A expressão de Zara mudou por um instante, e logo ela disse:— Mas, Nati, você já não está se sentindo bem, nós...— Eu sei. — Natália a interrompeu. — Se eu ficar mal, você vai ficar pior. Então, mamãe, pode ficar tranquila. Mesmo que eu o odeie, vou me comportar direitinho. Mas eu não quero chamá-lo de pai.Ao ouvir isso, Zara finalmente respirou aliviada. Em seguida, ela estendeu a mão e bagunçou de leve os cabelos de Natália.— Não importa o que aconteça, ele ainda é o seu pai. Ele te deu a vida. Sem ele, eu nunca teria conhecido você. Você pode não chamá-lo de pai, pode até odiá-lo, mas não pode negar a existência dele, entendeu?...O tempo passou rapidamente.A cirurgia foi um sucesso, e o estado de Natália melhorou muito. Ela quase não teve nenhuma reação de rejeição, e os índices de glóbulos vermelhos subiram rapidamente. Um mês após a cirurgia, Zara cuidou de todos os papéis para a alta médica.Melissa, no entanto, ainda estava preocupada.— Você tem certeza de que vai se mud
— Obrigada. — A voz de Marta soou enquanto Zara estava na cozinha preparando um lanche para Natália.Embora a casa tivesse empregados e um chef, Zara ainda preferia ela mesma cuidar das refeições da filha. Mesmo em um ambiente novo, Natália demonstrava uma incrível capacidade de adaptação. Pela manhã, Zara tinha passado um tempo lendo com ela, e, durante o almoço, a menina se comportou com muita tranquilidade. Agora, estava no quarto, dormindo um sono leve e sereno. Todo o dia tinha transcorrido sem dificuldades, e até mesmo na hora de tomar os remédios, Natália não havia reclamado ou chorado.Marta observava tudo com atenção. Ela gostava muito de Natália, mas temia que uma aproximação excessivamente calorosa pudesse assustá-la. Ao ver Zara preparando um lanche, Marta não conseguiu conter sua gratidão.— Você está educando Natália muito bem. — Comentou Marta.Zara parou por um instante, surpresa, e virou-se para encará-la, como se não entendesse muito bem o significado daquelas palavr
Antes disso, ela ainda tinha muitas esperanças, mas agora sentia que... Não importava mais o que dissesse....Natália estava se adaptando muito bem ao novo ambiente.No começo, ela parecia um pouco tímida diante de Marta, mas, depois de alguns dias convivendo, o sorriso começou a aparecer com mais frequência em seu rosto. Sempre que via Marta, Natália fazia questão de chamá-la de “vovó” de forma espontânea.Marta mandou comprar vários brinquedos para a menina. Natália aceitou todos, mas seu favorito continuava sendo o pequeno leão de pelúcia. Ela não se separava dele por nada, nem mesmo na hora de dormir.Zara perguntou à filha se ela sabia que aquele não era o mesmo leãozinho de antes. Natália respondeu que sabia. Disse que também gostava muito do antigo, mas que isso não tinha nada a ver com o quanto gostava do atual. Essas palavras simples pareciam conter um significado mais profundo, como se revelassem algo que Zara ainda não tinha percebido. Antes que ela pudesse refletir sobre
Os sentimentos das crianças são simples e diretos: quem as trata bem, ganha sua afeição. Marta era sempre gentil. Sempre que via Natália, ela exibia um sorriso caloroso e acolhedor. Por isso, não era difícil entender por que Natália gostava tanto dela. Com Orson, no entanto, a história era completamente diferente. Desde o primeiro encontro, ele havia deixado uma péssima impressão em Natália. E, se Zara não estava enganada, até aquele momento ele sequer tinha sorrido para a menina uma única vez. Sempre que Natália o via, ele estava com uma expressão séria e distante. Somando isso à péssima primeira impressão, era natural que ela não gostasse dele.Melissa realmente fazia bastante tempo que não via Natália, então, quando finalmente se encontraram naquele dia, as duas estavam radiantes. Depois do almoço, Melissa levou Natália ao fliperama. Ela era excepcionalmente boa em pegar bichinhos de pelúcia naquelas máquinas de garras, e as duas terminaram a brincadeira com vários prêmios. Por
— Não esperava encontrar vocês aqui, que coincidência. — Comentou Emory.Melissa, que estava ao lado, ficou visivelmente entusiasmada.— Você é o Emory, presidente da E.A., né?— Sim, sou eu. Prazer, Melissa. — Emory rapidamente estendeu a mão, apertando a dela.Melissa acenou com a cabeça, empolgada, e logo em seguida virou-se para Zara, lançando-lhe um olhar cheio de perguntas. Zara, no entanto, não deu a ela nenhuma resposta, apenas a ignorou. Melissa, sem se abalar, abaixou o olhar para Natália e perguntou:— Nati, como é que você conhece o Emory?— O tio Emory foi me visitar no hospital. — Natália respondeu com seriedade, e então acrescentou de forma estratégica. — Titia, você não disse que ia me levar pra ver a fonte?— Ah, é mesmo! Vamos lá. — Melissa entendeu imediatamente o recado da menina. Sem hesitar, segurou a mão de Natália e, antes de sair, virou-se para Zara.— Vou levar a Natália pra ver a fonte. Vocês dois aproveitem pra conversar.Sem esperar uma resposta, Melissa p
Melissa estava decidida a assumir o papel de cupido até o fim. Quando Natália já tinha se divertido o suficiente, Melissa alegou que tinha um compromisso urgente e precisava ir embora. Assim, a tarefa de levar Zara e Natália de volta para casa ficou nas mãos de Emory. O plano de Melissa era tão óbvio que, aos olhos de Zara, parecia até um pouco desajeitado. Mas Emory, em vez de desmascará-la, aceitou a situação de forma tranquila. Ele não apenas concordou com um sorriso no rosto, como ainda agradeceu Melissa de maneira bastante educada. Melissa levantou uma sobrancelha para ele, satisfeita, e depois cochichou algumas palavras no ouvido de Natália antes de finalmente se despedir e ir embora. Zara sabia que Melissa provavelmente não havia dito nada de bom para Natália. Por isso, no caminho de volta, ela tentou ao máximo prender a atenção da filha para que ela esquecesse o que tinha ouvido. No entanto, Natália era uma criança muito determinada. Quando encontrou a oportunidade
Ela até pensou em dizer que aquilo tinha sido apenas um encontro casual, mas, depois de uma breve pausa, respondeu:— Agradeço pela sua preocupação, mas eu e a Natália sabemos muito bem a verdade. Não precisa se preocupar com isso.Assim que terminou de falar, Zara segurou a mão de Natália e começou a caminhar para frente. Natália, como sempre, a seguiu sem hesitar. Durante todo o tempo, não demonstrou qualquer emoção em relação a Orson, nem mesmo olhou para ele mais do que o necessário.Mais tarde, enquanto Zara ajudava Natália a tomar banho, a menina, de repente, perguntou:— Mamãe, o papai não gosta de mim, né?— Claro que não. — Zara respondeu prontamente, sem pensar duas vezes.— Então por que ele sempre age daquele jeito quando me vê? — Natália franziu a testa ao fazer a pergunta, e os cantos de sua boca se curvaram para baixo, imitando a expressão séria de Orson. A semelhança entre os dois era inegável.Zara não conseguiu segurar a risada. Ela apertou levemente o nariz de Natá
Orson se lembrava bem da cena que havia visto na noite anterior, quando estava no terraço. Ele viu Natália se despedindo de Emory com um sorriso no rosto. A imagem entre os dois era tão harmoniosa que, por um instante, pareceram... Uma verdadeira família.E, se Orson não estava enganado, aquela tinha sido a primeira vez que Natália falava com ele de forma espontânea. Mas o que ela disse foi... Que não queria vê-lo.Orson quase respondeu que aquela era sua casa e que ele não precisava de permissão para estar ali. No entanto, ao encontrar os olhos de Natália, ele engoliu as palavras e apenas disse:— Tudo bem.Sua resposta foi curta e direta. Natália, no entanto, não pareceu se importar. Ela apenas assentiu, satisfeita, e desceu as escadas para encontrar Zara.Orson ficou parado, observando o pequeno corpo da menina se afastar. Suas mãos se fecharam em punhos involuntariamente enquanto uma dor crescente tomava conta de seu peito. Só então ele percebeu o que estava sentindo. Inspirou fund