Everlly Soares Dois meses se passaram desde que tomei a difícil decisão de romper com Jefferson, e a vida continuava uma correria. Meu trabalho no escritório estava consumindo a maior parte do meu tempo, e eu me esforçava ao máximo para me manter ocupada e distraída. No entanto, apesar de toda a agitação, ainda sentia falta dele, mesmo que tentasse ignorar esse sentimento.Meus amigos tentavam me fazer falar sobre Jefferson, mas eu evitava o assunto a todo custo. Eu simplesmente não queria lidar com isso no momento, não queria confrontar a dor que ainda me assombrava.Hoje enquanto estava no escritório conversando com Bruno, senti uma tontura súbita. Bruno imediatamente notou minha mudança de expressão e perguntou se eu tinha comido algo.— Sim, eu comi, Bruno. Não se preocupe comigo, estou bem – respondi, tentando ignorar a sensação de vertigem que me dominava.Ele insistiu que eu deveria ir ao hospital, mas eu recusei, insistindo que estava tudo bem e que só precisava de um momento
O silêncio na sala de exames era ensurdecedor enquanto aguardava os resultados dos exames. Minha mãe segurava minha mão com firmeza, mas eu podia sentir a tensão que pairava sobre nós. Cada segundo que passava parecia uma eternidade, e eu lutava para conter as lágrimas que ameaçavam transbordar a qualquer momento.Finalmente, a porta se abriu e a médica entrou na sala, seu rosto sério e preocupado. Meu coração acelerou em antecipação, e eu segurei a respiração enquanto ela começava a falar.— Everlly, os resultados dos seus exames não foram conclusivos. Precisamos realizar mais testes para termos uma avaliação mais precisa da sua condição – ela disse, sua voz calma, mas carregada de preocupação.Senti um frio percorrer minha espinha enquanto processava suas palavras. Mais exames? Mais incertezas? Eu não sabia se conseguiria suportar isso.Minha mãe olhou para mim, sua expressão preocupada refletida em seus olhos, e depois para a médica.— Doutora, posso conversar com a senhora em part
Cheguei em casa sentindo-me completamente devastada. As notícias dos exames tinham acabado comigo, e eu não sabia como enfrentar a batalha que se aproximava. Minha mãe me olhou com preocupação enquanto fechávamos a porta atrás de nós.— Quer que eu fique com você esta noite, querida? – ela perguntou com carinho.Eu sabia que ela estava oferecendo seu apoio, mas no momento eu só queria ficar sozinha com meus pensamentos.— Não, mãe. Obrigada, mas acho que preciso ficar sozinha esta noite – respondi, minha voz embargada pelas lágrimas.Ela hesitou por um momento, claramente relutante em me deixar sozinha. Mas depois de um momento, ela assentiu com tristeza.— Tudo bem, querida. Mas se precisar de mim, ligue que virei correndo – ela disse, me abraçando com força antes de se afastar.Assenti, tentando forçar um sorriso em meu rosto para tranquilizá-la. Assim que ela saiu, deixei-me cair no sofá, permitindo-me desabar em lágrimas.Fiquei lá, sozinha com meus pensamentos e medos, até que me
Dois dias depois estava sentado no consultório esperando o médico, ele entrou e falou sobre os tratamentos disponíveis para combater o câncer que voltou, e eu ouvi atentamente cada palavra. Ele recomendou uma combinação de quimioterapia e radioterapia, explicando os possíveis efeitos colaterais e os prós e contras de cada opção. Eu agradeci sua orientação profissional e sai do consultório.Enquanto dirigia de volta ao escritório, coloquei uma música que capturava perfeitamente o turbilhão de emoções que eu estava sentindo naquele momento. "Fight Song" de Rachel Platten parecia ser a trilha sonora perfeita para minha jornada de luta contra o câncer. A batida inspiradora e as letras poderosas me deram força e determinação para enfrentar os desafios que estavam por vir.Chegando ao escritório, fui recebida por Pietra com um abraço caloroso. Ela sabia que eu tinha ido ao médico e estava preocupada comigo. Eu a tranquilizei, dizendo que estava tudo bem, mesmo que na verdade estivesse longe
Quatro meses se passaram desde que iniciei o tratamento contra o câncer. Os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia começaram a se manifestar mais intensamente, me deixando mais debilitada a cada dia que passava. Mesmo assim, eu me recusava a desistir do trabalho. Eu estava em home office agora, mas ainda assim dedicava horas intermináveis à minha profissão, como se isso pudesse me distrair das batalhas que travava em meu próprio corpo.Ignorava as mensagens persistentes de Jefferson, incapaz de enfrentar a conversa que sabia que teríamos que ter eventualmente. O que eu diria a ele? Que estou moribunda? Que estou lutando contra um inimigo invisível que ameaça me derrubar a qualquer momento? Eu não queria a pena dele, não queria que ele me visse assim, fraca e vulnerável.Meus amigos estavam preocupados comigo, tentando me convencer a falar com Jefferson, mas o que eles não entendiam é que eu não queria que ninguém visse esse lado frágil e assustado de mim. Eu precisava mant
Eu estava em casa, mexendo em alguns papéis quando meu celular começou a tocar. Olhei para a tela e vi o nome de Everlly piscando. Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto enquanto atendia a ligação.— Everlly! Que surpresa boa! Como você está? – minha voz saiu animada, transbordando de entusiasmo.No entanto, meu ânimo desapareceu rapidamente quando ouvi a voz dela do outro lado da linha. Havia algo diferente na maneira como ela falava, algo que me deixou preocupado.— Jefferson, preciso falar com você. Pode vir até minha casa esta noite?A pergunta dela me pegou de surpresa, e um nó se formou em minha garganta. O que poderia ser tão urgente a ponto de ela me pedir para ir até lá?— Claro, estarei aí. O que está acontecendo? – perguntei, tentando disfarçar a ansiedade em minha voz.Ela não respondeu diretamente à minha pergunta, apenas disse que conversaríamos melhor quando eu chegasse lá. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela desligou, deixando-me com um turbilhão de
Jefferson AlbuquerqueOlhei nos olhos de Everlly, deixando suas palavras ecoarem dentro de mim. Ela havia revelado seus medos, suas preocupações, e mesmo assim, sua coragem era palpável. Ela era forte, incrivelmente forte, e eu só queria estar ao seu lado, apoiando-a em cada passo do caminho.— Everlly... — comecei, minha voz suave e carregada de emoção. — Depois de ouvir tudo o que você disse, eu percebi algo importante. Não importa o que aconteça, eu só quero estar com você. Eu quero cuidar de você, trazê-la de volta para o meu mundo e fazer de tudo para tornar seus dias um pouco mais leves.Ela me olhou, seus olhos brilhando com gratidão e esperança. Eu sabia que minhas palavras não mudariam a situação dela, mas esperava que pudesse trazer um pouco de conforto e certeza para o coração dela.— Sabe, agora estou morando perto dos meus pais. Trouxe Renata para morar comigo, e em breve Raquel também irá morar conosco. – Eu disse, compartilhando a notícia com ela. — Acho que as meninas
Jefferson AlbuquerqueReceber uma ligação da escola sempre me deixava tenso. E quando atendi e ouvi o que estava acontecendo com Renata, meu coração disparou. Gisele estava lá novamente, causando problemas. Suspirei fundo e me apressei em ir até lá.Ao chegar na escola, encontrei Gisele discutindo com os funcionários. Seus olhos faiscavam de raiva, e eu sabia que não seria uma conversa fácil. Discutimos, trocamos acusações, mas no final, consegui convencer Gisele a ir embora. Sei que deveria ligar para a polícia, mas ela é mãe das meninas e eu não quero que isso se vire contra mim. Aproveitei o momento para pegar Renata e decidi passar no apartamento de Everlly. Convidei-a para ir até minha casa, e ela aceitou. Ao chegarmos lá, notei imediatamente a maneira estranha como Liane olhava para Everlly. Isso não me passou despercebido.— Papai, posso ir no quarto da minha irmã? – Everlly perguntou. Antes que eu pudesse responder, Liane interveio.— Você vai tomar banho e depois fazer suas