5 - 1983

~Danyela Luchese~

Já faz alguns dias desde o último episódio com meu pai e Leonor, minhas marcas já não são tão visíveis em meu corpo, só as marcas na alma é que nunca vão desaparecer. Eu encontro Mya no refeitório da escola.

”Oi! Meu Deus, vai comer isso mesmo? ” - Pergunto com cara de nojo do queijo horroroso que ela insiste em dizer que é saudável.

”Hum, legal ver que seu senso de humor ainda vive. Tudo bem?”

”Claro, estou feliz só de ficar longe disso ai. ”

”Falando sério Dany, pode passar lá em casa hoje? Preciso de ajuda com uma coisa. ” - Mya insiste para que eu vá com ela e eu não tenho como negar.

”Mas tem que ser rápido, eu não quero ter problemas de novo. ”

”Claro, vai ser bem rápido. ”

No final da aula, Dante está nos esperando com um olhar mais sério que de costume. Algo me diz que eu não deveria ir, mas mesmo assim eu atendo o pedido de minha amiga.

Quando entramos na mansão, ela me leva pelo braço em direção à sala de jantar e encontramos Don Philip, junto a tia Sandra, Giancarlo e Giovanni e Dante que nos seguiu. Eu olho todos e fico paralisada, quando Don Philip me diz para sentar.

”Ah, Mya.” - Eu digo olhando para ela que abaixa a cabeça e se senta perto de tia Sandra.

”Venha Danyela, sente-se.” - Giancarlo gentilmente pega em meu braço e puxa a cadeira para que eu me sente.

”Querida, eu sei que não queria que ninguém soubesse de nada. Mas estamos preocupados e Mya só contou porque a pressionamos. ” - Enquanto tia Sandra fala, eu olho para Mya e vejo os olhos dela marejados e abro um pequeno sorriso para que ela não se sinta culpada.

Você está em segurança, Bambina. Pode nos contar tudo pelo que está passando. ”

Don Philip me passa uma segurança que nunca pensei que teria antes e eu despejo tudo, tudo aquilo que tem me aterrorizado durante anos. Eu nunca pensei que conseguiria verbalizar tudo isso tão rapidamente e de forma tão clara, mas quando vejo eu já contei tudo.

”Pode mostrar? Somente se sentir que deve.” - Don Philip pede para ver meu braço e eu levanto a manga do uniforme.

”Mas que desgraçado!” - Giancarlo, que está de pé ao meu lado o tempo todo, fica furioso vendo as poucas marcas que mostro enquanto tia Sandra leva a mão a boca horrorizada.

”Vamos nos acalmar, precisamos pensar no que fazer agora. Diga pequena, o que gostaria que acontecesse? ” - Don Philip pede que deixem que eu termine.

”Não quero que aconteça nada, eu só quero ir embora logo pra faculdade e ficar o mais longe possível disso tudo. Além disso, meu tio Salvatore é um homem perigoso e eu não quero ter que morar com ele e...”

”Por que tem tanto medo dele? ” - Giovanni me pergunta mesmo já sabendo a resposta, a imagem que meu tio sustenta para a sociedade jamais deixaria que as pessoas desconfiassem de quem ele é.

”Ele é perigoso de verdade, ele e Leonor são amantes e eu ouvi quando ele disse que mataria meu pai se ela pedisse. Meu pai o nomeou meu tutor caso algo acontecesse a ele. Eu não posso viver sob o mesmo teto que ele... e... Paolo Vicentti... eu vi Salvatore torturá-lo no armazém e depois ele desapareceu não foi? ”

Neste momento todos se entreolham, pois sabem que o homem em questão desapareceu e todos da organização acharam que ele era um traidor. Mas ao contrário do que todos pensam, ele foi torturado e morto por Salvatore.

”Meu Deus, Philip. Precisa acabar com isso hoje mesmo. ” - Tia Sandra está furiosa.

”Me diga pequena, você já viu seu pai ou Salvatore guardarem dinheiro, ou documentos em sua casa? ”

”Sim , tem um cofre no escritório, tem dinheiro e documentos lá dentro. ” - Cada informação que dou a Don Philip é como uma bofetada que eu devolvia a meu pai e Leonor e eu me sentia bem fazendo isso. Mas também me sentia apavorada com o que viria a seguir.

”Tudo bem, Dany a partir desse momento você está sob proteção da Organização, sua segurança é nossa responsabilidade agora. Eu quero que vá para casa e aja normalmente, entendeu? Entre em seu quarto e tranque a porta e só saia de lá se um de nós estiver do outro lado. ” - Eu aceno com a cabeça ainda sem acreditar no que está acontecendo.

”Giancarlo, você e Dante levem Danyela e fiquem de guarda. Mas não façam nada antes que eu chegue. Giovanni você vem comigo, ligue para o juiz no caminho e diga para nos encontrar no escritório dele, eu preciso resolver algo antes de pegar aqueles dois desgraçados. Isso acaba hoje!”

”1983 ” - Eu digo antes de levantar e pegar a mochila.

”O que isso significa? ” - Giovanni me pergunta.

”É a senha do cofre. ” - Eu digo enquanto saio da sala com Giancarlo.

Eu não consigo parar de tremer enquanto sigo para minha casa com Giancarlo e Dante no carro. O que vai acontecer agora? E se não der certo, eu vou ter que viver na casa de Salvatore e ser vista por ele como uma traidora?

”Não se preocupe pequena, estaremos aqui fora, escondidos. Você vai ficar bem. ” - Dante me tranquiliza.

”Ei Dany. Não se esqueça do que meu pai disse. Vá para seu quarto e espere lá, tudo bem? ” - Giancarlo pede e eu não posso deixar de notar como ele está gentil e cuidadoso comigo, já que nunca em dois anos eu o vi assim.

”Hm, hm. ” - Por algum motivo nesse momento eu estou tranquila e pronta para fazer tudo que ele disse porque tenho certeza que eles estarão lá pra me ajudar.

Quando entro em casa já estou preparada para os golpes de Leonor, eu seguro seu braço e a jogo sobre o sofá onde ela cai de cara.

”Acho melhor você ficar na sua ou eu posso contar pro meu pai sobre suas visitas ao meu tio no armazém. ” - Ela me olha assustada com os olhos arregalados enquanto subo as escadas.

Quando entro em meu quarto, ando de um lado para o outro sem saber o que fazer quando lembro das palavras de Giancarlo e tranco a porta do quarto. A única coisa que posso fazer agora é esperar.

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