- Onde você o encontrou? – Ele perguntou diretamente para mim.
- Gui, nós não vamos falar sobre isso.
- Você tem que me dizer... – Ele alterou a voz e a porta se abriu.
A mulher alta, esguia e de cabelos longos e levemente ondulados entrou, fechando a porta atrás de si. Tinha na mão um copo descartável com café. Os olhos eram claros, o tom dos cabelos levemente avermelhados, percebendo-se que eram tingidos. Usava uma calça jeans escura, justa e uma blusa com gola alta, que deixava sua aparência ainda mais refinada.
Eu nunca me achei feia, pelo contrário. Mas ela era digna de uma modelo de passarela, tamanha altura e peso muito bem distribuídos.
Entregou o copo para Guilherme e sentou-se na poltrona. Não consegui disfarçar minha curiosidade.
- Mãe... Esta é Sabrina Rockfeller. Ela é minha professora... E mãe d
Ele pareceu em dúvida sobre contar-me ou não.- Colin, pode me dizer. Nada do que eu saiba sobre os Rockfeller ou a J.R Recording me faria voltar à Noriah Norte.- Seu pai está praticamente falido.- Falido? – Eu não consegui esconder um leve sorriso de satisfação, embora por dentro eu gargalhasse.- Sim.- Como isso aconteceu?- A crescente chegada de novos artistas, as inúmeras gravadoras que surgiram nos últimos anos, a internet, que acaba promovendo os artistas mais do que o Marketing que ele pagava... Enfim, tudo se modernizou, mas J.R parou no tempo.- Nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Na minha inocência parecia que aquele negócio era simplesmente perfeito e rentável eternamente.- E sem contar as questões jurídicas que a J.R Recording se metia, perdendo muito dinheiro. Eu mesmo entrei em causas porque seu pai me obrigou, sabendo que eram perdidas. Ele fez muitos inimigos ao longo dos anos e ficou mal falado entre os artistas do meio, que acabaram procurando outras grav
- Vamos conversar fora do quarto. – Guilherme tentou levantar-se, mas a mão o impediu.Colin aproximou-se da cama de Melody e a analisou, oferecendo-lhe a mão:- Olá, garotinha. Eu sou Colin.- Eu sou Melody. Mas você pode me chamar de Medy, como todo mundo.Eles apertaram as mãos, sorrindo.- Você é muito linda... Embora não se pareça muito com sua mamãe.- Eu sou parecida com meu papai. – Ela continuou sorrindo, encolhendo os ombros, como se fosse óbvio que se não parecia comigo, era com o pai.- Bonito nome... Melody. – Ele observou.- Vem de Melodia... Meu papai gostava do som da melodia da mamãe.Colin me olhou, ainda com um sorriso no rosto:- Ela é linda... E falante.- Sim... E travessa. Caiu da escada. – Observei, apontando para a perna engessada.- Doeu? – Ele questionou-a.- Na hora sim. Mas agora não. Sabe que o médico disse que eu sou muito corajosa? E a minha madrinha Yuna ficou junto comigo o tempo todo, porque ela também é médica. Ela é Pediatra... E não tem namorado.
- A minha vida é complicada, Guilherme. Sempre foi. Eu tenho uma filha, tive um passado horrível... Você não tem ideia do que eu passei. Precisa encontrar alguém da sua idade, uma jovem cheia de vida, como você.- Você é cheia de vida, Sabrina. E me completa... É muito mais do que eu sempre sonhei. E não me venha com isto de diferença de idade porque sabe que não é desculpa. São poucos anos e você sabe disso.- Gui, você é meu aluno. Eu não posso perder me emprego. Dependo dele, para sustentar a minha filha.- Se acontecer de você perder a porra do emprego, eu vou sustentar você e Medy.Eu ri, não me aguentando com a ingenuidade dele:- Você mal se sustenta, garoto. Depende da sua avó... E da sua mãe.- O doutor Monaghan está aqui porque vamos colocar meu pai na justiça
Se eu estava segura do que disse? Não, claro que não. Mas também não poderia deixar que ela soubesse que eu estava amedrontada com as ameaças dela, pois isso lhe daria ainda mais confiança.Quando cheguei em casa e abri o celular, digitando o nome de Charlie B, fiquei sem ar quando li que ele estava de volta em Noriah Norte, cidade onde morava e se preparar para uma nova turnê na Europa.Nos dias que passaram, quando Melody saiu do hospital, procurei notícias sobre possíveis shows dele e não tinha nada. Agora estava explicado... Não tinha show porque ele não estava no país. E como ele simplesmente partiu, fazendo dois únicos shows em Noriah Sul?Como assim? “El cantante” simplesmente me deixou, sem sequer dar explicações? Você nem me procurou! Onde está a minha música, a solicitação de um reencontro? Voc&eci
Passei praticamente todo final de semana na casa de Yuna. Fizemos planos para a mudança dela e também para o consultório.Tínhamos muitas ideias, mas pouco dinheiro. Mas eu era boa com contas e economias. No fim, conseguiríamos... Juntas.Fui embora com Melody no final da tarde de domingo. Meu carro novo, embora tivesse sido parcelado, gastava menos combustível que o antigo. Então foi um bom investimento. A economia com o valor da gasolina pagava grande parte da parcela.Eu tinha a opção também de trocar Melody de escola. Claro que ela gostava muito da Instituição onde estudava. Mas encontrar uma mais em conta era uma forma de economizar e ajudar Yuna a conseguir mais dinheiro, para comprar os móveis que precisava para seu consultório. E Melody era uma criança muito compreensiva e se eu explicasse o motivo da troca, ela aceitaria sem problemas.Minha f
- Ela matava animaizinhos de estimação quando criança?Calissa arqueou a sobrancelha, confusa. Melody pegou a mão dela, levantando:- Venha ver... Vou mostrar o cemitério.- Cemitério?- Medy... Não precisa... – Tentei contê-la.Mas era tarde. Ela já estava com Calissa pela mão, levando-a por toda a casa até chegar ao quintal.Enquanto ela falava sem parar com minha mãe, perguntei baixinho para Min-ji:- O que é isso, afinal?- Precisa ouvi-la, menina. Acho que já é hora. Sua mãe é uma boa pessoa.- Eu não disse que não era... Mas ela não fez nada naquele dia. Foi omissa...- Ela tentou ajudar do jeito dela. Você que negou. Não precisava ter sido assim. Por ela, a separação entre vocês duas nunca teria acontecido.- E por que ela n&
- Mamãe, nós vamos, não é mesmo? Diga que sim, por favor. – Melody juntou as mãos, em prece.- Medy... Não tem como.- Por quê?Tinhas vezes que eu odiava responder aos porquês dela. E agora era uma destas vezes.- Porque... – tentei pensar rápido – É longe... E mamãe tem que trabalhar.- Mas não tem aula no Natal. – Ela arqueou a sobrancelha.- Esta menina é simplesmente magnífica. – Calissa falou, não conseguindo desviar os olhos da neta.- Você quer me pegar no colo? – Melody ofereceu-se.- Eu... Ficaria muito feliz se você deixasse eu pegá-la. – Vi as lágrimas nos olhos de minha mãe, que tentou contê-las em vão.- Mãe, ela está muito pesada por conta do gesso... Não precisa... – Tentei alertar, mas era
Ela bebeu um grande gole, ficando com bigode de leite.- Amo você, Medy docinho.- Acha que vovô e vovó vão me amar?Suspirei, sentindo um nó na garganta:- Medy, é impossível não amar você.- Será que o Papai Noel vai conseguir deixar o meu presente lá?- Papai Noel encontra as crianças em todos os lugares.- Eu já sei que ele não vai colocar o meu papai na árvore. – Ela riu.- Realmente não. E... – pensei no que dizer para não magoá-la – Sabe que você fez um pedido difícil, não é mesmo?- Não é difícil...- Talvez... Papai Noel não consiga. Seu papai tem estado bastante ocupado com os shows.- Mas ele vai ter tempo para mim. – Ela levantou os ombros, como se aquilo fosse óbvio.- E se Papai No