perigo e consequentemente eu também corro. Mas eu não quero ninguém na minha cola e acho que muito menos Teny quer isso.

- Tudo bem, pode trazer quem quiser pra fazer escolta pra sua irmã, mas eu não quero ver ninguém, você terá que conversar com eles para que sejam discretos. - Digo e volto para abrir a porta.

- Mulherzinha insolente! - Ele sussurra enquanto eu vou indo em direção a porta, mas deu pra ouvir muito bem.

- Eu escutei Christopher.

- Era pra escutar mesmo!

- Então da próxima vez fale mais alto para mim escutar. - Digo e fecho a porta com força.

Escuto um xingamento e Sorrio comigo mesma. Quando olho para o sofá, vejo Teny com a cara que minha mãe fazia quando conversava com algum menino. Ela estava segurando um livro na mão.

- Vocês ainda vão se catar.

- Nem ferrando!

Ela me olha e sorri maliciosa e continua a ler seu livro. Reviro os olhos, não, não mesmo. O que será que passa na cabeça dela para pensar nisso?

Vou para janela novamente e vejo vulto de Christopher sumir, pela forma que ele foi embora, parecia bravo.

Eu não sei o que acontece, ele me tira do sério! É tão prepotente e acha que manda em tudo, já estava na hora de sair da zona de conforto.

Pode funcionar com os outros, mas não comigo Christopher!

- Nada, enfim... Você vai? Não vai querer saber quem é Dona Benetida é?

Como assim, ela é  alguma  coisa? Agora Teny ta falando minha língua.

- Tá! Eu vou, mas só porque estou curiosa. - Digo pegando meu celular.

- Tudo bem Dona Curiosa. - Ela sorri e eu acabo sorrindo junto.

Estamos indo para o centro de Kylä, lá mora Christopher e alguns lobos da aldeia. A Teny disse que é uma simples casa, mas quando chego lá não é uma simples casa, simples casa é a minha, isso é uma mansão! Ta, confesso que não é uma mansão, mas que é maior que a minha é.

Ela é grande e tem fica certinho no meio da cidade perto de um chafariz. Sua estrutura é antiga mas é muito linda, assim como a vila inteira é assim.

Já passei por aqui, sempre quis conhecer lá dentro mas com um monte de homens grandes de preto com cara de mal na frente não dá muito certo. Vamos entrando e eu sou observada por todos, me sinto incomodada, não gosto de ser o centro das atenções.

- O que foi Luna? Tem algo de errado? - Ela diz preocupada, olho pra ela e depois para todos.

- Por todos me encaram dessa forma?

- Você é uma humana andando com a irmã do supremo desaparecida, é claro que iam te encarar.

- Faz sentido... - É claro que não iam deixar humanos chegar aqui, mas será que essa pequena cidade é inteira de lobos? Se for, como consegui entrar?

Passamos pela sala que por sinal é muito bonita, tanto espaço, será que só Christopher mora aqui? Dona Bene também mora será?

A Teny abre a porta de um quarto e vejo Dona Benedita que me encara e logo da um sorriso caloroso, retribuindo o sorriso dou um abraço nela e ela olha para Teny com fúria.

- Por que sumiu por tanto tempo mocinha?

- Bene, desculpa eu estava procurando por ela. - Ela diz eu a encaro ela confusa.

- Tanto tempo assim? Não minta, ela nem tinha nascido ainda! Não pense que nasci ontem, o que fez nesses 40 anos?

- Er... Bem...Eu estava... - Dona Benedita pega em sua mão e fecha os olhos, Teny fecha os olhos e faz uma cara de medo.

- Eu não acredito nisso! Você fugiu com ele mesmo? O que adiantou eu avisar? Você tinha que me desobedecer! Eu disse que o Miguel era perigoso, você quase morreu menina!

- Desculpa Bene, eu pensei que eu amava ele, só que ele ficou estranho comigo, mudou de repente.

- Ele é um vampiro Teny! Você está louca de mexer com fogo assim? - Ela parecia brava, nunca vi Dona Benedita desse jeito, esse Miguel é muito perigoso pelo jeito, para ela estar assim, só pode ser.

- Híbrido, ele é Híbrido! Não é totalmente vampiro, é lobisomem também...

- Não interessa, vê de quem é filho? O pai dele tentou matar seu irmão! - Ela me olha e depois olha pra Benedita.

- Ele não é igual ao pai!

- Ah não? Então por ele tentou te matar? - Eu me assusto, será era ele que estava na floresta?

- Eu não vi se era ele, eu só sei que foi um vampiro.

- Então foi ele que eu vi fugindo quando te tirei de lá? - Finalmente me pronuncio.

- Eu acho que sim.. - Ela se dá por vencida, parece gosta mesmo dele, seu olhar triste comprova - Eu só não entendi porque ele não me matou quando a Luna chegou, parecia assustado. - Ela me encara.

- Epa Epa, eu não fiz nada, juro! - Já digo me defendendo.

- Talvez ele não esteja com medo dela, talvez ele esteja com medo do que ela vai se tornar. - Benetida me encara e eu fico sem entender o motivo, ela pega na minha mão e faz o mesmo que fez com Teny, mas logo ela solta e respira fundo.

- Eu não consigo ver, alguma coisa muito forte está impedindo. - Eu fico mais confusa ainda.

- Só tem uma pessoa que consegue impedir que eu veja.

- Quem?

- Valquíria.