A casa do prefeito estava mergulhada em um silêncio tenso quando Eliezer chegou. O clima na sala era carregado, e todos os membros do conselho exibiam expressões preocupadas. O xerife foi o primeiro a se levantar, com o olhar sombrio.— Ainda bem que chegou — ele disse, apertando a mão de Eliezer.— O que está acontecendo? — Eliezer perguntou, sentindo um arrepio na espinha.O xerife trocou um olhar rápido com o prefeito antes de continuar.— Encontramos dois corpos na floresta. Mutilados.O ambiente ficou ainda mais pesado. Eliezer franziu a testa.— Como assim, mutilados?— Foram despedaçados, como se tivessem sido atacados por um animal enorme. Mas os ferimentos... não se parecem com nada que já vimos antes — o xerife explicou, cruzando os braços.O pai de Mayson, que até então escutava em silêncio, soltou um suspiro tenso.— Isso nunca aconteceu em Landcity. Nem mesmo ataques de lobos foram registrados nos últimos anos. E agora, do nada, surgem corpos assim?O prefeito se recost
Luna tentava se concentrar na aula, mas sua mente vagava para longe. Os acontecimentos da noite anterior não saíam de sua cabeça, e o pior de tudo era Darius. Ele realmente havia cumprido o que disse—não apareceu na escola.Uma angústia crescente apertava seu peito. Ela queria esquecê-lo, mas como, se a ausência dele a consumia?— Srta. Luna, poderia responder à pergunta? — a voz do professor cortou seus pensamentos, trazendo-a de volta à realidade.Ela piscou, confusa. O silêncio na sala tornou evidente que todos estavam esperando por sua resposta. O problema era que ela nem sabia qual era a pergunta.— Eu… desculpe, professor… — murmurou, sem saída.O professor suspirou, movendo a atenção para outro aluno. Assim que o sinal tocou, anunciando o intervalo, Luna soltou um suspiro aliviado.Antes que pudesse sair da sala, Genevieve e Âmbar se aproximaram.— O que foi isso? — Genevieve arqueou uma sobrancelha. — Você ficou completamente fora do ar.— Aconteceu alguma coisa? — Âmbar pergu
O quarto de Ravena estava mergulhado em uma penumbra inquietante, iluminado apenas pelas velas estrategicamente posicionadas ao redor do grande espelho. O ar era denso com o aroma de incenso, cheios de mistério.Luna, Eliezer e Ravena estavam reunidos ali, em completo silêncio, enquanto a jovem bruxa se preparava para invocar Esmê, sua avó e guia espiritual.— Preciso que fiquem quietos. — Ravena instruiu, sua voz baixa, mas firme.Eliezer apenas assentiu, cruzando os braços, enquanto Luna observava tudo com olhos atentos, sentindo um frio na barriga.Ravena fechou os olhos e inspirou profundamente, levando as mãos ao espelho à sua frente. Seu reflexo começou a tremular, como se a superfície fosse líquida.— Avó, a senhora está aí? — Ravena chamou em um tom reverente.Por alguns instantes, nada aconteceu. O quarto permaneceu em um silêncio opressor, até que uma forma começou a se materializar no espelho. A imagem de uma mulher de traços fortes e olhos profundos surgiu, seu olhar penet
Na manhã seguinte, Luna despertou sentindo-se estranha. Levantou-se como de costume, mas assim que começou a escovar os dentes, um enjoo forte a atingiu, forçando-a a correr para o banheiro.Apoiando-se na pia, respirou fundo, tentando entender o que estava acontecendo. Não havia motivo aparente para aquele mal-estar, mas não podia se dar ao luxo de faltar à escola. Precisava entregar um trabalho importante com suas amigas.Descendo as escadas para tomar o café da manhã, sentiu-se fraca e tonta. No último degrau, precisou se segurar para não cair, quando Ravena surgiu ao seu lado, segurando-a pelo braço.— Srta. Luna, você está bem? — Ravena perguntou, a expressão preocupada enquanto a ajudava até o sofá.Luna se deixou afundar no estofado e passou a mão na testa.— Não sei... Estou me sentindo estranha hoje. Um enjoo forte, até vomitei há pouco. — respondeu, tentando entender o que se passava com seu corpo.Ravena cruzou os braços, observando Luna com preocupação.— Você não deveria
Luna sentiu o chão sumir sob seus pés. Seu coração batia tão rápido que parecia querer escapar do peito.— N-não… Deve estar errado. — Sua voz saiu trêmula, quase um sussurro.— Amiga, não tem erro. — Âmbar disse, segurando o teste com firmeza. — Dois tracinhos significam positivo.Genevieve segurou o ombro de Luna, tentando acalmá-la.— Luna, respira… Vamos pensar com calma.Mas a mente de Luna já estava em um turbilhão. Seu corpo começou a tremer, e ela precisou se apoiar na pia para não desmoronar.— Eu não posso estar grávida. — Seus olhos começaram a marejar. — Com tudo o que está acontecendo… Eu não posso!Âmbar e Genevieve trocaram um olhar preocupado.— Precisamos sair daqui antes que alguém perceba. — Genevieve sussurrou. — Você precisa de um tempo pra processar isso.Luna assentiu, ainda sem acreditar. Sua vida já estava complicada o suficiente… E agora, isso.Luna suspirou, sentindo a cabeça pesar. Tudo dentro dela gritava que aquela gravidez não era algo comum. Era impossí
Ravena e Luna estavam quase prontas para a festa na clareira.Luna terminava de pentear os cabelos diante do espelho quando Ravena quebrou o silêncio:— Você pretende contar ao seu pai sobre a gravidez?Luna hesitou, passando os dedos pelos fios soltos antes de responder:— Ainda não… Quero falar com Darius primeiro.Antes que Ravena pudesse insistir no assunto, o som de uma buzina ecoou do lado de fora. Era Âmbar, com Genevieve.Trocaram um olhar rápido e, sem mais delongas, saíram de casa.Assim que se juntaram às amigas, trocaram cumprimentos animados e seguiram rumo à clareira, onde a festa já começava a ganhar vida.A noite de lua nova deixava o céu escuro, mas as estrelas brilhavam intensamente, iluminando a vasta clareira cercada por árvores imponentes. O local estava repleto de pessoas conversando e rindo, enquanto a música alta ecoava pela floresta. Uma grande fogueira ardia no centro, suas chamas dançando ao vento e lançando sombras tremulantes nas árvores ao redor.Bebidas
Após todo o ocorrido, Luna agora se encontrava na delegacia. Sentada em um banco frio, sentia-se completamente fora de si, como se tudo aquilo fosse apenas um pesadelo do qual não conseguia acordar.Do outro lado da sala, seu pai conversava com o xerife, tentando reverter a situação da melhor forma possível. Luna sabia que ele faria de tudo para protegê-la, mas dessa vez, nem ele parecia ter controle sobre o que estava acontecendo.Enquanto isso, suas amigas estavam na sala ao lado, prestando depoimento. Cada segundo de espera parecia uma eternidade. Ravena permaneceu ao seu lado o tempo todo, tentando acalmá-la de alguma forma, mas Luna mal conseguia ouvir suas palavras.A cena na clareira se repetia em sua mente como um filme acelerado: o empurrão, o impacto, o sangue... Felicia caída no chão. O choque foi tão grande que seu corpo tremia involuntariamente.Ela nunca havia machucado ninguém. Nunca sequer matara uma barata. E agora? Agora era uma assassina.E o pior de tudo era a ince
Luna caminhava em silêncio até sua casa, cada passo parecendo mais pesado que o anterior. O peso da culpa, do choque, da incerteza sobre o que viria depois. Myson estava preso para protegê-la, e isso a dilacerava por dentro. Como ele pôde se sacrificar por algo que ela fez? Como poderia consertar tudo agora?Ao atravessar a porta de casa, o silêncio era ensurdecedor. Seu pai seguiu direto para o escritório sem dizer uma palavra. Ela sabia que ele estava processando tudo, tentando encontrar uma maneira de contornar a situação. Mas algo lhe dizia que, dessa vez, não havia escapatória fácil.Genevieve e Âmbar estavam ao seu lado, a segurando como se temessem que ela desmoronasse a qualquer momento.— Vamos para o seu quarto, Luna — Genevieve sugeriu suavemente.Luna apenas assentiu, sem forças para discutir. Subiu as escadas, sentindo-se presa dentro de sua própria mente. O que ela havia feito? O que aconteceria com ela agora? Seu coração estava pesado, e a culpa queimava em seu peito co