02

Luiza narrando:

Estava esperando o horário do voo junto com a Carla, a sala de espera estava vazia, o que me deixou um pouco intrigada.

- Está vazia não é mesmo?

- Esse horário os voos já vem cheio de outros lugares.

Tinha apenas movimentação dos seguranças e bastantes seguranças.

- Você não quer ir ao banheiro antes de entrar no avião? No avião é meio ruim para ir.

- Boa ideia, vamos lá então!

Andamos juntas até o banheiro, Carla entra na minha frente e quando ia entrar sinto que alguém me pressiona contra a parede eu estava de costa e não conseguia ver quem estava ali.

- Não grita - sinto o cano da arma encostando-se ao meu pescoço.

- Quem é você? - Eu falo e sinto quando as minhas mãos são amarradas.

- Bem vinda ao inferno querida - Carla fala na minha frente.

- O que está acontecendo aqui? - Eu pergunto para ela que começa a rir.

- Me solta - eu tento me debater -, isso é uma pegadinha?

- Não, é a pura realidade - o cara fala e me vira de frente para ele, eu encaro os seus olhos e ele me encara.

Sinto um pano no meu nariz, tento me debater, mas aos poucos eu vou apagando, o cara me segurava firme o que impedia de mim mexer.

(...)

Abro os meus olhos e começo a ver que eu estava dentro de um quarto, olho ao meu redor vendo que tinha mais algumas mulheres ali, olho para elas com olhar de desespero. A minha cabeça doía muito e eu não tinha nem noção de quanto tempo eu estava dormindo.

- Você está bem? - Uma moça morena pergunta -, meu nome é Marta e o seu?

- Luiza, que lugar é esse? Onde eu estou? - Eu olho envolta vendo as meninas me olharem, a maioria com olhar de pena.

- Você foi vítima de uma quadrilha – ela responde.

- Quadrilha?

- Meu nome é Suelen - uma menina ruiva fala -, tráficos de mulheres, somos enganadas com promessa de trabalho.

Eu negava com a cabeça querendo não acreditar naquilo.

- E somos obrigadas a nos prostituir. Eles ameaçam nossa família, ameaçam nos matar e acabamos tendo que fazer tudo que eles querem - Marta fala.

- Eles quem?

- Carla e o seu namorado Marcelino, tem o Marcos e o seu irmão que é o chefe do tráfico, o líder de tudo, mas ninguém sabe o nome dele - Marta fala.

- Isso só pode ser um pesadelo.

- Não os enfrente, para sobreviver aqui dentro você não pode fazer isso - Samara fala.

Eu a encaro e seguro o choro, que merda de lugar a que eu vim parar.

Como confiei em Carla dessa forma? Meus pais confiaram nela. Nos três confiamos nela. Eu não conseguia acreditar que tinha sido enganada dessa forma.


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