Fiquei paralisada diante da revelação de Alberto Mendonça. As palavras ecoavam em minha mente, mas eu simplesmente não conseguia processar o que estava acontecendo. Meu pai? Aquele homem diante de mim era o pai que eu mal conhecia, que havia virado as costas para mim e minha irmã quando éramos apenas bebês?Enquanto eu lutava para encontrar as palavras certas, Alberto continuava a me encarar com uma mistura de expectativa e ansiedade. Seus olhos buscavam os meus em busca de algum sinal de reconhecimento, mas tudo que eu podia sentir era uma profunda confusão e uma sensação de desconexão.— Eu preciso da sua ajuda, filha. – Sua voz era suave, mas carregava um peso que eu não conseguia ignorar.Engoli em seco, tentando encontrar minha voz em meio ao turbilhão de emoções que me assaltavam. No entanto, quando abri a boca para responder, as palavras simplesmente não vieram.Alberto estendeu a mão na minha direção, como se quisesse me tocar, mas eu recuei instintivamente, afastando-me dele
Jefferson Albuquerque Hoje resolvi passar um tempo com a minha filha, então a levei ao shopping, a pracinha, lanchamos e depois a levei de volta para a casa dos meus pais, enquanto a colocava para dormir, minha pequena questionou o motivo de Everlly não ter ido conosco hoje e mesmo eu dizendo que hoje era um dia de pai e filha ela disse que queria um dia com a tia Everlly. Ao mesmo tempo que fico feliz por Renata estar apegada a Everlly, isso me preocupa, pois se terminarmos como ficará a cabecinha dela? Assim que desci encontrei meu pai na sala, ele estava lendo seu jornal e sorri para a cena sentindo nostalgia, meu pai não se rende mesmo às tecnologias.Me aproximei do meu pai e assim que ele notou a minha presença, meu pai olhou brevemente para mim e depois voltou sua atenção para o jornal. — Sabia que o senhor é um dos poucos que ainda compra jornal. — Nada melhor do que um bom papel em mãos, não vou ficar refém da tela de um aparelho minúsculo, assim como vocês. – Balancei a
Gisele AlmeidaDesde o momento em que saí daquela maldita clínica, jurei a mim mesma que um dia faria Jefferson pagar por tudo que ele fez comigo. Ele destruiu minha vida, me internou contra a minha vontade, e Jorge não quis mais nada comigo dizendo que não poderia ficar com uma maluca. Por culpa do meu ex-marido perdi um milionário que antes me amava. Enquanto observava Renata indo para a escola com a babá, senti raiva e nem eu mesma sei o motivo disso, Renata e Raquel desde que nasceram receberam atenção enquanto eu passei a ser taxada de mãe maluca e desnaturada. Quando as duas nasceram e percebemos que Raquel era estranha eu disse a Jefferson que não queria cuidar dela, as vezes ela chorava de fome, mas eu me recusava a dar mamá para uma criança como ela, foquei em cuidar apenas de Renata, e um dia enquanto penteava os cabelos da minha filha um questionamento me veio e se do dia pra noite Renata também ficasse como Raquel? Eu não estava preparada para ter uma filha retardada, im
Everlly SoaresEstava entrando no meu carro depois de mais um dia de trabalho voluntário quando ouvi alguém chamar o meu nome. Ao me virar, vi a ex-mulher de Jefferson me encarando. Ela me entregou o endereço de um dos hospitais onde sou voluntária, dizendo que lá descobriria o segredo de Jefferson, e então me deixou, deixando-me realmente curiosa.Sei que não deveria dar ouvidos àquela mulher, que claramente estava desequilibrada, mas algo dentro de mim dizia que eu deveria ir lá. Seguindo minha intuição, fui até o hospital.— Everlly, que surpresa? – Aline olhou para mim, surpresa. — Veio visitar alguém?— Sim, quero visitar a ala de paralisia – respondi.— Vai lá, gata! – ela disse, incentivando-me.Quando entrei na ala, algumas crianças me olhavam, talvez me reconhecendo mesmo sem a fantasia. Me aproximei do leito que ela havia mencionado e logo me lembrei da menininha que eu já havia perguntado sobre antes.— Você veio visitar a Raquel, conhece a família dela? – Vanessa perguntou
Jefferson NunesEstava saindo da casa de Everlly, ainda atordoado com tudo que havia acontecido. Eu sabia que tinha errado em esconder a existência de Raquel, minha outra filha, mas nunca imaginei que isso fosse me custar tanto. Caminhei sem rumo pelas ruas da cidade, tentando processar a conversa que acabara de ter com Everlly. Ela tinha todo o direito de estar furiosa comigo, e eu não podia culpá-la por isso. A vergonha e o remorso se misturavam dentro de mim, tornando difícil respirar.Acabei parando em um bar que parecia vazio o suficiente para que eu pudesse ficar sozinho com meus pensamentos. Entrei e me sentei em um dos bancos do balcão, pedindo uma dose de uísque para tentar afogar as mágoas.Enquanto bebia, minha mente começou a vagar pelos últimos acontecimentos. Eu me via como o pior tipo de pai, aquele que falha em proteger e cuidar de seus filhos. Everlly tinha razão em me confrontar, em me pedir para amadurecer. Eu era um verdadeiro babaca.Horas se passaram enquanto eu
Everlly Soares Dois meses se passaram desde que tomei a difícil decisão de romper com Jefferson, e a vida continuava uma correria. Meu trabalho no escritório estava consumindo a maior parte do meu tempo, e eu me esforçava ao máximo para me manter ocupada e distraída. No entanto, apesar de toda a agitação, ainda sentia falta dele, mesmo que tentasse ignorar esse sentimento.Meus amigos tentavam me fazer falar sobre Jefferson, mas eu evitava o assunto a todo custo. Eu simplesmente não queria lidar com isso no momento, não queria confrontar a dor que ainda me assombrava.Hoje enquanto estava no escritório conversando com Bruno, senti uma tontura súbita. Bruno imediatamente notou minha mudança de expressão e perguntou se eu tinha comido algo.— Sim, eu comi, Bruno. Não se preocupe comigo, estou bem – respondi, tentando ignorar a sensação de vertigem que me dominava.Ele insistiu que eu deveria ir ao hospital, mas eu recusei, insistindo que estava tudo bem e que só precisava de um momento
O silêncio na sala de exames era ensurdecedor enquanto aguardava os resultados dos exames. Minha mãe segurava minha mão com firmeza, mas eu podia sentir a tensão que pairava sobre nós. Cada segundo que passava parecia uma eternidade, e eu lutava para conter as lágrimas que ameaçavam transbordar a qualquer momento.Finalmente, a porta se abriu e a médica entrou na sala, seu rosto sério e preocupado. Meu coração acelerou em antecipação, e eu segurei a respiração enquanto ela começava a falar.— Everlly, os resultados dos seus exames não foram conclusivos. Precisamos realizar mais testes para termos uma avaliação mais precisa da sua condição – ela disse, sua voz calma, mas carregada de preocupação.Senti um frio percorrer minha espinha enquanto processava suas palavras. Mais exames? Mais incertezas? Eu não sabia se conseguiria suportar isso.Minha mãe olhou para mim, sua expressão preocupada refletida em seus olhos, e depois para a médica.— Doutora, posso conversar com a senhora em part
Cheguei em casa sentindo-me completamente devastada. As notícias dos exames tinham acabado comigo, e eu não sabia como enfrentar a batalha que se aproximava. Minha mãe me olhou com preocupação enquanto fechávamos a porta atrás de nós.— Quer que eu fique com você esta noite, querida? – ela perguntou com carinho.Eu sabia que ela estava oferecendo seu apoio, mas no momento eu só queria ficar sozinha com meus pensamentos.— Não, mãe. Obrigada, mas acho que preciso ficar sozinha esta noite – respondi, minha voz embargada pelas lágrimas.Ela hesitou por um momento, claramente relutante em me deixar sozinha. Mas depois de um momento, ela assentiu com tristeza.— Tudo bem, querida. Mas se precisar de mim, ligue que virei correndo – ela disse, me abraçando com força antes de se afastar.Assenti, tentando forçar um sorriso em meu rosto para tranquilizá-la. Assim que ela saiu, deixei-me cair no sofá, permitindo-me desabar em lágrimas.Fiquei lá, sozinha com meus pensamentos e medos, até que me