Murilo
Quando a Virgínia saiu da praça de alimentação de forma intempestiva, eu fiquei imediatamente irritado com sua atitude, até notar o quanto ela parecia transtornada e quando ela caminhou diretamente para os banheiros, achei melhor a aguardar do lado de fora, para me certificar de seu real estado emocional.
O fato é que ela estava grávida e entendi que ela deveria estar abalada com uma notícia tão impactante como essa.
Um filho mudava tudo na vida de alguém e, quando se tratava de uma mãe, a tendência é de que seria ainda mais transformador.
Após vários minutos esperando que ela saísse do banheiro, comecei a ficar realmente preocupado e estava pensando
VirgíniaEu sabia que não estava agindo de maneira correta com o Murilo, mas a minha prioridade sempre seria eu e o melhor para mim e eu não acreditava que estar com o Murilo fosse algo bom.Não estava pensando sobre a questão financeira, é claro. Ele era riquíssimo, mas o dinheiro, em alguns momentos, também poderia tirar a paz de uma pessoa.Foi pensando nisso que decidi me afastar dele, ao menos por enquanto.Eu tinha conseguido me organizar financeiramente com o dinheiro que ele mesmo pagou e minha loja estava crescendo em termos de clientela, então eu poderia me dar ao luxo de ter o meu filho sozinha, sem que fosse necessário que eu precisasse recorrer a fortuna do Murilo.
MuriloFaz dois dias que eu tentava conversar com o meu primo sobre a Virgínia e não conseguia obter sucesso nem mesmo em algo tão simples.O fato é que Aquiles estava reservando todo o seu tempo livre para a sua namorada e atual paixão, Lavínia Moura.E quando estávamos na empresa, todos os tipos de situações estavam conseguindo atrapalhar essa nossa conversa e eu me sentia realmente muito frustrado com isso.Como se já não fosse o bastante para me enlouquecer o fato de a Virgínia não responder as minhas mensagens e não atender às minhas muitas ligações. Mas hoje eu estava decidido a conseguir resolver as duas situações e nada iria me demover dessa decisão e foi com esse pensamento que eu entrei no escritório do Aquiles naquela tarde.— Imagino que você tenha vindo decidido a ter a bendita conversa importante, estou certo? — Aquiles já me recebeu fazendo suas costumeiras piadas.— Tenho certeza de que você me conhece o suficiente para chegar ao ponto de até mesmo antecipar as minha
VirgíniaOlhei para o visor do meu celular, ao perceber que haviam chegado novas mensagens e conferi de quem se tratava através da barra de notificação, constatando que eram do Murilo, como já vinha acontecendo há alguns dias. Como nos outros dias, também não me importei em responder, pois não me sentia nada bem e não estava em condições para dar atenção ou até mesmo me desgastar com as expectativas que o Murilo parecia ter sobre nós.Mas, mesmo pensando racionalmente daquela maneira, o remetente daquelas mensagens não saia da minha cabeça e eu pensava nele em todos os momentos do dia e á noite, antes de ir dormir, era sempre o pior momento, pois eu demorava muito a conciliar o sono, analisando todas as possibilidades e chegando à mesma conclusão.A verdade é que as diferenças entre nós eram gritantes e aquilo não era nada bom, ainda mais em se tratando das atuais circunstâncias e por isso eu optava por me jogar no trabalho, para ocupar a mente e não ficar pensando sobre o pai do meu
MuriloQuando, ao entrar em uma das lojas do shopping, a primeira pessoa que eu vi foi a Virgínia, eu fiquei muito feliz, para não dizer completamente radiante, tamanha a alegria por ter, enfim, uma oportunidade de falar com ela pessoalmente.Ela não atendia as minhas ligações e também não respondia às minhas mensagens e eu concluí que somente o destino, nas atuais circunstâncias, seria capaz de me colocar frente a frente com a garota pela qual eu estava apaixonado.A verdade nua e crua era aquela e eu não podia mais negar aquele fato.Fui imediatamente em sua direção, disposto a lutar com unhas e dentes pelo o que eu queria.Mas, ao
MuriloQuando o médico entrou na sala, eu não gostei nenhum pouco da forma como ele olhava para a minha mulher e pensei seriamente sobre pedir para que a Virginia fosse atendida por outro profissional.Não o fiz, no entanto, pois aquele era apenas um atendimento de urgência e logo estaríamos fora daquele hospital e dos olhares cheios de interesse que o médico estava direcionando para a mãe do meu filho.— Sou Alberto Clifford, fui o médico que a atendi quando chegou ao nosso hospital. — ele se apresentou, pois quando chegamos não houve tempo para tais cordialidades.Reconheci o sobrenome de algum lugar, mas, no momento estava tão absorto na situação da Virgínia, que nem mesmo me
Virgínia— Eu gostei verdadeiramente do doutor Clifford e vou fazer o meu pré-natal com ele, sim! — Falei e cheguei até mesmo a bater o pé no piso do carro do Murilo.— Ele é um abusado e você deveria escolher melhor a pessoa que vai te acompanhar durante toda a gravidez, Virgínia. — Murilo insistiu, mais uma vez. — Deveria ver outras opções, primeiro. Alguma indicação, quem sabe.— E quem poderia me indicar um médico obstetra, Murilo?Desde o momento em que entramos naquele carro, o Murilo teimava em que eu não deveria fazer meu pré natal com o médico extremamente gentil que havia me atendido na urgência aquela tarde e eu
MURILO Após abrir a porta de sua casa, a Virgínia entrou, indicando então o interior da residência com visível contragosto, algo com o qual eu não me importei nenhum pouco, e ela gostando ou não, agora eu faço parte da sua vida e iria lutar com afinco pelo meu espaço. Olhei em volta da sala, observando com atenção o interior da casa, que apesar de ser pequena, parecia ser bastante acolhedora e percebi que apesar de ser um ambiente simples, é bem confortável e organizado, o que indicava que tudo é bem cuidado por seus moradores. — Mamãe! — Virgínia chamou, caminhando até o início de um corredor. — Mamãe! Ela não me convidou a sentar ou qualquer outra coisa que a boa educação mandava, mas eu o fiz assim mesmo e aguardei, enquanto Virginia seguia pelo corredor, após não receber nenhum retorno aos seus chamados. Continuei olhando em torno com atenção e notei um envelope ao lado do sofá, em uma mesinha de apoio e vi que o nome da Virgínia estava escrito de caneta no papel amarelo,
VIRGÍNIA Eu não conseguiria descrever o que estava sentindo naquele momento, nem que isso dependesse da minha própria vida. Eram tantas emoções dentro do meu peito, que eu não sabia definir o que estava predominando, pois nem mesmo conseguia reconhecer a maioria delas. Como os meus pais poderiam ter simplesmente me abandonado, justamente quando eu mais precisava do apoio das pessoas que eu mais amava nesse mundo? Nem mesmo quando decidi que iria vender a minha virgindade para conseguir o dinheiro necessário para oferecer uma vida melhor aos meus pais, nem mesmo naquele dia, eu senti meu coração bater descompassado como estava acontecendo agora. Ainda hoje, antes de sair de casa, a minha mãe estava ao meu lado, me apoiando. Fez até mesmo um chá com algumas bolachas de água e sal, na tentativa de que eu pudesse me sentir melhor! Eu sabia que o meu pai estava me tratando com indiferença e que ele não parecia nenhum pouco disposto a mudar de ideia sobre a minha gravidez "indepen