MuriloQuando, ao entrar em uma das lojas do shopping, a primeira pessoa que eu vi foi a Virgínia, eu fiquei muito feliz, para não dizer completamente radiante, tamanha a alegria por ter, enfim, uma oportunidade de falar com ela pessoalmente.Ela não atendia as minhas ligações e também não respondia às minhas mensagens e eu concluí que somente o destino, nas atuais circunstâncias, seria capaz de me colocar frente a frente com a garota pela qual eu estava apaixonado.A verdade nua e crua era aquela e eu não podia mais negar aquele fato.Fui imediatamente em sua direção, disposto a lutar com unhas e dentes pelo o que eu queria.Mas, ao
MuriloQuando o médico entrou na sala, eu não gostei nenhum pouco da forma como ele olhava para a minha mulher e pensei seriamente sobre pedir para que a Virginia fosse atendida por outro profissional.Não o fiz, no entanto, pois aquele era apenas um atendimento de urgência e logo estaríamos fora daquele hospital e dos olhares cheios de interesse que o médico estava direcionando para a mãe do meu filho.— Sou Alberto Clifford, fui o médico que a atendi quando chegou ao nosso hospital. — ele se apresentou, pois quando chegamos não houve tempo para tais cordialidades.Reconheci o sobrenome de algum lugar, mas, no momento estava tão absorto na situação da Virgínia, que nem mesmo me
Virgínia— Eu gostei verdadeiramente do doutor Clifford e vou fazer o meu pré-natal com ele, sim! — Falei e cheguei até mesmo a bater o pé no piso do carro do Murilo.— Ele é um abusado e você deveria escolher melhor a pessoa que vai te acompanhar durante toda a gravidez, Virgínia. — Murilo insistiu, mais uma vez. — Deveria ver outras opções, primeiro. Alguma indicação, quem sabe.— E quem poderia me indicar um médico obstetra, Murilo?Desde o momento em que entramos naquele carro, o Murilo teimava em que eu não deveria fazer meu pré natal com o médico extremamente gentil que havia me atendido na urgência aquela tarde e eu
MURILO Após abrir a porta de sua casa, a Virgínia entrou, indicando então o interior da residência com visível contragosto, algo com o qual eu não me importei nenhum pouco, e ela gostando ou não, agora eu faço parte da sua vida e iria lutar com afinco pelo meu espaço. Olhei em volta da sala, observando com atenção o interior da casa, que apesar de ser pequena, parecia ser bastante acolhedora e percebi que apesar de ser um ambiente simples, é bem confortável e organizado, o que indicava que tudo é bem cuidado por seus moradores. — Mamãe! — Virgínia chamou, caminhando até o início de um corredor. — Mamãe! Ela não me convidou a sentar ou qualquer outra coisa que a boa educação mandava, mas eu o fiz assim mesmo e aguardei, enquanto Virginia seguia pelo corredor, após não receber nenhum retorno aos seus chamados. Continuei olhando em torno com atenção e notei um envelope ao lado do sofá, em uma mesinha de apoio e vi que o nome da Virgínia estava escrito de caneta no papel amarelo,
VIRGÍNIA Eu não conseguiria descrever o que estava sentindo naquele momento, nem que isso dependesse da minha própria vida. Eram tantas emoções dentro do meu peito, que eu não sabia definir o que estava predominando, pois nem mesmo conseguia reconhecer a maioria delas. Como os meus pais poderiam ter simplesmente me abandonado, justamente quando eu mais precisava do apoio das pessoas que eu mais amava nesse mundo? Nem mesmo quando decidi que iria vender a minha virgindade para conseguir o dinheiro necessário para oferecer uma vida melhor aos meus pais, nem mesmo naquele dia, eu senti meu coração bater descompassado como estava acontecendo agora. Ainda hoje, antes de sair de casa, a minha mãe estava ao meu lado, me apoiando. Fez até mesmo um chá com algumas bolachas de água e sal, na tentativa de que eu pudesse me sentir melhor! Eu sabia que o meu pai estava me tratando com indiferença e que ele não parecia nenhum pouco disposto a mudar de ideia sobre a minha gravidez "indepen
VIRGÍNIA Não poderia afirmar que eu não acreditava, como também não chegaria ao ponto de dizer que sim. Estava confusa e o que aconteceu na loja hoje a tarde só me deixou mais desconfiada sobre o Murilo. — Eu não sei, Murilo. Eu realmente estou muito confusa. Ainda mais agora, que os meus pais foram morar em outra cidade e nem mesmo se despediram de mim. Eu não queria chorar novamente, mas as lágrimas caíram sem clemência e lá estava eu, em prantos mais uma vez. Murilo me abraçou, mas dessa vez, eu me sentia mais sensível que antes, não consegui entender por que, apenas sentir. Ele afastou meus cabelos do rosto e tentou limpar as lágrimas, que desciam em abundância, e logo os seus dedos estavam acariciando o meu rosto de maneira delicada e carinhosa, me fazendo fraquejar. Era exatamente aquilo que eu estava precisando naquele momento: carinho. E ele estava me oferecendo isso. Procurei seus lábios com os meus e o beijei com intensidade e fui imediatamente correspondida em meu
MURILOQuando eu convidei a Virgínia para tomar banho comigo, a sua resposta não seria apenas sobre algo tão rotineiro quanto isso. A pergunta real era se ela iria aceitar aquilo que eu estava oferecendo.Ao concordar com o banho, ela também concordou em tentar faze
VIRGÍNIAQuando acordei no dia seguinte à saída dos meus pais de casa, eu estava no meu quarto, mas até aquele ambiente familiar, no qual eu vivi toda a minha vida, parecia diferente. Não era apenas o fato de o Murilo estar na mesma cama que eu, dormindo abraçado ao meu corpo, algo totalmente novo para mim.<