Naquela mesma semana, recebi o resultado da auditoria que havia contratado para a J.R Recording. E decidi ir pessoalmente dar o resultado ao dono da empresa, no caso, meu pai. Marquei com ele no final da tarde, na sala da diretoria, da qual Mariane havia se apossado.
- Você não vai sozinha. – Charles avisou.
- Eu não tenho medo de meu pai... Não mais, Charles. Ele não pode mais me fazer mal. E qualquer coisa que me aconteça, todos saberão que ele é o responsável.
- Então admite que é arriscado.
- Não... Não quis dizer isso. Pelo contrário, quis confirmar que estou segura.
- Nem pensar. Eu vou junto. Se preferir, eu não entro na conversa. Mas sozinha você não irá até a J.R Recording. Principalmente depois da entrevista que demos contra o seu pai.
Suspirei, vencida:
- Tudo bem.
Melody desceu as
- Ok, mas não se preocupe que a levo em casa. Assim eu aproveito e vejo Yuna. – Falou, um pouco sem jeito. - Tudo bem. Obrigado mais uma vez. Vou passar por mensagem o endereço da escola e avisar a professora que você irá buscá-la. - Ok. E boa sorte para vocês com J.R. Ele está uma fera. - Imagino. Charles desligou o telefone: - Satisfeita com a minha solução? - Muito, muito satisfeita – o abracei – Porque você é o homem mais especial do mundo inteiro. - Eu sei. – Ele retribuiu o abraço, rindo. - Eu amo você, “el cantante”. - E eu amo você, garotinha... E nossas meninas também. Vou compor uma música para a bebê. - Ela nem nasceu ainda. – Comecei a rir. - Quero que ela me ouça de dentro da sua barriga – ele ajoelhou-se na minha frente e tocou meu ventre – Olá, pequena. Eu sou seu pai. Quero que saiba que você é muito esperada aqui fora. E que foi feita num momento especial, de muito amor. Não tem noção de quanto tempo esperei pela sua mãe... E você nasceu deste reencontro.
- O que significa isso? – J.R perguntou- São os dados obtidos pela auditoria terceirizada que contratei. Mariane desviou dinheiro, sonegou e deixou de pagar impostos. Ou seja, a J.R Recording não só está falida, mas deixará de existir muito em breve, quando o próprio governo a fechar. Era isso que você queria? Pois bem, conseguiu! – Olhei para ela, por fim.- Não... Você não fez isso. – J.R olhou para Mariane.- Pai, não tínhamos combinado que esta auditoria não ocorreria? – Mariane disse nervosamente.- Eu segui com ela, mesmo sem autorização. Havia uma pessoa da empresa que contratei que ficou aqui, sem que vocês soubessem. E deu seguimento ao trabalho. Porque eu tinha certeza que você roubava a própria empresa, Mariane. Mas precisava de provas.- Mariane... Eu confiei em você... E em troca... Me destruiu. – J.R sentou-se em sua cadeira, completamente desnorteado.- Por que você fez isso? – Olhei para minha irmã, procurando respostas.Ela ficou um tempo calada, antes de dizer:- Te
- E por que ficou com ele, mesmo sabendo? – Perguntei, atordoada.- Porque eu gostava dele!- Assim como gostou de Colin? – Debochei, furiosa.- Não gostei de Colin. Só queria provar ao nosso pai que ele não era o noivo perfeito, só porque era rico e fazia tudo certinho. Eu consegui mostrar que não existia homem perfeito para sua “filhinha”... Para nenhuma de nós, entende?- Você destruiu a minha vida... Várias vezes.- Ela encontrou Charles... E não demorou muito para se certificar de que eu havia armado tudo para ele. Então... Obrigou-me a aceitá-lo na gravadora, na minha casa... E nas nossas vidas. – J.R falou, sem olhar nos meus olhos.- Ou contaria a todos que você era o responsável pela prisão dele. – Tentei unir os pontos.- Sim. – Ele confirmou.- E por que o encontro de todos na praia, no Natal? – Charles olhou para J.R e depois para Mariane.- Eu queria conhecer Melody... – J.R respondeu – E Mariane queria mostrar à irmã que tinha conseguido ficar com o homem dela...- Não p
Já era tarde. Melody era o centro das atenções na sala, com Yuna, Colin, Charles e Min-ji. A mãe de Colin havia amado minha filha, como eu já imaginava. E Medy adorava carinho e atenção.Eu fiz tudo que precisava com relação à Mariane e meu pai. Ainda assim sentia algo ruim dentro de mim. E não sabia exatamente o motivo.Aproveitei que estavam todos entretidos com as peraltices de Melody e fui até a cozinha, abrindo a porta e descendo os degraus feitos na própria rocha que abrigava nossa casa.O mar ficava a metros de distância. Retirei meus chinelos e caminhei lentamente sobre a areia fina. A lua cheia dava um espetáculo à parte naquela noite, chamando a atenção somente para si. Senti a brisa fresca e cruzei os braços, tentando repelir o frio. Meus cabelos longos balançavam conforme a direção do vento.F
Minha cabeça virou um emaranhado de histórias que se confundiam. E eu não conseguia entender o sentimento dentro de mim com relação à Mariane: pena, raiva...- Ela... Nunca mais soube da criança?- Creio que não. Quando se dá a criança a uma instituição especializada, é tudo feito de forma sigilosa, tanto para a mãe que entrega a criança quanto para a que adota.- Por isso ela quis roubá-lo... Destruir a J.R Recording. Vingança... Queria que ele sentisse na pele o que é perder tudo que se tem de mais precioso.- Talvez... Não sei o que se passa na cabeça de Mariane.- Eu... Não esperava isso. Quer dizer que existe um Rockfeller por aí... Perdido no mundo.- Ela entregou em Noriah Sul.- Para não ter a possibilidade de cruzarem com ele nem acidentalmente.- Creio que sim
- Confesso que estou curiosíssimo, senhora Rockfeller. – A fumaça do cigarro saía da boca dele como uma chaminé, querendo me contaminar de qualquer jeito.Eu não sei se tinha como dar a notícia de forma lenta e verdadeira ou seria melhor inventar toda uma história bonita por trás. Não éramos nada íntimos para eu passar mais tempo ali e ele não era o tipo de pessoa que parecia ter sentimentos a ponto de eu precisar ter dó do que ele ouviria.- Eu vim lhe contar algo sobre seu passado com Mariane.Hardlles riu, sem retirar a porra do cigarro da boca, como se aquilo tivesse nascido com ele:- Jura? Veio me contar algo sobre “meu” passado que eu não saiba? Deixe-me ver... Talvez eu não tenha sabido que sua irmã era uma vadia covarde... Ou quem sabe tenha ficado dúvidas sobre seu pai ser a porra de um filho da puta desgra&cce
- Bem... Yuna está num quarto com Min-ji. Tem o do bebê, que ainda não está completamente pronto.- Posso ficar com Melody. – Ela sorriu, parecendo querer imensamente dividir o quarto com a neta.- Pode sim. – Retribui o sorriso.- Não vou ficar aqui para sempre. Talvez espere o bebê nascer, para ajudá-la no que for preciso. Depois vou procurar um espaço para mim.- Pode ficar aqui, sem problemas.- Eu já dependi demais de outra pessoa. Preciso da minha independência de volta. Necessito resgatar a antiga Calissa... Que era uma mulher de verdade.- Ele... Alguma vez bateu em você?- Não. As agressões sempre foram verbais e psicológicas.- Como aceitou viver assim tanto tempo?- Medo... Covardia... Eu não sei explicar. Mas quando vi que todos partiram e só restamos nós dois naquela casa enorme, me
- Olá, Sabrina! – Ele cumprimentou, os olhos fixos nos meus.Rever Guilherme de certa forma mexeu um pouco comigo. Talvez pela surpresa da presença dele ali, sem avisar.Nada nele havia mudado. O mesmo jeito moleque, roupas despojadas e de marca, os cabelos mais curtos.Os olhos dele repousaram sobre a minha barriga crescida. Sorri, querendo internamente que ele ficasse feliz por mim e Charles. Eu tinha saudade de Guilherme e de toda energia boa que ele trazia.- Não nos convida a entrar na “nossa” casa? – Kelly me perguntou, quebrando completamente o momento.- Gui?Melody chamou por ele, levantando imediatamente do sofá, correndo em sua direção. Abri a porta e ela jogou-se nos braços dele, que a pegou no colo.Os irmãos ficaram alguns minutos abraçados, sem dizer nada. Depois Melody olhou para ele disse:- Eu senti muita saudade... E achei