CAPÍTULO 73 Arthur Taylor Durante a viagem ela estava calada por não poder falar e sem expressão no rosto, e isso estava acabando comigo. O Yuri comprou a cadeira de rodas que eu pedi, e com cuidado a tiramos do carro. — Ruivinha, assim que a gente subir você vai se sentir melhor, você vai ver! — ela negou. — Porquê não, Sophia? Você está bem melhor, e logo estará andando, não foi tão grave, vai ficar umas marcas, mas poderá andar, e isso que importa! — a minha mãe falou. Sophia ficou agitada, e parecia querer levantar, então nos apressamos para entrar no elevador e ela parou. — Filho, eu vou precisar voltar para a fazenda hoje, já acabaram as minhas férias, e já faltei por vários dias, será que a Margarida consegue cuidar dela? Eu posso levá-la comigo, se quiser! — Sophia olhou na mesma hora e confirmou. — Não, de jeito nenhum! Você quer ir com ela, ruivinha? — assentiu. — Se quiser... — Nem comecem, que a Sophia
CAPÍTULO 74 Arthur Taylor Com o afastamento da Sophia e o excesso de trabalho, eu tenho passado muito tempo isolado também. Até deixei o celular no silencioso para não incomodar o descanso dela, e deve ser por isso que a mãe dela não conseguiu contato, mas agora já deixei bem alto o volume para que eu escute, algo me diz que ela precisa de mim. Agora que a minha ruivinha já está melhor, resolvi preparar uma surpresa. Não posso me isolar ainda mais, que não vai resolver nada, e sem contar que da última vez que tentei surpreendê-la quem foi surpreendido foi eu, e passei quinze dias morando num hospital. Comprei os lanches preferidos dela, fugi um pouquinho a tarde e fui em uma loja comprar um vestido. Escolhi um modelo justo na cor clara, não tão curto, assim como ela escolheria, antes de me impor escolhendo as coisas que vestiria, inclusive hoje vou deixar bem claro que nada disso me importa mais, e ela é livre para usar o que bem entender. Ao
CAPÍTULO 75 Samantha Clark Eu não aguentei mais. Tentei falar e me expressar, tentei respeitar e nada adiantou. Então, quando ele trouxe aquele vestido e o entregou para a Margarida, muitas coisas me vieram na cabeça. — Senhora... olha só! Ele comprou esse vestido, e escolheu bem do seu gosto! Disse até ser bem parecido com um que você usou... ele quer te ver bem! Você gostou? — neguei. Apontei para os cabides, e insisti para que ela pegasse outro, negando e movendo o rosto. Então ela começou a olhar os modelos e me mostrar cada um deles. — Quer outro, senhora? Não gostou do novo? — neguei. — tudo bem, então vou te mostrando e você vai olhando para escolher, o importante é a senhora se sentir bem! — assenti. Ela foi me mostrando os modelos e eu optei pelo que mais se parecia com o meu gosto, e se diferenciasse do gosto da minha irmã. Hoje eu preciso mostrar para ele quem eu sou, não acho justo que ele continue iludido e sofrendo com
CAPÍTULO 76 Arthur Taylor Gostei da estrutura desse hospital, achei que nunca precisaria utilizar, pelo menos não tão cedo, mas o bom é que consegui comprar o povo e vão colocar a minha ruivinha num quarto separado, mas com a mesma UTI, e um sofá-cama para que eu não saia mais de perto dela. Depois que todos saíram, puxei uma poltrona ali pertinho dela, e verifiquei a temperatura que agora está perfeita, mandei trazerem várias cobertas que eu mesmo controlaria isso. Que raiva de deixarem ela gelada daquele jeito! — Volta pra mim, cabelo de fogo! Eu vou morrer contigo se eu não puder te ter mais, você trouxe vida pra mim, não faz isso! — segurei a sua mão e coloquei no meu rosto, segurando ela inteira em contato comigo. — Agora sim, eu sinto que é você... me sinto conectado, o coração mais quente... — respirei pesado, com o nó na garganta que se formava... — Só espero que me perdoe por não ter te reconhecido, sou mesmo um idiota! Mas... um idiota que te ama... — me assustei qua
CAPÍTULO 76 parte 2 Arthur Taylor E, assim os dias foram passando, todos os dias a história se repete... ela mexe algo quando converso com ela, e os médicos dizem que não é nada, mas eu não desisto! Ela ainda vai acordar. A mãe dela vem todos os dias, e deixei ela passar essa noite com ela, já que a Valéria veio cuidar da Samantha, e eu precisei de um banho e umas horas de sono para ficar melhor. Hoje trouxe as flores que naquele dia eu comprei e foram jogadas fora sem ela ver... faz um mês que tudo aconteceu e eu ainda não tive uma boa notícia. Comprei um vaso bonito, e arrumei as flores ali. Muitos quiseram me impedir de trazer, mas eu mostrei algumas notas de duzentos e resolvi o problema. Já até estou meio quadrado de ficar nessa poltrona dia e noite, mas estou firme. Acho que nunca conversei tanto na minha vida, e se a Sophia consegue me ouvir, já deve saber mais da minha vida do que eu, porquê todos os dias eu converso com ela contando das minhas histórias, da
CAPÍTULO 77 Sophia Clark Taylor Eu sempre me perguntava o que uma pessoa poderia sentir ou ouvir, enquanto estivesse em um coma! Bom, vou falar por mim mesma... eu acredito que eu tenha ouvido grande parte do que acontecia ao meu redor, desde o momento em que eu vi aquele carro girando e a minha cabeça apagando, eu só percebi que havia algo errado quando comecei a ouvir vozes ao meu redor e eu não conseguia acordar. Os meus olhos não abriram, mas a primeira voz conhecida que eu ouvi, eu reconheci, e me doeu muito saber que o Arthur não me reconheceu. Eu não imagino pelo que ele deve ter passado, e ainda nem me olhei no espelho para ver em que estado estou, mas eu pensava que já havíamos superado essa fase e ele não me trocaria pela Samantha nunca mais... pois eu estava enganada. Eu não consigo descrever o desespero que senti quando percebi que ele não voltou mais, não tenho noção de quanto tempo fiquei lá sozinha, a única coisa que eu sabia era que nin
CAPÍTULO 78 Samantha Clark Me sinto melhor agora que vim para o hotel, e também vi a minha mãe. Fiquei feliz em saber que ela está bem, embora eu não consiga me comunicar com ela, e mais feliz ainda quando ouvi ela no celular falando que a Sophia acordou. — Filha, a sua irmã acordou! Eu vou precisar ir pra lá... descansa, tá? O Cleiton vem depois do almoço? — perguntou, e assenti. Enfim eu veria alguém. Já me habituei com a cadeira de rodas e faço muita coisa com ela pelo hotel. Só não me acostumei a ficar sem falar, acho que isso ainda vai acabar me desanimando bastante. Tentei cobrir o meu rosto com muita maquiagem para que o Cleiton não me visse com a minha nova aparência. Não tem nada aberto, mas não é mais como era antes, e me frustro fazendo isso, porque quando me arrumo preciso me olhar no espelho, e me lembrar de que não sou mais a mesma. Vesti uma roupa discreta e simples, com a maquiagem em exagero, a roupa teria
CAPÍTULO 78 parte 2 “Você vive de teorias! Na prática as coisas não são assim! Me diga que existe homem que preste, e ele suportará ou amará uma mulher com falhas como eu?“ — entreguei. — Eu te acho perfeita! — falou. Então lhe escrevi... “Vou te mostrar a verdade, e então você verá o monstro que me tornei! Pega aquele pacote de lenços umedecidos ali em cima!“ — entreguei, e ele me olhou diferente, não respondeu nada, e foi buscar o que eu pedi... já chega de tentar esconder o horror que me tornei. Tirei a maquiagem com raiva, até não sentir mais nada na minha pele, e então comecei a chorar jogando o lenço no chão. Ele se levantou e veio bem perto de mim, sentando de frente comigo, o sofá do hotel é largo e deu perfeitamente pra isso. Cleiton colocou a mão no meu rosto e começou a olhar bem de perto. — Não deveria ter passado maquiagem, isso irrita a pele, e dificulta a cicatrização! Vou procurar uma bacia com água e já volto... — eu queria perg