Eugênia correu atrás de sua mãe quando a viu vomitando, e não havia mais dúvidas de que ela estava grávida. Preocupada, ela sugeriu:— Vai ter que contar para o meu pai!Sua mãe, ainda abalada, respondeu:— Esse filho é de Anthony, não menstruo há dois meses... o que Lucas fez comigo, completou um. Mas se eu disser, ele não vai acreditar em mim... vou recomeçar nossa história de sofrimento de toda uma vida! De novo, ele vai se sentir criando um filho que não é dele!Eugênia tentou acalmar sua mãe:— Não vai, mãe, não pense assim. Diga a ele que vai lhe dar um filho, não pense no depois!— Por que Deus não permite que eu seja feliz com ele, Eugênia? Achei que desta vez seríamos completos. — Lamentou Elizabeth.Eugênia tentou reconfortá-la:— E vocês são, os dois se amam, e a senhora descobriu bem a tempo o que sempre sentiu por ele. Não será essa tragédia que mudará as coisas entre vocês!Sua mãe continuou abatida:— Grávida... de novo!Eugênia tentou animá-la:— Isso é bom, temos a ob
Eugênia observava Lion dando banho em Linda, maravilhada com a delicadeza e habilidade dele com a pequena. Às vezes, ela se perdia em pensamentos, refletindo sobre como suas vidas teriam sido diferentes se os eventos não tivessem ocorrido da maneira que aconteceram.— Tantas crianças a caminho, acho que só falta que Sue ou Dana deem filhos para Walter. Fiquei triste em saber que Walter saiu de casa! — Lion comentou enquanto colocava Linda na cama, e Eugênia já estava pronta com a roupa da criança.Eugênia suspirou e respondeu:— O padre não reconhece os três como uma família; eles nem podem chegar juntos à missa. E sobre Félix, acho que toda essa guerra mexeu com a mente dele... quem sabe com o tempo ele volte a ser quem era.Ela vestiu a pequena Linda, e Lion a beijou no ombro, demonstrando seu apoio.— Se os três estão felizes juntos, não acho que o padre deveria tratá-los assim.— Também penso assim, Lion. É outra situação que desejo que se resolva com o passar dos dias. — Concordo
Anthony chamou Lion para uma conversa séria na sala de reuniões com os outros conselheiros. Eles se entreolharam, aguardando respostas para a situação crítica que estavam enfrentando.— A colheita já era, estamos quase sem recursos. — Anthony anunciou, deixando Lion surpreso com a notícia.— Ainda temos o rio e podemos tentar plantar milho. — Gustave sugeriu.— Infelizmente não mais, as poucas sementes que tínhamos se perderam. Os insumos foram utilizados muito rapidamente com a chegada de mais pessoas à cidade. Os animais como porcos, galinhas e as poucas vacas... nem terão tempo de se reproduzirem a tempo de servir como alimentos para tantos. — Anthony lamentou a situação, parecendo arrependido por suas decisões anteriores. — Nos reunimos aqui para encontrar soluções. O que podemos fazer?— Thor tem uma sugestão, acho que precisamos ouvi-lo. — Allan sugeriu, Thor estava em silêncio o tempo todo. A raiva que sentia de Anthony não poderia os prejudicar, são muitas famílias que dependi
O frio intenso que estava chegando também tornaria a jornada deles difícil e dura, ainda preciso ressaltar a dificuldade de convivência que Thor e Anthony têm. Olho para tia Elizabeth, percebo que ela tem muito mais motivos para ficar apreensiva do que eu, ainda assim mesmo que por fora, ela mantém o controle… ou essa calma vem da fé que existe dentro dela. Eugênia também parecia tranquila, claro, não era o marido dela que iria para tão longe correndo o risco de nunca mais voltar para nós.Antes de partir, Anthony decidiu deixar Elizabeth e sua filha protegidas na cidade, garantindo a segurança delas em sua ausência. Ele havia guardado a arma que antes pertencera a Lucas, aquela que fora usada no dia da confusão na igreja quando o padre fora atingido. A ideia era que, caso algo acontecesse na cidade durante a sua viagem, Elizabeth e a filha estariam amparadas. No entanto, ao procurar a arma nos lugares indicados por Lion, como a sua sala e o cofre onde as riquezas costumavam ser guard
Os sinos tocavam inesperadamente, despertando Elizabeth. Ela se questionou se a besta estaria atacando à luz do dia. Rapidamente, ela dirigiu-se ao quarto de Eugênia, onde Lion e a jovem já estavam se preparando para descobrir o motivo da convocação do padre.A surpresa veio quando viram Lucas livre. Elizabeth não pôde acreditar que Gustave o tivesse libertado. Eugênia a abraçou e Lucas os notou, declarando seu domínio:— Esta cidade agora está sob o meu comando. Qualquer um que se recusar a obedecer sofrerá as consequências!Após as palavras de Lucas, Elizabeth imaginou que alguém poderia intervir e se recusar a aceitar suas ordens. No entanto, os homens que vieram com ele logo concordaram com sua liderança, o que deixou todos apreensivos.Lucas ordenou:— Ajoelhem-se!Os moradores se entreolharam, com a arma de Lucas causando temor. Um por um, eles foram se ajoelhando, até mesmo o padre, forçado pelo medo. Elizabeth segurou a mão de Eugênia, insistindo para que ela se ajoelhasse, ma
Anthony procurou por horas uma saída, mas tudo o que encontrou naquele lugar era um buraco com água turva. A falta de clareza sobre o destino os deixava apreensivos, e ele receava propor a Thor o que estava pensando.— Não vamos sair daqui, infelizmente não posso mentir para você, filho. — Anthony tentou ser realista.Thor, desanimado, fez uma pergunta angustiante:— O que diria a minha mãe, se pudesse falar com ela agora pela última vez?Anthony respondeu com carinho:— Diria que a amo demais e que ela me deu os maiores presentes que um homem pode ter nesta vida. Não vamos nos entregar. Há uma passagem, mas teríamos que ficar submersos nessa água escura e não sabemos se há uma saída.— Já não há uma saída, pai, precisamos tentar. — Thor decidiu enfrentar o desafio com coragem.— Juntos até o fim!— Até o fim. — Eles compartilharam um momento de determinação.Anthony entrou primeiro, posicionando-se com as duas mãos ao redor do buraco, sentindo a água fria e incerta. Thor seguiu após
Van Marx conduziu Sônia até a igreja, sabendo que ela estava em busca de conforto em meio à situação caótica causada pelo comportamento de Lucas.— Ele está com Elizabeth, padre. Tenho consciência de que nutre um desejo por ela desde que chegamos aqui e a fez de refém.O padre, compreendendo a complexidade da situação, respondeu com empatia:— Lucas tem uma necessidade assustadora de ser ouvido, no fundo, ele é uma alma infeliz. Não sofra mais, Sônia, e nem odeie Elizabeth. Ela está sofrendo também, e todos precisamos nos unir para derrotar a tirania dele.Sônia desabafou:— Apesar de tudo, ainda o amo. Toda a vida ele me impediu de engravidar, agora está apaixonado por uma mulher grávida de outro…O padre refletiu por um momento e ofereceu suas palavras de consolo:— A vida tem seu jeito de cobrar as coisas. Vá para casa e lembre-se de que, sempre que precisar, a casa de Deus estará aqui, e este padre cheio de erros e pecados estará de braços abertos para te receber, Sônia.[...]Sue
Jonas passou a noite nas ruínas da cidade abandonada. Ele caminhou de volta e precisava encontrar um dos cavalos. Não seria muito difícil, pois Jonas não havia mentido sobre os cavalos ficarem por perto de onde havia comida. O frio estava tornando as gramíneas mais secas ao redor daquele vale.— Eles devem estar por aqui! — Murmurou Jonas consigo mesmo.Ele continuou sua busca, tentando espantar alguns roedores para comer. Jonas tentou sufocá-los com a fumaça que fez com uma tocha, mas as tocas estavam vazias e a fome persistia. Sem alimento à vista, ele continuou procurando pelos cavalos e acabou se deparando com um enorme lince. Lucas, seu mentor, sempre o orientara a não mover um músculo ao ficar frente a frente com uma fera. O lince se aproximou, e o coração de Jonas disparou, a boca secou.Ele já havia sido uma fera como o lince, e talvez algo primitivo ainda permanecesse nele. O lince mostrou suas presas, seu ventre parecia maior do que o normal, era uma fêmea defendendo seu ter