- Não! – Gritei, pegando-a nos meus braços, sentindo seu corpo junto do meu, o perfume que eu nem reconhecia mais.
Nada mais importava. Que o mundo explodisse... Eu só queria ela... Nada mais.
Enquanto saia do palco com Sabrina, os braços dela passando pelo meu pescoço, as lágrimas a molhar minha roupa, vi tantas pessoas ao meu redor que quase não conseguia andar.
Todos falavam ao mesmo tempo. E eu não ouvia nada... Só queria ela. A prenderia numa corrente e não a deixaria escapar jamais.
Ouvi alguém gritando no microfone que eu faria uma pausa de alguns minutos. Não... Eu não voltaria para o palco. Talvez nunca mais... Porque eu já havia encontrado o que procurei incansavelmente, acho que por toda a minha vida.
Tranquei a porta do camarim e a larguei, observando-a. Temi que minha voz tremesse a ponto de eu não conseguir me expressar.
- Você precisa entrar de volta no palco. – Disse meu assistente, furioso.Aquele garoto era os olhos e ouvidos da minha empresária, que não conseguiu vir naquele show, devido a outro compromisso. E eu pouco me importava do que ele diria para ela.- Não! – Falei, parecendo um garoto mimado.- O que você está pensando? Estas pessoas pagaram para vê-lo cantar e não para que arrancasse uma fã do palco e a fodesse no camarim, seu imbecil. Pode muito bem fazer isso depois que acabar o show. – Agora era Otávio quem falava, furioso.Ele era o homem que organizava os shows na prática e estava comigo em todos os lugares que eu ia. Era sério e dedicado e graças a ele eu tinha evoluído muito enquanto artista. Antes eu só era um cantor.Olhei para Sabrina e depois para ele:- Ela não é uma simples fã...- N&a
- Ela... Vai ficar no hospital?- Só por precaução. Quem a atendeu foi um bom médico. Eu confio nele. Fizemos todos os exames que precisavam e está tudo certo com Medy.A abracei com força, deixando as lágrimas agora rolarem de felicidade. Yuna me afastou e disse:- Há quanto tempo você está chorando? Está péssima.- Estou chorando há horas, minha amiga. Preciso ver minha bebê.- Temos só um probleminha... Os quartos da Pediatria estão todos ocupados. Estávamos aguardando leito quando Medy encontrou um amigo por aqui.- Um amigo?- Sim... Então ela pediu para ficar no mesmo quarto que ele.Suspirei e sorri:- Medy sendo Medy. Como ela encontrar um amiguinho aqui no hospital?- Vamos, ela quer vê-la.- Posso ir junto? – Do-Yoon perguntou.- Pode... Mas Lianna aguarda
Pela primeira vez vi Yuna ficar ruborizada com alguma coisa. Do-Yoon abriu a porta e antes que ela entrasse, puxei seu braço:- Desculpe-me...- Pela parte que não contou da Medy para ele?- Não... Por ter chamado você de...- De... – Ela me encarou seriamente.- Pessoa que não gosta de sexo.- Não me ofendeu. Talvez eu realmente não goste.- Ou não encontrou a pessoa que a fez gostar.Ela riu:- Isso não existe. A vida não gira em torno de sexo.- Nem sem ele.- Acho que você tem problemas.- E se for “você” quem tem?- Sabrina, não vamos falar sobre isso agora. Já justificou o motivo por não ter dito ao pai de Medy a verdade. Preferiu transar com ele a falar de sua filha.Ela entrou, sem me deixar tentar explicar.Assim que me vi no quarto, os olhos de Melody
- Onde você o encontrou? – Ele perguntou diretamente para mim.- Gui, nós não vamos falar sobre isso.- Você tem que me dizer... – Ele alterou a voz e a porta se abriu.A mulher alta, esguia e de cabelos longos e levemente ondulados entrou, fechando a porta atrás de si. Tinha na mão um copo descartável com café. Os olhos eram claros, o tom dos cabelos levemente avermelhados, percebendo-se que eram tingidos. Usava uma calça jeans escura, justa e uma blusa com gola alta, que deixava sua aparência ainda mais refinada.Eu nunca me achei feia, pelo contrário. Mas ela era digna de uma modelo de passarela, tamanha altura e peso muito bem distribuídos.Entregou o copo para Guilherme e sentou-se na poltrona. Não consegui disfarçar minha curiosidade.- Mãe... Esta é Sabrina Rockfeller. Ela é minha professora... E mãe d
Ele pareceu em dúvida sobre contar-me ou não.- Colin, pode me dizer. Nada do que eu saiba sobre os Rockfeller ou a J.R Recording me faria voltar à Noriah Norte.- Seu pai está praticamente falido.- Falido? – Eu não consegui esconder um leve sorriso de satisfação, embora por dentro eu gargalhasse.- Sim.- Como isso aconteceu?- A crescente chegada de novos artistas, as inúmeras gravadoras que surgiram nos últimos anos, a internet, que acaba promovendo os artistas mais do que o Marketing que ele pagava... Enfim, tudo se modernizou, mas J.R parou no tempo.- Nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Na minha inocência parecia que aquele negócio era simplesmente perfeito e rentável eternamente.- E sem contar as questões jurídicas que a J.R Recording se metia, perdendo muito dinheiro. Eu mesmo entrei em causas porque seu pai me obrigou, sabendo que eram perdidas. Ele fez muitos inimigos ao longo dos anos e ficou mal falado entre os artistas do meio, que acabaram procurando outras grav
- Vamos conversar fora do quarto. – Guilherme tentou levantar-se, mas a mão o impediu.Colin aproximou-se da cama de Melody e a analisou, oferecendo-lhe a mão:- Olá, garotinha. Eu sou Colin.- Eu sou Melody. Mas você pode me chamar de Medy, como todo mundo.Eles apertaram as mãos, sorrindo.- Você é muito linda... Embora não se pareça muito com sua mamãe.- Eu sou parecida com meu papai. – Ela continuou sorrindo, encolhendo os ombros, como se fosse óbvio que se não parecia comigo, era com o pai.- Bonito nome... Melody. – Ele observou.- Vem de Melodia... Meu papai gostava do som da melodia da mamãe.Colin me olhou, ainda com um sorriso no rosto:- Ela é linda... E falante.- Sim... E travessa. Caiu da escada. – Observei, apontando para a perna engessada.- Doeu? – Ele questionou-a.- Na hora sim. Mas agora não. Sabe que o médico disse que eu sou muito corajosa? E a minha madrinha Yuna ficou junto comigo o tempo todo, porque ela também é médica. Ela é Pediatra... E não tem namorado.
- A minha vida é complicada, Guilherme. Sempre foi. Eu tenho uma filha, tive um passado horrível... Você não tem ideia do que eu passei. Precisa encontrar alguém da sua idade, uma jovem cheia de vida, como você.- Você é cheia de vida, Sabrina. E me completa... É muito mais do que eu sempre sonhei. E não me venha com isto de diferença de idade porque sabe que não é desculpa. São poucos anos e você sabe disso.- Gui, você é meu aluno. Eu não posso perder me emprego. Dependo dele, para sustentar a minha filha.- Se acontecer de você perder a porra do emprego, eu vou sustentar você e Medy.Eu ri, não me aguentando com a ingenuidade dele:- Você mal se sustenta, garoto. Depende da sua avó... E da sua mãe.- O doutor Monaghan está aqui porque vamos colocar meu pai na justiça
Se eu estava segura do que disse? Não, claro que não. Mas também não poderia deixar que ela soubesse que eu estava amedrontada com as ameaças dela, pois isso lhe daria ainda mais confiança.Quando cheguei em casa e abri o celular, digitando o nome de Charlie B, fiquei sem ar quando li que ele estava de volta em Noriah Norte, cidade onde morava e se preparar para uma nova turnê na Europa.Nos dias que passaram, quando Melody saiu do hospital, procurei notícias sobre possíveis shows dele e não tinha nada. Agora estava explicado... Não tinha show porque ele não estava no país. E como ele simplesmente partiu, fazendo dois únicos shows em Noriah Sul?Como assim? “El cantante” simplesmente me deixou, sem sequer dar explicações? Você nem me procurou! Onde está a minha música, a solicitação de um reencontro? Voc&eci