Passaram-se verões.
Perderam-se emoções.
Restaram corações.
Unidos em pedaços.
Fazia exatamente uma semana desde que havia visto James ensaiando no Centro Cultural, quando Karen chegou eufórica em casa. Ela me procurava pelos cômodos do apartamento, gritando meu nome e, por fim, me encontrou no quarto, separando algumas roupas para a viagem.
— Aí está você! Veja o que eu consegui. — Ela estendeu a mão, mostrando um ingresso.
— Para que isso?
— Para uma apresentação. — Ela sorria maliciosamente. — Eu consegui com um amigo muito legal!
— Quem, Karen?
— James.
— James?
— Sim, e você est&a
Consegui me achar escondida no seu passado.Presa em nuvens escuras e espessas.Agora luto para me conter e não morrer.Afogada em amor nos seus braços.— Vou adiar a viagem. Preciso ligar para Karen e avisar.— Você está com tudo programado e há tempo não vê seus pais. Não precisa ficar, se não quiser.— Farei isso depois do Ano Novo, por enquanto quero ficar aqui com você. Acho que já está na hora de acabar com velhos costumes. — Ele deu um pequeno sorriso, aquele de sempre, doce e encantador.Desde que terminei o namoro com Víctor, havia cinco anos, passava a maioria das festas de fim de ano em Antonina. Nunca tive grandes motivos para ficar no Rio, não como naquele momento. Daquela vez, era diferente.James e eu combinamos de não revelar, ao menos por aqueles
Me dê razões, mas não me dê escolhas.Porque eu cometeria os mesmos erros outra vez.Same Mistake – James BluntNo dia seguinte, deixei James no Centro Cultural para pegar o carro dele e fui para o meu apartamento terminar de fazer minhas malas. Karen já não estava mais lá.Eu não sabia para onde James me levaria, mas eu estava animada para conhecer o lugar preferido dele.Tomei um banho rápido e guardei o vestido novo no guarda roupas. Eu olhava para ele e sorria, pois de alguma forma, ele me trazia a lembrança da noite anterior.Tudo estava perfeito. Ao meio dia em ponto, James estava me esperando na porta do prédio para almoçarmos juntos. Desci com minha pequena bagagem e, ao abrir o portão, vi-o sentado no banco do motorista de um 308 preto, que naquele momento e
A confiança se desfez.Estilhaçando-se em cacos de mentiras.Quebrada por uma cruel verdade.Era o segundo dia do ano e eu estava na estrada, a caminho de Antonina para ver meus pais. James viajou para Madrid dois dias depois. Falávamos constantemente através de mensagens no celular e e-mails.Karen sabia que eu chegaria naquele dia e estava no sítio à minha espera. Tudo estava como das outras vezes, nada havia mudado, e comecei a sentir saudades de James. Mas ele precisava viajar e eu também.Duas semanas depois, quando voltei para o Rio, Karen foi comigo. Não contei nada a ela sobre meu Ano Novo com James, e eu não sabia qual seria a reação dela, então preferi prolongar mais esse segredo.Enquanto James cumpria suas aulas de intercâmbio em Madri, eu voltei a fazer também o meu trabalho no
Para Carla, O meu maior erro desde o início foi não ter enfrentado os meus problemas. Viver uma vida calma é mais seguro do que viver o inexplorado. Mais tranquilo do que se aventurar em águas profundas. Menos arriscado do que saltar de alturas gigantescas. Mas do que vale a bonança sem aquilo que realmente se deseja? Não posso dizer que me arrependo de tudo o que aconteceu, não posso dizer que voltaria atrás. Só o que posso dizer agora é que nada mais importa. A vida me presenteou no momento em que pensei ser impossível viver mais feliz do que eu era. Ao contrário do que se possa imaginar, não tenho a intenção de continuar buscando o destino mais favorável, o trajeto mais curto, a opção mais simples. Os últimos dez anos foram suficientes para me alertar de que não se pode traçar um ponto final em histórias que continuam vivas. Devemos fazer escolhas certas em nossas vidas. Esc
A noite tinha de tudo para dar errado. Mas por causa de um simples gesto, isso não aconteceu. Eu esfregava as mãos insistentemente enquanto estava sentada no sofá da sala de uma chácara, rodeada por estranhos. A casa era de Carla, irmã do meu namorado, Víctor. Eu o conheci no Carnaval, logo completaríamos um ano de namoro, e ele decidiu que esse seria um belo dia para me apresentar a todos. Mas não foi bem assim que aconteceu. Passar o Ano Novo em Paraty não estava nos meus planos. Cheguei um dia antes na cidade e adorei conhecer o lugar. Quase cinco anos morando no Rio e eu ainda não conhecia essa parte do litoral carioca. Confesso nunca ter imaginado que as praias dessa cidade fossem tão ricas no quesito beleza natural. Realmente, é de encantar os olhos. Viajamos quase duzentos e sessenta quilômetros para eu conhecer a família dele e nos hospedamos em uma pousada, localizada no centro histó
Sempre gostei de surpresas. Surpresas boas. Só não imaginava que todas essas juntas pudessem ser assustadoras. Acordei na manhã seguinte com o barulho da campainha do meu quarto na pousada. Num segundo, coloquei meu vestido e fui abrir a porta. Era Víctor. — Oi, amor. Feliz aniversário! — Ele estava lindo, como em todos os outros dias, e carregava nos braços um buquê enorme com rosas vermelhas! — Ah, Víctor, obrigada! — Ele entrou, e eu fechei a porta. — Está tudo bem com seu filho? — perguntei, ainda um pouco sonolenta. — Sim, ele está ótimo. No fim do dia já estará em casa. — Que bom. — E você? — Ele me abraçou e deu um suave beijo no rosto. — Estou bem. Eu amava Víctor, e isto era um fato. Mas me preocupava muito com sua antiga família. Nem mesmo suas viagens me deixavam tão irritada quanto sua ex-mulher e seu adorável filh
Tente não mudar seus planos. Pois o objetivo final é que sejam eles a mudar você. O restaurante era incrível, como imaginei. Víctor e eu sentamos próximos de uma grande janela, de onde podíamos ver a luz da lua. Pedimos uma salada fresca como entrada, acompanhado de um filé de salmão grelhado e vinho branco. Tudo estava perfeito, menos a parte em que eu tremia dos pés a cabeça toda vez que me lembrava da revelação de James naquela tarde. Fiquei tão apavorada que peguei a primeira coisa do guarda roupas e vesti. Apenas depois fui ver que estava calor demais para eu estar com meu vestido roxo de mangas curtas. Deveria ter colocado o de cetim lilás. Seria mais fresco. O intenso calor do verão não cessa nem ao cair da noite no Rio de Janeiro, e eu sinto falta da brisa fresca que passa pela varanda do sítio do meu pai, em Antonina. Víctor, de vez em
O destino é inquieto. Ele insiste em nos assustar. Insiste em nos envolver. Insiste em nos fazer amar. No mês seguinte, eu já estava no meu carro a caminho da casa dos meus pais, no Paraná. Todos estavam à minha espera e ,infelizmente, não era daquela forma que eu havia planejado meu feriado de Carnaval, mas eu não tive alternativas. Depois daquele dia no restaurante, Víctor foi me procurar no meu apartamento umas três ou quatro vezes, não sei ao certo. Eu nunca atendia a porta, e ele ficava lá, me chamando, mas como eu não respondia, ele ia logo embora e sempre deixava um buque de flores no chão. O namoro havia chegado ao fim e eu chorei por isso. Mas imaginar as palavras horríveis que ele havia me dito naquele dia me fazia chorar ainda mais. Durou apenas duas semanas a insistência dele em me procurar, depois disso cessaram as ligações e as mensagens, até mesmo os e-mails não estava