Eu sabia que o assunto com Ricci precisava ser resolvido rapidamente. Traição não era algo que eu podia ignorar, especialmente quando vinha de alguém em uma posição tão importante na organização. Se eu deixasse isso passar, estaria enviando a mensagem de que a lealdade não era mais uma prioridade, e que cada um podia fazer o que bem entendesse. No nosso mundo, lealdade é tudo, e a falta dela se paga com sangue.
Cheguei ao local onde o encontro havia sido marcado. Um pequeno armazém afastado, nas bordas da cidade. O tipo de lugar onde discussões como essa aconteciam longe dos olhos curiosos. Ricci estava esperando, com alguns dos meus homens já posicionados ao redor, prontos para agir se as coisas desandassem.
Assim que entrei, Vittorio me cumprimentou com um leve aceno. Ele sempre sabia como conduzir essas situações com discrição e controle, e era por isso que eu confiava tanto nele. Vittorio era meu braço direito, sempre mantendo as coisas em ordem enquanto eu cuidava de outras questões.
Ricci estava sentado em uma cadeira, com as pernas cruzadas e o corpo relaxado, mas o olhar tenso o entregava. Ele sabia que sua posição estava em risco, e sabia que eu não era conhecido por perdoar traições.
— Lorenzo — disse Ricci, com um leve aceno de cabeça. — Que bom que veio. Parece que houve um mal-entendido.
Mal-entendido. Palavra fraca para o que ele havia feito. Ele sabia disso. Eu sabia disso.
— Mal-entendido? — perguntei, minha voz baixa, mas carregada de autoridade. Caminhei lentamente ao redor dele, meu olhar fixo nos seus olhos. — Desviar dinheiro da organização e negociar com nossos rivais não parece um simples mal-entendido, Ricci. Parece mais com uma sentença de morte, não acha?
O ar no armazém ficou pesado. Ricci ficou tenso, e vi o nervosismo passar por seu rosto, mesmo que ele tentasse manter a pose de quem ainda acreditava ter alguma chance de sair vivo dessa.
— Eu não… eu não fiz isso para trair a organização — ele começou, as palavras saindo apressadas, como se tentasse encontrar uma justificativa que o salvasse. — Eu estava apenas garantindo a segurança da minha área. As coisas estavam ficando complicadas, e eu precisei fazer alguns acordos. Era pelo bem de todos nós.
Ouvi suas palavras, mas o peso da traição era mais forte do que qualquer justificativa que ele pudesse dar. No nosso mundo, as ações falam mais alto do que palavras, e Ricci havia falado alto e claro quando começou a fazer movimentos por conta própria.
— Você se lembra do que falamos sobre lealdade, Ricci? — perguntei, minha voz firme. — Lembro que você esteve ao meu lado por anos, e eu confiei em você. E agora, você me apunhala pelas costas, como um covarde?
Ricci tentou levantar, as mãos erguidas em um gesto de súplica.
— Por favor, Lorenzo… Eu nunca quis trair você. Fiz o que achei que era necessário. Deixe-me explicar!
Mas eu não estava interessado em explicações. A traição já estava consumada, e ele sabia tanto quanto eu que não havia perdão. Vittorio, que estava ao lado, observava em silêncio, aguardando minha ordem. Ele sabia o que estava prestes a acontecer.
— Vittorio — chamei sem tirar os olhos de Ricci.
Vittorio acenou para um dos homens ao fundo, e em segundos, Ricci foi empurrado de volta à cadeira, seus braços imobilizados pelos meus homens. O pânico agora estava claro em seus olhos, e ele começou a se debater.
— Lorenzo! Por favor! Posso compensar isso. Posso consertar! — ele gritava, sua voz desesperada. — Eu te ajudei por anos, não pode acabar assim!
Eu me aproximei lentamente, o rosto dele ficando cada vez mais pálido à medida que me aproximei.
— Acabar assim? — perguntei, a voz fria. — Ricci, você sabe tanto quanto eu que no nosso mundo, a traição tem apenas uma saída.
— Não! — ele gritou, tentando se soltar, mas era inútil. Meus homens estavam prontos, e eu já havia tomado minha decisão.
Sem hesitar, saquei a arma e apontei para ele. Era assim que as coisas eram resolvidas. Ricci fechou os olhos, como se esperasse um milagre, mas sabia que não havia escapatória.
Um único disparo ecoou pelo armazém, e Ricci caiu para o lado, o sangue manchando o chão ao seu redor.
Vittorio se aproximou, observando o corpo sem qualquer emoção. Ele já havia visto isso acontecer muitas vezes antes.
— Limpe essa bagunça — disse a ele, enquanto guardava a arma no casaco.
— Sim, Lorenzo — respondeu Vittorio, acenando para os homens começarem a remover o corpo.
Eu me virei e saí do armazém sem olhar para trás. O assunto estava resolvido, e Ricci havia pago o preço de sua traição. Esse era o único caminho no nosso mundo. Qualquer sinal de fraqueza, qualquer deslealdade, era resolvido de maneira rápida e definitiva.
Dirigi de volta para casa, o sol começando a sumir no horizonte. Tinha ainda o casamento de Giovane e Claudia para comparecer à noite, e eu precisava me preparar para isso. Giovane era um dos meus amigos mais próximos, e eu não poderia faltar ao casamento dele.
Ao chegar em casa, fui direto para o chuveiro. A água quente me ajudou a relaxar.
Saí do banho ainda enrolado numa toalha, peguei meu celular e mandei uma mensagem para Camille, eu havia conseguido o número dela nas publicações da internet, já que ela me disse que trabalhava com organização de festas. Procurei pelo seu nome e encontrei seu número de celular.
Convidei ela para outro café da tarde no mesmo lugar em que nos conhecemos, senti estranhamente a necessidade de estar novamente em sua companhia, e claro, queria me desculpar por ter ido embora, sem ter a decência de pelo menos ter comunicado que o trabalho me chamava naquele dia.
Vesti um terno escuro e elegante, pronto para a noite. O casamento de Giovane seria um evento importante, e eu sabia que muitas pessoas influentes estariam lá.
Passei um pouco de perfume e me olhei no espelho. Meu reflexo me encarava de volta, os olhos cansados e sombrios. Eu sabia que minha vida estava cheia de sombras, e Camille não tinha ideia de quem eu realmente era, e nem precisava disso. Quanto menos ela souber, mais segura estará.
Coloquei o relógio no pulso e peguei as chaves do carro, e saí do quarto.
Camille,Eu me olhava no espelho, ajustando os últimos detalhes do meu cabelo. Era a noite do casamento de Cláudia e Giovane, e eu precisava estar à altura da importância do evento. Estar impecável faz parte do trabalho, especialmente quando se tratava de uma cerimônia tão grandiosa quanto essa.Penteei meu cabelo uma última vez, deixando os fios soltos em ondas suaves que caíam sobre meus ombros. O brilho sutil que eu havia aplicado dava ao meu cabelo um toque de elegância sem exagero. Para a maquiagem, optei por algo mais clássico. Sombras em tons de marrom realçavam meus olhos, enquanto o delineado preto criava uma moldura delicada e precisa. O batom vermelho matte dava um toque de sofisticação, combinando perfeitamente com o vestido que escolhi para a ocasião.O vestido era um modelo longo e de seda, com um corte elegante e minimalista. O tom de verde-esmeralda realçava a cor dos meus olhos e se ajustava perfeitamente ao meu corpo, destacando as curvas sutilmente. As alças finas d
Lorenzo,O salão estava cheio de vozes abafadas, o som de risadas ecoando pelas paredes decoradas luxuosamente. Casamentos como esse eram sempre grandiosos, especialmente quando envolviam figuras como Giovane e Claudia. O casal, ambos pertencentes a famílias importantes dentro do nosso círculo, estava cercado por amigos e aliados da máfia. Uma ocasião perfeita para celebrar e reforçar alianças, e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para manter os negócios em ordem.Eu estava no meio de uma conversa com alguns amigos da máfia, todos homens de confiança, aqueles que eu podia contar para manter a ordem nas regiões que controlávamos. Salvatore e Alessandro estavam ao meu lado, rindo e comentando sobre o evento. Eles eram como irmãos para mim, homens com quem eu compartilhava muito mais do que apenas negócios. Sabiam dos sacrifícios que fizemos para manter nossas famílias no poder.— Então, Lorenzo — disse Alessandro, com um sorriso maroto. — Eu ouvi que aquele problema com Ricci foi resolvi
Lorenzo,O som abafado da festa continuava ao nosso redor, mas a atenção que eu dava a tudo aquilo estava diminuindo. Camille estava à minha frente, com os olhos brilhando sob a luz suave do salão. Ela continuava tirando algumas fotos dos noivos, enquanto eles dançavam.Depois de alguns minutos de conversa mais leve, eu percebi que o ambiente do salão não era o mais adequado para continuar aquela conversa que parecia ganhar mais intensidade a cada minuto. Havia algo mais no ar entre nós, algo que eu sentia que precisava ser explorado longe dos olhares curiosos dos outros convidados, para evitar especulações. E além de tudo, um calor me percorreu naquele momento, então, seria viável se eu saísse para fora um pouco.— O jardim parece um bom lugar para conversarmos mais tranquilamente — sugeri, mantendo o olhar fixo nos olhos dela. — Está calor aqui.Camille hesitou por um instante, mas logo assentiu com um leve sorriso.— Provavelmente — respondeu ela.Nós nos dirigimos calmamente para
Lorenzo,O beijo que compartilhei com Camille momentos atrás incendiou algo em mim que eu mal conseguia controlar. Ela me consumia de uma maneira que nenhuma outra mulher jamais conseguiu. Eu me arriscaria a dizer que nem mesmo Isabella havia conseguido isso.— Lorenzo… — a voz dela soava entrecortada, o rosto ainda corado pela intensidade do que acabamos de viver.Eu mal podia responder. Minha mente girava, o gosto dos lábios dela ainda fresco em minha boca, enquanto meu corpo clamava por mais. Passei a língua pelos lábios, tentando prolongar aquele gosto que não queria perder.— Camille… — sussurrei, incapaz de disfarçar o desejo que me consumia.Ela me olhou por um momento, e eu vi a mesma fome nos olhos dela. Nenhum de nós estava pronto para parar. Então, sem hesitar, ela correu para os meus braços, e eu a puxei para perto, meus lábios encontrando os dela com uma urgência que não conseguia mais esconder.Ela saltou, enroscando as pernas ao redor da minha cintura, e eu a segurei fi
Camille,Deixamos a festa para trás, e a tensão entre nós parecia cada vez mais impossível de controlar.Eu olhava para Lorenzo enquanto ele dirigia, sentindo meu coração bater mais rápido a cada quilômetro que nos distanciava do mundo lá fora. Eu sabia que, naquele momento, não havia mais volta. O que começou como uma atração irresistível havia se transformado em algo muito mais profundo. Algo que eu não queria mais lutar contra.Quando chegamos à casa dele, o lugar era imponente, mas, ao mesmo tempo, discreto. Uma das casas que ele mantinha, longe de tudo e de todos, onde poderíamos estar a sós. Meu corpo inteiro estava em alerta, como se soubesse exatamente o que estava para acontecer.Saímos do carro e Lorenzo, sem dizer uma palavra, pegou minha mão e me guiou para dentro. Havia uma urgência no toque dele, mas, ao mesmo tempo, algo suave, como se quisesse prolongar aquele momento. O som dos nossos passos ecoava pela casa silenciosa enquanto subíamos a escada, e meu coração batia t
Camille,Acordei com a luz suave do sol entrando pelas cortinas, iluminando o quarto de forma calma e serena. Os braços de Lorenzo ainda me envolviam, e eu me aconcheguei por um momento, sentindo o calor do corpo dele contra o meu. Sua respiração era lenta e tranquila, ele parecia completamente relaxado. Aquele homem que sempre parecia tão controlado e no comando, agora estava aqui, ao meu lado, tão vulnerável quanto eu.Peguei o celular na mesinha de cabeceira e vi várias notificações. Mensagens de Claudia e, principalmente, do meu pai. Suspirei, sabendo que precisava lidar com aquilo, mas hoje não. Não agora. Resolvi ignorar todas as mensagens por enquanto, desliguei o celular e coloquei de volta na mesa. Hoje era um dia só para nós, sem interrupções, sem responsabilidades.Com cuidado, desvencilhei-me dos braços de Lorenzo, tentando não o acordar. Ele dormia serenamente, e eu o observei por alguns segundos, admirando o quanto ele parecia em paz. Era raro vê-lo assim, completamente
Camille,Uma semana se passou desde que Lorenzo e eu passamos aquela manhã juntos, e minha vida parecia diferente de uma forma que eu não conseguia explicar totalmente. Cada encontro com ele era cheio de desejo, luxúria, e, por mais que tentasse me preparar para tudo isso, Lorenzo sempre encontrava uma maneira de me surpreender.Hoje, tínhamos um jantar marcado, e eu queria que tudo estivesse perfeito. Já havia me olhado no espelho mais vezes do que conseguia contar, ajustando o vestido e os detalhes como se aquele fosse o encontro mais importante da minha vida. E talvez fosse. A conexão entre nós parecia crescer mais a cada dia, e eu sentia que estava me envolvendo mais e mais.Meu vestido preto era simples, mas sofisticado. O tecido de seda fluía levemente pelo meu corpo, destacando minhas curvas de maneira sutil. As alças finas deixavam meus ombros à mostra, e o decote em “V” era o suficiente para ser sensual, mas sem exageros. O corte do vestido era perfeito, ajustando-se à minha
Lorenzo,Eu sabia que algo estava errado assim que vi aquele homem falando com Camille. Havia algo na forma como ele olhava para ela, algo que me deixou em alerta. Meus instintos nunca falhavam. No mundo em que vivo, você aprende a reconhecer ameaças antes mesmo de elas se tornarem reais. Aquele homem era perigoso, não apenas pela aparência ou pela maneira como andava, mas pelo modo como Camille ficou tensa ao vê-lo.Quando perguntei quem era ele, a resposta de Camille foi rápida demais, evasiva demais. “Só um desconhecido que me confundiu com outra pessoa”, ela disse. Mas seus olhos traíam o nervosismo. Ela tentou sorrir, mas eu sabia reconhecer quando alguém estava escondendo a verdade. Não a pressionei. Pelo menos, não ali naquele momento. Havia tempo para perguntas mais tarde, e eu sempre soube esperar pela hora certa. Mas minha mente continuava voltando àquele homem. Quem ele era, e o que ele queria de Camille?Durante o jantar, tentamos manter as coisas leves. O restaurante à be